Professor escrita por Otsu Miyamoto


Capítulo 17
Extra


Notas iniciais do capítulo

Esse extra mostra alguns acontecimentos da história, mas pelo ponto de vista de outros personagens.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/803575/chapter/17

TRANSFERÊNCIA (Hinata)

 

Mais uma escola.

Mais uma vez em que eu não tinha opção de escolha.

Mal tinha conseguido fazer amigos na escola em que estava e meu pai já tinha me tirado de lá. Não era uma surpresa eu não ter relacionamentos mais profundos com ninguém, mesmo estando cercada de tantas pessoas.

Eu nunca tinha tempo para conseguir fazer isso.

Enfim, não tinha o que fazer, afinal era tudo para o meu bem.

Tudo para o meu bem...

Respirei fundo e voltei dos meus pensamentos quando ouvi um som alto, vindo de um dos vários alunos no corredor. Por um momento, me perdi, não me lembrando para eu tinha que ir.

Comecei a ficar nervosa...

— C-com... L-licença – Chamei um garoto, que não me ouviu – Com... Com Li-licença – Outro garoto ao lado, finalmente me olhou – P-pode me dizer, para onde... Eu devo ir? – Falei, mostrando o papel que me entregaram com orientações.

Os dois se aproximaram para ler e um pareceu saber o que era.

— É a turma do professor Uzumaki, ele está parado ali ó – Então apontou para um homem, alto e loiro, que estava olhando alguma coisa em sua mão.

Eu agradeci e caminhei até o professor. Parei próximo, mas fiquei quieta, pois percebi que ele guardava alguma coisa em sua bolsa, então esperei.

Respirei fundo, para mais um novo começo.

— Professor Uzumaki?

Ele se voltou para mim e me fitou. Fiquei completamente surpresa com o quanto seus olhos eram azuis. Perfeitamente emoldurados com os cabelos loiros e o tom de pele... Ele era realmente muito bonito.

— Sim – Ele respondeu e ficou me olhando. Eu sei que levei um segundo a mais para conseguir falar.

— Ah... E-eu... Eu sou nova... Bom, nova a-aluna... – Olhei para baixo, achando que talvez estivesse encarando demais – Aquele garoto m-me disse pra te procurar – Eu nem lembrava mais quem tinha falado comigo.  

— Claro. Hinata Hyuuga, não é? Transferida pra turma 2-A... Que não por acaso é a minha turma – Eu levantei o olhar e o vi sorrir. O sorrido dele era reconfortante... E o deixava ainda mais bonito – Sou Naruto Uzumaki, professor de história e coordenador da sua nova turma... Por isso te mandaram pra mim.

Tentei sorrir, mas por algum motivo me sentia constrangida de estar na presença dele. E como meu rosto estava ficando quente, tenho certeza que estava começando a ficar vermelha.

O sinal tocou, então ele continuou.

— Bom... Me acompanhe, vou te apresentar a seus novos colegas de classe.

— O-obrigada – Respondi.

— Está nervosa?                         

— Um pouco...

— Eu sei que se transferir a essa altura do campeonato é complicado, mas você vai ficar bem... Fique firme e seja otimista E se não acontecer assim, você pode vir falar comigo, quando quiser.

Respirei fundo, o fitando diretamente, mas sem conseguir manter o olhar por muito tempo. Ele estava sendo muito gentil. Me senti um pouco mais a vontade.

— O-obrigada, professor...

Talvez esse recomeço não seja tão ruim.

 

**

 

BAILE (Hinata)

 

— Está tentando impressionar quem? – Hanabi disse ao meu lado, me fitando com um olhar engraçado.

— O Q-que? Não.

— Ahh! Então porque você gaguejou! Quem é? Quem? – Falou animada, se apoiando na penteadeira, onde eu estava terminando minha maquiagem.

— Sabe que eu não tenho permissão pra isso, Hanabi – Suspirei – É o baile, eu só... Quero ficar bonita.

Eu não queria admitir, mas tinha uma única pessoa que eu gostaria que me achasse bonita.

Depois que o professor Uzumaki e eu começamos a conversar na biblioteca, acabamos... Ficando próximos. E por causa da correria do final do ano, não consegui mais o encontrar.

E eu estava com tanta saudade.

Espero que ele esteja no baile e que me veja.

