When Darkness Shines Brightest escrita por darling violetta


Capítulo 9
Fome, parte V




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A volta para a mansão em Londres foi tranquila. Apuraram através de fofocas a vida do criminoso. Era um homem de posses medianas, mas que perdeu tudo cerca de um mês antes. Na mesma época que os crimes começaram. A ligação era clara, Ciel só precisava encontrar o culpado.

Ciel suspirou, cansado, ao chegarem em casa. Subiu as escadas indo direto para o quarto. Atirou-se na enorme cama.

"Deseja algo, mestre? Foi um dia estressante."

O rapaz negou. O mordomo se apressou em tirar os sapatos e meias de seu mestre. Começou a massagear os pés cansados. Ciel suspirou e fechou os olhos. As teorias perturbando sua mente. Tantas possibilidades, e ele ansioso para encontrar o culpado e voltar para casa.

Cobriu o rosto com um dos braços, fechando os olhos. As mãos de Sebastian continuavam massageando seus pés. Suspirou em agrado, mas de repente lembrou da conversa com Elizabeth.

"Eu sempre achei que você fosse apaixonado pelo Sebastian…" As palavras da menina persistiram em sua mente. Sentou-se depressa, afastando Sebastian.

"Qual o problema, mestre?"

"Você tem estado muito perto. Pare de agir desta maneira."

"Que maneira?" Questionou.

"Como se realmente se importasse."

"Eu me importo com você." Admitiu. "De todos os mestre humanos, você é o único que eu realmente gostei."

Ciel bufou.

"Como se eu fosse acreditar nas palavras de um demônio."

"Como posso fazer você acreditar em mim?" Sussurrou.

Ainda de joelhos, Sebastian levou uma de suas mãos a Ciel. Pegou uma mecha de cabelo e prendeu atrás da orelha. Por instinto, Ciel tombou o corpo para frente, seus rostos a centímetros de distância.

O mordomo passou a língua sobre os lábios. O rapaz foi dos olhos para a boca do demônio. Sebastian sorriu, sedutor. Bastante convidativo.

Ele não resistiu. Cobriu o pequeno espaço entre ele e seu mestre, juntando seus lábios. Os olhos de Ciel aumentaram, a surpresa do contato o deixou sem ação. O polegar de Sebastian acariciou sua têmpora.

A mão do rapaz encontrou a do mordomo, puxando-a para longe. Sebastian se afastou, à espera de uma reação de Ciel. Sua mente estava um pouco nublada, ele nunca agiu sem a ordem do mestre.

O rosto de Ciel endureceu, a raiva transparecendo. Estapeou o mais forte possível o rosto de Sebastian. A marca vermelha de sua mão impressa no rosto bonito.

"Saia!" Gritou.

"Mestre, eu…"

"Eu disse para sair!"

Sem escolha, Sebastian levantou-se e saiu. Tentou se desculpar, porém Ciel não queria ouvir. O rapaz voltou a se jogar na cama, os olhos bem abertos. Tocou os lábios com as pontas dos dedos. Seu primeiro beijo real. O primeiro beijo da sua vida e com seu mordomo demônio. As palavras de Elizabeth soaram com mais força.

"Eu sempre achei que você fosse apaixonado pelo Sebastian…"

*******************

A manhã seguinte foi silenciosa. Mestre e mordomo evitaram trocar palavras, ou mesmo olhares. Os dois estavam sozinhos na casa, o que causava um clima estranho. Sebastian agiu sem pensar na outra noite, e agora tinha o ódio de seu mestre.

O mordomo não sabia o que acontecia com ele. Pensou em algum tipo de feitiço, mas sua mente não parava de pensar em Ciel. O rapaz dominava seus pensamentos. As coisas que queria fazer com ele eram mais que inapropriadas…

"Prepare a carruagem." Foram as primeiras palavras de Ciel a ele naquele dia. "Sairemos assim que terminar meu chá."

O mordomo assentiu e se retirou. Sozinho, Ciel atreveu a erguer o olhar do jornal em suas mãos. Fingia ler para evitar interação, mas sua mente não focava em nenhuma palavra. Desistiu. Jogou o jornal na mesa, terminando seu chá para sair. Quanto mais rápido resolverem, mais rápido voltará para o sossego da mansão. Talvez lá as coisas se acertassem.

