Como tudo deve ser escrita por Carol Bandeira


Capítulo 2
Juntos


Notas iniciais do capítulo

Oi povo!

Trazendo aqui mais um capítulo saindo do forno.

Sem beta, todos os erros são meus....

Boa leitura!



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Grissom acreditava que depois do sequestro de Sara, eles não viveriam momentos tensos como o que estava passando agora.

—Eu não entendo por que não posso te ajudar...- ele falou desolado, sentado na cama com os pés no chão.

Eles acabaram de voltar do laboratório- Grissom pediu a Ecklie mais uns dias de folga para poder estar com Sara. A morena andava de um lado para o outro do quarto, claramente nervosa com a situação. Ao fim da fala de Grissom ela parou, os braços na cintura e respondeu

—Lembra quando você tirou aquele período sabático? Você não saiu sozinho por que precisava se encontrar?

Grissom impacientou-se. Se ela fosse ficar jogando todos os erros dele na sua cara- e ele sabia que eram muitos- não iriam resolver nada!

—Sim, mas foi a pior coisa que eu fiz!

—E porque você voltou feliz da vida, então?

—Porque desde que pus os pés naquele avião percebi que a minha felicidade estava com você! Eu devia ter te levado junto, Sara... não nego que precisava daquele tempo longe do trabalho, como eu sei que você precisa agora. Mas eu ficava bem quando estava lecionando, agora... no resto do tempo passava agoniado, pensando em você... sentindo a sua falta... eu via você lá comigo, tão claramente...e depois você se esvaia... foi a definição de agonia para mim... e a felicidade a que você se refere... bem , querida... a felicidade foi saber que eu teria você em meus braços novamente...foi saber que eu tinha esse lar com você para voltar...

Grissom terminou a sua fala e sentiu-se esgotado. Ele nunca, nunca fora tão aberto com Sara- melhor, com ninguém- como naquele momento. Era até fora de caráter para ele, mas ele estava tão esgotado mentalmente e emocionalmente. Ele não conseguiu se conter. E se Sara realmente fosse embora sem ele agora, bem... ela ao menos saberia como ele se sentia em relação aquilo.

A fala de Grissom fez Sara finalmente parar de “fazer um buraco no chão”. A morena foi em direção ao noivo, se ajoelhou em frente a ele , segurou o rosto dele e respondeu

—Ah, Gil...- a resposta dele foi abraçar a mulher com força- Eu não sei o que fazer...

—Nós vamos descobrir juntos, ok?

Sara aceitou, apetou os braços em volta do amado e logo se levantou, mas para se sentar ao lado dele.

—Eu queria... eu queria fazer algo que nunca tive coragem antes...

—O que, querida?- ele pegou a mão dela e a puxou de modo que ela se encostasse nele, passando a mão envolta da cintura da amada.

—Queria encontrar minha mãe...

Grissom tomou o cuidado de não demonstrar a surpresa que sentiu com o desejo de Sara. Não queria que ela não confiasse nele com seus sentimentos, mesmo quando ele não pensasse do mesmo modo que ela.

— Desde quando você pensa nisso?

—Desde o deserto... é como eu escrevi na carta, você leu?- Grissom negou com a cabeça e ela continuou- eu acho que me expliquei melhor lá... mas o que eu quero dizer é que... eu sempre fugi do que aconteceu na minha família... nunca encarei isso de cara...

—E como você poderia, Sara? Era só uma criança- Grissom ofereceu, não querendo que a amada se desvalorizasse, algo que ela fazia com frequência.

—Eu não sou mais criança há muito tempo, Gil... e está na hora de eu tentar fazer sentido do que aconteceu esses anos todos... eu acho que se conseguir falar com Laura... não sei, se eu conseguir falar com ELA, eu vou finalmente conseguir superar...

Grissom sabia, assim como Sara, ele tinha certeza, que o assassinato do pai era uma marca que ela levaria para sempre em sua vida. Ela só precisava saber lidar com aquilo, assim como ele precisou aprender a lidar com a morte precoce do próprio pai. Enquanto ele procurou por respostas durante toda a infância fazendo autópsias em animais mortos, Sara escolheu fugir de sua realidade através de um foco incansável nos estudos. E agora ela era “assombrada” por tudo isso.