Meu rosto esquentou com o pensamento e vi pelo espelho que ia ficar vermelho, então voltei para a maquiagem. Era leve, mas já dava uma grande diferença.

Quando eu terminei, me levantei e fitei Hanabi.

— E então... Como fiquei? – Perguntei ansiosa.

— Está muito linda, Hina! – Falou com um sorriso sincero, me deixando animada – Seja lá de quem você quer chamar atenção, vai funcionar.

Meu coração disparou e eu peguei um urso de pelúcia, que era a primeira coisa que minha mão alcançou e joguei na minha irmã, que sorriu.

Já no baile, eu estava tentando me enturmar com a ajuda da Ino.

Depois de um tempo, que eu não soube precisar, eu finalmente vi o professor Uzumaki entrar no salão.

Por alguma razão eu senti um frio na barriga e não consegui me mexer... Mas, quase sem perceber, eu acabei caminhando na mesma direção que ele estava, e assim, me aproximei.

Reuni toda minha coragem quando já estava perto o bastante.

— Professor?

— Oi... Hyuuga – Ele falou um pouco baixo e me olhou diretamente. Parecia surpreso – Tudo bem? Você está muito bonita... Ah, e o baile está excelente! Parabéns, você fez um excelente trabalho... Alias, o comitê arrasou...

Eu não consigo descrever a vibração que eu senti neste instante.

Ele me achou bonita.

E eu queria dizer que ele estava muito bonito também, naquela roupa social... Mas não seria capaz de formular uma frase inteira. Então, apenas agradeci.

— O-obrigada.

Infelizmente, não consegui falar mais com ele. O professor Uchiha o levou para longe de mim e eu não o vi mais no baile...

Desejei mais do que nunca que o ano acabasse, para que eu tivesse mais momentos com ele na biblioteca.

 

**

 

BEIJO (Hinata)

 

— Hinata, muito obrigada por me substituir na biblioteca, eu prometo te recompensar.

— Tudo bem, Karui, eu gosto da biblioteca.

— Isso é verdade. Esse ano, nem tanto, mas ano passado, ela ia quase todos os dias – Ino falou e dei um pequeno sorriso.

Eu tinha me dedicado muito para conseguir um tempo extra, e assim manter as leituras com o professor Uzumaki na biblioteca, mas... Por alguma razão ele não veio mais. Nenhuma vez.

Além disso, ele mal falava comigo... Estava me evitando e, com certeza, o problema era eu... Mas, eu não entendia o que poderia ser. O que eu tinha feito?

Talvez eu tenha ficado grudenta demais... Talvez só eu estivesse tão ansiosa por aqueles encontros.

Talvez ele tenha notado... Que eu... Gosto...

— Hina!! – Ino me olhava, preocupada – Tudo bem? Seu rosto está vermelho...

— Ah, s-sim... Estou bem... – Confirmei, escondendo o nervosismo.

— Hmmm... Enfim, eu já vou pro meu clube, bom divertimento – Ino piscou e se virou, caminhando.

— Obrigada de novo, Hinata – Karui agradeceu novamente, seguindo Ino, me deixando em frente à biblioteca.

Respirei fundo, antes de entrar. Caminhei até a mesa que eu estava acostumada a ficar e coloquei minha bolsa. Meu estomago gelou ao me lembrar das vezes em que estive aqui com o professor Uzumaki.

De todas as vezes que lemos juntos, discutimos sobre os livros, conversamos... Rimos...

Ele havia se tornado uma parte tão importante dos meus dias, que eu ainda não sabia como lidar com sua ausência. Eu sei que pensava nele mais do que deveria, mas o que mais eu tinha agora que ele se afastou?

Suspirei, resolvendo me concentrar nas minhas tarefas.

Primeiro, separei todos os livros que precisavam ser guardados, por nome. Depois comecei a colocá-los nas prateleiras.

Não sei quando eu entrei no corredor de livros que me mais me trazia lembranças, e notei que havia um livro novo na estante. Eu conhecia o autor, mas não o livro. A curiosidade me fez ficar na ponta dos pés para alcança-lo e, com dificuldade, consegui tirar do lugar.

