Desejos Piratas escrita por Jodivise
Notas iniciais do capítulo
Será que Lara vai contar a Jack a verdade? Ou vai perder a coragem na hora H?
Capítulo 11: Poderes Ocultos
Jack olhou Lara desconfiado.
- Não vais dizer que és virgem porque isso eu sei em primeira mão que não és! – Jack sorriu maroto.
- Não é isso Jack, é outra coisa… - Lara tentou ficar séria, mas Jack saiu de cima de si.
- Odeio esses dias! – O pirata bufou.
- O quê? – Lara não entendeu mas depois sorriu. – É uma coisa muito mais importante.
Jack olhou Lara de lado com ar de interrogação. Mas Lara não teve tempo de dizer nada, porque Alicia entrou sem sequer bater na porta.
- Desculpem entrar sem bater mas já estamos prontos e… - Alicia estancou ao dar contar do ambiente soturno. - … interrompi alguma coisa?
- Não. Aliás eu já estava de saída. – Lara pegou nas suas coisas e dirigiu-se para a porta.
- Hei! E eu fico aqui? – Jack indignou-se.
- Não queres sequer mudar de roupa. Não arriscamos a ser atropeladas por um bando de doidos! – Exclamou Lara.
- Há um jeito. – Alicia analisou a situação e olhou Jack de alto a baixo deixando este desconfiado. – O problema é o visual. Mesmo que o Jack mude de roupa aquele penteado vai dar nas vistas até a um cego!
- Concordo. – Lara respondeu secamente.
- Por isso, talvez eu consiga disfarçar. – Alicia saiu e pediu para que Jack vestisse ao menos uma roupa moderna.
Passados uns minutos Jack sentia-se como uma palhaço dentro de umas simples calças e camisa. Sentia falta de pendurar inúmeras coisas à volta da cintura e do conforto do seu pesado casaco. Alicia voltou com duas coisas na mão que fizeram Lara ter um ataque de riso.
- Só podes estar a gozar? – Lara riu divertida.
- Claro que não! É a única maneira de disfarçar minimamente. – Alicia pediu a Jack para substituir o seu amado chapéu por um de estilo cowboy.
- Menina, já vi guerras por coisas piores! – Jack olhava para o novo chapéu horrorizado. – Não vou largar o meu amado tricórnio por uma coisa esquisita como esta!
- É só até resolver esta situação, Jack. Depois de voltares ao teu amado Pearl já podes usar os tricórnios que entenderes! – Lara falou gentilmente e este fez beicinho ao olhar para o seu querido chapéu. A única vez que esteve separado dele foi quando o Kraken o engoliu, devolvendo-o depois num frente-a-frente.
Jack colocou o novo chapéu e Lara gostou do que viu. Dava um ar rock ao seu pirata. O outro objecto era uns óculos de sol bastante escuros. Alicia enfiou-os e Jack cambaleou tentando-se habituar à nova visão. Quando chegaram ao pé dos restantes, Will, Elizabeth e até Thomas sorriram ao olhar para a versão western de Jack Sparrow. Este teve vontade de dar um tiro a cada um, especialmente ao senhor oxigenado Thomas.
- Os tempos modernos fizeram-te bem, Will! – o capitão comentou ao olhar para este. – Fazem-te parecer um verdadeiro eunuco…
- JACK! – As três mulheres berraram fazendo este encolher-se.
- Desculpem fazer esta pergunta, mas estão a pensar ir aonde? – Thomas falou calmamente, embora o olhar penetrante de Jack Sparrow o fizessem recear algum tiro.
Os presentes entreolharam-se. A verdade é que ninguém sabia o que fazer depois. Era como se tivessem esbarrado com uma parede. Além do mais, Calipso e Barbossa tinham se ausentado e não havia maneira de os contactar.
- A Calipso disse que avisava se encontra-se algo. – Comentou Elizabeth.
- Pois. Mas vai contactar como? Não estou a vê-la de telemóvel na mão. – Observou Alicia.