*********************

Estava frio. Ciel se abraçou em seu casaco, enquanto observava a rua através da janela. Estavam a caminho da Yard, para descobrir mais a respeito do crime da noite passada.

O andar monótono da carruagem deixava sua mente vagar livre. Vez ou outra se pegava pensando no beijo e nas palavras de Elizabeth. Mas ele não era apaixonado por Sebastian. A simples ideia o enojava.

Voltou a fitar a rua. Avistou ao longe uma figura ruiva. A mesma menina do dia anterior, vendendo suas flores e perfumes. Havia um homem com ela. A garota sorria, entregando ao homem um embrulho, que se foi logo depois.

Quando o olhar da menina cruzou com os de Ciel, seus olhos aumentaram e o sorriso apagou. Ela pegou algo sobre a banca e saiu correndo.

"Sebastian!" Ciel gritou. "Pare a garota!"

Sebastian assentiu, parando a carruagem no meio do caminho, antes de saltar. A menina ruiva virou a esquina, esbarrando em quem atrapalhava seu caminho. O mordomo viu um flash de cabelo vermelho correndo para um beco. Foi atrás dela.

A menina correu, mas se encontrou com uma parede de tijolos. Virou-se para Sebastian, uma expressão dura em seu rosto.

"Franzindo seu rosto, envelhecerá mais rápido." Disse calmamente enquanto se aproximava.

A moça não tinha onde fugir. Sebastian se aproximou mais. Ela sacou um canivete e apontou para o mordomo.

"Fique onde está ou vou cortar sua garganta."

Sebastian riu.

"Você pode tentar."

A menina atacou. Sebastian segurou seu pulso com força, o canivete caiu. Tentou dar um soco no rosto bonito, mas o mordomo a impediu mais uma vez. Ele a segurou pelos braços.

"Me solta, desgraçado!" A menina esperneou, em vão.

"Meu mestre gostaria de vê-la."

Sebastian levou a garota, entre xingamentos e pontapés, até Ciel. O rapaz esperava na carruagem, certo que o mordomo cumpriria sua função.

Chegaram até Ciel. Sebastian manteve o aperto na menina, deixando claro que ela não fugiria. Ela lhe deu seu melhor olhar de raiva, ao qual ele apenas sorriu.

"Aqui está sua fugitiva, mestre. Nunca imaginei ouvir tantos palavrões saídos da boca de uma jovem dama." Escarneou. Mais uma vez, a menina tentou se soltar.

"Eu só estava vendendo perfumes, droga! O dinheiro é para ajudar a minha avó."

"Não me interessa sobre sua avó. Por que fugiu ao me ver?"

"Eu sei quem você é, Phantomhive. Pensei que fosse me prender por vender coisas na rua."

"Então ela desconhece os assassinatos?" Sebastian levou uma das mãos ao queixo, a outra ainda firme no braço da garota.

"Assassinatos?" Indagou, sua testa franzindo em confusão. "Não sei nada de assassinatos."

"Há quanto tempo está na cidade?" Ciel questionou.

A menina pensou por um tempo.

"Duas semanas, mais ou menos."

"Os crimes começaram há cerca de um mês, então não pode ser ela. A não ser que esteja mentindo."

"Eu não minto, seus… seus."

"Solte-a, Sebastian." O mordomo assim o fez. A menina mostrou-lhe a língua. "Então por que fugiu de mim?"

"Já disse: pensei que fosse me prender por vender coisas na rua. Meus perfumes não estão em uma loja chique, achei que fossem jogá-los fora…"

Uma luz piscou na mente de Ciel. Seu mordomo agia estranho desde o dia anterior, quando eles esbarraram com aquela moça.

"O que tem nos perfumes?"

"Bem…" A menina coçou o braço. Olhou para os próprios pés descalços. "Não sei se acreditariam em mim."

"Tente." Retrucou Ciel.

"Prefiro mostrar, então."

O rapaz concordou. A menina começou a andar, indo na direção de sua banca improvisada. Pegou um dos pequenos frascos e o entregou a Ciel. O rapaz abriu o frasco. Um cheiro doce subiu. Sebastian também sentiu o perfume. Lembrava-lhe o gosto de seu mestre. Engoliu em seco, tentando se controlar.

