Guiding Light escrita por violet hood


Capítulo 1
Parte I: Anthony


Notas iniciais do capítulo

Olá!! Começou a segunda semana do Pride e eu finalmente estou postando a primeira fanfic que escrevi para esse projeto! Terminei no começo do ano e nunca em minha vida fiz algo com tanta antecedência

Quero agradecer mais uma vez esse projeto lindo que eu amo ser adm, e luísa/red que betou a fanfic (além de fazer essa capa perfeita que combina com todas desse universo CILAW). E também desejar a Liv um feliz aniversário!! ♥ ♥ Aguardando capítulo novo de how to lose you in 10 days ;)

Guiding Light é a última fanfic na minha "trilogia" de fanfics que se passa no mesmo muito. Tudo começou com o Junho Scorose 2020 quando escrevi minha primeira fanfic desde 2017 e acabou saindo do controle kkkk Crashing in like a wildfire (CILAW) é uma grande fanfic de fake dating universo alternativo. Nela temos Jia Chang e Dominique Weasley como melhores amigas de Rose, e no Pride do ano passado escrevi uma pequena one-shot sobre as duas que se passa antes de CILAW. Essa fanfic que estou postando hoje se passa um pouco antes de CILAW, tem momentos que estão se passando ao mesmo tempo, mas grande parte dela se passa depois.
Recomendaria ler CILAW, talvez algumas coisas dos personagens secundários não fiquem muito claras (já que estão acontecendo nesse capítulo e o Anthony não é próximo deles kkkk), mas se você quiser ler essa primeiro também é possível!

O Albus dessa fanfic escreveu umas músicas, claro que eu não tenho essa habilidade, então todas as músicas existem e estão nessa playlist (as duas que não estão no capítulo 1 vão aparecer no 2): https://open.spotify.com/playlist/1VFbwydFNoWNwF3ITfxuX1?si=2907c74e657a4537



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Anthony Zabini nunca desejou nada. Ele tinha tudo que precisava, os seus pais eram ricos e, por isso, sempre teve as melhores roupas, comidas feitas por chefes e estudou nas melhores escolas. Contanto que se tornasse o homem que os seus pais queriam que ele fosse, Anthony não precisava desejar nada.

O seu pai, Blaise Zabini, nunca pediu por muito, apenas que ele cursasse Direito e assumisse o escritório de advocacia da família. Anthony não diria que Direito era o seu curso dos sonhos, mas ele nunca havia pensado em outra opção. Desde pequeno quando o perguntavam o que ele queria ser quando crescer, a resposta já estava na ponta na língua: o que os pais quisessem que ele fosse.

A sua mãe, Pansy Zabini, pedia um pouco mais. Pedia por notas perfeitas, que ele namorasse garotas escolhidas a dedo por ela, pedia também pela aparência perfeita e por dietas regulares. Anthony nunca teve problema algum em cumprir as exigências de sua mãe, por mais absurdas que fossem.

Mas Celeste Zabini era diferente. A sua irmã mais nova sempre desejou muito, desejos que divergiam do que os pais queriam. Anthony não entendia onde ela encontrava toda aquela vontade de se rebelar e de ir até o fim para conseguir o que queria. No final, os desejos de Celeste resultavam em grandes discussões na hora do jantar e uma Pansy mais estressada que nunca.

Contudo, Anthony notou que quanto mais ele agradasse os pais, mais eles deixavam de se importar com a irmã. Então, ele escolhia não desejar, e deixava que Celeste desejasse tudo que quisesse.

Mas tudo mudou no seu segundo ano de faculdade.

Anthony Zabini nunca desejou nada, até ouvir Albus Potter cantar.

Ele não deveria estar ali, a sua aula de Economia Política começava em menos de dez minutos e o prédio era pelo menos cinco minutos de caminhada da sala do Clube de Música. Porém, a sua irmã havia enviado uma mensagem contando que seus pais tinham, novamente, cancelado o cartão dela. E Anthony não podia deixar Celeste passando fome.

Ela disse que estava indo assistir o ensaio da banda da amiga e pediu que ele a encontrasse lá.

Mas quando Anthony chegou a sua irmã ainda estava a caminho e o lugar parecia estar vazio. Pelo menos foi isso que achou.

O local que o Clube de Música usava era uma pequena área no primeiro andar do prédio de artes, já que Hogwarts não oferecia um curso de música. Consistia em uma grande sala com duas portas, uma que levava ao local onde a maioria dos instrumentos eram guardados e outra que tinha uma acústica melhor para as bandas treinarem.

Ele espiou pela pequena janela na porta da segunda sala e viu um garoto de cabelos escuros afinando o seu violão. Portanto, Anthony preferiu ficar na sala principal para não incomodar o outro aluno.

E, enquanto esperava pela sua irmã — vendo os minutos passarem rapidamente pela tela de seu celular e tendo certeza que se atrasaria para aula —, o garoto começou a tocar.

Anthony não reconheceu a música, ele também não entendia muito do assunto, nunca teve tempo para ser fã de um cantor ou banda. Talvez a música tivesse sido composta pelo próprio garoto que a cantava ou talvez fosse alguma música popular do momento.

Ouviu quando ele começou a cantar, e Anthony não esperava ser tão afetado pela voz do outro lado da porta. Mas sentia cada pelo de seu corpo arrepiar-se ao ouvir a voz do estranho:

Your boyish reassurance is not reassuring

And I need it

And all of my devotion turns violent

If you go to her, don't expect to come home to me

 

I can't get you off my mind, I can't get you off in general

So here we are, we're just two losers

I want you and you want something more beautiful 

 

[Sua tranquilidade pueril não é reconfortante 

E eu preciso disso 

E toda minha devoção se torna violenta 

Se você for com ela, não espere ir para casa comigo  

 

Não consigo te tirar da cabeça, não posso tirar você em geral 

Então, estamos aqui, somos apenas dois perdedores

Eu quero você e você quer algo mais bonito]

 

A música era triste, e Anthony conseguiu sentir a tristeza na voz do cantor.  Parecia que aquela canção significava muito para ele.

Queria ouvir mais. Desejou ouvir mais.

Mas a música foi interrompida no mesmo segundo que a porta da sala que ele estava se abriu. Revelando a sua irmã e a amiga que conversavam animadamente.

— Tony! — exclamou Celeste ao vê-lo. — Esperou muito?

Antes de responder, Anthony pensou no garoto que ainda estava na sala do lado, provavelmente escutando toda a conversa. Não queria que ele ficasse constrangido por saber que alguém o havia escutado cantar, mas, pelo jeito que parou de tocar rapidamente quando as meninas chegaram, era óbvio que não queria ter sido escutado.

— Acabei de chegar — mentiu. — Junto com vocês.

Celeste fez uma careta, claramente confusa.

— Mas como eu não te vi...?

Anthony a interrompeu antes que pudesse terminar a pergunta. Ele foi mais rápido, tirando o cartão do bolso e a entregando.

— Toma, depois da aula você me devolve — disse rapidamente. A irmã abriu a boca para agradecer, mas ele continuou: — Estou atrasado para a aula. A gente se vê depois.

Saiu de lá tão rápido que não conseguiu ouvir Celeste se despedindo. Ele não sabia se havia saído rapidamente para evitar o constrangimento do cantor ou para evitar o seu próprio medo de encarar o dono daquela voz.

Como já era esperado, Anthony chegou atrasado na aula. Teve que sentar-se nos fundos, e não na segunda fileira, pois o seu lugar de costume já estava ocupado. Normalmente, algo como aquilo o deixaria um pouco estressado. Porém, ele não conseguia ficar irritado com a irmã, não importava o que Celeste fizesse. Afinal, ela já tinha que aguentar os pais irritados com ela a vida toda.

