Coração escrita por Dani Tsubasa


Capítulo 2
Capítulo 2 – Clã Shiba


Notas iniciais do capítulo

Segundo a pessoa que colocou essa fanart no Pinterest "We Heart It", quem a fez se chama Zahraa. Mas peguei essa imagem do Amino, porque no Pinterest ela tava cortada sei lá porque.



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Capítulo 2 – Clã Shiba

— Há muito que você ainda não sabe, Ichigo. Mesmo depois de todas as guerras que enfrentamos e tudo que você, sua obstinação e seus amigos conseguiram mudar na Soul Society após a guerra contra Yhwach há quase um ano. Talvez com o que vocês sabem agora seja óbvio porque estou vivendo aqui e não na Soul Society, mas proteger e casar com sua mãe não foi a única coisa que aconteceu.

— Depois de tudo aquilo ainda tem mais? Só falta me dizer que consigo me transformar em gato igual à Yoruichi.

Isshin riu.

— Você vem de muitas raças, filho. Mas não dessa.

Isshin ficou feliz ao ver Rukia rir, e sem ninguém saber a baixinha teve uma ideia para brincar com seu shinigami mais tarde, mas guardaria apenas para si mesma por enquanto.

— Me desculpe perguntar – ela disse – Mas isso teria algo a ver com a ameaça que Yhwach nos fez no fim da batalha? E o que Kaien teria a ver com vocês?

— Não. O que vou lhes contar é sobre o passado. E ele tem tudo a ver, Rukia.

Quando nenhum dos dois fez mais questionamentos, Isshin tomou um gole de seu chá e iniciou sua história.

— Como vocês já sabem, os Shiba perderam seu status de nobreza na Soul Society após uma série de acontecimentos, que se deram antes do que houve com Kaien.

— Você fala como se o conhecesse – Ichigo disse.

— Eu conheci. Um grande garoto. Conheci todos. Crianças maravilhosas, embora Ganju sempre tenha sido um pouco pentelho desde bebê – Isshin falou com um sorriso triste de saudade – Kuukaku era esquentada, mas tão inteligente. Kaien era um moleque que adorava brincar com os irmãos e se divertir, mas sempre teve uma dedicação admirável por tudo que gostava de fazer e por aqueles que queria proteger.

— Ganju ainda é pentelho – Ichigo falou – E Kuukaku ainda é assim.

— Se conhecem mesmo? – Rukia perguntou mais surpresa a cada revelação de Isshin – Há quanto tempo não se veem?

— Eu me encontrei rapidamente com eles durante a guerra. Espero poder visita-los com mais calma em algum momento.

O casal se entreolhou, pensando na ideia, antes de Isshin continuar.

— Kaien era tão parecido com você, Ichigo... Que fiquei assustado quando você nasceu, e depois que começou a crescer. Eu brincava que estava apenas esperando você manifestar os mesmos trejeitos dele pra me convencer de que era uma reencarnação, mas não foi assim. Vocês se parecem em muitas coisas, mas claramente são duas pessoas diferentes.

— Rukia disse a mesma coisa.

— Os dois tem a mesma cara emburrada quando se complicam tentando falar de um assunto sério.

— Sim, essa é uma das semelhanças – Isshin confirmou – E os dois dariam a vida sem hesitar pra proteger quem lhes é importante.

— Isso é a pura verdade – Rukia falou com tristeza – Felizmente essa cenoura ambulante é muito resistente.

— Achei que essa conversa era pra esclarecer alguma coisa e não pra me insultar.

— Viu?! – Isshin exclamou – É realmente a mesma cara emburrada, Rukia-chan!! – Ele apontou para Ichigo enquanto ria, e Rukia o imitou enquanto o ruivo mantinha sua expressão irritada.

Antes que Ichigo reclamasse novamente, os dois se acalmaram e Isshin continuou.

