Até o último suspiro escrita por Nara Garcia


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Olá, leitores!
Depois de um tempinho sem postar nada, aí vai uma fic bem dramática pra vocês.

Ah, não esqueçam os lencinhos :)

Espero MUITO que gostem!

Obs: eu revisei umas 50 vezes, mas se ainda houver algum erro, me perdoem!



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A vida é um sopro.  

Nós pensamos tanto, planejamos tanto, que acabamos nos esquecendo de viver intensamente o presente. A preocupação excessiva com o futuro nos faz perder a noção do agora.  

Aprendi isso da pior forma possível. 

NY Presbyterian Hospital – August 7, 2013 

Já era a quinta vez que Stella girara naquela cadeira, impacientemente, esperando Melissa, sua amiga, terminar de atender um paciente.  

— Senhor Dusley, por favor, não esqueça de tomar seus remédios e vir à consulta na semana que vem. – Melissa disse ao sair do consultório acompanhada por um senhor que simplesmente acenou positivamente e se retirou dali com sua bengala.  

— Achei que não iria terminar nunca! – implicou Stella juntando-se à Melissa. 

— Sabe que um trabalho como o seu demanda muita paciência.  

— Coisa que, infelizmente, eu não tenho. – o tom na voz de Stella era de completo deboche e Mel simplesmente sorriu. – Mas eu estava morrendo de saudades de uma certa neurocirurgiã que, por acaso, trabalha nesse hospital, então a demora compensou. – Melissa fez beicinho como uma criança de cinco anos e puxou Stella para um abraço.  

— Aaaah, eu senti tanto a sua falta Bonasera. – Ambas sorriram e depois quebraram o abraço. 

— Obrigada por me atender agora. Sei como está ocupada. 

— Fiquei preocupada quando me ligou. - disse enquanto caminhava ao lado de Stella até sua sala. - São suas dores, não são? 

— Sim. - suspirou. - Você sabe, eu sinto esses mesmos sintomas há meses, mas pensei que fosse pelo estresse e cansaço do trabalho. Não te procurei antes porque as dores não eram tão fortes.. - ambas adentraram a sala e sentaram-se à mesa. 

— Mas agora elas estão? 

— Tem umas três ou quatro semanas que elas passaram a ficar mais frequentes e mais intensas, principalmente as dores de cabeça. 

— Tem tomado algum remédio? - Melissa indagou enquanto digitava algo em seu computador. 

— Só uma aspirina de vez em quando. Mas prefiri vir aqui antes de tomar outra coisa. 

— Fez certo. Não sabemos com o que estamos lidando. Pode ser somente uma enxaqueca, mas até termos certeza.. É melhor previnir. 

— Oh.. Tem mais uma coisa. - Melissa encarou Stella com uma sobrancelha arqueada. - Quando as dores começaram a ficar mais intensas, elas vieram acompanhadas de uns enjôos. Geralmente é pela manhã, depois passa. Pode não ser nada, mas.. 

— Vamos ver isso também. - respondeu levantando-se. 

— Tem idéia do que pode ser? - perguntou Stella preocupada. 

— Pode ser muita coisa, na verdade. - explicou. - Vou pedir para reservarem uma sala. Vamos fazer uma tomografia e alguns outros exames. Seja lá o que for, vamos tratar. - Melissa lançou um sorriso reconfortante a Stella antes de sair da sala. 

Ela passou a encarar a porta por onde Melissa saíra, com certa ansiedade. Seu olhar estava distante. Era inevitável não estar preocupada, mas Stella tratou de espantar alguns pensamentos e respirou profundamente, pegando o celular que vibrava em seu bolso. 

— Oi, Mac. 

— Ei. Como estão as coisas por aí? 

— Vou fazer uma tomografia daqui a pouco. Ela disse que pode ser só uma enxaqueca, mas... 

— Mas..? - Stella suspirou, levantando-se. 

— Nada. É bobagem minha. - sorriu timidamente. 

— É normal que esteja preocupada, mas vai ficar tudo bem, ok? Tenho certeza que não é nada demais. - reconfortou-na. - Qualquer coisa me liga. 

— Tá bem.. 

— Stella? 

— Oi?! 

— Eu tô aqui. - Stella sorriu. 

