Say Something escrita por Nikka fuza


Capítulo 3
Capítulo 02 - Parece Que Você Desistiu


Notas iniciais do capítulo

Bom dia, mais um capítulo fresquinho pra vcs.

Boa leitura



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É como um daqueles pesadelos onde você não consegue acordar. Parece que você desistiu e que teve o bastante.

Rose Hathaway

 

O som de um monitor cardíaco me despertou, abri os olhos me sentindo desnorteada apenas para encarar o teto de um hospital. O que eu estou fazendo aqui? Eu não sentia dor em nenhum lugar, parecia estar perfeitamente bem.

Ergui meus braços, observando minhas mãos. Tudo parecia em ordem. Olhei em volta, a porta do quarto estava fechada, mas um suspiro atraiu minha atenção para o outro lado. Senti meu coração parar por algumas batidas ao encontrar Dimitri sentado ali olhando pela janela.

Ao vê-lo, lembranças de nosso último encontro e suas palavras vieram à minha mente.

O amor acaba.

Eu fechei os olhos sentindo como se meus pulmões ficassem menores ao me lembrar o que fiz, tudo o que tomou conta de minha mente naqueles últimos instantes à beira da cachoeira, Christian.

Por que ele está aqui? Eu voltei a abrir os olhos, o observando. Dimitri parecia distraído, preso em seus próprios pensamentos, ele ainda não tinha percebido que eu tinha despertado, decidi chamar sua atenção e terminar de uma vez com aquilo.

— Oi — pensei que minha voz estivesse rouca, mas saiu em seu tom natural.

Silêncio foi minha única resposta. Dimitri voltou a suspirar antes de se levantar vindo em minha direção.

— O que você está fazendo aqui? Você me disse para ficar longe — eu pisquei algumas vezes, tentando não demonstrar o quanto sua presença me afetava.

Ele continuou em silêncio, parando ao lado da cama e olhando diretamente para mim. Qual o problema dele? 

— Se você vai me ignorar, por que se deu ao trabalho de vir? — eu desviei o olhar, tentando impedir as lágrimas de chegarem aos meus olhos.

Silêncio.

Mikhail Tanner bateu na porta, abrindo uma fresta em seguida antes de colocar a cabeça para dentro. Eu aproveitei que Dimitri olhou naquela direção e sequei depressa as lágrimas que saíram de meus olhos, eu não daria oportunidade para que ele me visse chorar. 

— Belikov — Mikhail o saudou, recebendo em troca um aceno de reconhecimento antes de voltar a me olhar.

— Oi Mikhail — eu balbuciei tentando aliviar o clima ali.

— Nenhuma mudança? — Ele me ignorou, me fazendo piscar atordoada.

Como assim nenhuma mudança? Eu ter acordado é uma grande mudança, não é?

— Já faz quatro dias — Dimitri comentou.

Quatro dias? Eu estive aqui nos últimos quatro dias?

— O que está acontecendo? — Eu questionei confusa me sentando na cama, mas aquele gesto parece não ter atraído a atenção dos dois homens.

— Ela ficará bem, mas neste momento o Guardião Croft quer te ver. Vamos— Mikhail instruiu.

Eu não podia acreditar. O que está acontecendo? Dimitri segurou minha mão por um instante. O seu toque era diferente, era quente, mas era distante. Eu o sentia como se houvessem várias camadas de roupas entre nossas peles, e então, cedo demais, ele respirou fundo e me soltou, seguindo Mikhail.

Eles vão me deixar aqui!?

— Hey, onde vocês vão?

Eu me levantei imediatamente, seguindo os dois pela porta afora. O corredor do hospital estava bem movimentado, e ao contrário do que eu pensava, ninguém parecia interessado em uma paciente fora da cama.

Eu comecei a me sentir cansada, talvez me levantar tão depressa após dormir por quatro dias tenha sido um erro. Voltei para o quarto desolada, mas aquele sentimento logo foi substituído por choque ao me deparar com a cena seguinte.

— O que é isso? — eu balbuciei me aproximando da cama onde meu corpo repousava.

Eu estava bastante machucada, tinha um grande curativo do lado direito da cabeça, meu rosto estava coberto de hematomas, meu braço esquerdo e a perna direita estavam envoltos em gesso. Eu estava entubada e ligada a vários outros aparelhos.

Meus olhos se encheram de lágrimas diante daquela visão. Não era possível que algo assim estivesse acontecendo comigo. O que exatamente eu sou nesse momento? Algum tipo de fantasma? É possível eu ter me tornado um fantasma sem que esteja morta de fato?

Eu me aproximei do meu corpo, tocando a pele exposta de meu braço. A sensação era estranha, como se tivesse gelo correndo por minha pele, ao mesmo tempo que me assustava, me fascinava.

— Odeio te ver assim — Uma voz que eu não ouvia há muito tempo soou no ambiente, fazendo com que eu prendesse a respiração, me virando para encontrar Mason ao meu lado.

Eu pisquei atordoada por um momento antes de reagir. Não pensei duas vezes antes de me lançar em seus braços, escondendo meu rosto em seu peitoral enquanto ele me envolvia em um abraço carinhoso. Eu o estava tocando! Eu não podia acreditar que isso estava acontecendo!

