I - Herdeira da Noite: Êxodo escrita por Elizabeth Charpentier


Capítulo 16
Capítulo Quinze




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/803030/chapter/16

Novamente andaram em direção a um espaço afastado do ferro velho. Sam e Dean procuraram abrigo em uma das construções de madeira velha que comportava algumas ferramentas, mas longe o suficiente de Nyssa e Castiel. O anjo tirou seu sobretudo e o deixou em cima de um capô dos carros, sem se importar com a chuva. As gotas de chuva molhavam a sua camiseta branca e colavam em sua pele, mostrando um pouco mais de seu corpo do que o usual, fazendo com o Nyssa pensasse que Castiel era ainda mais bonito do que já aparentava.

— Vamos começar? — o anjo chamou a atenção da ruiva para o seu rosto.

Apesar da chuva fria, sentiu seu rosto esquentando por ter sido pega olhando para ele.

— Hoje eu ensinarei algumas coisas a você: como proteger sua mente e seu corpo e passar esse escudo para quem você desejar e como controlar a mente de alguém. Não será algo muito difícil para você e usaremos um dos meninos para isso, mas sem eles saberem.

Assentiu. Castiel se aproximou de Nyssa e ficou atrás dela.

— Se concentre em uma palavra que defina um dos garotos, se concentre nela e imagine a forma de um deles. Quando você conseguir passar pela defesa de sua mente, ele irá encarar você, então pode mandar qualquer comando a ele, ver suas memórias, mexer com seus pensamentos. Porém, vamos deixar para que você apenas o faça fazer algo no mundo físico. — orientou. — Não se preocupe se você não sentir nada ou ver algo diferente, é algo que acontece sem que entenda e sinta realmente. Tanto que, com o tempo, tudo vai se tornar automático.

— Ok... — sussurrou.

Nyssa olhou na direção de Dean e tentou pensar em alguma palavra que pudesse defini-lo, porém só conseguia pensar na coisa mais óbvia naquele momento: caçador. Se concentrou nessa palavra e em sua aparência, em seu corpo, em seu jeito. Seus olhos arderam um pouco, talvez pelo tempo que estava sem piscar, aumentando cada vez mais em que a imagem dele ficava nítida em sua mente. Na medida em que seus olhos ardiam, a íris de seu olho adquiria uma cor azulada, brilhante. Depois de alguns segundos, Dean virou todo o seu corpo na direção da ruiva e a encarou. Ela sorriu; tinha conseguido.

Se levante, comandou. No mesmo instante, Dean se levantou do banco de madeira que estava sentado. Sam o olhava confuso, não entendendo o que estava acontecendo, dividindo olhares entre o irmão e Nyssa. Jogue a garrafa no chão e se sente. Como já era de se esperar, ele já fez.

— Quando quiser parar, apenas pare de se concentrar e tire seu foco dele. — instruiu Castiel.

Nyssa voltou seu olhar para Castiel e sorriu. Apesar da ardência em seu olho continuar, aparentemente ela conseguira fazer aquilo facilmente. Voltou seu olhar para Dean e o viu confuso, olhando para a garrafa quebrada no chão.

— Por que meus olhos ardem as vezes? É como se eles secassem à medida que eu uso meus poderes.

— Você não consegue ver, mas seus olhos iluminam nesses momentos.

— Oh, deve ficar bonito assim. — comentou animada. — Pena que não consigo ver.

Ele assentiu e ficou a sua frente.

— Agora eu vou ensinar como manipular seus escudos, algo que você vai precisar muito se houver um real perigo. Esse escudo protege sua mente de qualquer invasão, possessão ou controle, porém você também pode projetá-lo para o mundo físico, protegendo seu corpo ou, se desejar, qualquer outra pessoa. Assim como você também pode proteger a mente daquele que você quiser. — ele explicou enquanto Nyssa prestava atenção em cada palavra. A chuva ainda continuava grossa e causava alguns arrepios por conta do frio. — É um pouco mais difícil, mas você precisa apenas tentar mentalizar esse escudo e forçar ele a se expandir para o plano e extensão que você quiser.

