Perjúrio escrita por Vanilla Sky


Capítulo 7
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Boa tarde, boa tarde! E um feliz ano novo para todos! ♥

Espero que 2022 traga muitaaa coisa boa, além de termos She Hulk, e rumores apontam que o Matt Murdock também. Eu não consigo me conter de animação com essa série, junto com Miss Marvel. Conta aí para mim nos comentários, quais séries e filmes da Marvel vocês estão mais animados para assistir esse ano? :)

Esse capítulo saiu um pouco maior que os demais, e eu peço desculpas, mas não queria dividi-lo também porque talvez não ficasse uma divisão muito justa, digamos assim. Eu me diverti horrores planejando e escrevendo ele, tem tudo de bom em um capítulo só: drama, comédia, ação... Eu realmente me orgulho dele ♥ e temos um foco maior na Jen! Fico feliz de trazer mais dessa personagem antes da série. Vou falar um pouco mais nas notas finais!

Boa leitura :)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/804488/chapter/7

“E a figura conhecida como Demônio de Hell’s Kitchen foi vista novamente na noite de ontem, lutando contra um cartel estabelecido na cidade. Veja a seguir imagens da câmera de segurança de um local próximo que mostram o vigilante em ação, cuja identidade permanece desconhecida. No próximo bloco...”

Em minha frente, há uma porção generosa de batatas fritas e um milk-shake de chocolate com tripla camada de doce. Busco um palito dourado de batata e mergulho no sorvete, colocando na boca em seguida, enquanto mantenho o cotovelo apoiado na mesa e o queixo por cima da mão, a coluna apoiada devido à má-postura ainda que esteja acomodada em um assento de dois lugares extremamente macio.

Uma pessoa surge com uma bandeja e se senta no banco do outro lado da mesa. Ele é como eu, um humano, que a qualquer momento pode ter o triplo de tamanho e o corpo verde, além de uma inteligência a qual efetivamente não parece ser desse mundo. Aqui, porém, há poucos palmos de distância, ele era como eu. Sangue do meu sangue – genuinamente.

— Obrigada pelo convite, Bruce. – Sorrio por baixo da mão.

— Os melhores hambúrgueres de toda a região do Upper West Side! – Bruce abre os braços e dá uma gargalhada amorosa, trazendo um sentimento quentinho para o meu coração.

A sensação, porém, desparece em seguida, quando as notícias na televisão atrás de mim – as quais bravamente busquei ignorar – continuam:

“O pedido de prisão da super-heroína Wanda Maximoff foi suspenso após ser solicitado pela sua representante legal, a advogada Jennifer Walters. A heroína está desaparecida desde o incidente em Westview, e seu julgamento, um dos mais importantes da história do direito super-humano, será amanhã. A cobertura completa você encontra aqui...”

Um suspiro alto, pesado, sucede minha expressão de completo desânimo e mais uma batatinha frita mergulhada no sorvete gelado.

— Quer falar sobre isso? – Bruce coloca o hambúrguer sobre a mesa e me encara com a expressão compadecida.

— Não acho que vou sair impune de falar sobre isso com você, né? – Encolho os ombros e dou um sorriso tímido. – É estranho pensar que me envolvi tanto com esse caso.

— Não é estranho, Jenny. Você vai se sentir bem próxima, imagino, já que agora também tem poderes, podendo usá-los para o bem ou para o mal.

— Mas eu estou convencida de que a Maximoff não fez nada de errado. – Corto sua fala e escondo o rosto entre as mãos, fazendo com que minha voz soe abafada: – Quer dizer, ela fez, mas foi um acidente. Não acho que ela quisesse fazer tudo aquilo.

Em seguida, busco meu celular para consultar o histórico de chamadas. Holliway provavelmente estava satisfeito por eu ter conseguido suspender a prisão da minha cliente, e não estava ligando com tanta frequência. Às vezes, penso no quanto gostaria de ter uma chamada de Matt em meu celular, contudo, não havíamos trocado informações de contato ainda, sendo tudo intermediado através do escritório.

Como se lesse meus pensamentos, Bruce pergunta, após dar uma fatia generosa do hambúrguer:

— Como vai o seu parceiro advogado?

Apenas balanço a cabeça em negação.

— Acho que eu assustei ele, Bruce. Quase me transformei na Hulk na escadaria do escritório da promotora. – Estalo a língua. – Não penso que ele vá me procurar tão cedo.

— Mas vocês ainda trabalham juntos, certo?

Dou de ombros.