E, além disso, Anthony nem ao menos conseguia prestar atenção na matéria de Direito Civil. A sua mente divagava para a sala de música e o garoto cantando. Não era comum que ele se distraísse nas aulas, orgulhava-se de conseguir ficar atento até nas aulas mais chatas. Contudo, quando olhava para professora e tentava raciocinar o que ela dizia, a mente de Anthony só era capaz de ouvir de novo e de novo aquela música que nunca havia escutado antes.

Tinha que saber quem era o garoto ou com certeza enlouqueceria. Mas seria muito estranho se chegasse do nada perguntando para Celeste sobre ele. Anthony não era o tipo de pessoa a demonstrar interesse por algo ou alguém.

Pesquisou a letra da música — não havia esquecido palavra sequer — na esperança de descobrir a origem dela. Porém, não encontrou nada, concluindo que a música havia mesmo sido escrita pelo garoto. Parecia também ser pessoal demais para que ele a cantasse em público.

O fim do semestre letivo estava chegando, e Anthony estava cada vez distraído por alguém que só havia visto uma vez. Não poderia ficar mais assim, não quando tinha provas para estudar e precisava tirar notas boas. Aquilo nunca havia sido um problema para Anthony, mas ele também nunca teve distrações.

Para piorar, a sua performance no time de Hogwarts não estava das melhores. Ele havia entrado para o time de futebol por vontade dos pais, que sempre o colocaram para praticar esportes. Mesmo que não tivesse desejo de jogar futebol, nunca deixou que isso afetasse o seu desempenho. Inclusive, o atual capitão do time, James Sirius Potter, sempre o elogiava e até o considerava um amigo. Por mais que James normalmente fosse o único falando quando os dois conversavam, no fim Anthony até que apreciava a companhia. Afinal, ele não diria que tinha muitos amigos.

Portanto, odiava ver James decepcionado com o seu desempenho, sabia o que futebol era importante para ele.

Então, Anthony decidiu que precisava descobrir o nome do garoto, talvez aquilo ajudasse. Era a única chance que tinha de certificar que aquilo mesmo que estava o atrapalhando. E ter certeza de que suas notas continuariam perfeitas e de que não prejudicasse uma de suas poucas amizades.

Mas, ainda assim, não sabia como poderia abordar aquele assunto com Celeste. Sabia que se a sua irmã descobrisse que ele estava interessado em alguém, ela nunca o deixaria em paz. E não era como se ele tivesse interessado, nem ao menos chegou a ver o rosto do garoto. Só queria ter a chance de descobrir quem era o dono daquela voz.

Concluiu que que a melhor maneira de descobrir era perguntando sobre as amigas dela e, ao saber mais sobre a amiga que estava com Celeste naquele dia, ele poderia perguntar sobre o Clube de Música.

Celeste e Anthony não se viam muito na faculdade, cursavam cursos diferentes e tinham ciclos sociais diferentes, mas a irmã sempre exigia que os dois jantassem juntos uma vez ou outra. A oportunidade perfeita para Anthony iniciar o assunto.

— Você tem muitas amigas — comentou ele, tentando parecer desinteressado, enquanto os dois comiam.

Celeste havia acabado de contar uma história sobre quase ter sido pega pela monitora do seu dormitório, quando resolveu sair com as amigas para comprar fast food de madrugada. Anthony pensou que seria o momento ideal para soltar um comentário, mas uma das sobrancelhas de Celeste arqueou, rapidamente suspeitando dele.

— Sim... — respondeu receosa. — Por que está falando isso?

Anthony colocou a sua melhor expressão “despreocupado” no rosto, e torceu para estar transmitindo a mensagem certa.

— Não posso saber mais sobre as pessoas que você chama de amigas? — perguntou, torcendo que a irmã o visse como um irmão preocupado. Mesmo que ele nunca tivesse questionado as amizades dela antes.

— Nunca vi você interessado nisso — retrucou. — Mas já que quer saber sobre minhas amigas, vou falar.

A sorte de Anthony era Celeste ser incrivelmente tagarela, ela podia falar pelos dois.

— Tem a Rose que é aquela menina ruiva que eu sempre ando, você deve lembrar. — Ele não lembrava. — Ela faz jornalismo. E tem a Jia que é colega de quarto da Rose e também faz jornalismo. E a Dominique que é prima da Rose e namorada da Jia, ela faz moda.

Anthony já estava completamente perdido. Mas Celeste não pareceu notar.

— A Roxy você deve lembrar, você a viu quando foi me entregar o cartão naquele dia, na sala de música.

Os olhos de Anthony se arregalaram, mas ele rapidamente recuperou a compostura para que a irmã não notasse o seu súbito interesse.

— Lembro sim — comentou calmo. — Ela está em uma banda?

— Sim! O nome é Cloud Code, eles só fazem covers, mas são muito bons — disse orgulhosa dos amigos. — A Roxy toca o baixo. Ela gosta de dizer que é subvocalista, mas é mentira, ela canta bem mal. E o Albus já é um vocalista perfeito, nem parece que são da mesma família...

Um vocalista? Exatamente o que Anthony procurava.

— Albus? — perguntou, tentando mais uma vez parecer despreocupado, como se estivesse apenas tentando continuar o assunto.

— Sim, por pouco você não o conheceu, ele ‘tava na sala do lado quando a gente chegou.

Anthony assentiu. Ainda processando que o nome do garoto que estava na sua mente há meses era Albus e, por algum motivo, aquele nome não era estranho.

— Você realmente é amigo do time de futebol? — questionou Celeste, chamando a atenção dele.

Anthony encarou a irmã, confuso.

— Sim? — Não diria que eram melhores amigos, mas Anthony sempre saía para as confraternizações em grupo e conversa um pouco com todos.

— E como você não conhece a irmã do Fred e o irmão do James?

A expressão no rosto de Anthony foi o bastante para fazer Celeste rir.

— Você realmente é um péssimo amigo — comentou. — Roxanne é a irmã mais nova do Fred e Albus o irmão do James. E Rose e Dominique primas dos dois.

Anthony lembrou de ter ouvido aqueles nomes em conversas do time. Era péssimo em gravar nomes de pessoas que não conhecia. Lembrou também dos comentários sobre a família grande de James e Fred.

Céus! Como iria encarar James Potter agora, sabendo que o motivo do seu desempenho ruim era não conseguir parar de pensar na linda voz do irmão do seu amigo?

Celeste parecia achar graça das reações do irmão, mesmo não sabendo o que passava pela cabeça dele. E, se fosse por ele, ela nunca saberia.

— Comece a prestar mais atenção nos seus amigos. Ou vai terminar igual o Scorpius, que só tem o Albus.

Anthony arregalou os olhos, surpreso. Albus, além de irmão do capitão do seu time, era amigo de Scorpius Malfoy?

Scorpius era amigo de infância de Anthony e de Celeste. Não o encontrava tanto, porque cursavam cursos diferentes e Anthony era um ano mais velho. Mas Scorpius o conhecia bem, costumavam passar muito tempo juntos em eventos e jantares que os pais frequentavam. Por mais que a amizade dos dois, normalmente, consistia em ficarem minutos em completo silêncio no mesmo ambiente.

Como Anthony iria encarar qualquer conhecido seu agora? Já que parecia que todo mundo tinha alguma relação com Albus Potter?

Albus Potter.

