I - Herdeira da Noite: Êxodo escrita por Elizabeth Charpentier


Capítulo 19
Capítulo Dezoito




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Nyssa havia pego o costume de em todas as noites meditar antes de dormir e continuar tentando abrir aquela porta, mas ela sempre estava do mesmo jeito, trancada e com toda a casa às escuras. Todas as vezes era o mesmo cenário, a mesma casa, tudo do mesmo jeito, não importava o quanto ela treinasse ou tentasse de todos os jeitos mudar aquilo. A casa de Bobby permanecia da mesma forma.

Mas naquela noite havia algo de diferente. A casa estava mais iluminada, a luz do sol entrava pelas frestas das janelas. Conseguia ver algumas das pilhas de carros que estavam do lado de fora. O ambiente estava mais leve, e não carregado de uma energia como nas outras vezes. Porém, ela ainda não conseguia abrir a maldita porta. Mas quando tentava forçar a sua abertura, a madeira vinha um pouco em sua direção, cedendo, o que não fazia antes. Aquilo deu esperanças a ela de que estava indo no caminho certo, por mais que não soubesse muito o que estava fazendo.

Despertou e se levantou, indo direto para a cama. Todas as noites estavam sendo assim; meditar e dormir. E Nyssa sentia o maior prazer em ir dormir, já que em todos os sonhos Castiel estava lá, beijando-a novamente. E infelizmente ela tinha se contentar apenas com seus sonhos, já que, mais uma vez, Castiel desapareceu.

Felizmente nada de estranho havia acontecido nas últimas duas semanas. Não houve nenhum ataque ou tempestade, sem qualquer indício de que o arcanjo tentaria um novo ataque. E estava feliz por isso, mesmo tendo uma pulga atrás da orelha que a fazia estar alerta a qualquer mudança.

(...)

— Faz tempo que não caçamos. — comentou a esmo enquanto Bobby lia algo sobre leviatãs.

— Pois é garota. Até agora ninguém ligou para mim ou vimos algo de diferente nos jornais. O movimento está fraco ultimamente.

— Não que não seja algo bom, mas estou cansada de ficar apenas em casa. Os garotos têm o que fazer na oficina, mas eu não posso treinar minhas habilidades com garrafas de cerveja. — lamentou.

— Chame Castiel, talvez ele possa te ajudar com isso.

— Ele não me responde há dias. Já estou quase desistindo de chamá-lo. Até parece que não quer me ver.

— Acredite, ele não te ignoraria se houvesse um bom motivo. Ele trata você de uma forma diferente, eu vejo. Tenha paciência com ele. — Bobby disse, deixando seu livro de lado. — Isso é novo para ele.

— Você sabe? — perguntou curiosa.

— Do quê? Apenas sei que ele sente algo diferente por você, apesar de que eu achava que isso fosse impossível.

Sorriu. Ao menos parece que não era algo que Castiel decidiu esconder totalmente.

— Hey! — Sam apareceu de repente na sala, limpando as mãos com um pano já encardido. — Um dos contatos do papai ligou, disse que tem um caso para nós não muito longe daqui. Parece que eles estão tendo problemas com alguma bruxa na cidade.

— Maravilha! — Nyssa comemorou, levantando-se rapidamente do sofá. — Quando vamos?

— Dean está fazendo uns reparos no carro, mas logo iremos. Ele vai adorar esse caso. — Sam comentou.

— Por quê? — perguntou curiosa.

— Eles têm suspeita de que a diretora do colégio é a bruxa, e quando estudamos lá, Dean jurava que ela era uma. Ele aceitou esse caso na hora. Está doido para desmascarar ela.

— Já sabem como vamos fazer para pegar ela? Eu não passo mais por uma aluna do secundário.

— Terá uma festa de velhos alunos daqui dois dias, vamos pesquisar até lá e a pegaremos no dia da festa. — explicou.

— Ah. Vou poder ir junto?

— Claro. Mas provavelmente vai ter que fazer uma visita a algumas lojas, vai ser uma festa um pouco formal.

— Sem problemas. Vou subir e tomar um banho, me chamem quando quiserem sair.

Subiu as escadas correndo, andando de dois em dois degraus. Ficar muito tempo trancada dentro de casa a estava dando nos nervos, principalmente depois que se acostumou com a correria das caçadas. Esse novo caso chegou na hora certa e ainda poderia aproveitar um pouco do tempo para sair e comprar algo para si. Por mais que adorasse usar as roupas surradas, ainda tinha certo prazer por usar roupas um pouco mais estilosas.

Tomou uma ducha rápida e, ainda enrolada na toalha, começou a arrumar a sua mochila.

— Nyssa, já estamos indo. — Dean avisou do outro lado da porta.

— Só vou colocar uma roupa e já desço. — gritou.

Colocou rapidamente seu jeans e uma camisa que achou jogada no canto do armário e correu para a sala. Os garotos já estavam lá embaixo com suas mochilas.

— Animado com o caso, Dean?

— Com toda certeza. Estou animado para desmascarar aquela bruxa.

— Nem sabemos se ela realmente é uma bruxa. — Sam alertou. — Vamos logo, talvez a gente consiga chegar durante a madrugada se sairmos agora.

— Podemos conversar sobre os detalhes enquanto viajamos, como, por exemplo, com quem vou para a festa. Não estou a fim de ir sozinha num lugar que não conheço ninguém. — avisou.