— Acho que o Matt não falou nada para o meu chefe, ou eu estaria desempregada.

Como um punhado de batatas de uma vez só e acrescento:

— Meuf cheff nãof gosta que euf sejaf a Mulherf Hulk.

— Não precisa falar de boca cheia, Jen. – Bruce ri, fazendo com que engulo todas as batatas de uma vez. – Por que seu chefe não gosta que você seja uma Hulk no trabalho?

Ponho as mãos na cintura enquanto ergo o queixo.

— Provavelmente porque ele me acha ultra gostosa.

Dou uma piscadinha para acompanhar, mas a expressão de Bruce não cede.

— Acho que ele só tem medo que eu destrua o carro dele. – Meus ombros caem. – E eu tenho medo de perder meu emprego.

As batatas recém-fritas já começavam a ficar frias; pego mais algumas e tomo um gole de milk-shake antes de perguntar algo que estava na minha cabeça há muito tempo:

— Como era a Maximoff quando entrou para os Vingadores?

Bruce dá uma gargalhada enquanto termina de comer seu hambúrguer, limpando as mãos em alguns guardanapos.

— Ela começou do lado errado da briga, menina. Era praticamente uma criança, usando os poderes dela contra nós... E devo dizer, ela deixou a gente no chinelo. – Meus olhos brilham com aquelas palavras. – Até mostrou uma ilusão para o Hulk que o deixou tão desnorteado que ele precisou levar uma surra do Stark para voltar ao normal.

— Você estava lá quando ela entrou para o grupo?

— Para a batalha de Sokovia, sim. A entrada oficial, não. – Bruce tomou um gole de refrigerante, provocando um barulho alto de sucção devido ao pouco líquido no copo plástico. – Ela é uma moça de bom coração. Quando eu voltei à terra, no ataque contra o Thanos, eu vi como foi difícil para ela perder o Visão.

— Eu encontrei o Visão, sabia? Tem uns dias, já.

— Encontrou? – Ele parece surpreso.

— Sim, e perguntei se ele estava em um relacionamento amoroso com a Wanda.

Bruce ri em voz alta.

— Você perguntou isso para ele?

— A primeira regra do cross-examination é perguntar algo que você mais ou menos já sabe a resposta.

Dou uma piscadinha de cumplicidade e, com os nós dos dedos, batuco levemente na mesa ao mesmo tempo em que uma ideia surge em minha mente:

— Você não gostaria de ser um informante na audiência para falar sobre a Wanda?

Ele arqueou as sobrancelhas.

— Eu sou literalmente seu primo.

— Por isso eu falei informante. – Rebato. – Você não vai ter compromisso algum com a verdade, porém ajudaria a mostrar que ela não é o monstro que a promotoria quer pintar. Além do mais, eu não consegui contato com nenhum outro Vingador.

Em seguida, junto as mãos em frente ao peito, baixando a cabeça e implorando:

— Por favor por favor me ajuda com esse caso eu não aguento maaaaais...

Percebo que algumas pessoas da lanchonete me olham estranho, haja vista estar prestes a chorar ali mesmo. Bruce, em um ato de compaixão, estica os dois braços e envolve minhas mãos com as dele, sussurrando:

— Acho que não é só o caso que está incomodando você, não é mesmo, Jenny?

Aperto os lábios um contra o outro, pequenas lágrimas se formando no canto dos meus olhos. Noto, rapidamente, que toda a região do pulso até o ombro de Bruce, coberta parcialmente por uma camiseta, ainda está machucada devido ao estalo que trouxe todas as pessoas blipadas de volta. Inclusive eu.

— Desculpa, Bruce, eu só ando me sentindo um pouco... Mal, eu acho. Voltei do blip, virei uma Hulk, comecei a trabalhar em Nova York, tudo em tempo recorde, e não fiz nada de útil ainda, primo. – Uma das lágrimas insistentes desce por meu rosto quando digo aquilo. – Os jornalistas acham que sou uma fútil, eu assustei a única pessoa que poderia chamar de “amigo” nesses últimos meses, e nem o caso que eu julguei ser o caso da minha carreira está dando um bom resultado.

Rapidamente me desvencilho do gesto gentil de Bruce e tomo um longo gole do meu milk-shake, buscando algum conforto com o chocolate, mas apenas liberando uma mini enxurrada de lágrimas as quais caem incessantemente pelas bochechas, fazendo com que eu encare a mesa em uma tentativa de não demonstrar minha derrota.

— Eu só queria ter salvado o mundo e ter nove doutorados igual a você. – Digo enfim.