— Eu senti sua falta, Rose — ele beijou o meu couro cabeludo.

— Eu sinto muito Mase — eu solucei me agarrando a ele.

— Hey, desde quando você é tão emotiva? — ele se afastou olhando em meus olhos.

Ele secou minhas lágrimas, acariciando meu rosto enquanto exibia aquele olhar carinhoso que eu conhecia bem. Seus doces olhos azuis transmitiam o mesmo sentimento que eu me lembrava de quando ele estava vivo.

— Mase, há tantas coisas que eu gostaria de lhe dizer — eu respirei fundo — eu sinto muito por tudo o que aconteceu.

— Isso é passado, Rose. Eu não me arrependo.

— Mas por minha culpa você...

— Não Rose, eu tinha que escolher — ele me interrompeu — e eu escolhi você. Eu vi o que você se tornou e pra mim, isso é o suficiente.

Eu voltei a abraçá-lo, aproveitando sua presença. Mason descansou o queixo no topo de minha cabeça, respirando fundo em meio ao silêncio que era interrompido apenas pelo som do monitor cardíaco.

— Eu fiz a minha escolha, Rose. E eu não me arrependo dela — ele me soltou voltando a observar meu corpo na cama do hospital — a grande questão agora serão as suas escolhas.

Eu segui seu olhar, sentindo meu coração se apertar ao me ver ali daquela maneira. Não era isso que eu desejava.

— O que você quer dizer? — eu questionei sem receber resposta alguma.

Eu olhei em sua direção apenas para encontrar o quarto vazio

— Mase?

Onde ele foi? Eu não imaginei tudo isso, não é?

— Mason! Não me deixe aqui sozinha! — eu o chamei, mas não tive resposta alguma.

Eu fiz um pequeno beicinho de decepção antes de ir até a poltrona onde Dimitri esteve acomodado. Eu me encolhi ali, colocando os pés em cima da poltrona e abraçando meus joelhos antes de descansar a cabeça neles.

— Então, somos só nós — eu falei para mim mesma — Por que isso está acontecendo?

Eu suspirei diante do silêncio óbvio que se seguiu, e então meus pensamentos correram para os sentimentos que me levaram até ali. Eu ainda me sentia mal. Eu me sentia triste, frustrada, decepcionada, de coração partido, e acima de tudo, eu me sentia cansada. Cansada de lutar sempre, cansada de me reerguer e seguir em frente, cansada de colocar a felicidade de outras pessoas acima da minha própria.

A porta foi aberta devagar, fazendo com que eu erguesse a cabeça para ver Eddie e Mia entrarem no quarto. Ele trazia um pequeno arranjo de flores nas mãos e colocou em um aparador próximo à cama, enquanto Mia se aproximava de meu corpo.

— Eu ainda não consigo acreditar que ela está assim — Mia suspirou.

— Eu devia ter percebido que algo estava errado, eu devia ter previsto isso — Eu  senti mais uma vez aquele toque distante na pele de meu braço quando Eddie passou a mão  ali.

— Não tinha como você saber — Mia o consolou, não percebendo quando Christian entrou no quarto.

— Eu sabia que algo estava errado, e ao invés de ajudá-la eu apenas arrumei uma briga com ela, eu não acreditei... 

Eddie parecia miserável e eu me senti mal por ele. Ele sempre foi um bom amigo, ele sequer pensou quando eu pedi ajuda para tirar Victor Dashkov da prisão, e apesar de ter ficado irritado comigo depois de descobrir o motivo, bem... Ele estava no direito dele.

— Todos percebemos que ela estava prestes a explodir com tudo o que estava acontecendo e não fizemos nada — Christian fez sua presença ser notada — eu literalmente a vi cair. Eu não fui capaz de fazer nada.

Eu fechei os olhos com força, escondendo meu rosto em meus joelhos. Como Christian deve ter ficado depois de tudo? Apesar de toda nossa implicância, ele sempre foi o único que não me julgou e acreditou em mim. Ele se preocupou comigo.

— Chris, você não podia ter feito nada — ouvi Mia dizer.

— Se eu tivesse sido mais rápido...

— Qual é, a gente sabe que não teria como alcançá-la. Rose era muito rápida — ela insistiu.

— Ela é rápida — Eddie a corrigiu — ela não morreu. Ela vai sair dessa...

— Sim — Mia concordou depressa ao perceber seu deslize.

Mas será que eu iria? Será que eu queria?

— Com licença. Mas o horário de visitas acabou — uma enfermeira entrou no quarto — vocês não podem permanecer.

Eles acenaram em entendimento antes de partir. Eu não gostei da sensação, eu queria poder dizer que a culpa não era deles. Foi a minha escolha. Mas tive que me contentar a observá-los sem que eu pudesse fazer nada.

Voltei a me encolher na poltrona, percebendo que não teria mais nada a fazer ali. Como um quase fantasma, eu consigo dormir? Sei que Strigois não conseguem.

Eu deveria ter perguntado isso ao Mason.

Eu me aconcheguei da melhor maneira e fechei os olhos, me surpreendendo quando o sono realmente começou a chegar. 

 

 


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