Era um livro muito bonito, com muitas páginas e muito bem trabalhado. Todas as obras desse autor eram impecáveis. Iniciei a leitura ali mesmo, de pé. Li apenas a introdução e já soube que gostaria daquele livro... Mas, mais do que isso, sabia que era exatamente o tipo de leitura que o professor Uzumaki... Gostaria.

Lembrei imediatamente daqueles olhos azuis e fechei o livro, sentindo borboletas no estomago.

Decidi recolocá-lo no lugar.

De novo, nas pontas dos pés, me equilibrei e levantei o livro, mas um vulto surgiu no meu campo de visão, me distraindo. O susto foi ainda maior quando eu percebi quem estava ali, parado quase escondido pela estante.

Quando dei por mim, já sentia uma dor aguda na cabeça e o livro fez um enorme barulho ao cair no chão.

— Hinata! – Ouvi meu nome e meu coração disparou.

Era mesmo ele. Ele estava ali. E me chamou pelo primeiro nome.

Senti as mãos quentes no meu rosto e, ao abrir os olhos, tudo o que eu vi foi preocupação nele, enquanto ele analisava o machucado recém-formado.

— Menina, cuidado! Parece que só conseguiu uma marca, mas podia ser pior. Não era pra você estar aqui hoje, por que está aqui?

— Eu estou... Bem – Tentei tranquiliza-lo, mas na verdade, estava doendo bastante.

— Não está. É melhor você passar na enfermaria.

Ele falou de modo severo, mas a ultima coisa que eu queria era sair dali.

Eu finalmente tinha atenção dele, só para mim. Não importa o motivo, era tudo o que eu precisava e queria aproveitar.

Meu corpo se arrepiou inteiro quando a mão dele acariciou minha face, com cuidado. Depois foi até minha testa, onde ele parecia analisar com carinho o machucado.

Eu sorri. Sem perceber, eu apenas sorria de felicidade... Meu coração estava agitado e eu não consegui esconder.

— Qual a graça? – Ele acabou rindo também.

— Você finalmente olhou direito pra mim... – Deixei escapar e vi a surpresa naqueles olhos azuis. Imediatamente, percebi o que tinha dito e minha pressão subiu... Mas, ele ainda estava ali, olhando para mim. Então, resolvi arriscar - Professor, eu sei q-que você deve ter os seus motivos pra me evitar... Eu não sei o que eu fiz, mas eu s-sinto... Falta... Das nossas conversas...

— Não é o que você fez... É o que eu quero fazer quando estou com você.

A frase enviou um sinal elétrico ao meu corpo todo. Eu nunca havia sentido nada parecido, em toda minha vida...

O olhar dele estava mais intenso e profundo, me deixando completamente sem chão.

Eu ouvi direito? O que isso queria dizer? O que ele estava tentando dizer?

— Professor... – Tentei começar uma frase, mas ele não deixou.

— Não...

Foi a ultima coisa que ouvi antes de sentir os lábios dele sobre os meus, me deixando completamente em choque.

Meu coração batia tão rápido, meu estomago estava revirando e eu não conseguia assimilar todas as sensações que despertaram.

Mas, de alguma forma, meu corpo parecia saber o que fazer, pois minhas mãos o seguraram pela camisa, na altura da cintura, enquanto levantei levemente os pés, para diminuir a altura.

Nesse momento, senti o beijo tomar mais forma e me rendi completamente, subindo as mãos trêmulas, até o seu pescoço.

O professor Uzumaki me abraçou e o tempo parou.

Eu gosto... Eu gosto dele...

— Professor Uchiha?

De repente, o contato foi cortado e ele se afastou, com espanto no olhar.

Imediatamente, eu senti vergonha e escondi as mãos no rosto.

— Você viu o professor Uzumaki? – Ouvi uma voz vindo de fora da sala.

— Eu estou procurando por ele também.

— Eu preciso entregar uma tarefa pra ele. Ele disse que estaria na sala dos professores.

— Pode deixar comigo, eu entrego.

— Valeu professor! Até amanhã.

A conversa chegava abafada aos meus ouvidos, pois meu coração parecia bater muito mais alto que as vozes.

— Não saia daqui... E vá a enfermaria, está bem? – Ouvi o professor dizer e levantei o rosto, ainda sem conseguir olhá-lo, diretamente.

Quase parei de respirar, ficando completamente imóvel ao ouvir a voz do professor Uchiha, bem mais perto... Mas não prestei a menor atenção do que era tratado.

