Professor escrita por Otsu Miyamoto


Capítulo 11
Audácia




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Eu não tinha como prever o quanto as coisas piorariam.

 

A minha turma resolveu fazer um café no festival e isso era tudo o que eu sabia. Como eu estava à frente do evento como um todo, outro professor ajudou minha turma, especificamente.

No dia do festival eu cheguei cedo e ajudei tantas turmas quanto foi possível. Ajudei a montar as salas, organizar os projetos, mudar detalhes de ultima hora, solucionar problemas, enfim... Fiz de tudo um pouco.

Menos na minha turma, que eu evitei de propósito.

Quando o festival já estava a todo vapor, com muitas pessoas em todas as áreas liberadas, minha função passou a ser rondar pelos corredores, verificando se tudo estava indo bem, ajudando se necessário e repassando as informações administrativas para a secretaria.

Percebi que não podia mais ficar me escondendo da minha turma, então caminhei até minha sala, e me animei em não sentir o medo típico que me cercava quando pensava na Hyuuga. Meu estomago ainda gelava, mas isso me pareceu um bom sinal.

Manter a mente ocupada devia estar funcionando.

O café era tradicionalmente japonês, com uma decoração impecável e todos os alunos de yukatas. Não era uma surpresa estar tão movimentado. Meus olhos circularam pela sala, observando tudo e, inconscientemente, procurando por Hinata.

E ela estava lá. Totalmente linda em uma yukata lilás. Seus longos cabelos estavam presos em um coque alto, e ela sorria, enquanto atendia aos pedidos de uma mesa. Meu coração disparou e eu novamente senti as mesmas reações, ainda bem vivas em mim.

— Professor Uzumaki, finalmente apareceu. O que achou da sala? – Uma jovem me chamou, me tirando do meu breve torpor.

— Oi Yamanaka. Desculpa, eu estava ocupado. Está lindíssima, vocês fizeram um excelente trabalho...

— Eu sei! – Disse de modo convencido – Vamos ficar em primeiro lugar nesse ano, estou sentindo!

— Eu estou torcendo por isso – Falei animado, voltando meu rosto para dentro. Quando meu olhar recaiu novamente em Hinata, ela me olhava, mas rapidamente desviou.

Senti meu estomago gelar e engoli em seco, me voltando para Ino, que ainda me fitava.

— Não vai entrar professor? Você precisa experimentar os bolinhos que a Hina fez. É o prato que está saindo mais – Falou muito empolgada.

— Bem, não. Eu... Preciso continuar vendo as outras turmas – Falei já saindo da sala – Mas boa sorte.

— Obrigada professor... – Ainda a ouvir dizer enquanto me afastava.

Andei pelos corredores, analisando as salas, um pouco mais desatento.

Eu achei que estava superando aquela menina... Mas é obvio que o sentimento estava apenas adormecido.

E ela me parecia ainda mais bonita.

Respirei fundo me concentrando no trabalho. Sai da escola e monitorei a área externa e a área do ginásio... Verifiquei também todas as atividades já feitas, o tempo de cada uma... E estava tudo indo dentro do prazo.

Mas, a imagem da Hyuuga ainda permeava a minha mente.

Resolvi parar para comer alguma coisa e descansar. Mas manter a mente vazia acabou por ser um problema. Logo eu voltei as minhas atividades, indo à administração para atualizar os dados.

Já estava na parte da tarde e voltei a rondar os corredores. Mas chegando no corredor da minha turma, eu já não me sentia tão seguro, como na primeira visita, então passei direto pela sala, resistindo à vontade de olhar.

Continuei andando sem parar, até chegar a um corredor vazio, pois dava nas escadas que levavam ao próximo andar, interditado.

Fiquei parado, apenas ouvindo os barulhos externos do festival e respirei fundo, me sentindo um completo idiota por não conseguir conter minhas reações quando se tratava dela.

Hinata...

— Professor Uzumaki, que bom que está aqui, preciso de ajuda – Ino me surpreendeu, no topo da escada.

— O que faz ai? Não é pra subir, é pra isso que serve essas faixas – Falei sério.

— Eu sei, mas nós queríamos um lugar tranquilo pra passar o intervalo, então acabamos subindo, mas...

— Quem subiu com você?

— A Hina... Ela ficou presa na sala, a porta emperrou.

Respirei fundo, inconformado com a “sorte” que eu tinha. Sem muitas opções, eu passei pela fita de restrição e subi as escadas.

— Eu deveria dar uma advertência em vocês, por subirem aqui.

— Desculpe professor, foi minha ideia – A jovem revelou aflita, enquanto caminhávamos até a fatídica sala.

— É aqui... – Ino apontou uma porta.

Eu me aproximei.

— Hyuuga, você esta bem? – Chamei.

— S-sim... – Ouvi a voz suave vir do outro lado. Ela estava bem próxima, então coloquei minhas mãos na porta, me preparando pra fazer força, mas, contrariando minha expectativa, a porta abriu com facilidade. Olhei pra Ino com uma interrogação no olhar.

— Conseguiu! – Ela falou, empolgada.

— Não estava emperrada – Afirmei, entrando na sala e analisando a porta com mais cuidado, mas não achei nada de errado. Então olhei para dentro da sala e vi que Hinata estava perto de mim. Já usava roupas escolares, porém o cabelo ainda estava preso, o que fazia do seu pescoço tentador de se olhar.

E mais rápido do que eu pude processar, a porta se fechou, me surpreendendo. Tentei abri-la, mas ela não se moveu.

— Yamanaka, o que está fazendo? – Perguntei irritado.

— É essa porta, professor, ela está esquisita – Ouvi a voz do outro lado, muito tranquila.

