I - Herdeira da Noite: Êxodo escrita por Elizabeth Charpentier


Capítulo 5
Capítulo Quatro




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Depois de alguns meses convivendo com os Winchester e com diversos casos resolvidos, os irmãos finalmente decidiram por levar Nyssa para uma caçada já que a próxima não representava grandes perigos.

A ruiva havia treinado todos os dias durante os últimos dois meses, seja com armas ou com facas. Com toda certeza não poderia dizer que estava no mesmo nível dos meninos, precisaria lutar e treinar muito ainda, mas poderia muito bem se defender caso alguma coisa aparecesse na sua frente. Pelo menos ela acreditava nisso. Além do mais, seu latim já havia melhorado significativamente, já poderia exorcizar um demônio sem se enrolar com as palavras.

Também havia se aproximado um pouco mais dos três, os conhecendo um pouco melhor. Bobby tinha aquela pose de durão e autoritário, mas quando algo de ruim acontecia com os garotos ou quando eles precisavam de conselhos sobre qualquer coisa, ele quase se tornava um pai nestas situações. Dean vivia fazendo brincadeiras sem graça, animava qualquer clima ruim e vivia dando em cima de Nyssa, apesar de deixar claro que não queria absolutamente nada com ele — e dele ser uns bons anos mais velho do que ela. Sam era realmente o oposto do irmão, estudioso, afetivo e sério quando deveria ser, focado e não ficava em cima tentando a todo custo conversar. A convivência com eles era até que equilibrada.

Neste meio tempo Nyssa fazia questão de saber sobre os casos em que os irmãos já trabalharam. Sam também contou a ela um pouco sobre a vida dos dois e tudo o que aconteceu com o demônio dos olhos amarelos, a morte de Dean e seu retorno. Cada vez que ela descobria sobre uma coisa nova sobre este mundo sobrenatural, mais ela ficava impressionada — e um pouco assustada — com tudo o que estava escondido bem embaixo de seus olhos. Nunca poderia imaginar que realmente existiam pessoas que faziam pactos com demônios e depois eram puxadas para o inferno.

— Nyssa, já estamos indo! — Sam gritou do andar de baixo.

— Já vou!

Pegou sua bolsa com algumas roupas e desceu correndo até o primeiro andar. Colocou uma pequena arma que estava em cima de umas das mesinhas no corredor no cós da calça e foi em direção a saída, gritando um tchau para Bobby. Entrou no Impala de Dean e ele logo estava dando a partida, repetindo as regras que Nyssa deveria seguir durante a viagem, a maioria relacionada a não danificar de jeito algum seu querido carro. Ela apenas revirava os olhos, rindo de sua atitude superprotetora em relação ao seu carro.

— Eu pesquisei sobre o local onde estão ocorrendo os assassinatos e parece que há alguns anos a irmã mais nova da família Santinelli, chamada Rosalie, teve um surto psicótico e em uma noite matou toda a sua família com a picareta de seu pai. Ao que parece depois do assassinato a garota simplesmente sumiu, enquanto sua família fora cremada. — informou Sam.

— Então quer dizer que não vamos poder simplesmente queimar os ossos da família e acabar logo com esse caso? — resmungou Dean.

— Pelo jeito não.

— O que aconteceu na casa agora? — Nyssa perguntou à Sam.

— Há mais ou menos três semanas, os novos moradores foram assassinados da mesma forma que a antiga família Santinelli. Outras três famílias que moraram ali antes desta também foram assassinadas. Não há nenhuma pista de onde Rosalie pode ter ido, se morreu ou desapareceu, mas pelo que está acontecendo na casa, o fantasma dela está matando as famílias.

— Vamos ter que ir até a casa e para a biblioteca da cidade para tentar achar algum vestígio de onde a garota pode ter parado então. — Nyssa disse para os meninos enquanto se apoiava no banco da frente. — Ou será que não há nenhum objeto da família que pode ter algum pedaço de algum deles?