— Depois conversamos sobre isso. — decretou Sam.

Despediram-se de Bobby e foram para o carro. Nyssa ficou no banco de trás enquanto cutucava Dean, que estava no banco do motorista.

— Vou precisar de um dos seus cartões falsos.

— Pra quê?

— Para poder comprar o vestido para a festa. Ou você quer que eu vá de jeans e jaqueta de couro? É a melhor coisa que eu tenho na minha bolsa. — cutucou ele enquanto falava, vendo que o estava irritando cada vez mais. Aquilo estava sendo divertido.

— Tá, ta. Mas vê se não gasta muito. — disse enquanto passava um dos cartões para ruiva.

— Por quê? O dinheiro nem é seu mesmo. Pode deixar que eu vou numa loja sem câmeras e jogo o cartão depois. Não vão pegar a gente.

— Onde você aprendeu tudo isso? — perguntou Sam curioso.

— Com Dean. — deu de ombros. Aquilo era óbvio. As coisas "erradas" das viagens e caçadas estava aprendendo com ele.

— Não espalha garota. Assim eles não vão me deixar falar com você. — brincou.

— Assim que chegarmos a cidade me deixem em alguma loja de roupas ou shopping, duvido que vocês vão querer ir junto comigo. — os dois afirmaram rapidamente. — Sabia. E até lá vocês podem me dizer com quem eu vou.

— Por que tanta pressa? Quando chegarmos a festa você vai ver. — Sam falou.

Bufou. Eles estavam tentando irritá-la e estavam conseguindo. Apoiou sua cabeça na janela e fechou os olhos. Por mais que estivesse animada com o caso e com saírem da rotina dos casos, tinha algo dentro de si que estava a incomodando, como se estivesse avisando que alguma coisa ruim aconteceria e, dadas as circunstâncias, não duvidava de nada.

(...)

— Me pergunto porque as bruxas adoram a imortalidade. Okay, todo mundo quer viver para sempre, mas ainda sim, todas elas matam pessoas para isso. — reclamou enquanto lia alguns artigos na internet.

— O que você achou? — perguntou Sam.

— Algumas notícias sobre pessoas encontradas mortas em suas casas. Falaram de algum produto químico que envelhecia a pele do corpo e que as intoxicava, mas até agora eles não conseguiram definir o que é. — rolou a página mais para baixo. — Isso acontece há décadas, inclusive enquanto vocês estudavam aqui. — fez uma pausa enquanto continuava a ler. — Parece que houve um novo caso há dois dias, vocês podem fingir ser agentes ou qualquer coisa, invadir e ver os corpos para ver se têm alguma marca.

— Corpos?

— Sim, foram encontrados um casal e sua filha adolescente da mesma forma. — respondeu. — Não deram detalhes se existem marcas de agulha ou outras coisas estranhas. Vocês têm que ver pessoalmente, porque isso realmente parece ser obra de uma bruxa.

— Beleza, nem me importo mesmo em ver tripas, sangue ou cérebros de pessoas mortas. — reclamou Dean.

— Enquanto vocês vão para lá, vou pesquisar se esse método está ligado a algum ritual de imortalidade. Quando encontrarem alguma coisa específica, me liguem ou me mandem foto para eu filtrar mais a pesquisa e ser mais rápida.

— Pode deixar, só vamos esperar escurecer para podermos invadir. Não podemos fingir ser agentes, as pessoas nos conhecem aqui. — avisou Sam. — Você pode ir para o centro da cidade para comprar suas roupas, posso te dar uma carona.

— Claro, só vou pegar minha bolsa.

(...)

— Você teve algum progresso na meditação? — Sam perguntou enquanto dirigia.

— Apenas na última vez, mas foi pouca coisa. Eu consegui empurrar um pouco a porta, nada além disso.

— Você pode estar chegando perto agora. Pena que você não pode ser guiada por alguém, seria mais rápido.

— Por sorte parece que não precisamos ter pressa, não aconteceu nada até agora, mas quando eu puder vou tentar de novo.

— Bom, vou esperar você por aqui. — disse enquanto estacionava na rua e engatava o freio de mão. — Só não demore tanto.

— Vou tentar. — falou risonha enquanto saia do carro.

Andou por algumas lojas no centro, mas encontrou em maioria apenas lojas que vendiam roupas casuais. Foi difícil encontrar alguma loja que vendesse vestidos de festa, e a maioria eram caros ou extravagantes demais.

— Querida, acho que encontrei algo perfeito para você. — disse a senhora que a estava ajudando a escolher os vestidos. — É mais ou menos nas características que você me disse.

Ela passou o cabide pela cortina do provador e Nyssa a pegou. Esticou o máximo que o cubiculo lhe permitia e o analisou. Era um vestido azul escuro com uma pequena fenda na coxa direita, as mangas compridas eram todas em renda de um azul mais escuro que o tecido do comprimento e possuía uma faixa preta na cintura. Provavelmente ficaria acima do joelho e colado em seu corpo. Não seria tão ruim prová-lo.

O vestiu com certa dificuldade, apesar de ser seu número, parecia ser mais uma segunda pele do que um vestido. Depois de precisar rebolar um pouco e dar uns pulinhos para subir, se olhou no espelho e suspirou. Havia encontrado o vestido perfeito.

 


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