Nesse momento todos se viraram depois que Lara gemeu. Jack amparou-a ficando preocupado. Lara tinha os olhos vidrados. Alicia e Elizabeth correram para ela. Desconfiaram que fosse algo a ver com a gravidez.
- Eu… - Lara recompôs-se e levou a mão à testa.
- Sentiste alguma coisa? – Perguntou Alicia.
- Não. Eu estou bem. Mas vi algo. – Lara sentiu as suas pernas tremerem. Num momento estava ali, no outro sentiu como se fosse transportada para outro sítio. – Vi a Gruta dos Malditos.
Alicia e Thomas arrepiaram-se, deixando os piratas sem perceber nada.
- Desde quando é que tens visões? – Jack arqueou uma sobrancelha. Lara não respondeu e encolheu os ombros. Nunca lhe tinha acontecido aquilo.
- Que local é esse? – Perguntou Will.
- Uma gruta aqui perto. Ninguém se atreve a lá ir. – Respondeu Thomas.
- Não depois do que aconteceu. – Sussurrou Alicia.
Os piratas tornaram a olhar confusos. "O que é que podia ser mais assustador do que um tesouro asteca amaldiçoado ou Davy Jones", pensaram.
- Reza a lenda que há mais de 100 anos houve um grande naufrágio. Não se salvou ninguém, ou pelo menos era o que se pensava. - Lara fez uma pausa. – Como foi numa noite de tempestade e o navio bateu no recife todos pensaram que a tripulação tinha morrido, mas metade desta tinha-se refugiado na gruta.
- Exacto. Só que ninguém os foi procurar. Apareceram alguns corpos na praia e deram-nos como afogados. – Alicia prosseguiu. – Como a tempestade não passava não havia maneira de saírem da gruta. Acabou por encher e morreram lá dentro. Anos mais tarde uns pescadores que por ali passaram encontraram os esqueletos.
- E a gruta ficou conhecida como Gruta dos Malditos, porque se dizia que em noites de tempestade se ouvia o murmúrio dos náufragos e quem se aventurasse lá dentro nunca mais era visto. – Completou Thomas.
- Mas claro que é tudo lenda e nada foi provado. Só os mais velhos é que falam nisso. – Lara riu.
- Mas ninguém lá vai pois não? – Jack sorriu enigmaticamente e Lara suspirou. Afinal estava diante de alguém que já tinha visto coisas que nem ao diabo lembravam.
- É verdade. Além do mais, há cerca de dois anos dois mergulhadores aventuraram-se até lá. – Alicia calou-se.
- E nunca mais foram vistos. – Rematou Thomas.
- E não devias duvidar Lara. Uma história de fantasmas é uma história de embalar ao pé do que vimos no passado! – Exclamou Alicia.
- Acho que a Lara viu para onde nos devemos dirigir. Talvez seja um recado da Calipso. – Aconselhou Elizabeth.
Todos concordaram e mais uma vez foi um caos para caberem no carro.
- Há alguém que está a mais. – Jack colocou um dedo no ar. – Como o almofadinha foi o último a chegar e não vejo qual a sua utilidade, pode ficar em terra!
- Não senhor. O Thomas vai e guia o carro. – Lara ordenou e deixou Jack bufando mais uma vez. – E se estás tão mal disposto eu vou à frente e…
- Não. Vais comigo. – Jack puxou Lara para cima de si, deixando Thomas intrigado. Sentia que algo lhe escapava e o que lhe começava a aparecer na cabeça era algo que não queria sequer acreditar.
- Não Jack. Eu devo ir na frente. – Lara saltou e entrou pela porta da frente. – Costumo enjoar atrás.
Thomas deu um leve sorriso e Lara correspondeu, deixando Jack com vontade de estrear a sua arma no século XXI, mas Will travou-o.
