Infamous escrita por Bétula


Capítulo 5
Bertholdt Hoover em: A Famigerada Adega


Notas iniciais do capítulo

Olá, menines, tudo bem? Aqui estamos com mais um capítulo dessa história, o POV é do meu pobre gigante preferido, espero que se divirtam com a leitura. ♥
ENJOY!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/802582/chapter/5

Depois de lidar correr em um milharal e assistir a novela mexicana dos Jeager, Marco me chamou para voltarmos pra horta. Eu ainda estava processando aquele pandemônio, nem acredito que aquele maluco vestido de macaco já foi casado com minha irmã, divorciar-se de Zeke foi um livramento para Pieck mesmo mantendo a guarda compartilhada do filho deles,  que inclusive nem parecia ter saído daquele traste, o meu sobrinho Ben era tão fofinho. 

Suspirei me concentrando na tarefa da colheita, Marco pretendia fazer uma salada de batatas para mimar Sasha e sua perna quebrada, precisávamos também de mais temperos para a sopa. Ymir foi conosco só pra fazer companhia mesmo, quando digo companhia quero dizer zuar a gente, com a presença dela acabei nem podendo dar continuidade ao assunto que estava tratando com Marco antes da confusão, ele não me cobrou, o que me deixou incrivelmente agradecido.

— Reparou que todos os casais ficaram mega distantes? — A mulher grávida me perguntou enquanto segurava os tomates que eu acabara de colher. 

— Eu era um casal distante, então reparei sim. Mas imaginei que Reiner revendo o Connie ia dar nisso.  — Acabei soltando. 

— Não precisa sentir ciúmes do Connie, Reiner não faz o tipo dele. — Ela riu.

— Reiner infelizmente faz o tipo de todo mundo. 

— Garanto que não faz o meu. — Ymir deu um riso desdenhoso. 

— É porque você nunca o viu cortar lenha. — Marco arregalou os olhos. — Com todo respeito, amigo.

— Tudo bem. — Dei de ombros. — Não estou chateado, de qualquer modo. 

Foi quando ouvimos o estardalhaço vindo de dentro de casa e corremos para ver o que estava acontecendo. Sabe aquela cena de Comunity quando o Fry chega com a pizza e tudo está uma zona com direito a fogo e tudo? Imagine isso, trocando a pizza por legumes, era basicamente eu. Poderia dizer que a bruxa estava solta, mas não seria o suficiente para definir o nível de loucura que estávamos passando naquele dia. 

Vamos então dizer que o sabá estava solto, não culpo as bruxas, preferia mil vezes dançar pelado cultuando um bode do que estar diante daquela visão do inferno: Jean veio correndo atrás de Eren com uma camisa em chamas, que por sorte Reiner apagou com um extintor. Assustado pelo fogo, Armin rolou as escadas por causa de uma tábua solta, Connie que saía do banho correu para acudir o Armin e pelado mesmo e caiu por cima do coitado, foi um amontoado de membros e degradação. 

Connie não sabia onde enfiar a cara, não que nós nunca tivéssemos visto nosso amigo sem roupa, aquele era um grupo de malucos exibicionistas e não podíamos negar, Reiner e eu mesmo, quantas vezes não fomos pegos no flagra? Pobre Annie, deve ter visto mais o meu pinto e do Reiner na vida do que o do próprio Armin. Falando nele, fui o encarregado pela general Fritz, também conhecida como Ymir, para cuidar do pé do Armin na rede dele na varanda.

— Me sinto péssimo. — O pobre homem loiro dizia. 

— Não foi tão ruim, quer dizer, acho que o Connie cair pelado por cima de você foi o pior. — Ri caridoso enquanto passava a pomada no pé e massageava para enfaixar. 

— Falo da minha vida no geral. — Ele suspirou.

— Quer falar sobre isso? — Sorri amarelo.

— Mais do que nunca entendo o motivo da Annie ter me deixado. —  Começou. — Na confusão do irmão do Eren fantasiado no milharal todos foram averiguar, menos eu e duas mulheres, estando uma delas grávida e a outra com a perna quebrada. Quem iria querer um idiota que paralisa de medo como companheiro? Ainda mais a Annie, que sempre foi uma mulher forte.