Com o canto dos olhos, observo que Bruce se levanta e senta na poltrona larga na qual me encontro, passando os dois braços ao redor de meus ombros. A mesa também é perto da janela, e o movimento da rua permanecesse ininterrupto enquanto, no instante em que ele me abraça, sinto tudo parar e uma saudade terrível de casa.

Naquele momento, Bruce era a representação mais fiel que eu tenho do meu lar. Não do lugar físico, o apartamento em Manhattan, mas da minha família, do pedaço do meu coração que estava na Califórnia.

— Oito. – Ele sussurra. – São oito doutorados.

Aquela piada faz com que eu abra um sorriso em meio ao caos, iluminando meu rosto. Era algo simples, uma brincadeira besta, porém capaz de me alegrar; utilizo o pulso direito para esfregar os olhos e forçar as lágrimas a cessarem, enquanto dou um cutucão com o cotovelo oposto em Bruce.

— Tem sorte de eu não ser uma Hulk agora.

— É um duelo de gigantes que você quer? – Bruce imita um rugido. – Vamos tremer as ruas de Nova York, baby!

Minha risada evolui para uma gargalhada, e quase não lembro da audiência no dia seguinte.

— Jen, minha querida – Bruce afasta uma mecha de cabelo do meu rosto, sorrindo em minha direção –, você está medindo seu valor por outras pessoas? Puxa, quando eu passava os verões na Califórnia, você, com oito anos de idade, perseguia os meninos que a incomodavam com um graveto antes de brincar comigo. Mesmo mais velho, eu sempre achei incrível a sua coragem, especialmente depois que a tia morreu.

Estremeço com a menção à minha mãe, e ele prossegue:

— Olha só o mulherão que você se tornou. E eu não digo só pela força física, bem maior que a minha, se duvidar, mas pela sua inteligência. Demorei anos para descobrir a junção da mente do Banner com o Hulk, mesmo com oito doutorados, e você fez isso automaticamente, além de ser a advogada mais brilhante que eu conheço.

— Você não deve conhecer muitas advogadas.

Por fim, ele solta uma risada abafada e lentamente encosta a testa na minha.

— O que eu quero dizer é que você vai conversar com o seu colega advogado e arrasar no caso da Maximoff. Eu posso ser seu informante, se deixar você mais tranquila, porém, com certeza não vão precisar de ninguém. Porque você tem força e inteligência para salvar o mundo, Jenny. E nunca se esqueça que você é uma Walters.

Bruce levanta o pulso no ar, os dedos fechados em um punho, e faço o mesmo para trocarmos um soquinho enquanto eu falo:

— E os Walters’ e os Banners são fortes por si e cuidam uns dos outros.

Quando ele se afasta, e busco meu casaco para irmos embora, Bruce diz:

— Mas você pode me dar uma amostra do seu sangue? Estou com um projeto para um nono doutorado...

Despeço-me de Bruce na entrada da lanchonete, sendo que ambos seguimos por caminhos opostos, ele de volta ao laboratório e eu pensando como encontraria Matt àquela altura do campeonato. Ele mencionou que morava e trabalhava em Hell’s Kitchen, então não seria tão difícil procurar entre as centenas de escritórios naquela região da cidade.

Demoro um pouco para encontrar o caminho entre as ruas 34 e 59, porém, sinto que me aproximo quando vejo prédios um pouco diferentes, altos, mas muitos de tijolos à vista. Penso em perguntar em alguma loja sobre um escritório de advocacia com o nome de Murdock, contudo, provavelmente pelos dias divididos com Matt, passei a deixar meus ouvidos abertos para qualquer barulho diferente; e este surgiu na forma de murmúrios em um beco. Havia uma pessoa clamando por ajuda. Uma mulher.

Ei! – Grito da entrada do beco. – O que pensa que está fazendo?

Vejo a figura de um assaltante com uma faca na mão, intimidando uma mulher para que lhe entregasse sua bolsa, e sabe-se lá o que mais.

— E o que você vai fazer? – Ele diz de volta, levando a faca para mais perto do pescoço da vítima para amedrontá-la.

Percebo que todo o controle o qual seguro tão perto do peito se vai no instante seguinte, quando me transformo na Mulher Hulk ali mesmo, rasgando meu terno. Nunca saía de casa sem ter uma muda de roupa extra na bolsa e, principalmente, uso uma espécie de collant roxo por baixo de todas as roupas, com alças grossas e um short colado até acima das coxas, que expande à medida que me transformo para não em deixar nua em um lugar público. O bandido solta a vítima e tenta correr, mas pulo em cima dele e o jogo para o meio da rua.