Era bom poder colocar um nome naquela voz, mas sentia que, ao invés de se acalmar, só estava mais curioso para saber quem Albus era.

— Por que quer tanto saber sobre as minhas amigas? — indagou Celeste, trazendo a atenção dele de volta para a irmã. — Por acaso... — Ela sorriu maliciosa, e Anthony já sabia que não iria gostar do que estava por vir, torceu para que ela não tivesse notado o seu interesse em Albus. — Você gosta de uma delas?

Anthony se engasgou com a própria saliva, tossindo um pouco antes de responder.

— É claro que não! — respondeu.

E ele estava tão preocupado em ter certeza de que ela não percebesse que ele queria na verdade era saber mais sobre Albus, que acabou excluindo as possibilidades de ela pensar outra coisa.

Celeste não pareceu se convencer.

— Tudo bem — deu de ombros. — Mas saiba que eu vou super apoiar ter uma das meninas na família. Rose namora um babaca, e Jia e Dominique são almas gêmeas. Mas Roxy e Kenzie estão solteiras. Eu acabei nem te contando sobre Mackenzie...

Anthony deixou que a irmã tagarelasse, muito distraído com os próprios pensamentos e com Albus Potter para prestar atenção.

No fim, não soube mais de Albus. Saber a identidade dele, pelo menos, acalmou Anthony o bastante para conseguir ir bem nas provas e nos últimos jogos do semestre.

Ele ainda escutava a canção de Albus na sua cabeça, mesmo com o começo agitado do novo semestre.

Anthony precisava pegar uma matéria de outro curso, acabou ficando tão distraído que quase perdeu o tempo de inscrição. No fim, escolheu uma aula do curso de História, que surpreendentemente o havia interessado.

Estava sentado na segunda fileira, como sempre, quando ouviu a cadeira do seu lado ser arrastada.

— Oi! — Uma garota o cumprimentou e ele rapidamente a reconheceu. Roxanne Weasley: amiga da sua irmã, irmã de Fred e prima de Albus. — Você é o irmão da Lessie?

— Sim. Anthony — sorriu educadamente e esticou a mão para cumprimentá-la.

Roxanne pareceu achar o gesto curioso, mas sorriu de volta e apertou a mão dele.

— Roxanne — disse e Anthony assentiu sem dizer que já sabia.

Anthony logo descobriu que Roxanne cursava História e era muito boa em fazer perguntas e começar discussões que agitavam a aula. Conseguia ver o motivo de ela e a sua irmã eram amigas, as duas tinham o mesmo ar extrovertido e animado, principalmente quando falavam dos assuntos favoritos. Roxanne o fazia lembrar da irmã e, ao pensar nisso, Anthony notou que gostava da companhia dela.

Eles tinham apenas aquela aula juntos, mas sempre se sentavam um do lado do outro, compartilhando as anotações.

Anthony se sentia mal, porém, sempre que olhava para ela também lembrava de Albus e quase torcia para que a garota o convidasse para assistir um ensaio de sua banda. Pois assim ele finalmente teria uma desculpa para encontrar Albus.

Contudo, os dois não falavam sobre coisas que não envolvessem a aula ou Celeste. Anthony não tinha como perguntar sobre a banda.

— Até semana que vem! — Roxanne acenou enquanto se despedia dele na porta da sala. Anthony a viu correr até um garoto que estava parado um pouco afastado deles. — Albus!

Assim que ouviu o nome, os olhos de Anthony foram em direção a Albus. Não havia visto o seu rosto naquele dia, mas agora conseguia ver claramente enquanto ele sorria para a prima que caminhava na direção dele.

Albus Potter era bonito, muito bonito. Tinha lindos olhos verdes e um sorriso gentil. Anthony tinha certeza de que nunca havia visto alguém do jeito que estava vendo Albus Potter agora.

Todos esses meses que pensou na voz dele, nunca conseguiu encontrar o rosto perfeito que combinasse com aquela voz. Talvez porque a sua mente nunca seria capaz de imaginar um rosto tão perfeito.

Como se estivesse sentindo o olhar sob ele, Albus o encarou. O sorriso dele rapidamente sumiu, sendo surpreendido por uma expressão de choque. Provavelmente a reação que qualquer um teria ao ver um estranho o encarando tão com intensidade.

Anthony se sentiu envergonhado, desviou o olhar e saiu o mais rápido dali, indo pelo caminho oposto deles.

Havia passado tantos meses sonhando com voz dele, ouvindo aquela música milhares e milhares de vezes em sua mente, mas, quando finalmente se deparou com ele, quase fugiu.

Uma parte de Anthony havia se arrependido de não ter caminhado até Albus. Mas o que falaria? Que o ouviu cantando e não consegui parar de pensar na voz dele?

Albus iria achar que ele era doido.

E talvez realmente estivesse ficando doido.

Porém, provavelmente, havia perdido a sua única oportunidade de iniciar uma conversa.

Até Scorpius Malfoy mandar uma mensagem no dia seguinte, perguntando se ele queria jantar com Scorpius e o amigo em um dos restaurantes do campus, já que ele e Anthony não se viam a um tempo.

E, de acordo com Celeste, Scorpius tinha apenas um amigo que era Albus Potter.

Então, Anthony aceitou na mesma hora.

Ele estava nervoso enquanto se sentava na mesa com Scorpius, esperando por Albus. Não iria poder falar da música sem parecer um estranho, lógico. No entanto, poderia usar aquela oportunidade para saber mais sobre o garoto que parecia já viver em sua mente.

Quando Scorpius avisou que Albus estaria ocupado e não poderia ir, Anthony não conseguiu deixar de se sentir decepcionado. Havia passado o dia inteiro esperando aquele momento, não sabia quando teria outro. Talvez, no fim, Albus seria apenas uma canção em sua cabeça.

***

O time de futebol de Hogwarts iria jogar contra outra universidade, Ilvermorny, em mais um dos campeonatos que aconteciam todo o semestre.

Anthony não estava muito preocupado, Ilvermorny não eram grandes adversários. Mas ele daria o seu melhor como em todos os jogos.

E, assim que marcou o primeiro gol, olhou para plateia em busca da irmã, já que Celeste insistia que ele dedicasse todos os seus gols a ela. Encontrou ela junto com as amigas, rapidamente reconheceu Roxanne que também vibrava junto com Celeste. E do lado de Roxanne estava nada mais nada menos que Albus Potter.

Anthony logo se recordou de James ter reclamado que o irmão preferia jogar videogames ao invés de apoiá-lo nos jogos. Depois que descobriu que James era o irmão mais velho de Albus, começou a prestar atenção em tudo que o capitão dizia, porque talvez fosse a sua única chance de saber mais sobre Albus. Por isso Anthony não pensou que fosse vê-lo ali naquele dia. Ele parecia completamente perdido no meio da multidão que comemora o gol.

Pela segunda vez, os olhares deles se cruzaram. E, dessa vez, Albus foi o primeiro a desviar, tão rápido que Anthony quase pensou que havia imaginado toda a cena. Não conseguiu pensar muito sobre, já que no segundo seguinte James estava pulando em cima dele, comemorando.

Depois que o jogo acabou com a vitória de Hogwarts, Celeste e as amigas foram encontrar o time.

Depois de falar com Fred, Roxanne se aproximou para parabenizá-lo. Porém, Anthony só conseguiu notar que Albus não estava mais do lado dela.

— Cadê o Albus? — perguntou sem pensar. Arregalou os olhos quando notou o que havia dito. Roxanne também o encarava confusa.