— As cinzas foram jogadas em um rio próximo em umas das homenagens e tudo que pertencia à família fora queimada antes dos novos moradores chegarem à casa.

Depois de trocarem mais algumas informações, a viagem foi seguida em silêncio, apenas o rock de Dean fazia algum som naquele carro. Os pensamentos de Nyssa viajavam por todos os lados, pelo orfanato, sua nova vida e por incrível que pareça em um determinado par de olhos verdes. Não consegui conter um sorriso quando pensava em seu rosto, apesar de não saber muito bem o porquê. Pensar no anjo que havia visto apenas uma vez em sua vida trazia um calor estranho para seu corpo, fazendo-a desejar que se encontrassem novamente.

(...)

O primeiro lugar que pararam após chegar à cidade fora o hotel. Sam e Dean se passariam por agentes federais enquanto Nyssa passaria o dia na biblioteca em busca de alguma informação. O fato de ter o nome da garota já facilitaria um pouco as coisas.

Colocou a jaqueta por cima da regata e saiu do quarto. Depois de dar uma olhada no GPS do celular, teve segurança de sair do hotel e andar pela cidade sozinha. A biblioteca ficava a apenas algumas quadras do hotel, então não seria difícil chegar lá.

Quando passou pela porta dupla da biblioteca, uma senhora sorriu para a ruiva e voltou seu olhar para o computador. Nyssa chamou sua atenção apenas para pedir a informação de onde estavam os registros públicos que ela logo mostrou.

Passou as próximas horas lendo diversos relatórios e livros, mas nada indicava qualquer pista de onde Rosalie estava. Haviam apenas páginas de jornais falando sobre o assassinato da família e o desaparecimento da garota, mas nada que indicasse seu paradeiro. Não havia informação sobre algum corpo encontrado que tivesse as características físicas dela. Aparentemente aquilo estava sendo uma perda de tempo.

Suspirou frustrada, se levantando e indo em direção a saída. Estava morrendo de fome e precisava logo comer alguma coisa. Ligou para os meninos e marcou de os encontrar em uma lanchonete perto dali.

— Encontrou alguma coisa? — Sam perguntou quando o pedido de todos chegou.

— Não. Não há nenhum atestado de óbito, adoção ou qualquer outra informação sobre ela. — falou entre uma garfada e outra da sua macarronada. — Acho que vamos ter que passar um tempo na casa e ver qual será a reação do fantasma.

— O único problema — começou Dean enquanto terminava de comer. — é que a casa já tem novos moradores.

— Já? Mas não faz nem duas semanas que a casa foi liberada.

— Ao que parece os assassinatos baixaram o preço da casa.

— Então como vamos fazer para entrar lá?

— Podemos dar a desculpa da dedetização. — disse Dean.

— E isso cola? — perguntou um pouco incrédula.

— Bom, não custa tentar.

(...)

Para surpresa de Nyssa, os novos moradores acreditaram na história de dedetização e sairiam da casa pelos próximos dois dias para que pudessem realizar o "serviço". Dean mandava um sorriso zombeteiro para a garota por sua falta de fé nele e em suas investidas, mas logo trataram de preparar a casa.

Era quase noite quando fecharam toda a sala com as linhas de sal. Nyssa se sentou em uma das poltronas, nervosa pela possibilidade de encontrar um fantasma pela primeira vez. Seu coração palpitava de ansiedade.

Começou a brincar com uma mecha de seu cabelo entre os dedos quando viu um vulto passando pela porta à sua frente. Levantou em um rompante, olhando para os lados e tentando ver alguma coisa.

— O que foi? — Sam perguntou indo ao seu lado.

— Eu vi um vulto passando por lá. — apontou a direção.

As luzes estavam ligadas e em nenhum momento elas piscaram ou o ar ficou gélido, fazendo-a estranhar. O vulto passou na frente deles novamente, mas desta vez ela conseguiu ver seus cabelos longos e negros.