Thomas estacionou na zona mais deserta da praia. Dali até à gruta só era possível ir a pé. Decidiram caminhar à beira mar, evitando a zona de veraneantes. Mesmo assim, quando Jack e Will passaram, algumas garotas ficaram olhando aqueles homens que consideravam tão sexy. Um parecia um cowboy, o outro parecia uma estrela de cinema. Alicia deitava olhares de morte a todas que se dignassem a olhar na direcção do seu amado.
- Detesto praia. – Resmungou sentindo o braço de Will contornando a sua cintura. Will não prestava atenção às mulheres, mas não deixava de reparar em algum fio dental ambulante que passasse.
Já Jack sorria sedutoramente para todas as que passassem e já invejava não ter mulheres quase peladas desfilando pelos portos de Tortuga, Singapura e outros mais. Duas mulheres saradas, uma loira e outra de ascendência asiática passaram por si e admiraram-no sorrindo. Este retribuiu e rodou sobre si apreciando a vista. Mal se virou tinha Lara pregada à sua frente.
- Já te caíram os olhos? – Perguntou com ar bravo.
- A mim? Nem pensar. Ainda para mais com estes óculos da cor da noite à minha frente! – Jack deixou fugir um sorriso amarelo mas não convenceu Lara. – Love, o que é bonito é para ser mostrado!
- Concordo plenamente! – Lara sorriu trocista e despiu a t-shirt que envergava, ficando apenas com a parte de cima do biquíni. O sorriso de Jack desvaneceu-se e esta deitou-lhe a língua de fora, continuando a sua marcha.
Chegaram a uma parte de arriba onde a areia acabava e formava uma grande gruta escura. No entanto para lá chegar era preciso subir uma parte da arriba e alcançada a outra margem era preciso nadar até à dita gruta. Will subiu primeiro e ajudou Alicia e Elizabeth a subirem. Lara subiu mas a ajuda chegou em dois pares de mãos, Jack de um lado e Thomas do outro. Acabou por recusar ambas e subir sozinha, rolando os olhos divertida. Jack subiu logo atrás colando-se a esta e barrando o acesso a Thomas que ficou em último. "Talvez o feitio dele seja mesmo assim", pensou o loiro. Da outra margem, uma gruta enorme impunha-se na paisagem. Um a um nadaram até ao seu interior. Como a maré estava baixa, uma pequena praia tinha-se formado no seu interior. Olharam em volta. Não havia túneis, por isso resumia-se aquela pequena baía. Quando a maré enchia, era impossível alguém sobreviver.
- Ali! – Exclamou Elizabeth. Apontava para uma pequena abertura. – Talvez leve a outra galeria.
Caminharam até lá e verificaram que a abertura era tão pequena que só passariam um a um. Do outro lado podia ver-se uma claridade alaranjada. Thomas foi o último a passar e ficou atónito com o que se erguia à sua frente. Uma nova galeria mais pequena formava um pequeno charco transparente e era iluminada por uma abertura natural.
- Vocês aqui? – Uma voz conhecida fez as seis cabeças se voltarem. Barbossa apareceu seguido por Calipso.
- Começo a desconfiar do porquê de estarem sempre juntos em lugares apertados e remotos! – Exclamou Jack.
- Não sejas idiota Jack! – Exclamou Barbossa. – Decidimos investigar a gruta.
- Ela tem um passado negro. – Calipso passou as mãos pelas paredes.
- Foi por isso que nos chamou? – Perguntou Will.
Calipso ficou séria e confusa.
- Eu não chamei aqui ninguém. Pretendia trazer-vos cá mas só depois de vos dizer pessoalmente. – Explicou Calipso.
- Quer dizer que a visão que eu tive não foi obra sua? – Perguntou Lara.
- Visão? – Calipso ficou surpresa com a revelação. – Há quanto tempo tens estas visões?
- Há nenhum. Foi a primeira vez. – Lara começou a desconfiar da cara de Calipso.
- De certeza? – Calipso aproximou-se, tocou no ombro de Lara, arregalou os olhos e sorriu docemente. – A profecia está a concretizar-se!
- O quê? – Lara e Jack perguntaram ao mesmo tempo mas Calipso voltou costas.