Olhou em volta e ficou aliviado em notar que ninguém prestava atenção na conversa deles.

— Albus? — indagou ela. — Você conhece o meu primo?

Anthony abriu a boca para falar, mas o problema era que não sabia o que falar. Para sua sorte, James o salvou ao sair gritando que iria pagar a cerveja de todos do time.

***

Nunca havia ficado nervoso para uma aula antes, não tinha motivos para ficar. Todavia, os seus braços tremiam ao entrar na aula de história e se sentar na cadeira de sempre, ao lado de Roxanne.

Torcia para que ela tivesse esquecido o que aconteceu na sexta.

Roxanne o cumprimentou como sempre e não comentou mais nada, o que deixou ele ainda mais nervoso. Quando a aula acabou, Anthony se levantou fazendo questão de sair da sala antes dela, mas ela o alcançou no corredor.

— Ei! — chamou. — Podemos conversar?

Anthony queria dizer que estava atrasado para a próxima aula, mas tinha o horário livre e era um péssimo mentiroso.

— Claro — respondeu por fim, tentando soar calmo. Como se não estivesse se tremendo de medo do que pudesse estar por vir.

— Você conhece o Albus? — perguntou, contudo não deu espaço para que ele respondesse. — Eu perguntei para ele se ele te conhecia, porque ia falar que você estava procurando por ele depois do jogo...

— Você falou isso para ele?! — Anthony se surpreendeu com o tom de urgência em sua voz.

— Não! — negou Roxanne, rápido. — Ele disse que não te conhecia, então não falei mais nada. — Anthony suspirou aliviado. — Mas achei suspeito...

Ele a encarou nervoso, esperando para ver o que ela tinha a dizer. Mas Roxanne parecia se divertir com o desespero dele e fez uma longa pausa antes de continuar.

— Quando você olhou para a plateia depois de fazer o primeiro gol parecia bem chocado. E depois continuava olhando para a plateia bem onde eu estava. — Mais uma pausa dramática. — E você perguntou sobre Albus do nada. Sabe, eu sou muito boa em notar as coisas e fazer teorias.

Anthony não sabia o que dizer, nem sabia muito nem que conclusão ela teria tido.

Roxanne sorriu, orgulhosa de si mesma, e perguntou:

— Você gosta do Al?

Anthony estava confuso.

— Eu... — começou, mas não sabia como terminar a frase.

Ele gostava do Albus?

Não sabia o que era gostar de alguém, nunca havia gostado de ninguém antes. Quando no ensino médio, a sua mãe pediu para que ele namorasse a filha de uma amiga, ele obedeceu. Não diria que sentia algo por ela, mas os seus pais queriam que ele gostasse dela, então ele gostou.

Até ela se mudar para os Estados Unidos para estudar e, com isso, terminar o namoro deles, dizendo que precisava se descobrir. A sua mãe ficou magoada pelo término, ele não.

Anthony queria saber mais sobre Albus, queria ouvir a voz dele cantando de novo, queria que ele cantasse a mesma música daquele dia. Porém, suspeitava de que se Albus quisesse cantar até mesmo uma música infantil, Anthony não se importaria.

Queria apenas poder ouvi-lo cantar.

Isso que era gostar de alguém?

Se sim, então ele gostava de Albus Potter, e não tinha ideia do que fazer com aquela informação.

Roxanne pareceu ver o silêncio dele como resposta.

— Albus é gay — disse como aquilo concluísse tudo. — Então você tem uma chance.

Anthony também não sabia o que fazer com essa informação.

Contudo, não teve mais a sorte de esbarrar com Albus, agora que entendia a sua atração por ele, queria ainda mais se aproximar dele.  

Tentava não pensar no que os seus pais falariam quando descobrissem sobre Albus. Nem ao menos sabia se rolaria algo entre os dois, apenas queria descobrir mais daquele sentimento: de querer e desejar alguém pela primeira vez.

***

Scorpius Malfoy estava namorando a prima de Albus, Rose Weasley. E aquele parecia ser o único assunto em uma universidade gigante.

Não entendia a obsessão das pessoas pelo seu amigo de infância. Scorpius não era muito sociável e nunca namorava, porém, assim que foi visto pela primeira vez no campus de Hogwarts, apareciam alunos de todos os departamentos para tentar dar em cima dele e, claro, eram ignorados. Até mesmo existia um grupo na internetchamado “Esposas do Scorpius”, composto de diversos alunos de Hogwarts que agiam como se Scorpius fosse uma celebridade. Anthony não conseguia entender o que se passava pela cabeça dessas pessoas, mas esperava que agora que o amigo estava namorando isso fosse mudar.

O assunto do namoro foi levemente abafado pelo festival semestral de Hogwarts. Anthony normalmente não ligava muito para o evento, nem participava de nenhuma atividade, apenas ia para comprar comida.

Todavia, esse ano seria diferente. A banda de Albus, Cloud Code, iria se apresentar e ele finalmente teria a chance de escutar Albus cantar.

Esperou até anoitecer, que era quando os shows ao vivo iriam começar. Celeste o encontrou sentado em um banco e o arrastou para ficar com as amigas no meio da multidão. Não conseguiu deixar de se sentir aliviado por ver Scorpius, que estava com Rose, junto com o grupo.

Cloud Code entrou e todo o público girou animadamente, Anthony não tinha ideia de que eram tão populares. Muitas garotas gritavam pelo nome de Albus, o que o fez pensar que ele não era o único que havia sido conquistado por aquela voz.

Todos ficaram em silêncio quando a música começou e Anthony só conseguia olhar para Albus, enquanto ele começava a tocar os primeiros acordes com a guitarra. As primeiras músicas eram covers de My Chemical Romance, e Anthony só sabia disso porque Roxanne havia contado, mas o público cantava junto, então imaginou que fosse uma banda conhecida.

Mesmo que não estivesse cantando a música daquele dia, a voz de Albus ainda era o som mais lindo que Anthony já havia escutado.

Albus apresentou a última música como uma original da banda, o que fez o público ficar ainda mais animado.

Anthony conseguia ouvir o seu coração batendo mais rápido, logo pensou que ele fosse cantar a música que não saía da sua cabeça.

Contudo não foi essa que começou e, sim, uma canção com uma batida mais feliz e calma, e a letra falava sobre a insegurança de confessar o amor para alguém.

Anthony gostou tanto dela quanto da outra.

In the morning when I wake 

And the sun is coming through, 

Oh, you fill my lungs with sweetness, 

And you fill my head with you 

 

Shall I write it in a letter? 

Shall I try to get it down? 

Oh, you fill my head with pieces 

Of a song I can't get out 

 

[De manhã, quando eu acordo 

E o Sol está chegando 

Oh, você enche meus pulmões com doçura 

E preenche minha cabeça com você 

 

Devo escrever isso em uma carta? 

Devo tentar colocar em palavras? 

Oh, você preenche minha cabeça com pedaços 

De uma música de que não consigo me livrar]

 

Anthony não conseguia desviar o olhar de Albus nem por um segundo. O seu coração parecia bater ainda mais rápido, pensava que se Albus o encarasse ele veria na hora, qualquer um conseguiria ver, os sentimentos de Anthony pareciam transbordar para fora de si. Como poderia sentir tanto por alguém que nunca havia nem conversado?

Foi então que o olhar de Albus encontrou o dele, ou pelo menos ele teve certeza de que o olhar era para ele.

 

Can I be close to you?

[Posso ficar perto de você?]