— Eu sei.. - sussurrou em resposta. - Até mais tarde. 

Stella guardou o celular no bolso e caminhou até a porta, observando Melissa voltar ao seu encontro. 

— Tudo pronto. Vamos? 

3 horas depois... 

O relógio marcava 14h, o início do segundo turno de visitas. A recepção do hospital estava movimentada, como de costume naquele horário. 

Stella observava as pessoas entrando e saindo a todo instante. Alguns familiares traziam consigo balões. Já outros, ursos e chocolates. Mas, havia alguns ainda que traziam consigo sorrisos, e a esperança de que um dia tudo ficaria bem. 

— Aqui está o melhor capuccino que você já tomou na vida! - ironizou Melissa aproximando-se de Stella e a tirando de sua momentânea distração. 

— Obrigada, Mel. Sabe que horas o exame ficará pronto? 

— Em meia hora. Talvez mais.. - respondeu sentando à mesa. - Mas eu tenho um tempinho livre agora, o que significa que podemos colocar parte do papo em dia. - disse sorridente. 

— Vai ser bom pra me distrair. - Stella esboçou um meio sorriso, tentando manter pensamentos positivos em sua mente. 

— Ei, relaxa! - Mel pôs sua mão sobre a de Stella, que estava em cima da mesa, enviando-lhe conforto. - Mas me diz, como andam as coisas no laboratório? - perguntou afastando-se. 

— Está tudo indo bem. Mês passado entraram alguns novos técnicos no laboratório e resolvemos fazer uma reuniãozinha de boas vindas. Foi divertido. - sorriu. 

— Festa de boas vindas? Parece que alguém está conseguindo mudar o chefe rabugento. - ambas riram. 

— Acreditaria se eu te dissesse que a idéia foi dele? 

— Bom, pessoas mudam. - brincou. - E o Brandon? - Stella suspirou. - Acho que já tive minha resposta. 

— Brandon é complicado. Na verdade não ele, mas sim o que temos. É algo que eu não posso lidar agora. 

— Não pode ou não quer? 

— Acho que os dois.. - respirou fundo. - Ele é divertido, inteligente, engraçado.. Mas o que eu sinto por ele não é tão forte quanto eu pensava. Ele merece alguém que responda um "Eu te amo" com um outro "Eu te amo", ao invés de "O que?". 

Melissa a olhou boquiaberta. 

— Ele disse que te ama? Mas vocês não estão saindo há uns três meses? - Stella consentiu. 

— Depois disso ele falou que realmente quis dizer aquilo, mas que sabia que eu não sentia o mesmo. 

— Ual! Sua vida daria um ótimo filme. - comentou Melissa com um sorriso divertido. - Mas e o Taylor? Soube que ele está namorando. 

— Não é bem um namoro, de acordo com ele.. Diz ele que estão apenas saindo e que ainda não é nada sério. Mas parece que ele gosta dela. 

— Você a conhece? 

— Mais ou menos. O nome dela é Christine, ela tem um restaurante próximo ao centro. Eu sei que o Mac era muito amigo do irmão dela.. Mas como você sabe? - indagou Stella curiosa. 

— Rich disse que os viu juntos há alguns dias próximo à academia onde ele dá aula. Fiquei feliz por ele.. Pelo menos um de nós tem que se dar bem nessa coisa de amor. - Stella riu. 

— Eu jurava que seria você. 

— Eu? Tá brincando? Meu último namorado deu uma de stalker psicopata e começou a me seguir pra onde eu ia. 

— E o que você fez? 

— Terminei com ele e disse que se tentasse alguma coisa, eu tinha uma amiga policial. - explicou com um sorrisinho orgulhoso enquanto pegava seu celular. - Nunca mais o vi depois disso. 

— Me usando pra ameaçar caras babacas.. Gostei disso. 

Stella percebeu as feições no rosto de Melissa mudarem quando a mesma passou a encarar o celular. 

— Está tudo bem? 

— Parece que seus exames já estão prontos. Estranho.. 

— E por que é estranho? 

— Bom, se seus exames já estão prontos significa que eles te passaram na frente, e isso só acontece quando há urgência. - explicou Mel enquanto olhava seu celular. - Mas não vamos nos precipitar, ok? Vou lá ver o que está havendo. Me espera aqui? 