— Basicamente muita coisa do que eu faço é mentalizando?

— Por enquanto sim. Tudo o que você faz vem de dentro de você, daquilo que está em sua mente. Até você se acostumar com isso, saber o que pode fazer, a extensão dos seus poderes, você vai depender disso.

— Tá bom.

Seguindo o que Castiel havia dito, ela fechou seus olhos e respirou fundo. Tentou imaginar um escudo ao seu redor, era mais fácil do que imaginar ele ao redor de sua mente. Uma aura azulada cobriu cada parte de seu corpo, como um leve e transparente véu. Tentou afastar um pouco de seu corpo e criou uma espécie de redoma, ainda da mesma cor. Abrindo os olhos, ela impulsionou levemente com a palma das mãos, sem tocá-la efetivamente, em direção à Castiel que estava a alguns metros à sua frente, e a aura percorreu o caminho rapidamente, envolvendo o corpo dele.

Você também pode ler a mente daqueles que estão dentro da redoma, mas apenas você, Nyssa ouviu a voz do anjo em sua cabeça.

Impulsionou a redoma, como Castiel falou, em direção aos garotos que continuavam mais ao longe. Apesar de ainda ser fácil, quanto mais afastava a áurea de seu corpo, mais força mental precisava fazer para expandi-la, apesar dessa força parecer quase insignificante para ela. Quando envolveu Sam e Dean, esperou alguns segundos e fez com que voltasse para o seu corpo, sentindo um baque forte quando se chocou contra ela.

— Perfeito. — elogiou Castiel. — Só tome cuidado com a rapidez que volta com o escudo, você pode acabar se desequilibrando.

— É, eu senti. — disse rindo.

— Há mais uma coisa que você pode fazer com este escudo, porém ensinarei a você na prática, aqui não temos cobaias que podemos usar.

— Como assim? — perguntei confusa.

— Você verá.

(...)

A chuva havia aumentado consideravelmente, tornando-se uma tempestade, com raios rasgando os céus e tremendo a casa de madeira. Depois de tomar um banho quente, torcendo para que não pegasse um resfriado pela chuva que tomou durante a tarde, voltou para o sofá no escritório do Bobby e ficou olhando para o lado de fora da janela, vendo as gotas grossas da chuva criando e tornando o chão lamacento.

— É uma chuva estranha para essa época do ano. Não parece ser uma chuva de verão. — comentou Bobby.

— E não parece ter chances de passar tão cedo. As nuvens se estendem até não poder ver mais. — murmurou. — Essas tempestades não anunciam alguma coisa ruim? Algo sobre demônios ou coisa parecida? — comentou, virando-se para olhar para ele.

— Sim... Não havia pensado nisso. Dificilmente algum demônio decide aparecer por essas bandas, não com a gente aqui. — levantou-se e chamou Sam, que desceu rapidamente com seu laptop. — Veja se tem alguma notícia em Sioux que seja suspeito de que alguém esteja aqui.

— Alguém? — perguntou confuso.

— Demônio, criatura do mal querendo me matar. — Nyssa respondeu.

Sam olhou para a ruiva e revirou os olhos.

— Vou dar uma olhada.

Ficou alguns minutos digitando enquanto procurava, mas balançava a cabeça em negação.

— Não há nada. Ou o que aconteceu foi algo muito recente e ainda não tiveram tempo de relatar, ou realmente não aconteceu nada. — explicou.

— Então deve ser apenas uma chuva corriqueira. Sem alardes. — Bobby decidiu.

Ouviram um baque alto no andar acima deles e todos olharam para o teto. Sam se levantou rapidamente, mas parou quando Dean rolou escada abaixo. Nyssa se levantou rapidamente e expandiu seu escudo até ele antes que ele chegasse no chão e diminuindo o baque da queda.

— O que aconteceu? — Bobby perguntou.

Dean se levantou rapidamente e olhou assustado para o topo da escada.

