No dia seguinte...

P.O.V Do Freddie

Alice está chorando faz um tempinho. Ela está enjoadinha e não quer comer. Sam não acordou de bom-humor. Sinceramente não sei o que está deixando a minha noiva tão estressada. Não conversamos ontem à noite, ela acabou pegando no sono cedo. Sei que está me evitando, tem algo errado e ela está mesmo escondendo de mim.

— Meu Deus! - Exclamou tirando a pequena da cadeira de alimentação. - O que há de errado com você? - Colocou a bebê sentada no chão.

Alice chorou ainda mais e engatinhou indo para o lado da Sam, ficou de pé se apoiando nas pernas da mãe.

A pequena só queria colo.

— Freddie, vou me ocupar agora. Pega ela e tenta fazer ela comer um pouco. - Ela pegou a bebê e me entregou, evitando olhar para mim.

Estava de folga. Era sábado.

— Está bem. Só fica calma, ok? - Ajeitei a neném no colo.

— Quem disse que não estou calma? - Me olhou irritada.

Ali estava o problema... Sam estava estressada mesmo.

Suspirei e fui tentar alimentar a nossa filha. Sentei na cadeira com Alice no meu colo e puxei a tigelinha de plástico que continha mingau.

Estava morno. Tentei dar o mingau para ela, Alice comeu uma colherada e depois colocou para fora.

— Ela não quer, deve ter enjoado o sabor. - Supus.

Fazia um bom tempo que Sam comprava a mesma mistura. Até eu estava enjoando aquele cheiro.

Alice só mamava antes de dormir. Sam estava tentando tirá-la do peito.

Vi a loira ir até o armário, ela pegou a caixa de aveia e foi fazer outro mingau.

— Talvez você goste de aveia. - Beijei a cabecinha da pequena.

Ela também comia frutas amassadas. Tomava muita vitamina. Sopinhas. E até mesmo já mastigava algo como frango desfiado com arroz molinho.

Alice estava com fome.

— Vou sair depois. - Sam remexia o conteúdo dentro de uma panela pequena. - Vou até à farmácia. - Contou.

— Posso ir para você, é só fazer a lista. - Me ofereci.

Ela ia alimentar a bebê.

— Minha menstruação está atrasada... Preciso fazer um teste de gravidez. - Ela contou um pouco tensa.

Desligou o fogo da panela e virou para mim.

Ficamos nos encarando.

Grávida?

— Vou lá comprar para você. - Aos poucos tudo foi fazendo sentido.

Aquela suspeita estava deixando ela daquele jeito.

— Traga três testes de marcas diferentes. - Pediu.

— Ok... - Assenti.

O que eu deveria dizer?

Aquilo de fato era inesperado.

Deixei Alice na cadeira de alimentação.

— Não vou demorar. - Prometi.

— Tá. - Despejou o mingau de aveia na tigelinha limpa.

Ela ficou ali esfriando o mingau, saí para ir comprar os testes.

À caminho da farmácia comecei a pensar naquela possibilidade.

Não posso negar, aquilo realmente me alegrava.

Cheguei na farmácia, escolhi os testes cuidadosamente, acabei pegando um a mais. De marcas diferentes.

Voltei para a casa, Sam já me aguardava na sala, Alice estava brincando no cercadinho.

— Toma! - Entreguei a sacolinha, ansioso.

Ela pegou sem falar nada, ainda estava tensa.

— Venha comigo, me espera no quarto. - Chamou.

Eu a segui em silêncio.

Chegamos na nossa suíte, minha noiva se trancou no banheiro.

Os minutinhos se tornaram uma eternidade para mim.

Não eram apenas 5 minutos?

Eu já estava suando, minhas mãos tremiam.

Levantei da cama quando a porta foi aberta, Sam surgiu e eu não pude decifrar sua expressão.

— Alarme falso. Todos deram negativo. - O resultado me deixou desanimado.

Aos longos dos minutos torci para que desse positivo.

Ela sorriu aliviada.

Olhei para baixo, encarando meus pés enfiados nos chinelos de borracha.

— Freddie? - Se aproximou.

— Não era a hora, né? - Falei ainda entristecido.

— Já temos a Alice. - O quê? Ela não queria mais ter filhos?

— E se desse positivo? Ia achar ruim? Todo o estresse era por causa disso? - Indaguei.

Ela recuou.

— Não sei... - Respondeu.

— Eu queria... Já estava todo esperançoso aqui. Feliz! - Admiti.

Sam ficou apenas calada.

— Entendi. Nem precisa confirmar. Você não queria. Seria algo indesejado... Talvez eu faça uma vasectomia. Isto te deixaria mais tranquila? - Encarei ela.

Seu silêncio me tirou do sério.