Eu ainda estava tentando assimilar o que tinha acontecido. Nem sei quando eles saíram, apenas percebi que a sala tinha voltado ao mais completo silencio.

Minhas pernas vacilaram e me abaixei, respirando com dificuldade.

Eu não queria admitir... Eu não queria, mas... Não dava mais para ignorar... Eu realmente gosto dele...

Não. É muito mais do isso.

Eu me apaixonei pelo meu professor.

 

**

 

FESTIVAL (Ino)

 

— Cansei Sakura! Eu quero aproveitar o festival!! – Resmunguei.

— Eu sei Ino, você repetiu isso só... Mil vezes – Sakura sorriu, enquanto colocava os pratos dos últimos pedidos feitos.

— É porque eu quero aproveitar o festival! – Enfatizei.

— Você vai aproveitar, no seu intervalo – Ela falou me entregando dois pratos – Mesa cinco e não esquece o sorriso.

Automaticamente, abri um sorriso amistoso. Peguei os pratos e levei até a mesa com um casal.

— Aqui, o pedido de vocês. Espero que aproveitem.

O casal agradeceu e me virei, desfazendo o sorriso também automaticamente. Meu rosto já estava até dolorido.

Mas então avistei um conhecido loiro na entrada da sala, com um olhar quase vidrado. Nesse momento, o sorriso que surgiu em mim foi bem verdadeiro.

Hinata se abriu comigo sobre o lance deles. E ela estava tão perdida, que eu até fiquei sentida com a situação dela.

Eu não sei o que eu faria se tivesse na pele deles.

Na verdade, eu sei bem o que faria, sim.

— Professor Uzumaki, finalmente apareceu. O que achou da sala?

— Oi Yamanaka. Desculpa, eu estava ocupado. Está lindíssima, vocês fizeram um excelente trabalho...

— Eu sei! Vamos ficar em primeiro lugar nesse ano, estou sentindo! – Comentei animada. Ficamos muito perto de ganhar no ultimo ano, então dessa vez, eu me dediquei ao máximo.

— Eu estou torcendo por isso – Ele disse e voltou a olhar para dentro da sala. Segui o seu olhar e percebi que Hinata estava vermelha.

Observando agora, me pergunto como foi que eu não percebi antes.

Resolvi provocá-lo um pouquinho.

— Não vai entrar professor? Você precisa experimentar os bolinhos que a Hina fez. É o prato que está saindo mais.

— Bem, não. Eu... Preciso continuar vendo as outras turmas –Disse já fugindo – Mas boa sorte.

— Obrigada professor... – Falei alto, mas ele já tinha escapado.

— Ino, você ainda tem trabalho aqui – Ouvi Sakura me chamar e fiz uma cara de desgosto.

Muitos sorrisos montados depois, finalmente era minha pausa e, óbvio, que a Hinata estava comigo.

Trocamos de roupa no vestiário, para ficarmos mais a vontade enquanto passeávamos pelo festival.

— Sabe, o seu professor estava encantado com você – Aticei.

— Ino... – A morena falou em tom de advertência.

— É verdade!  Alias, ele é muito óbvio.

— Por favor, Ino – Ela me pediu com um semblante triste, então eu desconversei.

— Não, nada de tristeza hoje... Pronto, já parei – Falei, segurando sua mão e já a arrastando para fora – Vamos!

Demos uma volta completa em dois corredores, olhando as salas e participando de algumas atividades, antes de sair para a área externa.

O festival desse ano estava caprichado. Não era a toa que estava extremamente cheio.

Hinata já tinha me dito que não se dava bem com lugares lotados, e percebi logo o que ela queria dizer.

— Ino, v-vamos voltar – Falou, de modo arrastado. Parecia sufocada.

Não queria voltar ainda, pois a Sakura ia me botar para trabalhar de novo.

— Ah, já sei! – Segurei a mão da Hinata e a arrastei por entre as pessoas, refazendo o caminho de volta, mas passando direto por nossa sala.

— Onde está nos levando? – Hinata perguntou, preocupada.

— Pra bem longe de toda essa gente... – Chegando ao final do corredor, vimos que as escadas estavam com faixas, proibindo a passagem – Certeza que não tem ninguém lá em cima.