— Sabe aquelas coisas que nos atacaram em uma das vezes que fomos salvar o papai? — Dean perguntou a Sam, que olhou confuso pra ele. — Aquelas...

O grito de Bobby fez com que os três olhassem para ele. O caçador mais velho estava com o rosto e os braços cortados, como se alguém tivesse fincado as garras em sua pele.

— Mas o quê?

Uma sombra passou rapidamente por trás dele e Bobby foi lançado para cima da escrivaninha. Era como se aquela sombra tivesse feito aquilo.

— É dessa coisa que eu estou falando. — gritou Dean.

— Coisa? — Nyssa perguntou.

Sam correu para o andar de cima, deixando-os sozinhos ali embaixo. Nyssa expandiu seu escudo para Dean e Bobby e ficou parada no lugar, vendo aquelas sombras "correndo" de um lado para o outro em cada parede da sala. Às vezes sentia algo tentando passar pelo escudo, arranhando ou batendo repentinamente. A pressão exercida no escudo parecia se projetar no corpo de Nyssa, mas não abriam feridas ou lhe causavam dor. Era como se fosse uma consequência por protegê-los.

— O que Sam foi fazer? — gritou.

Parecia que à medida que o tempo passava, as sombras aumentavam. A pressão em seu corpo começava a incomodar com as tentativas mais frequentes. Desconcentrou-se por um momento por conta da dor e sentiu uma pressão ainda maior em suas costas, lançando-a para frente e a fazendo bater a cabeça em uma das quinas da estante. Ficou um pouco zonza, mas se forçou a levantar rapidamente. Sentiu garras perfurando sua barriga, jogando-a no chão novamente.

Ela não conseguia se concentrar o suficiente para tentar expandir o escudo para o seu corpo, sendo algo daquelas criaturas. Ouviu passos fortes ao seu lado e uma luz forte foi jogada no meio da sala, a cegando, mas ao menos os ataques haviam parado. Se sentou no chão com dificuldade, e cobriu seus olhos, forçando o escudo a sair de si e chegar até os garotos, ignorando a dor que causava em si.

Olhou para as paredes e viu que as sombras haviam desaparecido por completo. Quando a luz se apagou, não havia nada deles, apenas a bagunça que deixaram.

— Nyssa. — ouviu Sam ao seu lado.

Ele tirou a camiseta e pressionou o ferimento em sua barriga, fazendo-a perceber que já havia se formado uma poça de sangue no chão. Sua cabeça chegou a girar um pouco, a deixando fraca, e sua respiração estava cada vez mais difícil.

— Ela não deveria ser invencível? — gritou Dean. — Precisamos chamar Castiel, ele tem que nos ajudar.

— O chame. Ela continua perdendo sangue. — Sam ordenou à Dean. — Aproveite e cuide de Bobby. — apontou para ele que estava sentado na cadeira com um pano na testa tentando estancar o sangue. — Nyssa, por favor, não durma, continua acordada. — Sam sussurrou para ela, fazendo ainda mais pressão no ferimento, causando dor a ela. Não aguentou e acabou gemendo quando ele pressionou mais uma vez. — Merda.

Nyssa encostou na estante atrás de si, fechando os olhos. A sala girava cada vez mais e seu corpo começou a adormecer. Sabia que logo iria ficar cansada demais para manter os olhos abertos e a consciência ativa. Ouviu uma movimentação ao seu lado, mas sabia que era apenas Sam. Ouviu sua voz ao longe também, mandando que ela abrisse os olhos, mas estava tão fraca que não conseguia abri-los.

Droga, Castiel não havia dito que nada poderia acontecer comigo? Apesar de ter falhado em proteger a si mesma e aos outros, não poderia ser que apenas o escudo fosse capaz de protegê-la. Isso parecia, de certa forma, tão insignificante perante o que eles diziam que ela poderia ser.

Mas apesar de tudo, sentia que não poderia lutar por mais tempo.

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "I - Herdeira da Noite: Êxodo" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.