— Pode parar por aí. — Olhei para ele com cuidado. — O negócio com a Annie é um pouquinho mais complicado que isso. Ela é uma pessoa difícil e você bem sabe, mas quando estiver pronta, ela vai falar o que está acontecendo. Annie não liga pra essas coisas, não quer um homem para defendê-la, ela é uma mulher dona de si. 

— Eu só… Queria me sentir menos inútil. — Piscou derrotado.

— Você não é inútil. — Disse finalizando o curativo. — O melhor que pode fazer agora é descansar, o fim de semana será longo, relaxe um pouco, acredito que tudo vai se resolver. Vou pegar um gelo para você colocar nesse pé.

— Obrigado, Bert. 

— Não se eu me adiantar primeiro. — Connie apareceu atrás de nós com uma bolsa de gelo. Ele virou para Armin, coçando a nuca, sem jeito. — Eu sinto muito, cara.

— Eu que peço desculpas, devia ter prestado atenção. — Armin sorriu.

— Não digam bobagens, nós três bem sabemos que Marco e Mikasa deviam lavar as bocas com todos os detergentes do mundo por beijarem aqueles dois arruaceiros. — Tive que dizer. 

— Falando nisso, estão levando a maior bronca, saí de lá com medo. — Connie sentou na rede com Armin. — Vim me esconder aqui.

— Ymir? — Levantei uma sobrancelha. — Ela estava muito irritada.

— Christa. — Connie arregalou os olhos enquanto falava, eu e Armin trocamos um olhar sabedor.

— Coitados. — Foi tudo o que consegui dizer. 

Deixei os dois ali e fui até a cozinha ver a confusão com meus próprios olhos, foi quando me deparei com meu marido pregando a tábua solta do acidente, desviei o olhar, não queria encará-lo naquele momento. A conversa com Marco me deixou muito reflexivo em relação a Reiner, ele sempre disse que me amava, que amava ter uma família comigo, Reiner Braun sempre foi o amor da minha vida, mas eu me sentia incrivelmente frustrado por não entender o que se passava na cabeça dele. 

Eu tinha medo de explodir, questionar, brigar, me chatear, esculhambar a velha mãe dele, perguntar se ele queria arrumar uma mulher pra cuidar melhor dele como a machista, homofóbica chata do inferno dizia? Eu jamais desistiria dele, mas até onde ele poderia ir por mim e por nossa família? Isso doía muito e eu não conseguia lidar, apenas aguentei firme para não chorar só de pensar.

Ele me encarou mas o ignorei, olhando Annie, que ajudava a limpar a bagunça com um esfregão tirando do chão a sujeira do extintor. Na cozinha me deparei com Marco jogando um spray de anil nos azulejos, Mikasa cuidando das batatas na panela e Ymir fazendo desenhos de canetinha no rosto de Zeke desacordado como uma menina travessa, meu deus, era uma criança gerando outras duas. Na mesa, Jean e Eren estavam sentados como dois moleques enquanto recebiam uma bela comida de rabo vindo de Christa Reiss em pessoa. 

— Existe uma coisa chamada LI-MI-TE, vocês não tem. — Ela gesticulava irritada. — Podiam ter colocado fogo na casa inteira por causa de uma aposta. Armin se machucou, Connie ficou constrangido e vocês dois agora vão pagar. Vão fazer o espantalho SOZINHOS sem molde nem nada, nem que se vistam de espantalhos e se joguem no milharal como dois doidos, eu não dou a mínima. Precisam pensar no que fizeram e até amanhã NADA DE LAGO!

— Nada de lago!? — Disseram em uníssono.

— Isso mesmo, a moleza acabou agora. — Ela estreitou os olhos, ali era 1,45m de mulher com intimidação de mais de 100m.

— Mas foi o Jean. — Eren protestou. — Ele quem duvidou do poder da lupa, eu disse que era possível colocar fogo numa camiseta com uma lupa e ele não acreditou. 

— Você quem instigou. — A mulher apontou com o indicador. 

— Preciso deixar meu irmão da estação de trem. — Eren protestou de novo. Aquele homem não tinha instinto de autopreservação mesmo.