— Como vocês já sabem, eu perdi o meu posto na Soul Society quando decidi proteger sua mãe Ichigo. Selar o hollow dentro dela já foi uma decisão difícil em muitos sentidos. Ela ser uma quincy era um motivo extra, e dos grandes, pra virem atrás dela e de quem mais ajudasse quando descobrissem o hollow. Urahara já estava aqui, e ajudou, inclusive me fornecendo um gigai pra que eu pudesse viver aqui com ela. Mas há algo importante que você ainda não sabe.

— Achei que tudo tivesse sido revelado na guerra. E o que isso tem a ver com o ponto principal da nossa conversa?

— O rei quincy não lhe contou tudo, Ichigo. Inclusive porque essa informação não era importante pra os objetivos dele com você, pelo menos não naquele momento. Sabe, filho... Por muito tempo eu tive esperança de que vocês poderiam viver suas vidas normalmente, sem nunca precisarem se envolver com o mundo espiritual até morrerem. Embora uma voz gritasse no fundo da minha consciência de que eu estava errado, porque isso está no seu sangue e no seu destino. Rukia se culpou muito quando vocês se conheceram por ter mudado seu destino, e isso é mais uma coisa que eu peço desculpas por não falar antes, mas você não fez isso, Rukia. Ia acontecer de um jeito ou de outro. E felizmente aconteceu através de você. Você faz muito bem a todos nós, e ter cruzado o caminho de Ichigo foi uma benção. É muito gratificante ter você na nossa família agora.

Rukia abriu um enorme sorriso, que inundou seus olhos de alegria, fazendo Ichigo sorrir como um bobo a olhando. Ele sempre quis que ela ficasse em paz com isso.

— É muito bom ouvir isso – ela disse – E posso dizer o mesmo.

Isshin sorriu em resposta antes de continuar.

— Quando eu e sua mãe decidimos nos casar, tomamos uma decisão. Provavelmente não duraria pra sempre, mas dificultaria nos encontrarem aqui. E foi o nome dela que escolhemos pra identificar nossa família.

Ichigo arregalou os olhos.

— Então... Kurosaki é o nome da mamãe?

— Sim.

— Mas... Ela era uma quincy! Isso não dificultaria protegê-la?

— Não. Os shinigamis tem registros dos nomes de outros shinigamis, de indivíduos que já se relacionaram com a Soul Society de alguma forma, e de humanos que apresentam energia espiritual anormalmente elevada, mas não de outras espécies como os quincies. Eles os encontravam rastreando suas energias, mas jamais chegaram a saber os nomes de sequer um décimo deles.

— O que tinha de errado com o seu nome então?

— Eles passaram a me considerar um inimigo com o que fiz, e antes que algo realmente ruim acontecesse, decidimos sumir aqui no mundo humano. Outras coisas envolveram nossa família nesse período, mas essa foi o que tirou nosso status de nobreza na Sereitei.

Dessa vez tanto Rukia quanto Ichigo ficaram boquiabertos.

— O nii-sama... Ele já chegou a falar de uma família nobre deserdada. Antigamente eram cinco. Mas quando perguntei ele só disse que essa história estava morta e nunca mais tornou a falar nesse assunto.

— Eu não culparia, Byakuya. Provavelmente ele nem podia. Vocês sabem como são as regras, embora algumas tenham sido mudadas, revistas e flexibilizadas após a morte do velho Yamamoto. E graças ao seu apelo a Kyouraku, Ichigo.

— E você poderia estar nos contando isso agora sem começar outra guerra? – O ruivo quis saber.

— Aqui não interessa se posso ou não, é seu direito saber. E de Rukia também. E agora que todos estão esclarecendo muito do que foi escondido por eras, já é hora disso também ser dito. Mesmo porque não vai mudar muita coisa. Se fosse mudar, teria acontecido nessa guerra. Houve quem tentou.

— Karin e Yuzu podem saber disso também?

— Um dia. Elas estão crescendo e lidando bem com tudo que passamos, mas acho que devemos lhes dar um pouco mais de tempo. Saber o que realmente aconteceu agora ainda seria muito pesado pras duas, especialmente pra Yuzu. Então espero poder contar com vocês dois pra continuar guardando o que aconteceu na guerra e nessa conversa por enquanto.