Apesar de Grissom não achar que uma conversa com a mãe dela fosse curar sua amada, ele sabia que Sara precisava tentar. Só temia o que o resultado desse caminho pudesse trazer para ela.   

—Amor... se é isso o que você quer... eu vou estar cem por cento a seu lado.

—Obrigada, Gil...- significava o mundo para Sara que Gil entendesse o desejo dela.

—Você sabe onde ela está? Ou precisa de minha ajuda para...

—Não... eu sei.

Sara se levantou e foi até o armário deles. Ela guardava na prateleira de cima uma caixa de papelão na qual nunca mexia, mas Grissom lembrava de estar com ela desde seu antigo apartamento em Vegas. De dentro puxou um envelope de carta. Entregou o  envelope a Grissom, e o homem percebeu primeiro que ele estava inviolado. Tinha um aspecto amarelado e amassado- como se tivesse sido tocado e guardado diversas vezes. Os endereços eram todos da Califórnia. Sara devia ter o objeto faz mais de cinco anos.

—Todo ano após ela sair da cadeia, eu recebia uma carta dela no meu aniversário. Eu abri os primeiros, mas era sempre a mesma coisa. Um feliz aniversário e um eu te amo. Depois de um tempo perdeu a graça. Eu não sei como ela conseguiu meu endereço da primeira vez, mas desde que eu me mudei para cá não recebi nenhuma outra. O endereço do remetente nunca mudou. Eu pensei que poderia tentar a sorte...

Grissom leu o endereço e o guardou na memória. Se era importante para Sara. Era importante para ele.

—Quando você quer ir?

—Gil...eu não quero...

—Sara... me deixe ao menos te levar até lá. Eu não preciso ficar com você o tempo todo, mas me deixe saber que você chegou lá bem! Nós podemos nos casar e passar a lua de mel lá?! Foi onde nos conhecemos, não seria romântico? Depois eu volto para Vegas e você pode ficar um tempo com sua mãe... eu só quero estar com você!

Foi tão de supetão que nem ele acreditou naquilo. Mas foi quase tão natural quanto o dia que  ele a pedira em casamento. Ele queria estar casado com ela, queria esse vínculo. Assim, mesmo com ela longe ele teria todo o direito de saber dela caso algo ocorresse. Ele não conseguiria viver em paz sem saber que ela estava bem.

—Gil... eu quero muito ser sua esposa. Mas não assim! Eu não posso me casar com você hoje e te deixar semana que vem, nem que seja só por um dia... quando eu me casar com você... eu quero ser a mulher que você conheceu, não essa pessoa quebrada. Você não merece isso...

Gil se desvencilhou dos braços dela e foi para longe rapidamente, deixando Sara tonta com suas ações. A morena levou um segundo antes de segui-lo, por pura desorientação. Mas foi só seguir o barulho de louça encontrando o balcão com força para saber onde o noivo estava.

—Gil! O que está fazendo?- ela e Grissom tinham uma regra de nunca beber quando estavam irritados ou brigados. Isso trazia muitas emoções a Sara e nunca levada a nada. Mas era exatamente isso o que o homem fazia agora.

Apesar de ter muita vontade de virar o copo de uísque goela abaixo, Grissom parou um momento e encarou Sara.

—Eu não sei...

Apesar da dor que sentia, Sara riu. Não havia nem minutos que ela dissera essas mesmas palavras para Grissom.  

—Gilbert... por favor, venha aqui- Grissom aquiesceu e chegou mais próximo a Sara, perto das escadas da casa que davam para os quartos- Eu prometo, meu amor, que não vou te abandonar... eu te amo tanto, mas tanto... eu não sou nada sem você- as lágrimas voltaram a cair novamente- mas eu não quero me casar agora e marcar esse momento com os sentimentos que carrego agora. Não quero nada maculando esse ato que...é como um sonho para mim. Você é a parte mais bonita da minha história... eu não posso macular isso... Mas eu amaria que você fosse comigo até São Francisco... por uns tempos... e depois, quando eu voltar... nós nos casamos e... seremos felizes....