— Claro.. - Melissa afastou-se rapidamente, sumindo da vista de Stella. 

Stella se manteve na mesma posição pelos minutos que se passaram. Não havia nenhum pensamento específico que a rondava, somente seu olhar distante fixado em um ponto qualquer da recepção. 

Pouco tempo depois Melissa voltou, e dessa vez acompanhada. 

— Stella, esse é o Dr. Fields, nosso chefe da neuro. - Stella se levantou, o cumprimentando. 

— Olá, doutor. 

— Stella! É bom te conhecer. Será que podemos conversar? - Stella olhou para Melissa que permanecia inexpressiva. 

— Claro! - respondeu Stella com insegurança. 

— Venha, vamos até minha sala. 

Eles caminhavam lado a lado em total silêncio. Stella sentia vir a tona o enjôo que há dias a incomodava. Enquanto isso, sua cabeça começava a latejar. Ela sabia que havia algo de errado, e temia pelo pior. 

***

— Sente-se, Stella. - Stella respirou profundamente e sentou à mesa. Melissa permaneceu de pé ao lado do doutor Fields. - Bom, Melissa me contou sobre seus sintomas e me pediu para checar seus exames quando eles saíssem. Eu pedi uma certa urgência neles porque.. Bem, eu passei na sala na hora da sua tomografia e vi algo que eu precisava ter certeza. 

Lian, o doutor, retirou os exames de Stella de dentro do envelope e os colocou sobre a mesa, mostrando a ela. 

— Vê esta pequena mancha na parte posterior do seu cérebro? - Stella observou a imagem com cautela, prestando atenção em cada palavra que o médico dizia. Ela então concordou com a cabeça, e ele continuou. - Stella, esse é um meningioma que chamamos de atípico. Ele corresponde ao grau 2 e é benigno, porém há um risco pequeno de que se não o operarmos, ele evolua para o grau 3.. 

— E esse grau 3 é maligno, certo? - sussurrou com os olhos no exame. Lian suspirou, encarando brevemente Melissa que permanecia calada. 

— Sim. Eu sinto muito, Stella. Sei que não é fácil receber uma notícia como essas. Mas saiba que podemos tratá-lo e... 

— Quais são as chances da cirurgia ser bem sucedida? - interrompeu-o. 

— Isso depende de muitas circunstâncias. Mas no geral, as chances são ótimas. - Stella respirou fundo, finalmente o olhando. 

— E se eu não quiser operar? 

— Stella... - Melissa começou, mas logo foi interrompida por Fields. 

— Em alguns casos a cirurgia não é necessária, nem mesmo recomendada. Mas o seu caso especificamente... - Lian respirou fundo e retirou seus óculos, desviando o olhar de Stella por um instante. - Stella, serei sincero com você. Duas coisas podem acontecer caso você não opere. A primeira é que você vai viver uma vida normal, sem qualquer restrição. Terá que tomar uns remédios para controlar a dor de cabeça, mas fora isso nada demais. Seu meningioma permanecerá inalterado. Mas há uma possibilidade, pequena, mas ela existe, de que esse meningioma com o passar do tempo se torne maligno, e aí quando isso acontecer... Infelizmente será tarde demais. 

Stella não sabia o que dizer. Mas também, como poderia? Ela continuou ali, sentada à mesa controlando ao máximo sua respiração com uma técnica que vira na internet há alguns meses. Em algum ponto ela percebeu os olhos de Melissa brilhando por causa das lágrimas que se formavam. Aquilo realmente estava acontecendo? 

— Eu agradeço muito pela ajuda com os exames e tudo mais. Mas eu preciso de um tempo para assimilar tudo isso. Preciso tomar um ar.. - sorriu Stella nervosamente enquanto se levantava, pegando seus exames sobre a mesa. - Eu vou pra casa. Mel, eu te ligo tá? Dr. Fields, obrigada. 

Antes que qualquer um dos dois tivesse a chance de dizer algo, Stella saiu da sala e andou a passos largos para fora do hospital. Sua cabeça estava girando. Seu mundo estava girando. 

Ao entrar dentro do carro, ela desabou. As lágrimas tomaram todo seu rosto, enquanto seu coração buscava desesperadamente acertar as batidas. Tudo parecia incerto. Nada fazia sentido. E então, como se ele adivinhasse, seu celular tocou. 

