Professor escrita por Otsu Miyamoto


Capítulo 12
Decisão




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Finalmente entendi que não havia outra saída para mim.

 

 

Depois daquele beijo, eu não consegui mais trabalhar no festival. Eu dei uma desculpa da qual eu nem me lembro mais, e fui embora.

Minha situação só piorava. Como eu ia encarar as duas agora?

Definitivamente, não podia deixar as coisas continuarem dessa forma.

Quando eu voltei para a escola, mais ansioso e culpado do que nunca, eu não fui capaz de esperar até minha aula, deixei uma turma sozinha e fui até a Yamanaka, pedindo permissão para a professora em sala, para falar com ela.

— Em que posso ajudar professor Uzumaki? – A jovem loira saiu da sala e me recepcionou com um largo sorriso.

Eu me afastei da porta o máximo que pude, trazendo-a comigo. Olhei em volta, só por garantia e comecei a falar em um tom moderado:

— Yamanaka, me escuta... O que aconteceu no festival foi irresponsável e perigoso.

— Não sei do que esta falando, professor – Ela pareceu confusa – Eu só me lembro de terem acontecido coisas boas naquele dia.

— Não faz isso, por favor! Já tem sido difícil demais pra mim – Falei sincero – Eu sei que você quer ajudar sua amiga e que acha tudo muito romântico, mas não tem noção do que vai acontecer se isso vazar.

— Não é isso... Olha, a Hina é uma das melhores pessoas que eu já conheci. E ela merece ser feliz, mas isso vai ser difícil por causa da família maluca em que ela nasceu. Então, eu não vejo problema nenhum de quebrar algumas regras, se for pra ela viver um pouquinho.

— Não é quebrar algumas regras, Yamanaka, ela é menor, eu sou quase dez anos mais velho. E, se isso já não fosse o suficiente, eu sou professor. Eu posso ser preso, sabia?

— Que exagero. Vocês ficaram só no beijo, ou não? – Falou sugestiva.

— Chega disso! – Falei conciso – Yamanaka, você sabe muito bem que é errado. Eu te proíbo de fazer algo daquele tipo de novo.

— O que eu sei é que ela vai fazer dezoito anos, no final do ano. E vai se formar também, então resolvemos dois prob...

— Para Yamanaka! – Cortei de forma mais rude – Você é inteligente o bastante para entender que não é assim que as coisas funcionam. Eu não posso aparecer simplesmente na porta dela e dizer que quero... – Respirei fundo, me parando bem a tempo – Nós não podemos ficar juntos! Só isso...

— Você gosta dela? – Ino rebateu, me fazendo suspirar. Parecia que não íamos chegar a lugar nenhum com essa conversa – Porque ela gosta muito de você... E você já a beijou duas vezes – A loira me fitou com seriedade – Se eu crio expectativa em cima de vocês, imagina ela?

Pela primeira vez eu percebi o quão egoísta eu estava sendo. Tudo o que fiz foi pensar e mim. Em todas às vezes que estive com ela, eu decidi beijá-la e eu decidi afasta-la, sem nunca ter uma conversa inteira com ela, sobre o que eu estava sentindo.

Sobre o que ela estava sentindo.

— Devia ser pelo menos sincero – A loira continuou – Dizer que quer ficar com ela, mas não pode, como fez comigo agora.

— Eu não posso dizer que quero... – Murmurei – Eu não podia nem querer...

— Já passou dessa fase, não acha? – Ino esperou que eu dissesse alguma coisa, mas não fui capaz de dizer nada – Posso ir agora?

— Yamanaka...

— Eu não vou fazer mais nada daquele tipo, professor Uzumaki – Usou um tom quase debochado, mas sorriu no final – Feliz?

Eu concordei com a cabeça, e ela voltou para sala.

Não confiei completamente que ela não interferiria, porém eu só podia confiar.

Poucos dias se passaram depois disso e não foram dias tranquilos.  

Eu não conversei mais com nenhuma das duas e nos víamos apenas em sala de aula. Só que agora, sempre que eu me pegava olhando para Hinata, Ino também percebia e sorria de maneira tendenciosa para mim.

Eu estava começando a ficar farto dessa situação. Não queria mais dar aulas. Não queria ir para escola... E nem tinha com quem conversar sobre isso. Era uma situação inviável para qualquer pessoa.

Eu não me atrevi a contar ao Sasuke sobre o festival, embora ele tenha percebido que alguma coisa aconteceu. Sempre parecia que ele queria falar comigo, mas se segurava... Então fiquei apenas esperando que ele me confrontasse.

Como as provas estavam chegando, tentei me ocupar em passar revisões nas aulas e preparar as questões... Decidi que conversaria com a Hinata, seriamente, depois disso.

Ainda não sabia como faria para a conversa não terminar num beijo, mas Yamanaka tinha razão, ela merecia uma conversa franca.

Quando o dia das provas finalmente chegou, eu fiquei de responsável pela aplicação na minha turma. Então, como era o habitual, eu distribuí as folhas e fiquei a postos, observando os alunos e auxiliando, quando necessário.