Os dois assentiram.

— Chega de enrolação – Isshin falou com um olhar mais sério, se preparando para revelar o que quer que fosse – Sua mãe se chamava Masaki Kurosaki, e eu, Isshin Shiba.

Ichigo ou Rukia poderiam dizer muito sobre isso, mas ficaram mudos por bastante tempo encarando Isshin com surpresa.

— Esse é o motivo, filho, de você ser tão parecido com Kaien. Sabia que há muitas histórias de primos que se parecem mais entre si do que com os próprios irmãos? Alguns parecem até gêmeos, como você e Kaien.

— Quer dizer que isso também me faz primo de Ganju?! – Ichigo perguntou indignado, fazendo Isshin rir e Rukia ficar pasma.

— De todos os motivos pelos quais isso é surpreendente, a primeira coisa que você consegue pensar é que é primo de Ganju?!

— Não é no seu pé que ele pega, baixinha!

Quando Isshin conseguiu parar de rir, ele sorriu.

— Vocês são parecidos nas implicâncias – ele disse, o que Ichigo não conseguiu contestar.

Mas seus dilemas com Ganju não eram importantes agora que ele estava olhando para Rukia, tentando descobrir como saber disso a afetava. A pequena shinigami tinha um olhar perdido, que parecia refletir mil emoções misturadas.

— Você é primo dele... – ela murmurou – Eu cruzei o seu destino muito antes de você existir, Ichi – ela lhe disse, encarando-o com intensidade.

— Eu também não esperava por isso – o ruivo falou, segurando sua mão por baixo da mesa.

— Isso prova que a família Shiba Kurosaki, entre seus vários talentos, também é perfeitamente capaz de criar um drama digno para bons doramas! – Isshin falou.

— Pra onde foi a seriedade que você tinha há cinco minutos?! – Ichigo perguntou enquanto Isshin ria.

— Mas ele tem razão, Ichigo – Rukia falou escondendo um risinho – Isso foi igualzinho às novelas dramáticas que Orihime e Yuzu gostam de assistir de vez em quando.

— Masaki também gostava – Isshin tornou a falar – Ela era muito parecida com sua amiga, por sinal. E também tinha poderes de cura.

— Ela tinha? – Ichigo perguntou surpreso.

— Sim. Eu fiquei muito ferido uma vez, mas ela me curou.

Os dois não fizeram questionamentos, já sabendo que Masaki, além de quincy, era uma fullbringer, embora não tivessem detalhes sobre suas habilidades.

— O seu nome é nossa história, Ichigo. Eu sempre lhe disse que seu nome significa aquele que protege, ou uma junção do número 1 com a palavra guardião, ou com o número 5. Mas também... Ichi pode significar grande prêmio, e go, anjo da guarda. Eu e sua mãe nos aproximamos muito quando me decidi a protegê-la de tudo que estava acontecendo. Ela dizia que eu era seu anjo da guarda. E por tudo que mudou na vida que eu tinha, ela foi meu grande prêmio. Achamos que nosso primeiro filho não podia ter um nome mais perfeito que esse. E a cor do seu cabelo ser parecida com a dela foi mais um acerto. Você sabia que cabelos em tons claros de ruivo são classificados em tabelas de cores como strawberry blond?

— Rukia já tinha me dito isso, mas achei que era só pra me provocar.

— Mas era mesmo.

— Ora, sua anã...!

Ela riu, mas não o deixou continuar.

— Sua história é linda, Ichi – ela disse – Apesar de ter tanta tristeza envolvida no início.

— Tristezas que nos trouxeram aonde estamos hoje, Rukia – Isshin falou com um sorriso calmo e sincero – E estamos todos felizes agora.

— Me desculpe... Você... É tio dele. Eu nunca soube disso.