 

Albus desviou o olhar para outro canto da multidão ao cantar o resto do refrão. Anthony tentou não pensar muito sobre isso, artistas encaravam o público em apresentações. Albus nem deveria saber quem ele era, no máximo sabia que era amigo de Scorpius e irmão de Celeste.

Depois do show, Anthony seguiu a irmã e as amigas até um canto mais afastado para esperarem os integrantes da banda aparecerem. Já estava nervoso só de imaginar que teria chance de conversar com Albus, e torcia para que nada desse errado.

Então, o ex-namorado de Rose apareceu. Adam McLaggen não parecia nada feliz em ver a ex-namorada com outra pessoa, e não demorou muito para que uma briga começasse.

Adam socou Scorpius no rosto e, no minuto seguinte Anthony entrou no meio da briga para separar os dois, antes que o amigo pudesse fazer algo que se arrependeria depois. Provavelmente não se arrependeria de socar o McLaggen, mas sim do socar o filho do reitor.

Dois amigos de Adam apareceram para o segurar. E felizmente conseguiram levar ele para longe do grupo.

— Cara, você ‘tá bem? — perguntou Anthony, que fez uma careta ao ver o corte nos lábios dele. Adam provavelmente usava um anel. — ‘Tá bem feio.

— Deixa eu ver — disse Rose caminhando até ficar de frente com Scorpius. Ela o encarava preocupada. — É tudo minha culpa.

Anthony conseguia ver que a garota se sentia culpada, mesmo que não fosse culpa dela que o ex-namorado era um babaca. Não conseguiu deixar de sentir pena dela por estar naquela situação.

Scorpius também pareceu notar o que Rose sentia, a expressão dele logo suavizou.

— Não é sua culpa, Rose — falou. — Enfrentei ele, porque quis.

— Mas... — tentou protestar, porém foi interrompida.

— Nem dói tanto assim.

Anthony quis rir, mas não era o momento mais apropriado para isso. Era óbvio que o amigo sentia dor. Sem pensar, colocou o dedo na ferida de Scorpius fazendo ele gemer de dor.

— Cara! Que porra? — reclamou.

— Desculpa, só estava testando. — Não se sentia culpado pela dor do amigo.

Em seguida, os integrantes do Cloud Code apareceram, a banda ficou muito confusa quando viu o estado de Scorpius. Enquanto o grupo explicava o que havia acontecido, Anthony só conseguia olhar para Albus.

Sentiu-se levemente culpado por estar prestando mais atenção no vocalista do que no amigo machucado, mas sabia que Scorpius não iria se importar, estava muito ocupado fazendo questão que Rose Weasley não se sentisse culpada pelo ocorrido.

O grupo resolveu se separar para voltar para os seus dormitórios. Anthony morava na Sonserina, assim como Scorpius e Albus. Porém, Scorpius fez questão de acompanhar Rose até o dormitório dela, que ficava do lado oposto ao deles.

Então, Anthony estava prestes a voltar sozinho com Albus Potter.

Ficou tão nervoso que quase não registrou Roxanne piscando para ele antes de se separarem.

Os dois permaneceram em silêncio pelo que pareceu uma eternidade, mas, na verdade, não deveria ter passado mais de dois minutos.

Anthony estava sem palavras. Ele esperou tanto por aquela oportunidade que ver Albus do seu lado não parecia real. Porém, sabia que precisava falar algo, ou Albus continuaria sendo apenas uma música em sua cabeça. E ele precisava — ele queria — conhecê-lo de verdade.

— Gostei muito do show — disse ao finalmente tomar coragem. — Você canta muito bem.

Anthony encarou Albus, que havia arregalado os olhos, tomando um susto ao ouvir a voz do outro garoto quebrando o silêncio entre os dois.

Albus parecia um pouco envergonhado, e não encarou Anthony ao responder:

— O-obrigado.

— A última música é muito boa — falou, tentando manter o assunto. — Você quem escreveu?

Cloud Code havia apenas apresentado a música como original deles, mas não especificaram quem a compôs. Mas Anthony sabia que tinha sido Albus.

— Sim — respondeu, ainda sem o encarar. Anthony não conseguia entender, porque o garoto não conseguia o olhar nos olhos, não era como se fosse tropeçar caso não olhasse para o chão por um segundo.

Não conseguiu resistir em perguntar mais sobre a música.

— Você... — Tentou encontrar as palavras certas, para não parecer muito intrometido. — A compôs pensando em alguém?

Albus tossiu, visivelmente desconfortável. Anthony estava prestes a dizer que ele não precisava responder, mas Albus virou para encará-lo, o rosto completamente corado.

— É uma música antiga — explicou rapidamente. — Não a escrevi pensando em ninguém!

Anthony não sabia o que dizer. Pelo jeito que Albus havia falado parecia até que Anthony havia o acusado de algo.

Albus também pareceu notar a sua reação exagerada, ele corou ainda mais, desviou o olhar e murmurou:

— Desculpa, falei sem pensar.

Em resposta, Anthony acenou com a cabeça, no entanto, como o garoto não olhava para ele, duvidava que tivesse visto.

Quis rir de toda aquela situação, estava finalmente conversando com Albus, e nenhum dos dois parecia saber o que dizer. Contudo, precisava admitir que o cantor ficava adorável com as bochechas ruborizadas.

O que Anthony mais queria perguntar era sobre as músicas que Albus escrevia, queria saber o que passava na cabeça dele enquanto escrevia letras tão lindas e, ao mesmo tempo, tristes. Porém, já havia notado que aquilo o deixaria desconfortável, precisava se aproximar mais dele antes de entrar naquele assunto.

Sorriu determinado.

Pela primeira vez sentia que tinha um objetivo que realmente desejava cumprir.

***

Scorpius e Rose estavam oficialmente namorando. Sim, eles diziam estar namorando antes, mas Anthony descobriu que se tratava de um namoro falso para que Rose se livrasse do antigo namorado, que não havia aceitado bem o término. E isso Anthony tinha presenciado ao vivo.

Depois que o namoro se tornou real foi visível as mudanças no amigo. Scorpius sempre foi muito tímido e calado e, apesar de ainda ser assim, Anthony o via falando mais com as pessoas e até mesmo sorrindo para elas. Ele tinha certeza de que poucos já tinham visto Scorpius Malfoy sorrir.

Os dois estavam estudando em uma mesa de quatro lugares na biblioteca, cada um deles lia textos e faziam exercícios para os seus respectivos cursos. Não costumavam  estudar juntos, um era de exatas e o outro de humanas, mas tinham se encontrado na porta da biblioteca e pareceu certo dividirem uma mesa.

Anthony ouviu um som vindo de onde Scorpius se sentava, olhou para frente e notou que o amigo murmurava a melodia do que parecia ser de uma música.

Scorpius parecia completamente alheio aos atos dele, enquanto resolvia questões do seu livro.

— Scorpius? — chamou Anthony em voz baixa, para que os outros alunos não escutassem.

— Hm? — Scorpius levantou o rosto.

— Você está... — Fez uma careta. — Cantando.

Scorpius ficou boquiaberto ao notar o que estava fazendo.

— Ah...

Anthony revirou os olhos. Concluiu que era assim que pessoas apaixonadas agiam.

Logo pensou em Albus, será que se eles se aproximassem Albus também murmuraria músicas apaixonadas? Ou quem sabe escreveria uma música pensando nele?

Anthony se sentiu um pouco bobo com esse pensamento. Albus teria motivos melhores para escrever músicas do que ele.

Olhou para Scorpius mais uma vez, que já havia retornado para os seus estudos. Talvez agora que ele estava namorando, pudesse ajudar Anthony com as suas dúvidas.

