Hi, Stranger escrita por Maga Clari


Capítulo 1
Elefante




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Friday, 11pm. 

É… Oi. Sei que não adianta muito pedir desculpas agora que você já visualizou a mensagem, mas será que você podia fingir que nada aconteceu e enterrar essa lembrança junto com você durante próximos oitenta anos? Eu realmente não tive a intenção. A mensagem era pra outra pessoa. Com todos os meus votos de vergonha, RL.

 

Friday, 11:03pm.

Oi, Remus, relaxe! Acontece com todo mundo. Haha. 

PS: Bela pose, vejo que andou treinando  ;]

**

Sei que a curiosidade para se alimentar de uma boa fofoca contamina todos os neurotransmissores pelo simples fato de saber que a fofoca existe. Entretanto, uma boa narrativa precisa de um bom começo, mesmo que seja um começo confuso, disforme, não-linear, feito um quebra-cabeça montado pelo avesso.

É assim que as lembranças se formam no cérebro de quem sofre as consequências de uma madrugada agitada, principalmente envolvendo bebidas, e bebidas dos trouxas, conhecidas por seus efeitos muito mais fortes quando ingeridas por bruxos e criaturas não-trouxas. 

Tirando esse simples fato, bem que poderia ter sido um daqueles dias perfeitos. Os passarinhos cantando, o sol nascendo incidente à janela, o cheiro de café coado adentrando as narinas do lobisomem.

Tudo perfeitamente arquitetado, cada detalhe de sensações que qualquer um desejaria. E o problema nem era o dia em si (que, como já mencionado irritantes vezes, estava perfeito), mas o elefante gigante na sala de estar. Um elefante meio diferente, é verdade. De olhos cinzentos, cachos escuros e camisetas de rock.

Até o presente momento da história, Remus Lupin ainda se perguntava como havia chegado até ali, porque não conseguia se lembrar de muita coisa. Talvez houvesse sofrido um colapso, uma alucinação, talvez alguém houvesse colocado droga em sua bebida, talvez fosse apenas um sonho. Daqueles bem horríveis e cansativos. Sonhos vívidos, como chamavam. Ele poderia permanecer divagando tudo isso por muitos e muitos séculos, mas acordou de repente com um susto: Era o elefante roqueiro de quase dois metros de altura que havia saído da sala e adentrado o quarto que só agora percebera que estava. E ele sorriu enquanto tirava a camisa (causando certo pânico em Remus), acertando o cesto de roupa suja e pegando uma nova muda de roupa dentro do gaveteiro.

Ele sorria com aqueles dentes perfeitos (combinando com todo o dia que, mais uma vez, era perfeito), e colocara uma toalha nos ombros. Remus agradeceu aos deuses mágicos que o garoto escolhera permanecer com a samba-canção enquanto tomava o caminho para o banheiro da suíte. Escutou o barulho do chuveiro e um grito, logo em seguida:

— Amnésia temporária? Eu tive isso uma vez. Durou até o almoço. 

Nenhuma resposta.

— É sério, fique tranquilo. Não há naaaada para se preocupar. Perfeitamente normal.

Droga, aquela palavra de novo. Parecendo amaldiçoá-lo o dia inteiro.

— Sabe o que acabei de perceber? Eu posso falar qualquer coisa agora e você nem vai se lembrar depois. Eu poderia inventar um monte de besteiras. Ou te fazer passar vergonha. Gravar e faturar uma grana. Ia ficar rico, famoso e poderia comprar uma casa de praia na Califórnia. Você gosta da Califórnia, Remus? Dizem que já é permitido muitas coisas na Califórnia. Ei. Pode me trazer o barbeador? Está no gaveteiro.

Mais silêncio. Remus estava em pânico.

— Remus? Será que ficou “fora do ar” também? Nunca ouvi falar dessa parte. Talvez os trouxas tenham me enganado sobre os efeitos de bebidas deles.

Ah, então era isso. Caso solucionado. Havia ingerido bebidas trouxas questionáveis. Ouch.

— Sinto muito por isso, cara. Eu até… ah, oi, sumido! — Sirius riu quando Remus entregou-o o barbeador, encarando-o de cima, já que Sirius tomava a chuveirada dentro da banheira. — Pensei que não fosse mais levantar.

— Estava procurando um jeito menos constrangedor de perguntar o que estou fazendo aqui.

Era pra ser uma piada, mas dessa vez Sirius não riu.

— Oh, isso. É. Bom, Remus, você disse que preferia dormir comigo. 


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