— Como isso é possível? — perguntou aos meninos que estavam tão desconfiados quanto ela.

Antes que eles pudessem responder, uma garota parou em frente à porta. Estava com os cabelos desgrenhados, o vestido todo sujo e rasgado e com os pés descalços, mas o que mais espantou Nyssa foi a enorme picareta em uma de suas mãos. Deu um passo para trás, esbarrando em Sam. A estranha garota deu um passo para frente junto com ela, ultrapassando a linha de sal que deveria impedi-la.

Quando Nyssa pegou a arma que estava em suas costas, ela correu em direção ao corredor até a cozinha. A ruiva saiu do transe e correu atrás dela, sendo seguida e logo ultrapassada pelos garotos. Eles foram em direção à cozinha na porta esquerda e Nyssa decidiu continuar correndo para frente, em direção às escadas que davam para o porão para o caso dela ter ido por ali.

Apontou a arma para frente enquanto descia lentamente as escadas. Tentou ligar a luz no interruptor, mas ela não acendeu, privando a visão de Nyssa. Apenas a luz da lua que passava pelas pequenas janelas iluminava o porão, mas não o suficiente para mostrar todo o lugar.

Tentou ser o mais silenciosa possível, aguçando seus ouvidos em busca de qualquer ruído, mas o local estava estranhamente silencioso. Continuou andando para mais fundo do portão, passando por entre as prateleiras altas cheias de bugigangas. Ouviu algo se arrastando atrás de si, mas antes que pudesse se virar em direção ao som, algo pulou em suas costas e a derrubou no chão, fazendo a arma cair longe.

Bateu forte a sua cabeça no chão, a deixando zonza, mas balançou sua cabeça e a sensação estranha passou um pouco. Deu uma cotovelada e uma cabeçada em quem estava em cima de suas costas, tirando-a de cima de si. Se levantou rápido e correu até o outro lado, tentando achar sua arma, mas ela mal conseguia enxergar seus próprios pés, quem dirá um objeto escuro.

Novamente ouviu passos atrás de si e uma respiração rápida e alta. Nyssa virou em direção ao som e viu o brilho psicótico nos olhos da garota. Não havia nada perto dela que pudesse ajudá-la a se defender, apenas as suas próprias mãos. Desejou tanto que algo milagroso aparecesse e a desse a chance de se defender, mas nada veio.

A garota soltou um grito e correu novamente em sua direção. Nyssa colocou suas mãos em frente ao rosto instintivamente como se aquilo fosse amaciar o baque e virou seu rosto esperando o choque em seu corpo, mas nada veio, ouvindo apenas resmungos. Virou seu rosto para frente e percebeu a garota parada a poucos passos à sua frente, tentando inutilmente chegar perto da ruiva. Franziu o cenho, tentando entender o que estava acontecendo e o que a impedia de chegar até ela.

Aproveitou o momento e foi em busca de algo para revidar, porém o barulho alto de um tiro a parou, fazendo-a virar em direção ao som e ver Dean apontando a arma para o vazio que antes era ocupado pelo corpo da garota que agora estava inconsciente no chão.

— Você está bem? — Sam perguntou enquanto aparecia atrás de Dean.

— Sim, estou. — respondeu um pouco atordoada.

Voltaram para o andar de cima e começaram a arrumar tudo enquanto os meninos queimavam o corpo. Nyssa ainda não entendia este costume, mas Dean a explicou que assim não haveria chances de qualquer demônio possuir o corpo da garota morta ou dela virar um fantasma ou qualquer outra coisa parecida, mas nesse caso também era para esconder o corpo da polícia, já que não se tratava de um simples fantasma ou monstro.

— É comum encontrarem um humano matando pessoas? — Nyssa perguntou enquanto terminava de colocar as coisas no porta malas.

— Felizmente não.

Assim que entraram no carro, sua mente começou a pensar nos momentos antes do tiro. O que diabos havia acontecido lá que impediu que a garota a atacasse?

 


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