Infamous escrita por Bétula


Capítulo 3
Marco Boldt em: O Famigerado Incenso Quebra Feitiço


Notas iniciais do capítulo

Olá, meninos e meninas, tudo bem? *---*
Vamos sextando com o capítulo de menino Marco saindo do forno! Relevem qualquer erro de digitação que tenha passado batido. ENJOY! ♥



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—  O que está fazendo? — Perguntei a Reiner que estava parado com uma estátua com o machado na mão bem próximo do celeiro.

— Eu?! — Perguntou ele com a voz afinando com um tom bem suspeito. — Estou me alongando para começar meu trabalho como lenhador. 

— Ah, entendi. — Falei, mesmo assim não engolindo aquela história. Se bem que o Reiner era um cara bem esquisito.

— E você, o que faz aqui? — Foi a vez dele me interrogar.

— Vim pegar legumes na horta para a sopa e vi você nessa pose estranha e vim ver se estava tudo bem. 

— Ah… — Ele disse, parecendo não muito feliz. — Sopa?

— Algum problema?

— Não, é que comi sopa ontem. Mas não tem problema. — Ele comentou, voltando-se para a árvore e começando seu serviço no galho.

Os braços expostos  pela camiseta faziam de Reiner uma visão interessante. Os movimentos do machado junto com seus bíceps me faziam entender como Bert era caidinho por aquele homem. Eu saí dali com um leve sangramento nasal e vi Annie e Mikasa caminhando como quem saiu de trás do celeiro. Tudo muito suspeito e acontecendo em volta do mesmo local: o celeiro! Meu instinto de jornalista investigativo estava apitando. O que as madames faziam ali? A loucura de Reiner tinha algo haver com isso? Nunca saberemos. Quando cheguei na cozinha não comentei sobre Reiner estátua esquisita, mas falei para Bert que cortava carne e um Jean lavador de louça das meninas saindo do celeiro.

— Desgraçadas! Devem estar querendo se apossar do motel! — Falou Jean, enérgico. 

— Motel? — Bert estava mais perdido que o Armin em partida de futebol.

— Ah, é verdade! — Lembrei. — Com as loucuras do dia-a-dia e três filhos, Connie e Sasha usam o celeiro de motel.

— Isso mesmo! No feno e tudo! Talvez Mikasa esteja querendo levar o Eren e Annie querendo fazer as pazes com o Armin! 

— Ou elas estavam só caminhando pela propriedade. — Falou Bert.

— Isso também. 

— QUE CHEIRO É ESSE?! — A voz de Ymir, que chegava como um trovão, tomava conta do recinto.

— Você não estava dormindo? — Perguntei.

— Quero melancia. E que fedor é esse? Parece que atearam fogo num gato.

— Oh, deve ser meu famigerado incenso quebra-feitiço. — Apontei para incenso no balcão. — E não fede a gato queimado! É cheirinho de lavanda.

— Lavanda de Chernobyl, só se for. — Disse ela, abrindo a geladeira. — Sério que vocês dois não estão intoxicados por essa desgraça?

— Eu lido tanto com os incensos desse homem que nem sinto mais o cheiro das coisas. — Jean deu de ombros.

— O Reiner é bombeiro, ele sempre chega em casa fedendo a comida flambada. — Riu Bert. 

— Vocês têm uma vida muito infeliz. — Ymir revirou os olhos enquanto levava a melancia inteira consigo e uma faca.

— Christa é uma santa. — Disse Jean quando não viu mais sinal de Ymir.

— Agora fala isso na frente dela. — Destilou Bert. 

— Pra ela quebrar a melancia na minha cabeça e depois me esfaquear com a faquinha de mesa? Não, obrigado. — Jean nos fez rir.

Meu marido era mesmo um maluco, sempre tive consciência de que toda relação tinha seus pontos fortes e fracos, eu e Jean não vivíamos um conto de fadas, havia falta de sintonia em muitas questões. Uma delas era o fato de eu querer muito adotar uma criança, mas cansado de ouvir de “Pra que remelento? Já temos os gatos!”, acabei desistindo. Outro dia tive até um pesadelo onde ele trazia uma caixa com 7 gatos dizendo:

— Olha, agora vamos fechar os doze!

