Famiglia escrita por Mandalay


Capítulo 7
#07 NEBBIA, Rokudo Mukuro & Chrome Dokuro


Notas iniciais do capítulo

E terminamos essa série sobre os guardiões Vongola com a névoa, que cria do nada o tudo e que foram os últimos personagens a serem de fato apresentados na ordem que segui - curiosamente termino essa ideia maluca minha gostado mais deles :)



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Eles estavam em uma cafeteria que fora fortemente recomendada por duas das melhores amizades que Chrome fizera desde que colocara seus pés em Namimori, antes disso ela não se recordava de pessoas tão gentis quanto elas, talvez o chefão mas este também viera depois do antes. O antes que deixou de existir quando Rokudo Mukuro entrara em cena e que fora substituído por uma infinita sequência de agoras a partir dele.

O lugar não estava cheio, era pequeno e agradável na medida certa para alguém como ela.

Mukuro a observava como se estivesse assistindo a um espetáculo, se deleitando com cada faceta e movimento dela, enquanto bebia do chocolate quente que pedira para acompanhá-la naquele fim de tarde. Seu olho direito completamente vermelho marcado pelo ideograma de número seis conseguindo ser o detalhe que mais destoava em sua figura - para além do corte de cabelo - mesmo que fosse aquele que complementasse sua personalidade ambígua e narcisista.

"O caminho divino", ele lhe dissera certa vez quando voltavam de uma missão tão emblemática que requisitara a presença de ambos ilusionistas dos Vongola, o que era raro quando Mukuro dificilmente entrava em cena, "existem seis caminhos" continuou "eu passei por todos eles, reencarnação após reencarnação" e quando ela perguntara qual fora o seu favorito ele rira de maneira atípica, dizendo que não tivera um favorito, sequer se passara por sua cabeça ter gostado de algum deles. Eram apenas artifício, uma arma para ser usada em suas ilusões.

Cada caminho potencializava um tipo de ilusão e a habilidade que ele tinha em manipulá-los como bem quisesse era tamanha que poucos conseguiam distinguir o que era criação da mente de Mukuro e o que era a realidade.

Chrome se encantava quando o via em ação, seu mestre era realmente alguém formidável e ela apenas uma aprendiz com sensibilidade o suficiente para tal.

E só em poder dividir um momento como aquele, simples e livre do confronto que sempre acompanhava a máfia, com ele e distante de todo o resto fazia com que seu presente valesse a pena. Principalmente quando o destino parecia querer afastá-la ao máximo de seu bem feitor.

— No que está pensando, minha bela Chrome?

A torta que Haru havia dito como uma de suas favoritas era realmente deliciosa, assim como a louça na qual ela fora servida era linda, realmente linda.

— Você encontrou um favorito?

— Favorito?

— Um dos seis caminhos, você encontrou um favorito?

Os olhos do guardião da névoa pareceram surpresos, até que ele sorrisse tão largamente que eles acabaram por se fechar.

E em uma piscada de olho, ela notara que não estavam mais na cafeteria.

O olho que lhe faltava doía diante daquele cenário no qual estava situada.

— Sua ingenuidade é algo que não deixa de me fascinar Chrome, mesmo depois de tantos anos você ainda se lembra disso?

— Como poderia me esquecer, se considero tudo o que você diga importante?

Ele negou com a cabeça, colocando ambas as mãos sobre os ombros magros dela.

— Não seja tão devotada assim, você já não tem mais idade para isso.

— Mas você é importe para mim, Mukuro-sama.

Houve uma troca de olhares significativa até que algo fosse dito para concretizar o que não se pronunciou ali.

— Se sou tão importante quanto diz, por que não me mostra?

Ela sorriu aproximando-se dele, se colocando na ponta dos pés para que assim pudesse estar equiparada a altura que os separava, encostando suas testas e fechando seu olho bom ao contato. O ar que comprimia seus pulmões desaparecera a medida que seus sentimentos eram transmitidos em ondas suaves, pulsando de dentro para fora e rumo ao seu mestre.

Um calor incomum para Mukuro acompanhava aquele gesto, como se a cada onda que o alcançasse, um resquício de seus rancores passados fosse diminuído e substituído imediatamente por uma imagem, uma lembrança, uma memória daqueles que o acompanharam até ali. Risos, palavras e sons ecoavam para dentro dele, expurgando por definitivo o menor grão que ainda pudesse existir dentro dele de animosidade em relação ao seu passado - fazendo com que aquele calor tamanho transbordasse para fora de seus olhos.

Rokudo Mukuro nunca, em toda a sua vida, ao menos não até aquele momento, havia chorado. Sequer derramara uma lágrima por si, dirá por outra pessoa.

E ali estava ela, sua doce Chrome o fazendo chorar.

— Ah! Não era essa a minha intenção, me perdoe!

Os dedos dela tentavam secar seu rosto de maneira atordoada, até que ele pegasse ambas as mãos tão cuidadosas, tão gentis, e as trouxesse próximo aos seus lábios.

— Obrigada Chrome - então um brilho de entendimento passara pelos olhos heterocromáticos do ilusionista - você usou música ao final, não usou?

As bochechas dela ficaram incrivelmente vermelhas por ter sido descoberta.

— Bianchi e Gokudera me ensinaram a tocar piano recentemente.

E o velho e carismático sorriso dele voltara a tona, passada a torrente emocional que sentira.

— Usando música em suas ilusões agora, hm?

— Percebi que a música me deixa menos nervosa, e tem me ajudado quando crio uma ilusão.

O olho bom dela, que não estava obscurecido por um tapa olho, deixara de transparecer insegurança como em tempos passados. Deixara de observar o que havia embaixo para olhar para cima, para o que estava frente dela.

— E você não deixa de me surpreender.

Havia um compasso persistindo em seu âmago quando ela sorrira. A natureza das ilusões dela mudara e o que antes apenas assimilava as características densas das dele, agora trazia tudo aquilo junto de uma leveza capaz de fazê-lo se esquecer do que mais o marcara em todas as suas reencarnações até aquele momento, assim como o que sofrera diante delas. Se Chrome fosse uma carta em seu baralho ela certamente seria um ás de espadas, um trunfo, um poderoso trunfo. Ela entretanto não era uma carta e tão pouco estava mais em poderio de suas mãos, tal pensamento se tornando bem mais concreto naquele momento.

De todos aqueles que o acompanhavam, ela era a única a destoar de suas vontades e ainda assim, compreendê-las melhor do que estes.

Encontrá-la não fora mero acaso, realmente.

— Vamos voltar, eles devem estar sentindo nossa falta.

De volta a cafeteria, como se nunca houvessem saído do ambiente, o ilusionista e guardião da névoa dos Vongola colocara a quantia necessária daquilo que haviam consumido sobre a mesa e se levantara, sendo seguido por sua aprendiz que não se demorara muito em acompanhá-lo.

Eles já haviam deixado Namimori quando a voz de Mukuro ecoara fraca pelos pensamentos dela dizendo, "o caminho dos homens Nagi, este é o meu favorito" como ele comumente o fazia quando sua consciência habitava a dela e a proximidade que dividiam era praticamente infinita.

Fora o caminho humano que o levara até ela, afinal de contas.


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