Sabia que não era a melhor escolha para isso. Mas Celeste não o deixaria em paz, principalmente agora que achava que ele gostava de Roxanne, e seria um pouco humilhante pedir conselhos amorosos para a irmã mais nova.

Roxanne era talvez a maior conselheira que ele tinha, mas se sentia mal por sempre estar perguntando sobre o primo dela. Afinal, Rhiannon Greengrass — prima de Scorpius e, única amiga que tinha além de Roxanne e a própria irmã — era como uma versão mais velha de Celeste. E, por motivos óbvios, James e Fred estavam fora de questão.

— Scorpius? — chamou de novo.

— Eu parei de cantar — respondeu em um sussurro.

— Não é isso. — Anthony respirou fundo, e olhou em volta, para ter certeza de que ninguém escutava a conversa deles. — Como alguém se aproxima da pessoa que gosta?

Scorpius fez uma careta, confuso. Mas não perguntou se ele gostava de alguém. Anthony sabia que ele não faria isso, por isso gostava tanto do amigo. Scorpius sabia que não adiantaria perguntar o que não obteria uma resposta.

— Deixa eu pensar — disse, parecendo estar pensando bastante no que responder. — Primeiro, você espera a pessoa que você gosta te pedir para ser o seu namorado falso. Depois você diz não, porque entrou em pânico. Aí depois diz sim e torce para virar um namoro real.

Scorpius sorriu, orgulhoso de si mesmo. Enquanto Anthony o encarava, controlando-se muito para não voar em cima do amigo. Scorpius notou que a sua resposta não havia sido a melhor.

— Desculpa, cara — disse sincero. — Para falar a verdade, eu nunca consegui me aproximar de Rose, era muito intimidador sabe?

Anthony sabia.

Scorpius acrescentou:

— Mas eu confessei o que sentia no final. Se quiser posso pedir para o Albus cantar uma música para a pessoa que você gosta também.

Anthony pigarrou, sentindo-se desconfortável. Foi pego de surpresa quando o nome de Albus foi mencionado.

Scorpius notou o desconforto dele, mas, como sempre, não disse nada, apenas o encarou com um olhar que já dizia muito.

Talvez, Anthony devesse ter mantido os seus pedidos de conselho apenas para Roxanne, porque o olhar do amigo não melhorava nem um pouco o seu desconforto.

— Eu... — começou não conseguindo mais esconder. — Eu queria me aproximar do... Albus.

Scorpius arregalou os olhos, surpreso.

— Ah... — disse pensativo.

Anthony havia acabo de admitir que gostava do melhor amigo dele, e aquela era a reação?

Sacudiu aqueles pensamentos para fora de sua cabeça. Não valia a pena tentar entender Scorpius Malfoy, aquele era o trabalho de Rose Weasley agora.

— Você não pode contar para ele — pediu. — Tenho certeza de que ele nem deve saber quem eu sou direito, vai me achar estranho.

Scorpius assentiu com a cabeça.

— Não vou contar.

Tinha certeza de que ele não iria contar, Scorpius era provavelmente a melhor pessoa que conhecia para guardar segredos. Totalmente diferente das fofoqueiras, Celeste e Rhiannon, que nunca conseguiam ficar quitas.

Sentiu vergonha de continuar aquele assunto. E, pelo visto, Scorpius não era o tipo de pessoa que teria dicas para como conquistar o melhor amigo.

Porém, ficou um pouco mais aliviado em contar para mais alguém o que estava preso dentro de si há meses. E Scorpius não havia dito nada para desencorajá-lo a gostar da Albus, o que já era uma vitória.

Assim que saiu da biblioteca, separou-se de Scorpius. Precisava urgentemente de uma xicara de café depois de tantas horas de estudo, por isso resolveu ir até a cafeteria mais próxima dentro do campus.

Quando entrou na fila, James e Fred estavam logo na frente dele e, assim que eles o viram, começaram a falar das táticas para o próximo jogo. Anthony até estava interessado, era bom distrair a sua mente das matérias do curso de Direito e de Albus Potter.

A cafeteria estava bastante cheia para um final da tarde, mas James insistiu que achassem uma mesa para sentar assim que os seus cafés ficaram protos.

— Achei! — exclamou guiando os dois para uma mesa afastada, Anthony não conseguia ver para onde estavam indo, apenas o seguiu.

James parou mesa com quatro lugares, mas só uma pessoa sentada. E claro que era Albus Potter.

— Sai daqui, James — disse sem nem olhar na cara do irmão. Albus digitava algo furiosamente em seu computador, não parecia nenhum pouco animada para dividir a mesa com o irmão.

Anthony estava prestes a falar para James procurar outro lugar, porém o capitão do time falou mais rápido.

— Qual é, Al — protestou. — Essa mesa é para quatro pessoas e nós estamos em três.

Albus levantou o olhar, não tinha notado que o irmão trazia companhia. Olhou imparcial para Fred, mas seu olhar mudou para surpresa quando viu Anthony.

Ele voltou a atenção para o computador.

— Podem se sentar.

James foi contente sentar-se do lado do irmão, que bufou irritado. Fred ficou de frente para James, e sobrou apenas o lugar na frente de Albus.

E lá estava Anthony dividindo a mesa com o garoto que gostava.

Tentou não olhar muito enquanto Albus digitava em seu computador, dessa vez mais calmo que antes.

James voltou a falar sobre as táticas de futebol, muito alto e animado, o que visivelmente incomodou o irmão mais novo. Anthony viu quando Albus fechou os olhos e respirou fundo.

Odiava sentir que estava incomodando, deveria ter arrastado James para outra mesa. Contudo, ao olhar em volta, viu que não havia mesmo mais nenhum lugar vago.

— Ei — chamou a atenção dos companheiros de time. — Vamos para outro lugar.

— Por quê? — perguntou James, parecendo confuso. Anthony não sabia se ele estava mesmo confuso ou só estava fingindo.

Sinalizou em direção a Albus com a cabeça. Notou que ele não digitava mais, prestando atenção na conversa.

James revirou os olhos.

— Se o meu irmãozinho estivesse incomodado com barulho teria escolhido outro lugar para estudar.

Albus revirou os olhos e encarou o irmão.

— Eu estou aqui há horas — revidou. — E o barulho dos outros não me incomodou, diferente da poluição sonora que você está fazendo no meu ouvido agora.

Fred riu e sussurrou para Anthony:

— Não liga não, eles sempre são assim.

Não sabia o que pensar da briga de irmãos, ele e Celeste nunca tiveram muitos desentendimentos. Entretanto, não conseguia deixar de pensar que era a primeira vez que via Albus daquele jeito.

Quando conversaram o garoto mal olhou para o seu rosto, mas agora sentado na frente dele, estava mostrando um lado que Anthony não conhecia e não conseguir negar estar interessado em conhecer essa parte dele.

Também não conseguiu deixar de sentir uma pontada de inveja das pessoas que conseguiam conversar normalmente com Albus.

Os irmãos continuavam rebatendo cada palavra um do outro. Portanto, Anthony sentiu que precisava arranjar um jeito de tirar os amigos dali. Sem pensar, levantou-se da cadeira, atraindo a atenção dos outros três, que pararam de falar.

— Vamos logo, ‘tá muito cheio aqui — insistiu.

Olhou para Fred pedindo com o olhar para que ele também o ajudasse.

Felizmente, Fred concordou e se levantou da cadeira.

— Anthony ‘tá certo. E ficou quente aqui.

James bufou, mas não protestou.