— Não tem porque não pode passar, isso inclui a gente.

— E quem vai nos entregar? – Sorri, voltando a pegar em sua mão – Vamos, precisamos de paz.

Hinata não resistiu e subimos um lance de escadas, até o andar de cima, completamente vazio e isolado.

— Muito melhor, não acha?

— Sem dúvida – Hinata sorriu, andando mais a vontade – Mas, é melhor não ficarmos nos corredores, alguém pode aparecer.

A morena comentou, entrando em uma sala que eu já conhecia.

Assim que entrei, a morena ia fechar a porta, mas a impedi.

— Não! Essa porta tem uma trava esquisita, ficaremos presas.

— Ah, d-desculpa, eu não sabia – Ela imediatamente soltou a porta, vindo na minha direção.

— Tem um macete, na verdade, mas só abre por fora.  Nem sei se consertaram – Dei de ombros.

E, como se uma lâmpada se acendesse em minha mente, uma ideia tentadora surgiu e tive que fazer um esforço enorme para não sorrir.

— Quer saber, acho que eu vou testar – Falei passando por ela rapidamente, não dando tempo para que me seguisse.

Sai da sala e fechei a porta. E para a minha felicidade, a trava ainda não tinha sido consertada.

— Ino?

Ouvi a voz me chamar do outro lado.

— Você não vai acreditar amiga, ela emperrou.

— Está brincando? Você disse que ela abre por fora.

Ouvi a voz preocupada do outro lado e sorri baixo. Percebi a porta se mexer, com a provável tentativa de Hinata em abrir.

— Eu sei, mas dessa vez não funcionou. Acho que eu vou ter que ir buscar ajuda.

— Mas não era para estarmos aqui – Insistiu preocupada.

— Eu vou procurar alguém de confiança! Vai ser rapidinho.

Falei, já me afastando da porta sob os protestos dela, mas eu ignorei.

Eu estava arriscando meu pescoço? Talvez, mas eu gosto muito do professor Uzumaki e ainda mais da Hina... Eles que me perdoem por tentar.

Quando eu ia começar a descer as escadas, vi que tinha alguém parado no final delas e me escondi. Não podia deixar mais ninguém subir ali.

Com cuidado, espiei para ver quem era e qual não foi a minha surpresa quando notei justamente quem eu queria, parado ali, com um olhar perdido.

Querido professor, se isso não é destino, eu não sei o que é.

Sorri com o pensamento, me recompondo rapidamente. Respirei fundo e usei minha melhor cara de preocupação, antes de me deixar em evidencia.

— Professor Uzumaki, que bom que está aqui, preciso de ajuda.

 

 **

 

TELHADO (Sasuke)

 

— Aconteceu alguma coisa, Naruto?

— Não... Não, só estou com um pouco de dor de cabeça... Vai passar.

Ele falou e logo voltou ao trabalho. Mas, eu sabia que não era isso.

Naruto não estava bem, há muito tempo, mas parecia ainda mais aéreo desde o festival. E se ele não queria me contar, significava que envolvia a Hyuuga.

Quando foi que eu deixei de ser confiável? Ele não precisava guardar tudo para si mesmo. Eu queria ajudar... Eu tentei ajudar.

Quando ele me disse que tinha começado a gostar de uma aluna, eu não pude acreditar. Lidar com adolescentes já é difícil por si só, temos que ser muito profissionais... E desenvolver sentimentos por uma delas é... Inconcebível.

Respirei fundo, lembrando de todas as vezes que conversamos sobre o assunto e... Percebi que foram pouquíssimas vezes.

Parei de digitar por um instante e passei a avaliar tudo o que eu realmente tinha feito por ele, desde o começo do ano. E tudo o que eu fiz foi gritar, repreender e bater nele.

Por que eu seria confiável? Eu realmente tentei ajudar?

Eu sequer o deixei falar sobre o assunto, em nenhum momento. Tinha certeza que se ele reprimisse os sentimentos passaria, mas isso já tem se estendido por tempo demais.

Eu foquei tanto no problema, que esqueci dele. Esqueci o que deveria ser mais importante.

 — Alguém viu a chave do telhado?

Ouvi o professor Sarutobi perguntar e olhei na sua direção.

— Não está no lugar? – Um professor ao meu lado, respondeu.