"A maioria dos meus clientes são casados ou noivos. Eu os ofereci ontem porque o ouvi desdenhando de sua noiva." Fez uma pausa. "Achei que poderia ajudar vocês…"

"Não cheire isso." Sebastian tomou o frasco das mãos do mestre. Apressou em tapar o vidro. "Agora sei o que me afeta: trata-se de uma poção do amor."

"Bem, a intenção não era atingir você." A menina retrucou. Tomou o frasco das mãos de Sebastian, ao mesmo tempo em que mostrava a língua mais uma vez.

"É estranho…" Ciel os ignorou. "Eu sinto o perfume de… earl grey e bolo de chocolate…"

Imediatamente fitou seu mordomo. O cheiro inebriante pertencia a ele. Era tentador. Sua vontade era abraçar e deixar-se consumir. Balançou a cabeça, tentando se livrar da névoa em sua mente. Limpou a garganta, recuperando em parte sua compostura. A menina os encarava confusa.

"Uma poção do amor?" Questionou.

"Sim, mas só faz reacender os sentimentos já existentes. Por isso meus clientes são casados."

Mestre e mordomo se entreolharam. Ambos lutando contra a névoa do desejo.

"Oi! Vão ficar parados sem falar nada?"

"Bem… você pode ir embora. Acredito em sua inocência."

A menina revirou os olhos, indo arrumar suas coisas. Sairia da cidade aquele dia mesmo. As pessoas de Londres eram estranhas, pensou.

"Talvez tenha mais sorte na França!" Resmungou para si mesma.

Ciel já caminhava de volta a sua carruagem, ainda atravessada no meio da rua. Subiu e se ajeitou no lugar.

"Me leve para a Yard, Sebastian. Vou tentar descobrir algo sobre nosso último caso. Você, procure informações sobre a vítima. Também investigue sua amante."

O mordomo assentiu e subiu na carruagem. Deixou seu mestre em frente à Yard, sob ordens de não precisar buscá-lo. Mesmo relutante em ficar afastado, seguiu seu caminho.

**********************

A propriedade Relish ficava alguns quilômetros de Londres. Sebastian conduziu a carruagem por uma estrada de terra mal conservada. Como conduzia os cavalos, como se fosse uma pessoa normal, a viagem demorou mais do que gostaria. Já passava do meio dia quando enfim avistou a casa principal.

Era uma enorme casa, espaçosa, com janelas grandes e paredes de pedra. O jardim bem cuidado tinha um caminho de pedregulhos, guiando até a entrada. Parou o cavalo um pouco afastado da entrada.

Era estranho, não sentia a presença de humanos na região, porém sentia algo dentro da casa. Decidiu escalar as paredes, subindo ao telhado. O som suave de um violino soava dentro da casa, uma melodia belamente triste.

Verificando, encontrou uma janela entreaberta. Sebastian entrou, um cheiro forte de rosas, putrefação e incenso tomou conta. Estava em um quarto grande, desarrumado. Da cama de casal com dosséis, via uma figura deitada. Afastou o véu, apenas para encontrar um corpo em decomposição.

Enojado, fechou novamente o véu. Caminhou até a porta e a abriu devagar. Atravessou o corredor. O som vinha do andar debaixo. A música ficava mais alta à medida que se aproximava.

Sebastian observou, através de uma coluna, a mulher de cabelos negros. Ela tocava o instrumento com habilidade. Vestia um robe de seda negro, os cabelos soltos. De repente parou e sorriu.

"Apareça." Disse. "Sei que me observa."

O mordomo saiu de seu esconderijo. A mulher largou o violino e se aproximou dele.

"O que faz aqui?"

"Estou sob as ordens de meu mestre. Ele quer informações sobre seu amante assassinado."

"Eu me lembro de você na noite passada. Cercado de mulheres."

"Com ciúmes?"

Ela riu.

"Jamais." Foi até uma mesa, de onde pegou uma garrafa de vinho e duas taças. Como se já esperasse o mordomo. Encheu as taças e levou uma até Sebastian.

"Bebe comigo?"

"Apenas se disser seu nome, senhorita."

"Juliana." Estendeu-lhe a taça, a qual Sebastian aceitou. "Um brinde."

Brindaram. Sebastian tomou um gole do líquido escuro. Juliana o encarava com seriedade.