Ela o pegou e passou a encará-lo por longos segundos. Como atendê-lo enquanto estava aos prantos? Não! Ela precisava se acalmar antes. Precisava aquietar seus pensamentos e, principalmente, seu coração. Ela precisava respirar, ficar sozinha, e não havia excessões, nem mesmo para Mac. 

Após um tempo, Stella jogou o celular no banco ao lado e ligou o carro, seguindo rumo ao seu apartamento. Durante todo o trajeto, as lágrimas foram sua companhia, assim como a dor e o medo que passou a sentir. 

*** 

Havia um tempo, mais ou menos 30 minutos, desde que Stella chegara. No momento em que pôs os pés em seu quarto, ela sentou na beira de sua cama e ficou ali desde então. 

As lágrimas em seu rosto já haviam secado, e em suas mãos o retrato dela com Papakota quando ainda era pequena, ela observava. 

— Uma vez você me disse que eu era a pessoa mais forte que você conhecia. E eu acreditei nisso, de verdade. Mas por que agora eu não me sinto forte? - sussurrou. - Apesar de tudo, queria que estivesse aqui. - sorriu levemente. - Sinto muito por não ter tido a chance de dizer que te perdoava.. 

Depois de olha-lo bem por uma última vez, Stella pôs o porta retratos de lado e pegou o celular em seu bolso. Ela então respirou fundo e discou para a única pessoa que, em meio a tantas confusões, sempre fora o seu porto seguro. 

— Taylor. 

— Ei, sou eu. 

— Stell, eu já estava ficando preocupado! Você está bem? 

— Agora estou.. Eu cheguei em casa há pouco tempo, mas não estava me sentindo muito bem. Deve ser pela quantidade de exames que eu tive que fazer. Acabei ficando um tempo sem comer. - suspirou. 

— Mas agora você está bem, né? - indagou preocupado, fazendo-a sorrir. 

— Sim, detetive. Estou bem! 

— E os seus exames? Já pegou os resultados? - Stella fez menção em falar, mas ficou em silêncio. Talvez aquele não fosse o melhor momento. 

— Eu.. Ainda não os peguei. Melissa disse que vai me avisar quando estiverem. - "Droga!" ela pensou. Com certeza se eles estivessem cara a cara, ele perceberia sua mentira. 

— Tudo bem. Olha, eu preciso ir agora, mas a equipe está combinando de sair mais tarde. O que acha? 

— Obrigada pelo convite mas, acho que dessa vez vou ter que passar. - disse. - Mas divirta-se. Você está precisando. 

— É, acho que dessa vez vou ter que concordar. - sorriram. - Nos vemos amanhã. 

— Até mais, Taylor. 

— Stell? Se souber de alguma coisa, me avise tá? 

— Eu vou. 

*** 

Os olhos dele encaravam a bela vista que seu escritório proporcionava. Apesar de já terem encerrado a ligação, o celular permaneceu pressionado contra sua orelha por mais alguns longos segundos. Talvez fosse somente pela distração ou porque em sua cabeça tentava se convencer das palavras de Stella. 

Depois de um tempo ele abaixou sua mão e guardou o celular no bolso do terno. Seus olhos continuaram fixos na janela enquanto dava um longo e cansado suspiro. 

— Mac, Don está nos esperando no elevador. - Mac saiu de seu transe e virou-se, encarando Hawkes que estava na porta. 

— Vamos acabar com isso de uma vez.. - disse aproximando-se. 

— Tem notícias da Stella? Ela está bem? - indagou caminhando ao lado de Mac até o elevador. 

— Ela disse que está bem, fez alguns exames mas os resultados ainda não saíram. 

— Dependendo dos exames, realmente demoram. Se quiser, tenho alguns amigos por lá que poderiam apressar um pouco as coisas. Sei que ela deve estar ansiosa e até preocupada. 

— Faria isso? Ligaria para eles? 

— Claro! - afirmou. - Quando voltarmos eu ligo. 

— Obrigado, Hawkes. 

Consideravelmente menos preocupado, Mac seguiu seu rumo com Hawkes e Don, afim de finalizarem o caso. 