— Ei... – Isshin a chamou com o mesmo carinho que usava com Ichigo, Karin e Yuzu – Nenhum de nós quer que você viva se culpando por isso, Rukia. Nunca quisemos. Quando aconteceu... Kuukaku não achou importante me dizer quem foi. Ganju estava muito abalado com isso. E não era mesmo, nós compreendemos perfeitamente o que houve. Quando ela me disse como Ganju reagiu ao reencontrar você, eu fiquei preocupado... Mas achei que seria melhor deixar vocês lidarem com isso. Já tinham idade suficiente pra tudo que estavam enfrentando afinal. Nós jamais iremos culpa-la, até Ganju gosta de você agora.

Isshin fez uma pausa, sentindo a reiatsu de Rukia se agitar e a de Ichigo ficar em alerta, mas ele tinha que dizer.

— Kaien teve uma vida boa, e feliz. Pode ter acabado inesperadamente, mas ele foi muito feliz. E tendo a chance de conviver com você, quem não seria? – Isshin falou sorrindo para a pequena – Quando se tornou shinigami, ele sabia que aquele podia ser seu destino. Mas ele viveu, intensamente, e eu acho que você pode comprovar isso melhor do que nós. Nem sempre há uma saída quando certos hollows entram no jogo, e sabendo disso, ele deu a vida que ainda tinha pra salvar você e todos que ainda estavam vivos, e eu tenho certeza que esse foi um dos grandes motivos de ele morrer sorrindo. Se eu tivesse morrido em uma das guerras que enfrentamos, eu morreria tranquilo sabendo que vocês estão bem. Assim como Masaki se foi em paz, sabendo que você estava bem, meu filho. Isso é tudo que nós queremos quando protegemos alguém, mesmo sabendo que nossa morte deixará um ferimento no coração daquela pessoa. Desde que ele continue batendo, podemos partir em paz, deixando o nosso com essa pessoa.

Olhando para seu filho, agora mais alto e um pouco mais velho do que anos atrás quando Rukia tinha aparecido em Karakura, Isshin pode ver mais uma vez o quanto seu garoto ficara forte, quando ele não teve medo de chorar ao mesmo tempo em que puxava Rukia para um abraço, deixando-a chorar junto com ele. Levantando-se de onde estava, o shinigami mais velho caminhou até os dois, repousando suas mãos no topo da cabeça de cada um num afago suave.

— Eu quero que vocês dois tenham certeza, e guardem a informação, de que todos nós... Os Kurosaki, os Shiba, os Kuchiki, e quem mais for responsável pela existência de vocês, estamos todos orgulhosos de quem se tornaram, e felizes por estarem vivos. Ela diria o mesmo se estivesse aqui – ele falou olhando para o pôster de Masaki – E Kaien também.

******

— Ei...

Rukia se virou para olhar para Ichigo quando o ouviu chamando baixinho no corredor. As luzes da casa estavam já quase todas apagadas e Isshin e as gêmeas já dormiam. Rukia caminhou até o shinigami na escuridão, parando de frente para ele enquanto se encaravam, ambos já prontos para dormir.

— Você está bem?

— Eu é quem devia perguntar isso a você. Tudo que seu pai nos contou hoje... Eu acho que foi muito mais chocante pra você do que pra mim. E... Ele era seu primo, Ichigo.

Ele ficou feliz por ela não dizer eu matei seu primo. Estava na hora de Rukia encontrar um caminho para fora daquela dor, especialmente porque, de fato, ela não tinha matado Kaien, foi só o que lhe pareceu ter acontecido naquela noite de desespero. E agora ela era da família dele também.

— É, foi... Mas eu nem sabia disso. Eu nem o conheci. E por favor, eu não quero você se culpando por isso também. Eu gostaria de tê-lo conhecido, se você e papai dizem que era uma pessoa tão boa, eu tenho certeza que é verdade. Mas não aconteceu, e podia ainda não ter acontecido por infinitos motivos. Assim como infelizmente você não pode conhecer minha mãe, e nenhum de nós dois podem conhecer sua irmã. E algo que levei muito tempo pra entender, Rukia, é que nossa dor só lhes levará tristeza, aonde quer que estejam, e que a melhor forma de os honrarmos é vivendo da melhor forma que pudermos. Então... Você está disposta a criar um novo caminho comigo? – Ichigo perguntou com um sorriso, estendendo a mão para ela.