— Qualquer um pode fazer isso. — Ela revirou os olhos. 

— Tenho assuntos com ele.

— Então melhor se apressar com o espantalho. — Christa disse cruzando os braços e batendo o pé. — Agora saiam da minha presença, antes que eu arranque a cabeça de vocês. 

Eles quase correram com medo, coitados, Ymir ria da desgraça, apontando maligna, pobres crianças que estavam a caminho, iam lidar com duas ditadoras. Não era à toa que a pobre Helena com apenas três anos de idade não podia ver uma chance de sair de casa que já se agarrava com todas as forças. Connie então apareceu  na porta, vermelho como um pimentão pedindo perdão pela nudez de mais cedo, Marco consolou nosso amigo dizendo que a culpa era do marido dele e não tinha nada do que se envergonhar, Mikasa concordou e entregou as batatas para o dono da casa levar para a esposa como um pedido de desculpas. O homem aceitou com gratidão. 

O telefone então tocou no meu bolso, olhei apreensivo o identificador de chamadas que tinha escrito na tela do celular Annette Renard, era a minha organizadora de eventos. Fui até a janela da cozinha para atender com o coração disparado e olhos arregalados, coisa boa não poderia ser. Dito e feito: era a banda que tinha desmarcado, a boa notícia é que tinham devolvido o caução, só era chato porque agora era mais outra coisa além do fotógrafo. Perfeito!

 — E a entrega dos convites? — A voz doce de Annette me perguntou.

— Pode fazer o envio para todos da lista. — Falei. — Depois vemos como ficam esses detalhes que faltam, tudo bem? 

— Sim, senhor, peço desculpas por todos os contratempos.

— Não é culpa sua se eu tenho azar, minha querida. — Falei tristemente.

— Não fale essas coisas, jamais deve pensar assim nos eventos da sua família.

— Eu sei. Sinto muito pela negatividade, só estou um pouco cansado.

— Vai dar tudo certo. — Ela consolou.  — Todo o cansaço vai valer a pena no final, seu filho vai adorar a festinha. 

— Assim espero, muito obrigado. — Suspirei antes de desligar e voltar para a bancada da cozinha parecendo o retrato da derrota.

— Você quer que eu jogue água de anil na sua cara? — Perguntou Marco, com o spray em mãos. 

 — Não tem água de anil que quebre minhas amarrações. — Suspirei. 

— Bertholdt, o Reiner está esperando você na adega. — Annie chegou na cozinha com o esfregão na mão. 

— O que será agora? — Revirei os olhos levantando dali. 

Deixei um Marco e uma Annie risonhos às minhas custas para trás e fui ver o que o abençoado queria, eles podiam rir a vontade, sei que sou praticamente um Bozo judeu, já tinha os sapatos gigantes só faltava o nariz vermelho. Bufei descendo as escadas da adega segurando firme no corrimão, já bastava Armin acidentado pelo fantasma da icônica vilã Nazaré Tedesco, não precisava de outro de molho ali. As luzes estavam quase todas apagadas, o que Reiner queria naquele breu? Vi então a figura dele  sentado sobre um barril, me olhou com doçura.

— Connie pediu para escolhermos as bebidas para servir na hora da fogueira de hoje a noite, disse que somos as pessoas de gosto mais refinado para álcool do grupo. — Ele me disse e a apontou. — Essa safra de conhaque é muito boa, seria minha sugestão, você concorda?

— Essa? — Peguei a garrafa e encarei cuidadosamente, a adega Braus-Springer tinha bebidas muito boas, mas aquele conhaque ali… Era muito especial. — O conhaque que tomamos na nossa lua de mel?

— Foi um dos melhores presentes de casamento que ganhamos, Connie e Sasha foram certeiros. — Ele se aproximou um pouco demais. 

— Realmente, é um ótimo conhaque. Mas teriam os demais culhões para tomar dele? Teríamos nós, culhões para tomar dele? Já faz tanto tempo.

— Acho que temos sim. — Ele encostou a cabeça em meu ombro e depois apontou para outra prateleira. — Tem esse licor de cereja que poderia ser servido para quem não aguentasse o tranco. 