"Me sinto estranho."

Suas pernas fraquejaram e ele buscou apoio. Sebastian piscou várias vezes, seus olhos brilhando magenta. O selo faustiano brilhando através da luva. A boca de Juliana se abriu, entre espanto e orgulho.

"Eu soube, desde o instante que o vi, que você era especial." Bateu palmas em alegria.

Seus olhos brilharam num tom violeta. Escamas multicoloridas cresceram em seu rosto e braços por uns instantes, voltando logo ao tom normal. Ela sorriu, com os dentes afiados saindo de sua boca.

"Tinha quase certeza que um ser sobrenatural estava por trás disso. Mas estou surpreso, eu pensei que fossem lendas."

"Bem, eu sou muito real. Agora diga… Diga em voz alta o que eu sou, demônio."

Arranhou seu rosto, uma linha vermelha no lugar onde passou suas unhas. Colocou a língua para fora e lambeu o local.

"Uma… uma sereia."

Uma forte dor queimou seu peito. Sebastian tocou o lugar, tentando se livrar da sensação. Sua visão embaçada, as últimas palavras que ouviu antes de apagar foram:

"Agora você é meu…"

******************

Quando Sebastian acordou, estava amarrado em uma enorme cama com lençóis negros. A lua cheia brilhava do lado de fora. Esteve desmaiado por horas, a ponto de anoitecer. Puxou as amarras. A cama balançou, porém não cedeu. Juliana sentou na beira da cama, observando o demônio amarrado. Ela o fitava com admiração.

"Procurei minha vida toda por alguém como você. Desde o momento que te vi, soube que era você!"

"Então é realmente você provocando o caos."

Ela deu de ombros.

"Estava entediada e resolvi me divertir. Mas os homens são todos fracos, tolos e gananciosos. Nenhum à minha altura."

"Se gosta de provocar os homens, por que matar suas esposas?"

"Ora, porque é divertido. Você, mais do que ninguém, deveria entender. Um demônio poderoso como você deve adorar uma matança."

Sebastian teve que concordar. Ele gostava de matar, era sua natureza, desde que não contradissesse as ordens de seu mestre.

"Nós dois juntos seríamos imbatíveis. Colocaríamos essa cidade abaixo."

Juliana subiu em cima dele. Beijou sua boca, mordendo seu lábio inferior. Sua saliva se misturando ao sangue do demônio. Afastou-se, deixando Sebastian com vontade de mais. Ela soltou suas mãos.

"O que me diz?" Beijou seus lábios novamente. "Podemos dominar o mundo."

"Eu… tenho um mestre… ele é irritante, mas estou sob suas ordens."

"Até mesmo vocês! Assim como os homens humanos, têm algo que os prende!"

Saiu de cima dele. Juliana se afastou, dando as costas e esperando uma reação. Cruzou os braços e sorriu. Nunca imaginou ter um demônio sob seu feitiço. Seria interessante se funcionasse.

Sebastian levantou da cama. Caminhou até Juliana, abraçando suas costas.

"Não é como se eu pudesse quebrar o acordo…" Disse.

Juliana se virou para ele. Puxou sua gravata, o rosto bonito quase colado ao seu.

"Bem…" Esfregou as unhas sobre sua camisa. "Você não o mataria? Por mim?"

"Qual a garantia que não me abandonará como aos outros?" Retrucou.

"Porque somos iguais. Somos criaturas amaldiçoadas, vagando sem rumo ou companhia. Sou o seu destino!"

Foi beijá-lo, contudo Sebastian a afastou. Segurou seus braços. Era como se uma pequena parte dele lutasse, enquanto outra desejava se entregar de vez.

"Nem ao menos sabe meu nome."

"Diga-me, então."

"Sebastian…"

Juliana  acariciou o rosto bonito.

"Meu Sebastian… mate seu antigo mestre!"

O mordomo demônio sentiu uma torção em seu estômago, o símbolo em sua mão queimando. Submetido a diferentes magias, os feitiços se misturaram. Uma fome crescente o consumiu. Lambeu os lábios, imaginando a sensação de rasgar a carne de Ciel.

Seus olhos brilharam magenta, ferozes. Um rosnado misturado a um riso escapou de sua garganta. Sebastian estava pronto para iniciar sua caçada.


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