Não era bem o que Grissom queria, mas era melhor do que deixa-la ir sozinha.

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Tendo aceitado a ajuda de Grissom, Sara permitiu que o homem a ajudasse com os preparativos para a viagem. Eles compraram as passagens de avião para o dia seguinte e alugaram o quarto em um hotel conhecido da cidade. Grissom ficaria lá por uns dias e deixaria Sara para tocar seus planos. Por quanto tempo, nenhum dos dois sabia.

Na última noite que passariam em Vegas, Sara aproveitou para amar seu noivo como há muito não fazia. O sexo entre eles era maravilhoso. Eles se encaixavam perfeitamente, mas desde Nathalie parecia que Sara estava de alguma forma desligada dele. Grissom sentia isso e , como resposta para se resguardar, parou de iniciar qualquer encontro entre eles. Quando eles noivaram Grissom sentiu que isso a trouxe de volta para ele, mas ainda assim... havia dias em que ela não se entregava como antes. Agora, tendo passado por aquele turbilhão de emoções e vendo Grissom com ela em todos os momentos, todo o choro... ela não podia deixar de agradecer e de amá-lo como ele merecia.

Aproveitando a noite e o fato de que estavam acostumados a trabalhar aquela hora, o casal passou noite à dentro se redescobrindo. Quando amanheceu, nenhum dos dois viu, deitados e entrelaçados, dormiam o sono dos justos antes de terem que vestir as armaduras para lutar mais uma batalha.

Quando Grissom acordou já era para lá de meio-dia, como ele pode constatar pela iluminação vindo da janela do quarto. Ele notou logo que Sara já não estava mais em seus braços, mas sentiu o calor de outro corpo perto do seu, e aquele aroma de lavanda que sempre associava a ela.

—Dia- Sara sussurrou ao ver o noivo acordado. Grissom não respondeu e passou o braço na cintura dela, fazendo com que ela deitasse em seu peito.

—Bom dia, querida. Acordou faz tempo? - ela era notória por sua insônia.

—Sim... Gil, eu estava pensando...- ela sentiu o coração do noivo acelerar de onde estava em seu peito- enquanto eu estiver longe, o que você vai fazer?

“Além de me preocupar com você?”

— Trabalhar?

—Além disso? - ela se levantou e sentou na cama. Grissom seguiu seu exemplo e encostou-se na cabeceira da cama- Gil, por favor, você vai se cuidar né? Não vase trancar no laboratório o dia todo.

—Não, querida... eu prometo. Se você também prometer que vai fazer o mesmo? E que vai me manter informado?

Sara sorriu e se inclinou para roubar um beijo do noivo

—Eu prometo- ela disse após o beijo.

O casal então teve de se levantar e se arrumar para não perder o voo para São Francisco, que sairia dali a umas horas.

Foi durante o percurso que Sara tocou num assunto que estava a perturbando.

—Gil... tem uma coisa que você poderia fazer por mim.

—O que é, querida?

—Tem algo errado com o Warrick... ontem eu o encontrei nos vestiários e ele tinha deixado cair um remédio para dormir... eu não estava com a cabeça boa naquele momento, mas... parando para pensar agora... ele não anda bem há muito tempo. E você não toma remédios assim à toa.

Grissom sorriu. Ele tinha que casar com aquela mulher! Passando por tudo aquilo na sua vida ela ainda tirava um tempo para se preocupar com os amigos.

—Pode deixar... vou ficar de olho nele.

Eles não sabiam, mas era essa preocupação de Sara que salvaria Warrick de um destino terrível.


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Notas finais do capítulo

Eu sempre pensei que se Grissom não estivesse tão absorto em seus próprios problemas que ele teria tido tempo de ajudar o Warrick. Afinal, ele era como um filho para Grissom. Enfim, é para onde eu vou levar essa história.



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