— Porra, Samantha! Se não quer ter mais filhos me fala de uma vez! Eu faço a merda da vasectomia nessa semana que vem! - Esbravejei.

— Ainda é cedo... Será que você não entende? - Sua voz embargou. - Ainda estou amamentando... Alice acabou de completar 10 meses... - Seus olhos marejaram.

Me exaltei... Fui um completa babaca com ela.

Não deveria ter falado aquelas coisas.

Eu a magoei.

Sam abriu o guarda-roupa.

Logo previ o que iria acontecer.

— Amor...

— Vou passar uns dias na casa da minha mãe. - Ela pegou uma mala.

— Não precisa sair de casa, eu saio se você preferir... - Falei me sentindo o maior cretino.

Sam sentou na cama derrubando a mala e começou a chorar.

— Me perdoa... Por favor, me perdoa... - Chorei também.

— Talvez a gente... - Ela retirou o anel de noivado.

— Não, Sam! - Me desesperei.

Chorando, ela olhava para o anel.

— Nós dois sabemos que eu sou quebrada por dentro... Não posso dar tudo que você quer de mim... Você sabe... Tenho trauma. É horrível acordar tendo pesadelos... Às vezes olho para você e lembro dele me machucando... - Aquilo doeu mais que tudo.

Retirei o meu anel também.

— Você tem razão... Você nunca será feliz ao lado do irmão gêmeo do homem que arruinou a sua vida. - Levantei.

Terminamos.

Arrumei minhas coisas.

Sam ficou chorando no quarto.

Foi doloroso demais quando me despedi da Alice.

Acabou... Não teria mais volta.

Sam merecia ser feliz ao lado de um homem bom. Que não tivesse nada a ver comigo.

Saí dirigindo devastado.

[...]

P.O.V Da Sam

Terminamos.

Freddie foi embora sem se despedir.

Simplesmente foi embora.

Tudo acabou.

Não teria mais volta. Então, eu soube que seria definitivo.

Me ligaram por volta das 13h da tarde.

Recebi a pior notícia.

Freddie sofreu um grave acidente de carro. Se chocou com outro veículo que vinha contramão.

Ele já estava fora de Seattle.

Estava deixando a cidade quando tudo ocorreu.

— Carly, preciso que fique com a Alice... Acabaram de me ligar... Freddie se acidentou... Tenho que ir para o hospital... Os pais dele já estão lá... Ele foi mandado para a sala de cirurgia... Nós terminamos e ele... Talvez ele não sobreviva... Ele pode até ficar com seqüelas... - Contei para a minha amiga.

— Já estou indo, amiga. Sinto muito... Meu Deus! - Ficou abalada.

Freddie estava entre a vida e a morte.

Cheguei no hospital desesperada.

Sr. e Sra. Benson se encontravam ambos aflitos. Eles não conseguiam entrar em contato com o Edward.

Entreguei os documentos que Freddie havia deixado em casa. Ele saiu apenas com as malas de roupa e a carteira de motorista.

O celular dele foi ficou completamente destruído.

A cirurgia demorou cerca de 3 horas.

Várias fraturas, duas costelas quebradas.

Operaram a clavícula dele.

Os airbags e o cinto de segurança o salvaram de todo o impacto que sua cabeça sofreria com a colisão.

Ele também deslocou o ombro esquerdo.

Seu carro ficou detonado. O motorista do outro veículo não sobreviveu.

Apesar de não ter tido lesões graves na região craniana.

Mesmo com os airbags acionados, o impacto na cabeça foi grande.

Ele estava com uma luxação na região delicada.

O médico foi embora após nos dar as notícias.

Se ele não se recuperasse da luxação cerebral em 48 horas, eles o colocariam em coma induzido para o quadro dele não piorar.

Leonard tentou ligar de novo para dar a notícia ao Edward.

Meu celular tocou, abri a bolsa e peguei o aparelho.

"Amor."

— Alô? - Atendi tremendo.

— Sam, vou passar um tempo na casa do Ed. Tô aqui com o Julian. Esqueci umas coisas aí em casa. Meu irmão saiu com o meu carro, o dele está na oficina. Ele foi buscar a Victoria na casa dos pais dela. Tem como você vir trazer meus documentos? - Era o Freddie.

Comecei a chorar.

— Sam... Eu também sinto muito... Não precisa trazer se não quiser, eu dou um jeito de ir buscar depois...

— Meu amor... Seu irmão sofreu um acidente. Achamos que era você. Senti tanto medo de te perder... - Admiti.

Expliquei o ocorrido.

Ele ia deixar o Julian com a Melanie para poder vir para o hospital. O coitado ficou devastado com a notícia.

Eu não sabia como explicar aos pais dele sobre o engano.

Era o Edward que estava correndo riscos de ficar em coma induzido.