— Vocês estão sendo muito legais com o Albus — disse. — Vou embora, mas só dessa vez.

Albus revirou os olhos.

Anthony o olhou mais uma vez antes de saírem e teve certeza de ter visto Albus sorrindo de leve para ele.

Uma semana se passou desde que Anthony viu Albus pela última vez.

O time de futebol teria um jogo no final de semana e aquilo era o bastante para distrai-lo pelo resto dos dias.

Tinha chegado mais cedo que o normal para o treino e a quadra estava vazia. Nem mesmo James, que sempre chegava cedo, estava ali.

Anthony resolveu que seria uma boa já adiantar as coisas para quando todos chegassem. Dirigiu-se até a sala que ficavam guardadas as bolas, cones, coletes e tudo que precisariam para o treino. Passando pela porta do vestiário, deduziu pelo silêncio que havia sido mesmo o primeiro a chegar.

Descobriu que estava errado apenas alguns segundos depois quando abriu a porta e encontrou Fred Weasley II beijando uma garota. Eles se separaram em um pulo ao serem iluminados pela luz que entrou pela porta.

Anthony só conseguia ficar parado enquanto observava a garota que era quase idêntica a ele.

Celeste Zabini.

— Tony! — gritou Celeste surpresa ao vê-lo.

Ele ainda não sabia o que dizer. Aquela era uma situação bem constrangedora e com certeza não esperava aquilo para a sua quarta-feira.

Fred parecia mais nervoso que Celeste.

— Não é o que você está pensando!

Anthony franziu as sobrancelhas.

— E o que eu estou pensando? — perguntou irônico. — Que o meu colega de time estava beijando a minha irmã mais nova em uma sala escura?

Fred mordeu o lábio inferior.

— É exatamente o que você está pensando...

Anthony notou que Fred esperava que ele fosse bravo. Não estava brabo por sua irmã beijar o seu colega de time, talvez estivesse só um pouco bravo por ter tido o azar de presenciar a cena.

Não tinha ideia de como deveria reagir, ou o que fazer para sair da situação constrangedora. Séria estranho demais se ele só virasse de costas e saísse como se nada tivesse acontecido?

Provavelmente sim.

Até mesmo Celeste parecia perdida naquela situação e sua irmã nunca parecia perdida, era a pessoa mais determinada que ele conhecia.

— Eu estou saindo com Fred faz um mês — explicou como se devesse para ele aquela explicação.

— Ok. — Não tinha muito o que dizer.

Celeste entendeu aquilo como uma deixa para continuar a explicação.

— A gente começou a conversar, porque queria descobrir se você e Roxy estavam saindo, e aí só aconteceu.

Anthony concordou com a cabeça. Ficou com medo de falar outro “ok” e ela continuar se explicando.

Fred olhou para o relógio no pulso e depois para Celeste.

— James já deve estar chegando — disse, o que provavelmente queria dizer que eles não queriam passar por aquela situação constrangedora com James também. Justo, pensou Anthony.

Celeste concordou com a cabeça e se virou para encarar o irmão.

Anthony logo se pronunciou:

— Vocês quere... — Pigarreou, sem jeito. — Privacidade?

— Não! — exclamaram um uníssono.

— Ok.

Os dois se despediram, mas sem beijos dessa vez só um “te mando mensagem depois”, Celeste acenou constrangida para ele antes de sair. E Anthony continuou parado, sem saber o que fazer.

Assim que a irmã foi embora, os dois homens se olharam.

Anthony deveria dar uma lição de moral em Fred? Falar para ele cuidar bem da irmã dele ou acabaria com a raça dele?

Nunca tinha recebido lições sobre o que fazer como irmão mais velho quando a sua irmã estivesse namorando. Celeste já teve outros namorados, mas nunca foram relevantes o bastante para Anthony os conhecer.

— Talvez... — Fred começou, tirando ele de seus devaneios. — A gente devesse conversar em outro lugar.

Concordou na hora. Anthony ainda estava parado na mesma posição desde que chegou e presenciou aquela cena, e não estava se sentindo nem um pouco confortável.

Eles foram até a arquibancada e se sentaram, assim poderiam ver sem mais alguém estava chegando. E prevenir que James fosse escutar a conversa deles.

— Eu gosto muito da Celeste! — disse Fred rapidamente, Anthony só concordou com a cabeça, esperava que aquele assunto acabasse rápido ou que James chegasse logo. — Ainda não estamos sérios, mas eu prometo que não vou magoar a sua irmã.

Anthony soltou uma risada com as palavras dele.

— Você deveria dizer isso para Celeste e não para mim — comentou olhando para o colega. — Ela é muito mais perigosa que eu.

Anthony soube de um ex-namorado que traiu a sua irmã e não se deu nenhum pouco bem no final. Além do mais, Roxanne acabaria com o próprio irmão se ele magoasse uma das melhores amigas dela.

Fred riu, concordando.

— Vou pedir ela em namoro — anunciou. Ficou em silêncio, como se esperasse que Anthony fosse dizer algo, mas depois que percebeu que ele não falaria nada, acrescentou receoso: — E você?

Anthony arqueou a sobrancelha.

— Eu?

Fred pigarreou, e sorriu sem graça:

— Você está saindo com a Roxy?

Só então lembrou que Celeste havia dito que tinha sido aquele o motivo para ela e Fred se aproximarem. Segurou-se para não soltar uma gargalhada.

— Não estou saindo com Roxanne — assegurou. — Apenas viramos amigos por fazer uma aula juntos.

Fred sabia que Anthony era um cara sincero. E, se ele estivesse mesmo namorando Roxanne, aquele seria o momento perfeito para admitir isso. Porém, algo ainda o incomodava.

— No começo não achei que estivesse rolando algo entre vocês — contou. — Mas notei algumas coisas, e pensei que Lessie pudesse estar certa.

— Algumas coisas? — questionou Anthony, confuso. Não fazia ideia do que Fred poderia ter notado.

— Bem — começou, endireitando a postura na arquibancada antes de continuar. — Eu te conheço há algum tempo, e você sempre foi mais quieto e na sua, mas notei que isso mudou.

Anthony não havia notado nenhuma mudança no próprio comportamento. Pensou que talvez tenha andado mais desatento, mas não esperou que Fred fosse perceber.

— Você fala mais, e participa das conversas — continuou Fred. — Antes você estava presente, mas nunca parecia estar mesmo prestando atenção. Eu e James sabemos que você não gosta tanto de futebol quanto os outros, mesmo que tente não mostrar.

Anthony arregalou os olhos, verdadeiramente surpreso por ter sido descoberto. Fred riu alto com a expressão dele.

— Relaxa cara, a gente sempre soube disso — falou logo. — Você é um bom jogador, Anthony. Mas te falta amor pelo esporte, e eu e James nunca entendemos o porquê de você jogar.

— Eu... — Anthony pensou em se justificar, mas ele não sabia o que dizer. No final, eles estavam certos sobre as suposições.

Fred negou com a cabeça, como se dissesse que ele não precisava falar nada.

— Mas a gente notou que você anda mais presente nos jogos, ou mais presente no dia a dia. Não sabia porque você havia mudado, e depois que Celeste me falou de Roxanne achei que talvez estivesse apaixonado — concluiu. — As pessoas ficam mais alegres quando estão apaixonadas.

Anthony sentiu a necessidade de logo dizer:

— Roxanne e eu somos apenas amigos.

Aquilo fez com que Fred o olhasse com curiosidade.

— Você não negou estar apaixonado.

Ele não tinha pensado em negar aquilo e agora achou que era tarde demais para tentar dizer algo.