— Não tem graça, abre essa porta agora! – Pedi, fazendo mais força, mas a porta não se movia.

— Não se preocupe professor, a porta abriu com tanta facilidade agora a pouco... Tenho certeza que ela vai abrir de novo... Em, talvez, cinco minutos...

Era uma armação. Meu corpo enrijeceu e me virei, procurando por Hinata. Porém o que eu vi, foi uma jovem tão surpresa quanto eu.

— Ino! O q-que está fazendo? – A morena falou espantada.

— Estou olhando uma porta emperrada, e você? O que está fazendo? – O tom de voz da loira era bem sugestivo.

Levei as duas mãos à nuca impaciente e me afastei da porta, sem saber o que fazer.

— M-me desculpa... Professor. Eu não sabia que... Ela faria algo assim... Eu.. – A morena se encolheu, abraçando a si mesma – Eu contei pra ela... E-eu precisava contar pra alguém...

Percebi que Hinata que tinha os olhos marejados e parecia tão preocupada quanto eu.

— Tudo bem, Hyuuga.

— Não... N-não está... Ela é minha amiga, tenho c-certeza que ela pensa que... Que de algum jeito, vai... Ajudar... Me desculpa... – Ela se segurava para não chorar.

Eu estava perturbado, sem saber ainda como reagir.

— Quatro minutos – Ouvi a loira avisar do outro lado da porta e suspirei. Logo acabaria, só precisava ficar calmo.

— Eu... – Hinata balbuciou e algumas lágrimas caíram. Ela tentou enxugar e ficou de costas para mim. Fiquei pesaroso da situação. Ela é jovem, está assustada e deve estar mais confusa que eu...

Demorei em decidir o que fazer. Não queria me aproximar dela, porque não confiava em mim mesmo. No entanto, ela estava tão fragilizada...

— Calma, menina... – Resolvi tranquiliza-la. Me aproximei e coloquei minha mão no ombro dela – Eu vou falar com a Yamanaka... Não é culpa sua... É minha.

A morena enxugou as lágrimas e me fitou, corada. Minha mão automaticamente foi ao seu rosto, onde eu a toquei com cuidado, limpando os resquícios molhados.

— Três minutos – Novamente ouvi a voz alertar.

Estava acabando. Eu só precisava aguentar um pouquinho. Mas, contrariando meu bom senso, minha mão acabou se demorando demais no rosto da jovem e eu o acariciei, delicadamente. Ela fechou os olhos e inclinou levemente a cabeça, se apoiando em minha mão.

Isso fez meu estomago gelar.

— Você tem lido alguma coisa? – Perguntei baixo.

A jovem corou mais e baixou a cabeça, negando em silencio.

— Dois minutos...

Respirei fundo, me lembrando que todo o sofrimento que eu passei nos últimos tempos, iria por água abaixo se eu não me afastasse dela agora. Mas, meu corpo e minha mente queriam coisas diferentes.

Minha outra mão acabou indo até o rosto dela, segurando em seu queixo, fazendo com que ela me olhasse.

— Eu também não... – Murmurei.

Meu coração estava disparado e minha respiração começava a ficar irregular. Eu apenas queria poder ficar olhando-a assim, de perto. Poder sentir o calor eu emanava dela... Queria poder sentir os lábios dela, mais uma vez.

— Professor... – Ela murmurou.

Minha mente nublou e eu me rendi.

— Um minuto...

Foi a ultima coisa que ouvi antes de sucumbir à vontade. Pressionei meus lábios aos dela, com a mesma necessidade que me consumiu na primeira vez que os provei.

Beijar Hinata era uma experiência inacreditável. Eu me esquecia de completamente tudo.

Não consegui pensar, só queria aproveitar essa chance. E Hinata retribuiu o beijo, na mesma intensidade. Com menos surpresa e mais firmeza do que foi na biblioteca, então meu interior ferveu.

Ela queria, tanto quanto eu... E eu sabia por que essa vontade me consumia todos os dias.

— Cinco...

Ouvi Ino começar a contagem, mas eu não consegui parar. Eu queria mais, precisava de mais tempo.

— Quatro...

 Apertei um pouco mais a jovem contra mim, registrando a sensação em minha mente.

 — Três...

Minha lucidez, mais clara, me forçou a interromper o beijo, mas eu não a soltei.

— Dois...

Olhei intensamente Hinata nos olhos, uma ultima vez.

— Um...

Me forcei a dar dois passos largos para trás, ofegante.

E a porta se abriu.

— Gente, que porta doida. Professor, devia ver isso – Ino apareceu, se fazendo de desentendida.

— Yamanaka... – Pronunciei, mas minha respiração ainda estava irregular.

— Ah, professor, obrigada por vir me ajudar. Hina, vamos, ainda temos tanta coisa pra ver no festival.

A loira entrou e agarrou a mão da morena, que estava muito vermelha.

— Espera, Yamanaka – Repeti, um pouco mais consciente do que acabava de acontecer.

— Não dá pra esperar, professor Uzumaki. Ainda tem tanta coisa pra ver nesse festival que eu tenho certeza que amanhã, não vou me lembrar de tudo o que aconteceu – Ela falou rapidamente e piscou para mim, saindo logo em seguida, arrastando Hinata junto.

Eu fiquei sozinho, ainda respirando com dificuldade. Desnorteado, demorei alguns momentos para finalmente sair da sala. Já no corredor, novamente ouvi os sons meio abafados, vindo do festival. Dei alguns passos até me apoiar na parede onde ficavam as enormes janelas.

Olhei o festival do alto, sem realmente me concentrar em nada.

Eu devia por um fim naquela situação, mas envolvi outra aluna.


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Notas finais do capítulo

Pessoal, vamos entrar na reta final.



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