Horas mais tarde.. 

— Como você está?! 

— Bem, eu acho.. Estou tentando não pensar muito.. - com o celular no viva voz sobre a pia do banheiro, Stella colocava alguns sais que ela adorava na banheira. 

— Contou pra ele? 

— Não. - respondeu. 

— E quando exatamente pretende contar? 

— Eu não sei.. - sussurrou em resposta. 

— Stella, você vai ter mais idas ao hospital de agora em diante. Uma hora ele vai acabar desconfiando que há algo de errado, não acha? 

— Bom, até que isso aconteça então.. 

— Stell.. 

— Mac está feliz e finalmente conhecendo alguém depois de anos. - afirmou retirando as peças de roupa e cobrindo sua pele com um roupão felpudo branco. - Não quero tirar o foco dele disso. Sem contar que, eu realmente estou bem. Prefiro que as coisas fiquem como estão por enquanto.. 

— E como pretende fazer isso? Olha, você mesma disse que seus enjoos e dores tornaram-se mais intensos e frequentes. Você precisa cuidar disso, Stell. É para o seu próprio bem. 

Stella abriu a boca para falar, mas uma tontura repentina a fez apoiar as mãos sobre a pia e respirar fundo. 

— Stell? Está aí? 

Ela respirou fundo novamente, mais duas ou três vezes. A escuridão tomou sua visão, fazendo-na desmaiar no chão gelado do banheiro. 

— Stella? Stella? 

*** 

O relógio marcava 19h. Ambos os casos, liderados por Mac e Danny, haviam sido encerrados. A troca de turnos havia dado início. 

Mac pegou seu casaco no cabideiro e o vestiu. O inverno intenso estava prestes a começar na cidade de Nova York. A neve já caía sobre as ruas, carros e casas. Crianças já saíam para brincar afim de fazerem bonecos de neve. 

Faltavam poucos meses para o natal, e lembrar disso trouxe um pequeno e singelo sorriso aos lábios do detetive. 

— Ei Mac, consegui ligar para o hospital. - disse Hawkes adentrando a sala. - Mas há algo que não faz sentido.. 

Mac olhou para Hawkes com uma sobrancelha arqueada, induzindo-o a continuar. 

— Eles disseram que quando Stella saiu de lá hoje mais cedo, ela já tinha o resultado dos exames em mãos. 

— Estranho, ela disse que ainda não havia recebido.. - comentou desconfiado. - Por que ela mentiria? 

— Talvez o resultado não era exatamente o que ela esperava. 

As palavras de Hawkes trouxeram novamente à tona toda preocupação de Mac. Será que Stella realmente estava bem? 

— Droga.. - sussurrou, respirando fundo. - Obrigado, Sheldon. - Hawkes simplesmente acenou, retirando-se dali em seguida. 

Mac pegou suas coisas e saiu da sala, seguindo para o elevador. 

— Big Mac. Sullivans em duas horas? - perguntou Danny caminhando pelo corredor. 

— Claro! Só preciso passar em um lugar antes e depois encontro vocês lá. 

— Combinado. A propósito, por que não leva Christine? Adoraríamos conhecê-la. - afirmou com um largo sorriso, parando ao lado de Mac. 

— Quem sabe.. - respondeu Mac em um tom misterioso. Manter sua vida pessoal distante era realmente difícil tendo amigos detetives. 

Danny sorriu novamente e deu leves tapinhas no ombro de Mac, voltando a seguir seu caminho. 

Em poucos minutos Mac já estava na estrada. Sua mente tentava responder a única pergunta que o rondava: por que Stella mentiria?, independente do motivo, naquele minuto seu único objetivo era checar se ela estava bem. 

À poucas quadras do apartamento de Stella, o celular de Mac começou a tocar. 

"Número desconhecido" 

Sem hesitar, Mac o atendeu. 

— Detetive Taylor. 

— Mac! É a Melissa. - disse nervosamente. 

— Oi Melissa, está tudo bem? - perguntou estranhando a repentina ligação já que ambos não eram tão próximos. 

— Não, quer dizer, não sei.. - suspirou. - É a Stella. Nós estávamos conversando daí ela ficou quieta de repente e eu ouvi um barulho. - disse em um só fôlego. - Pode não ser nada, mas dada as atuais circunstâncias... Fiquei preocupada. Tem como checar? 