— Você gosta mesmo de alguém! — exclamou Fred animado. Ele se sentou ereto e o encarou, os olhos brilhando de animação — Quem?

Anthony não respondeu.

— É alguém que eu conheço? — perguntou Fred.

Anthony engoliu a seco, com medo de que o garoto fosse ler os seus pensamentos.

Fred se aproximou dele, fazendo com ele deslizasse um pouco mais para longe.

— É sim alguém que eu conheço! — gritou feliz, e Anthony quis ir embora o mais rápido possível.

Por que todo mundo resolveu chegar atrasado para o treino justo hoje?

Fred fez uma cara pensativa, analisando todos os conhecidos dos dois. Talvez não fosse muito tarde para sair correndo e voltar para o dormitório, Anthony poderia mandar mensagem para James dizendo que estava passando mal.

Porém, sabia que Fred não o deixaria fugir.

— Já sei! — exclamou, fazendo com que Anthony quase caísse do banco, assustado. Ele não teria como saber sobre Albus, ou será que teria? — Você gosta... — Anthony sentia suas mãos suarem de nervoso. — Do Albus?

— O quê? — Aquela foi a única coisa que conseguiu dizer, estava em estado de completo choque.

Fred sorriu orgulhoso, olhando para o céu.

— Agora que pensei melhor, senti uma faísca entre vocês naquele dia na cafeteria.

— Como... — começou Anthony, atordoado.

— Meu querido, Anthony — interrompeu, virando-se para olhar para ele. — Eu não sou só músculo não, tenho muito disso aqui também. — Apontou para a cabeça. — Normalmente finjo que sou só músculos, porque não quero deixar o James se sentir sozinho.

Fred cruzou os braços e se acomodou melhor no banco, contente com a sua descoberta. E, antes que Anthony pudesse tentar negar, acrescentou:

— Pode deixar que o James não notou — assegurou, o que deixou Anthony um pouco mais aliviado. — Não pensei muito no dia, porque achava que você gostasse de Roxy. Mas, quando ficou na cara que não era minha irmã, mas era alguém que eu conhecia, só sobrou o Albus.

Anthony não sabia muito bem o que Fred havia notado no café, ou como havia chegado a aquela conclusão. No entanto, sabia que não adiantaria de nada negar.

— É verdade que eu gosto do Albus— admitiu, com o olhar fixo na quadra, constrangido demais para encarar Fred. — Roxanne sabe, e provavelmente não vai dar em nada.

Fred riu alto.

— Todo esse tempo achando que você estava namorando minha irmã e, no fim, ela estava te empurrando para o nosso primo.

Algo estalou na mente de Anthony e ele pensou que agora que Fred sabia, seria questão de tempo até que a irmã descobrisse.

— Não con-

— Não vou contar para Lessie — assegurou. — Nem para James. O seu segredo está salvo comigo.

Anthony viu enquanto Fred fazia uma mímica de trancar a boca e jogar a chave fora. Revirou os olhos, mas também suspirou aliviado.

Do nada a expressão de Fred mudou totalmente, e ele ficou sério. Anthony ficou assustado com a mudança no rosto dele, olhou em volta e constatou que os dois ainda estavam sozinhos.

Não precisou esperar muito para que Fred voltasse a falar, dessa vez sem fazer graça:

— Entendo o porquê da minha irmã querer te ajudar a sair com o Albus, também acho que você seria bom para ele — disse. E Anthony sentiu que ele tinha mais para falar e que iria acrescentar um “mas” naquela frase. — Mas Albus sofreu muito com o seu último relacionamento. Então, quero pedir para você não fazer nada se não tiver certeza do que sente pelo meu primo.

Não sabia o que havia acontecido no passado de Albus e não achou que Fred fosse contar, não era o lugar dele falar.

Pensou na primeira vez que viu Albus, em como não viu o rosto dele, mas mesmo assim o viu. Viu todos os sentimentos jorrarem para fora dele, enquanto cantava o pequeno trecho de uma música, uma música tão pessoal que parecia que ninguém mais houvesse escutado.

Anthony também pensou no festival, e de como, pela primeira vez, Albus havia se exposto para tanta gente cantando uma música original. De como ele era confiante no palco, mas tímido enquanto os dois andavam lado a lado.

Lembrou do sorriso que ele mostrou para Anthony da última vez que se encontraram.

— Eu tenho certeza — assegurou, dessa vez olhando para Fred.

Fred sorriu de leve, um sorriso que mostrava que acreditava nas palavras dele.

— Fico feliz em saber disso. — Mudou novamente para uma expressão séria, mas dessa vez Anthony conseguia ver que ele estava brincando. — Mas se magoar meu primo a família inteira vai atrás de você.

— Posso imaginar isso.

Anthony nem sabia quantos Weasley existiam no total, sempre aparecia mais um.

— James pode zoar com Albus, mas se preocupa muito com ele. E eu também.

Entendeu aquela frase como “se você magoar Albus, James vai te bater e eu ajudarei”.

Anthony tinha certeza de que não estava brincando enquanto a isso. Nem ao menos sabia se um dia Albus sentiria algo por ele, porém sabia que faria de tudo para fazer Albus feliz.

James chegou assim que a conversa terminou e, como prometido, Fred não contou nada, agiu como se nada tivesse acontecido, o que deixou Anthony bem aliviado.

O treino ocorreu mais calmo do que Anthony esperava. James estava tão animado com os resultados daquele dia que deixou que todos fossem para o vestiário sem ajudar a arrumar a quadra. Anthony se sentiu um pouco mal em ver o capitão do time fazendo tudo sozinho e resolveu ficar para ajudar.

Quando finalmente terminaram de guardar as coisas, o resto do time já tinha ido embora.

O celular de James começou a tocar em um dos bancos da quadra, ele foi atender enquanto Anthony pegava as suas coisas para ir para o vestiário.

— Oi. — James atendeu desanimado, e depois de uma pausa disse: — Eu ‘tô indo para o vestiário aqui na quadra, mais fácil você vir aqui.

Anthony entrou, deixando o capitão discutir com quem quer que fosse pelo telefone.

Tomou uma ducha rápida, iria jantar e depois tinha questões das aulas para resolver. Estava cheio de tarefas e trabalhos, sabia que teria sido melhor se tivesse saído mais cedo, mas não se arrependia de ter ficado para ajudar.

Desligou o chuveiro e se secou, conseguia ouvir outro chuveiro ligado, sinalizando que James ainda estava ali.

Amarrou a toalha na cintura e foi até o seu armário pegar a sua roupa limpa. Ouviu a porta do vestiário sendo aberta, mas não ligou, imaginando que era um dos caras do time, eles sempre esqueciam alguma coisa.

Anthony jogou a toalha em um banco enquanto pegava uma cueca branca limpa.

— James? — chamou uma voz familiar.

Parou o que estava fazendo no mesmo segundo que reconheceu a voz.

O que Albus Potter estava fazendo ali?

Antes que pudesse raciocinar, Albus apareceu na fileira de armários em que Anthony estava. Ele o encarou boquiaberto, segurando uma caixa de encomenda com as duas mãos.

Foi só então que Anthony lembrou que estava completamente pelado.

Pelado na frendo do garoto que gostava.


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Notas finais do capítulo

Eita! Albus teve uma ótima visão agora ;)
Espero que tenham gostado e não esqueçam de comentar e me dizer o que acharam desses dois!! Postarei o segundo ainda essa semana (ele já tá pronto só fazendo mistério kkkk), e vai ser focado no Albus



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