- Nada de mais. Mais um dos meus devaneios. – Calipso apontou para um local e todos se aproximaram. – Alguém viveu aqui durante muito tempo!
No chão, alguns toros de madeira chamuscados indicavam que alguém tinha acendido uma fogueira. Uma pilha de cobertores estava encostada a um canto, assim como algumas roupas usadas. Mas foi um dos trajes que se parecia bastante com um uniforme que chamou a atenção de Will. Pegou no casaco e algo nos botões dos punhos o intrigava.
- São de ouro. – Comunicou.
- Porque é que alguém com uma fortuna dessas tinha de estar a dormir numa gruta? – Perguntou Thomas.
- Porque de certeza que anda fugido! – Exclamou Alicia.
- Não tens curiosidade em ver qual o símbolo presente nos punhos, Jack? – a pergunta de Barbossa era bastante venenosa, já que Jack estava completamente estático. Lara percebeu e pediu a Will o casaco. Passou a mão pelo símbolo e reconheceu-o.
- Companhia Inglesa das Índias Orientais. – Disse secamente.
- O que só confirma que quem esteve aqui é quem procuramos! – Calipso exclamou.
- Um funcionário da Companhia? – Indagou Alicia. – Não me parece.
- Alguns esqueletos presentes no Vértice eram da Companhia. – Disse Lara. – Talvez quem roubou a Fonte seja soldado ou mercador.
- Ou então arranjou o traje para se disfarçar. – Opinou Elizabeth.
- Preciso de apanhar ar. – Jack retirou-se e os presentes entreolharam-se sem perceber.
- Eu vou atrás dele. – Lara saiu.
- Há cicatrizes que custam a passar. – Comentou Calipso.
Lara encontrou Jack sentado na pequena praia olhando o horizonte longínquo e com a maior cara de enterro.
- O que é que se passou para saíres daquela maneira? – Lara ajoelhou-se à sua beira.
- Nada. – Jack respondeu secamente e passou a mão pela cicatriz do pulso direito em forma de P. Lara compreendeu então o porquê da má disposição de Jack.
- Ainda dói mesmo passado tanto tempo não é? – Perguntou colocando a mão no braço de Jack e chegando-se a este.
- Talvez agora não seja assim, mas antigamente os piratas eram sinónimo de maldade, de roubo e assassínio, de maus carácter. Os senhores perucas, pelo contrário, eram a imagem da justiça e da ordem. Tudo podiam e a razão estava do lado deles. – Jack endureceu o olhar. – Mas não existe maior corja à face da terra do que a Companhia Inglesa das Índias Orientais.
- Tenho a certeza que nem todos deveriam ser maus, Jack.
- Tens razão. Nem todos eram sacanas. Muitos eram até grandes homens de visão e de negócios. Mas quando lá trabalhei, e acredita que foi a pior coisa que me aconteceu, apanhei com o pior que podia haver.
- Pior que o Davy Jones? – Perguntou Lara.
Jack olhou para si e Lara sentiu aquele olhar de chocolate queimar-lhe a pele.
- Pior que o Davy Jones. – Confirmou.
Lara percebeu ali o quanto aquele capitão de quem se dizia ser o melhor dos sete mares devia ter sofrido enquanto esteve preso como castigo por querer ser livre. Envolveu-o num abraço e este beijou-a dum jeito delicado mas fogoso. Lara sorriu mas algo fez com que se ausentasse outra vez. Quando voltou a si tinha Jack abanando-a e chamando-a. Levantou-se ofegante e tentou controlar a respiração.
- Ficaste outra vez esquisita e acabas-te por cair para o lado! – Exclamou Jack com uma ruga de preocupação.
- Temos de voltar. – Lara deu por si a tremer. – A Grace corre perigo!
Continua…
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Atenção: a Gruta dos Malditos e a lenda associada são invenção minha. Qualquer semelhança com lendas populares é pura coincidência.
Espero que gostem!!! Saudações Piratas!!!
JODIVISE