— Atuais circunstâncias? Do que está falando? - perguntou enquanto acelerava o carro ainda mais. 

— Mac, eu.. 

— Melissa, não minta pra mim, por favor. Sei que há algo de errado com Stella.. O que está havendo? 

— Eu só posso dizer que.. Ela não está bem, Mac. 

E então aquela fora a gota d'agua. Mac desligou o celular e pisou fundo no acelerador, torcendo para que nada de mal tivesse acontecido à Stella. 

*** 

— Stell? - chamou Mac enquanto batia na porta do apartamento. - Stell?! 

Com a ausência de resposta, Mac passou a dar murros na porta com o braço. Após algumas tentativas, ele a abriu. 

— Stella! - continuou chamando-a enquanto vasculhava seu apartamento. 

Ao adentrar o quarto, Mac passou a analisar tudo a sua volta. Seus olhos caíram sobre os exames espalhados em cima da cama. Ao aproximar-se para olhar, a luz acesa do banheiro chamou sua atenção. 

— Stell? - chamou mais uma vez. Ele então aproximou-se do banheiro e, vendo-a desmaiada, correu até ela. - Stella! Ei, sou eu, Mac. Por favor, acorda. - ele tocava seu rosto com os dedos, relembrando o dia em que a vira daquela forma pela primeira vez. Como naquele dia, o desespero tomou conta de Mac. - Fala comigo, Stella. Por favor, eu não posso te perder. - o coração de Mac estava acelerado. Seus olhos arregalados demonstravam medo, principalmente ao ver o rosto pálido de Stella. 

Para o seu alívio, Stella começou a abrir os olhos lentamente. 

— Mac... - sussurrou. 

Mac se permitiu respirar pela primeira desde que entrara no banheiro, sentindo uma lágrima quente escorrer em seu rosto. 

— Oi.. - ele passou os dedos em volta do rosto dela, enquanto a mesma abria os olhos por completo, recobrando a consciência. - Vem, vamos sair desse chão gelado. 

Mac a ajudou a se levantar, a sentando na beira do vaso. 

— Como você está? - perguntou a olhando fixamente. Stella passou a mão sobre a cabeça, apertando os olhos por causa da dor que sentira. 

— Só minha cabeça que está doendo.. 

— Vou buscar um pouco de água. Espere aqui. 

Enquanto pegava o copo d'agua, Mac reparou em suas mãos meio trêmulas. Ele respirou fundo, tentando normalizar as batidas do seu coração, e voltou rapidamente para o banheiro. 

— Aqui, beba um pouco. - Mac entregou o capo a Stella e agachou na frente dela. - Se lembra do que aconteceu? 

— Eu estava conversando com a Melissa quando me senti zonza. Daí tudo ficou escuro.. - respirou fundo, tomando um gole da água. - Mas como você.. 

— Eu estava vindo aqui te ver quando a Melissa me ligou preocupada. - disse levantando-se e estendendo a mão a Stella. - Está melhor? 

Stella pegou a mão de Mac e aproximou-se dele, olhando-o nos olhos. 

— Estou, eu prometo. 

Apesar de haver certa sinceridade em seus olhos, Mac sabia que não estava tudo bem, ainda mais agora com o que aconteceu. Ele queria confrontá-la quanto a isso, perguntar o que realmente estava acontecendo e o porquê dela ter mentido, mas naquele momento havia uma única coisa que ele queria fazer mais do que tudo: abraçá-la. 

Seus braços a envolveram completamente, enquanto o rosto dela buscou refúgio em seu pescoço. 

— Uma hora você vai me matar do coração, Bonasera. - murmurou, fazendo-a rir. Antes de solta-la, Mac beijou carinhosamente a cabeça dela, desvencilhando seu braços logo em seguida. - Que tal me contar agora o que está havendo? - pediu cautelosamente. 

Stella sabia que aquele momento chegaria, só não pensou que seria tão rápido. Agora Mac estava ali bem à sua frente, e a poucos metros dos exames. Não havia escapatória. Ele a conhecia bem demais para cair em uma mentira cara a cara. 

Dessa vez, recorrer a verdade era sua única escolha. 

Continue.. 


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