— Ótimo, então. — Sorri. — Podemos ver um bom Whisky pros idiotas metidos a macho também. 

— Concordo. — Riu baixinho. — Só espero que possamos relaxar um pouco hoje a noite e deixar os problemas de casa em casa. 

— Depende. — Deixei escapar um olhar amargo. — Quando voltarmos as coisas serão resolvidas? 

— Acredito que sim. Bernie é um menino muito compreensivo, se o bar mitzvah dele não ficar perfeito, acho que ele vai entender.

— Posso ligar pra Annette pedindo pra ela não convidar sua mãe, então? — Meu maxilar apertou. — Por que tudo o que não sai perfeito, a culpa é minha, na cabeça dela.

Ele ficou em choque por alguns segundos com minhas palavras, que admito que saíram de forma desleixada, descuidada e ríspida. Sempre tentei ser cuidadoso com o que dizia mas estava difícil esconder meu descontentamento, minha tristeza, minha amargura. 

— Ela disse alguma coisa? — Ele conseguiu perguntar.

— Ela precisa? Sempre achou nossa relação uma piada, nossa casa, nossos filhos, tudo é um grande circo pra ela. Sua mãe nunca escondeu o desgosto por mim, mas mesmo não precisando falar nada, ela fala, sim, parece fazer questão. A última foi que você estaria melhor com uma mulher e filhos biológicos. Tudo bem eu ser um palhaço pra ela, honestamente, não me importo que me façam de tolo, mas nossos filhos não merecem isso. 

— Por que não me disse nada antes? — As sobrancelhas claras estavam unidas.

— Ainda estava processando a coisa toda, fiquei com medo de ficar irritado e explodir na frente dos nossos filhos ou com você, que não têm culpa. Tentei deixar pra lá e focar nas crianças, no bem estar do Bernie, focar no bar mitzvah dele e esquecer tudo... Mas parece que falhei nisso também. Sinto muito.

— Eu que deveria sentir muito. — Os olhos âmbar estavam cheios de tristeza. — A família que construímos juntos é minha prioridade acima de qualquer coisa, eu não preciso de qualquer outra pessoa, independente do gênero, que não seja você. Eu sou feliz, você e nossos filhos são minha felicidade há anos, são minha rocha, eu amo vocês.

— Mesmo? — Meus olhos arderam.

— Lógico. — Me abraçou forte, escondendo o rosto na curva do meu pescoço. — Eu amo você.

— Também amo você. — Envolvi meus braços na cintura dele envolvido no calor do abraço.

— Meu Deus… — Ele tremia um pouco. — Estou muito chateado com o comportamento da minha mãe, estou me segurando para não ligar agora mesmo e jogar umas verdades na cara dela. É muito injusto, ela não é um exímio modelo de parentalidade, devia dar graças a Deus eu nunca ter isolado ela da conveniência dos nossos filhos. Mas o que ela faz? Apronta essas coisas. 

— Não vale o desgaste de uma ligação agora.  — Consolei, senti a verdade naquele desabafo. — Você tem razão sobre precisarmos relaxar. Com a cabeça fria, resolvemos o que tiver que ser.  — Afaguei o rosto no cabelo dele, estava muito macio. — Sinto muito ter sido tão ranzinza esses dias.

— Não sinta por isso, só converse comigo, sabe que pode falar comigo sobre tudo, ainda sou seu melhor amigo?

— Desde os sete anos de idade. — Sorri. — Sempre estivemos juntos.

— E vai ser assim até o fim da minha existência se depender de mim. — Aquelas palavras me arrasaram, mas no bom sentido, comecei a chorar ali mesmo. — Nunca duvide dos meus sentimentos, sinto que somos capazes de lidar com qualquer coisa desde que fiquemos juntos. — Ele se desvinculou o suficiente apenas para me olhar nos olhos e limpar minhas lágrimas. — Vai estar comigo?

— Sempre. — Segurei as mãos dele em uma promessa. 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam? Deixem nos comentários. :3
Eu não tive tempo revisar esse capítulo mas acho que está ok, relevem qualquer erro de digitação e/ou concordância. Um beijo e até o próximo! ♥



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Infamous" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.