O que minha casa iria se tornar, o zodíaco dos gatos? Que bom que foi só um sonho. Principalmente depois de ver meus amigos começando suas famílias, essas questões começaram a pesar, eu queria muito ser pai de humano, claro que não precisava ter aquele monte de criança como o Reiner e o Bert, só uma criança estava bom de bom tamanho, mas pro Jean… Seríamos eternamente os tiozões dos gatos.

De fato, amo seus gatos e sei que nada adianta obrigar alguém ou chantagear alguém para começar uma família humana. Era um assunto sério, afinal, era toda a responsabilidade por uma vida, ainda mais criada por dois homens numa sociedade homofóbica, viria cheia de desafios e eu não podia impor esses desafios a alguém que não estava pronto para enfrentar. Era ter paciência mesmo, mas às vezes, eu sentia que era o único a ceder em nossa relação, com 36 anos e carreira estável, já estava mais do que na hora começarmos nossa família humana.

Meu devaneio foi pelos ares com um Connie e um Eren chegando na cozinha  molhados de suor, Eren, que diferente de Connie, tinha cabelo, parecia que tinha sido atropelado e depois de ouvir o relato deles, entendi que estavam mesmo voltando de uma verdadeira zona: eles foram pegar os restos mortais do espantalho antigo que morreu com o raio, foi quando o corvo se aproximou e Eren jogou o sapato nele. Foi o grito de guerra para os corvos, que atacaram ele e Connie por minutos e os pobres coitados tiveram que sair correndo do milharal.

— A pior parte foi quando vi que Mikasa assistiu tudo da varanda, onde estava com o Armin e a Christa. — Explicou o pobre Eren.

— Esse mico foi parcelado em três vezes no cartão, hem, meu amigo? — Disse Jean.

— Sim. Depois dessa, preciso de um banho e terapia. 

— Eren, você tá precisando de um banho de água de anil. Primeiro a história do dente, e agora isso? — Eu estava incrédulo.

— Pois é. — Ele confirmou com a cabeça.

— História do dente? — Bert deveria mudar o nome para Jon Snow, ele nunca sabia de nada!

— Por conta do cabelo longo, Levi que voltava de viagem depois de um tempo, foi nos visitar, não me reconheceu, pensou que eu fosse um invasor e levei um chute na cara que meu dente voou longe.

— Jesus Cristo! — Era engraçado essa frase vinda da boca de um judeu gigante. — Qual dente?

— Foi lá de trás, e não tem problema, já tô com uma prótese.

— Menos mal. — O gigante suspirou. 

— Acho que isso foi uma desculpa. Levi já queria chutar sua cara há muito tempo. — Jean soltou o veneno.

— Por que diz isso?

— Talvez por algo que você fez… Tipo desonrar a filha dele, fugir e casar com ela em Las Vegas quando ele negou a bênção do seu pedido de casamento, engravidou ela, entre várias outras coisitas mais.

— A pergunta é: o que você não fez, meu amigo? — Tive que dizer. 

— É, eu sou culpado por tudo isso e mais um pouco. — Ele riu.

— Fou fer que fafer um efpanfalho do zelro. — Reclamou Connie com a boca cheia de bolo que ele pegou da geladeira.

— Olha um espantalho aí ao seu lado. — Brincou Jean apontando para Eren.

— Falou o cara de cavalo. — Eren disse quase cuspindo. — Seu lugar é nos estábulos.

— Na verdade. — Jean piscou para mim. — Meu lugar é no celeiro.

Eu corei muito e Bert e Connie parecem ter entendido a referência já que riram alto. Já Eren continuou boiando que nem merda na água. 

— Vocês são muito malucos. — Connie secava as lágrimas que escorreram de tanto ele rir. — Bom, toda ajuda é bem vinda, mesmo espiritual. Eren, vá tomar o banho, depois passe o incenso do Marco e descanse, que eu vou ver como está o lenhador Braun.

— Não me diga que Reiner está cortando lenha. — Jean prendeu o riso.

— Ele se ofereceu para ajudar com o galho do velho carvalho que fica atrás da casa que foi quebrado pelo raio. — Explicou o fazendeiro. 

— Eu preciso muito ver essa cena. — Jean gargalhou.

Eren foi tomar seu banho, bem arrasado. Já Connie, foi checar o lenhador esquisito e Jean foi com ele pra rir do homem, me deixando sozinho com o Bert.