— Você está bem? – Pergunto para a mulher, que balança a cabeça em afirmação. – Chame a polícia. – Ordeno, e corro novamente na direção do homem.

O caso Maximoff. Matt. Jornalistas enchendo o saco. A conversa com Bruce. Tudo passa pela minha mente em alta velocidade, à medida em que corro para imobilizar o assaltante.

Minha mãe.

É a única memória que me faz titubear, e sem querer quebro um hidrante no meio da rua, provocando uma pequena inundação de um dos lados da rua. A polícia chega em seguida e prende o homem; deito-me na calçada e fecho os olhos por um pequeno instante até sentir algo extremamente leve sobre meu corpo.

Um paletó.

— Em minha defesa, eu não sei que tamanho você fica quando se transforma em Mulher Hulk. Torço que não esteja nua...

Seguro o casaco enquanto me sento e, com o canto dos olhos, observo ninguém menos que Matthew Murdock se agachando no meio-fio. Comparado com a minha forma monstruosa, seu paletó não iria caber nem ao menos no meu braço, contudo, o gesto enchera meu coração de alegria, e o abraço imediatamente, dizendo, com toda a animação possível:

— Vocêestáaquivocêestáaquivocêestáaquiaimeudeuseunãoacreditonisso!

Escuto a risada baixa de Matt em resposta.

— Sim, eu estou aqui, só cuidado para não quebrar meu pescoço.

— Desculpa! – Instantaneamente me afasto, levando as mãos ao ar. – Como você me achou?

— Eu a vejo em meus sonhos toda noite, donzela. – Matt sorri, e gira lentamente o pescoço logo após. – ... Por que eu escuto barulho de água?

— Ah, é porque eu quebrei um hidrante. – Só mais um dia comum. – Vou pegar a minha bolsa, está no chão ali do outro lado. Estava mesmo procurando você para darmos continuidade ao caso. Onde é o seu escritório, afinal de contas?

Quando me aproximo novamente com a bolsa, Matt olha em minha direção com a expressão contraída.

— Walters.

— Sim?

— Existe um aplicativo muito interessante chamado Google Maps. Você poderia usar para saber o endereço e o telefone do meu escritório. Até a rota eles fazem de onde você estiver, acredita nisso?

Abro a fecho a boca algumas vezes, incapaz de dizer qualquer coisa. Acho que estava tão absorta com as palavras de Bruce que precisava caminhar um pouco para absorver completamente o que ele dissera; nem me passou pela cabeça a ideia de procurar o endereço na internet.

— Mas pelo menos eu salvei a cidade! – E quebrei um hidrante, mas não falamos sobre isso.

A risada de Matt é sincera, e me lembra rapidamente da conversa no carro em direção a Westview, quando o convidei para ir até a Califórnia. Percebo que ainda estou na forma de Mulher Hulk, porém, não me incomodo de trocar para a forma humana. Não naquele momento.

— Venha comigo. – Convida Matt. – Há um lugar que eu quero te mostrar antes de seguirmos trabalhando.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! ♥ esse capítulo é realmente muito especial. Eu não sei como vai ser a história da Jen e do Bruce no MCU, nem sei se é assim nas hqs, mas eu queria realmente imaginar e aproveitar da liberdade que a fanfic dá para mostrar algo mais amorzinho entre o nosso Gigante Esmeralda e nossa Gigante Jade ♥ e esse diálogo com o Matt no final foi bastante improvisada; queria colocar o Demolidor, mas senti que o capítulo ficaria maior ainda. Fico feliz de finalmente trazer a Jennifer como Mulher Hulk também!!

O próximo capítulo promete ser tão especial quanto esse. E eu preciso usar de um minuto para dizer o quanto essa história é especial para mim, Vanilla Sky. Ela é uma saída COMPLETA da minha zona de conforto, mas eu me apeguei tanto a essa história e a esses personagens que nossa, já estou sofrendo para finalizá-la. Torço que a Jen e o Matt se encontrem no MCU em algum momento, eu amaria ver pelo menos uma parte dessa interação se tornar verdade.

Estou escrevendo várias coisas com o Matt as quais serão postadas em breve!! E até com o Matt e a Jen como um casal >.>

Enfim, um feliz 2022 para todos, e muitas alegrias para quem ler essa história posteriormente, quando não for mais ano novo. Obrigada por tudo e nos falamos em breve! ~ ♥ ~



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Perjúrio" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.