— Não, e por acaso eu vi que ela não estava lá... Mas o telhado ainda está trancado, eu fui verificar.

O professor ao meu lado se levantou e foi falar com o Sarutobi e a partir daí eu não dei mais atenção ao assunto. Só que, não muito depois, notei que Naruto se levantou e pegou alguma coisa na impressora. Eu poderia reconhecer de longe a ansiedade que ele transmitia. Ele estava tão focado no que estava fazendo que não olhou para lugar nenhum, apenas mexeu em suas coisas e saiu da sala, rapidamente.

Me levantei quase que automaticamente, deixando tudo para trás e o seguindo, sem permitir que ele me notasse. E o caminho que ele fez me desapontou.

Ele estava indo para o telhado.

Eu o segui até o ultimo corredor. Desejando que ele voltasse atrás, que ele fosse para qualquer outro lugar... Que não fosse o que eu estava pensando.

Mas, ele não voltou.

Eu parei próximo ao ultimo lance de escadas que levava ao telhado e fechei os olhos por um momento, desacreditado. E após alguns minutos, eu tive certeza de que ele só podia ter entrado...

Só podia ser sobre a Hyuuga, tinha que ser.

— O que você esta fazendo, Naruto? – Falei para mim mesmo – O que você sente por essa menina é tão forte que vale esse risco?

Então, me veio o choque. Nem isso eu sabia com certeza, por que eu nunca dei a chance dele falar. Desabafar. Nunca dei espaço para ele se abrir comigo, dizer o que estava sentindo.

E ele não podia fazer isso com mais ninguém.

Tudo o que eu fiz foi condená-lo, e dar ordens sobre o que ele deveria fazer.

Que belo amigo eu tenho sido...

Respirei fundo, me voltando para as escadas, fitando o espaço vazio. Eu conheço o Naruto... Eu sei que ele não faria nada que prejudicasse a escola, ainda mais, que pudesse prejudicar qualquer aluno daqui... E isso incluía a herdeira Hyuuga.

— Está fazendo o que aqui, Uchiha?

Uma voz me surpreendeu.

— Sarutobi... – Respondi,engolindo em seco – Eu fiquei pensando sobre a chave do telhado e acabei vindo.

— Pois é, eu também. Pode não ser nada, mas temos que verificar, certo? Melhor ir sempre pelo caminho da dúvida. Por isso, eu achei uma chave reserva e vou lá.

— Vou com você – Falei rapidamente, escondendo a preocupação.  Não sabia o que estava acontecendo lá e, queria menos ainda, que o Sarutobi soubesse.

Subimos as escadas e paramos em frente à porta.

— Eu posso abrir? – Pedi, quando ele já estava com a chave quase na fechadura.

— Tudo bem, pode abrir – Percebi que ele estranhou, mas me deu a chave.

Eu primeiro girei a maçaneta, esperando que isso pudesse servir de alerta, de alguma forma, então coloquei a chave. Destranquei, mas não abri, demorando propositalmente em cada processo, mas fazendo o possível para não levantar suspeitas.

Quando eu finalmente abri a porta, a primeira coisa que vi foi uma toalha no chão, com algumas comidas, mochilas e celulares. Ainda estava tentando entender o que realmente estava acontecendo.

— Ah, com certeza foram alunos. Ainda bem que viemos – Sarutobi murmurou, caminhando devagar em uma direção. Eu passei o olhar em volta do telhado, procurando por Naruto.

— Professor Uzumaki, como entrou aqui? O que está acontecendo? – Ouvi ele dizer e rapidamente caminhei na mesma direção.

Quando eu o alcancei, pude ver o meu amigo, com um olhar triste. Um olhar que eu reconheci de quando nos conhecemos, de quando as coisas na vida dele não iam nada bem.

Sem nenhuma surpresa, vi que a Hyuuga estava lá, mas estava acompanhada de outra aluna, a Yamanaka, que estava argumentando com o Sarutobi.

Permaneci com o olhar fixo em Naruto, que alternava o olhar entre mim, o Sarutobi e a Hyuuga.

Eu entendi o que eu fiz de errado. Um pouco tarde, eu sei, mas entendi.

E eu sinto muito...

Vou reparar as coisas agora, só espero que não seja tarde demais.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Gostaram?



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Professor" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.