— E aí, amigo, e os preparativos para o aniversário do Bernie? — Puxei o assunto.

— Estou um pouco nervoso, os aniversários do Bernie sempre são trágicos, como que o mágico dá piripaque no meio duma festa infantil? Sinto que preciso me redimir dessas situações com o pobrezinho. — Ele olhou para baixo. — Fora ao fator mãe do Reiner que tá tirando minha paciência mais que o normal.

— Sério, se o sogro do Eren é o Robert de Niro, a sua é a Jane Fonda.

— Ah, amigo, agora você disse tudo. E eu posso ter esse bronzeado charmoso, mas não sou nenhuma Jennifer Lopez, então qualquer dia vai chegar a notícia que eu taquei fogo na velha. — As palavras dele me fizeram rir alto. — Ela não gosta de mim e nunca escondeu isso, mas no passado era mais discreta. Karina me culpa por tudo que dá errado, não só nos aniversários do Bernie, as dificuldades que aparecem para nós como família no geral sempre tem o culpado: eu. Que vontade de mandar aquela velha chata do caralho se foder, Deus que me perdoe. Ela tem me alfinetado muito nos últimos tempos, às vezes eu penso que ela faz de propósito pra me infernizar, mas passou do limite na última vez que esteve lá em casa. 

— Qual o limite que ela ultrapassou?

— Ela teve o descaramento de virar pra mim e dizer com todas as letras: "você sabe que eu seria muito mais feliz se o Reiner tivesse arrumado uma mulher pra cuidar melhor dessa casa e dos meus netinhos, né? E com uma mulher, ele me daria netinhos de sangue” — Imitou a voz fininha da mulher. — E finalizou com aquela risadinha cínica dela. Fiquei sem reação, foi surreal, gratuito e do nada, aquela mulher é muito sonsa, agora mesmo deve estar lá andando sonsa.  

— Amigo! — Levei as duas mãos ao rosto do espanto. — Que horror! Que mulher ordinária! Como ela tem coragem de falar essas coisas? Você contou pro seu marido?

— Ela é mesmo muito ordinária! — O homem estava puto. — E só tem coragem porque não tem vergonha na cara, mas é padrão dela, toda vida que aparece é pra fazer esse tipo de desfavor. — Ele suspirou. — Não tive coragem de falar nada, ela sempre dá um jeito de fazer o jogo virar e eu ser o monstro que tenta colocar o filho contra a mãe. 

— Amigo, você está visivelmente transtornado com essa situação, como seu marido e filho dela, o Reiner tem que saber dessas coisas. — Aconselhei.

— Eu sei, é só que se nas pequenas alfinetadas que ele já presenciou nunca fez nada, por que seria diferente? Mas não deixa de me afetar, inclusive, me pergunto se sou o ideal pra ele.

— Não deixe que essa pessoa horrível entre na sua cabeça e tire a paz da sua casa, da sua família que é tão bonita. — Falei um pouco alto demais. — Você precisa reagir.

— Eu sei, só fico com medo de reagir, ficar indignado e acabar libertando o titan colossal. 

— Bertholdt Hoover indignado faz até o inferno tremer! — Botei a mão no peito, porque era verdade, quase dois metros de puro ódio e destruição.

— E não quero que meus filhos me vejam assim, fora que odeio quando acontece, fico tão esgotado. 

— E com razão, amigo, que situação. O Reiner também é muito bobo, logo nas primeiras alfinetadas, por mais leves que fossem, se fosse eu, dizia: olha aqui, mamãe, essa palhaçada tem que acabar ou a senhora nunca mais chega perto da minha família! 

— Sim, eu queria que ele fizesse algo como isso mesmo, mas não vou pressionar ele, nem nada. É só que às vezes fico tão de saco cheio que penso até em...

— Em que? — Arregalei os olhos. — Em pegar a menineira e sumir no mundo? — Bicha pelo amor de Deus, outra separação, não! O universo tem que parar de fazer buracos nos meus ships, isso não é Titanic.

— Não, não é nada disso, fique tranquilo. — Foi tudo que ouvi de Bert antes de escutar um grito vindo do lado de fora da casa. 


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Notas finais do capítulo

E aí, o que estão achando? Estão sentindo o cheirinho de treta? Deixem seus feedbacks nos comentários. Obrigada a quem leu até aqui e até o próximo. ♥



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