E como de costume, meus olhos sempre acabavam pousando um pouco mais que o necessário em Hinata, que terminou a prova uns vinte minutos antes do tempo limite e apenas baixou a cabeça sobre a mesa.

Decorrido o tempo, ouvi o sinal.

— Muito bem, acabou gente. Me tragam a prova. Todos, sem exceção.

Os alunos que já tinham terminado se levantaram primeiro, vindo em minha direção. Hinata estava entre eles, e não me olhou ao entregar a folha.

— Professor, presta atenção na minha prova, hein – Pouco depois, Ino disse ao me entregar a folha dela e estranhei, mas continuei recolhendo as provas...

Depois de todos terem me entregado, eu disse algumas palavras de incentivo para os eles e os dispensei... Terminei de guardar minhas coisas, peguei as provas e fui até a sala dos professores, mas minha mente estava no que a loira tinha dito.

Assim que cheguei à sala dos professores, eu me sentei e passei a organizar as provas em ordem. Quando encontrei a folha de Ino, passei os olhos por ela e li uma anotação feita a lápis:

“Vá para o telhado”

Meu coração disparou. Não, aquilo não podia ser possível. O telhado sempre fica trancado, como ela esperava me levar lá?

Peguei uma borracha e apaguei a frase, até ter certeza que não tinha ficado resquício na folha. Deixei tudo sobre a mesa e olhei para os lados, preocupado.

A sala estava cheia de professores comentando sobre as provas e outras coisas triviais, das quais eu não estava prestando atenção.

Apoiei a cabeça nas mãos e respirei fundo.

Eu deveria só fingir que não vi aquela anotação e não ir lá.

Eu não posso ir.

Eu não devo...

E o fato de estar repetindo isso insistentemente mostra que eu queria fazer exatamente o contrário.

Era inacreditável o quanto eu não conseguia tomar controle de mim mesmo quando o assunto era Hinata Hyuuga.

— Aconteceu alguma coisa, Naruto? – Ouvi a voz do Sasuke.

— Não... – Me recompus – Não, só estou com um pouco de dor de cabeça... Vai passar.

O moreno não parecia convencido, mas se voltou ao próprio trabalho.

Me forcei a trabalhar, começando a fazer o serviço burocrático e catalogando as provas, registrando no sistema... Tentando me distrair a todo momento. Até que uma voz se sobressaiu ao burburinho da sala.

— Alguém viu a chave do telhado? – O professor Asuma perguntou alto e meu estomago gelou. Nem levantei meu olhar das provas, mas fiquei prestando atenção.

— Não está no lugar? – Alguém respondeu.

— Não, e por acaso e vi que ela não estava lá – Asuma respondeu – Mas o telhado ainda está trancado, eu fui verificar.

Continuei em silencio, fingindo estar alheio, mas havia uma luta interna em mim, enquanto eu decidia o que fazer. A resposta era óbvia, mas eu queria ir lá. Eu precisava.

No fim, eu sabia que não importava a ocasião, eu apenas iria até aquela menina, sempre que houvesse alguma chance.

Eu iria... Sempre.

Desolado, eu aceitei que não havia saída para mim. Respirei fundo e, no meu computador, digitei rapidamente um documento que eu jamais achei que faria, antes que eu mudasse de ideia.

Quando finalizei, mandei imprimir e o peguei antes que alguém visse. Dobrei a folha e coloquei em um envelope. Mas, tinha uma ultima coisa que eu deveria fazer antes de apresentar aquela carta, então a coloquei no meio das minhas coisas.

Saí da sala, sem avisar ninguém. Eu não poderia dizer onde estava indo de qualquer forma. E dessa vez, caminhei em direção a Hinata, sem hesitar.

Quando eu parei em frente à porta do telhado, senti a cabeça latejar e respirei fundo. Coloquei a mão na maçaneta e tentei abrir, confirmando que estava trancada. Olhei pelo caminho que eu tinha vindo, apenas para ter certeza que estava sozinho.

— Yamanaka, você esta ai? – Falei alto e, como se estivesse apenas esperando por isso, a porta abriu.

— Finalmente... – Vi a loira sorrir assim que a porta se abriu. Eu entrei no telhado e ouvi a porta ser trancada imediatamente.

— I-ino... Você... – Hinata estava surpresa. Parece que ela não tinha sido avisada.

— Para de fingir que você não gostou – A loira comentou sarcástica – Vocês precisam ao menos conversar, então de nada... – Ela caminhou até o que parecia uma toalha posta no chão, que estava com algumas guloseimas, e se sentou, pegando um celular e um fone de ouvido. Sorriu antes de continuar – Eu vou ficar aqui cuidando da porta. Vão logo...

Suspirei , fitando Hinata longamente. A morena não sustentou o olhar, corando lindamente.

Eu confirmei nesse momento que tinha que fazer.

— Posso falar com você? – Pronunciei baixo.

— V-você não precisa... Fazer isso...

— Preciso sim – Afirmei.

A morena concordou com a cabeça, então nos guiei até a lateral do telhado, pouco distante, para termos privacidade.

Mentalmente, me preparei para a nossa ultima conversa.


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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo: Confissão



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