                Quando as palavras dele penetraram em sua mente, ela sorriu, e segurou a mão dele com as suas.

                - Não me faça chorar de novo.

                Ichigo riu baixinho e se inclinou para alcançar seus lábios. Os dois pares de olhos se fecharam e se demoraram num beijo calmo e cheio de afeto. Quando se afastaram, Ichigo beijou sua testa e depois sua mão que ainda estava na dele.

                - Amanhã vamos planejar uma visita a meus primos perdidos.

                Ela riu.

                - Não estavam perdidos, só ocultos.

                - De qualquer forma, nós vamos. Vá dormir, e não chore mais.

                Rukia sentiu o amor que tinha por ele explodir em seu peito e se jogou em seus braços. Ichigo ficou surpreso, mas a abraçou de volta com a mesma intensidade, enterrando o nariz em seus cabelos negros.

— Eu te amo.

— Eu também, baixinha – ele disse beijando sua bochecha e a devolvendo ao chão, sorrindo para ela enquanto ela sorria de volta e se afastava.

Quando Rukia desapareceu no corredor e Ichigo ouviu a porta do quarto de suas irmãs ser cuidadosamente fechada, ele se virou para seu próprio quarto, vendo Kon correndo em sua direção.

— Nee-san!!! Eu tive um pesadelo horrível! As irmãs do Ichigo me vestiram com aquelas roupinhas de boneca de novo e ainda pintaram minhas unhas... – ele se calou quando Ichigo o agarrou pela cabeça e entrou no quarto, fechando a porta atrás dele.

— A Rukia já foi dormir. Ela teve um dia difícil, de jeito nenhum você vai perturbá-la hoje. E ela está dormindo com minhas irmãs. Quer mesmo correr direto pro quarto onde estão seus pesadelos. Você sabe que Karin tem sono leve.

Ouvindo isso, Kon pareceu refletir, e finalmente parou de se contorcer na mão de Ichigo e tentar correr sem sair do lugar. O shinigami o soltou e Kon caiu sentado na cama.

— Ela está bem?

— Sim. Bem melhor agora. Vamos levar um tempo pra absorver tudo que descobrimos hoje, mas vai ficar tudo bem.

— E que história é essa de visita? Vocês vão pra Soul Society?

— Vamos. Embora eu ainda não saiba quando. Mas vão ser só uns dois dias. Estamos com licença pra trabalhar aqui no mundo humano por mais algumas semanas antes de precisarmos ficar um tempo lá. Então enquanto eu estiver fora é melhor você se comportar e cuidar direito do meu corpo e da minha reputação, ou vou retalhar você.

— Ichigo, você é muito malvado, cara!! Eu já aprendi a lição faz muito tempo!! – O leão de pelúcia reclamou chorando.

— Mas sendo você, não custa reforçar. Esses dois dias vão ser muito importantes pra nós, especialmente pra ela. É o fim de um ciclo difícil que durou muito, muito tempo. Ela vai ser mais feliz agora. Todos nós vamos.

Kon ficou pensativo, tomando a decisão sensata de esperar até o dia seguinte para saber dos detalhes, e sorriu. Ele realmente gostava de Rukia. Ela o manteve vivo depois de todos os problemas que ele causou quando se conheceram, e nunca esqueceria disso.

Minutos mais tarde, quando Kon já dormia no armário, uma vez que Rukia não ficava mais nele, Ichigo se virou na cama para olhar a janela, pensando outra vez em tudo que tinham conversado com Isshin, e em muito do que tinha passado junto com Rukia desde a primeira vez que se viram, e no quanto era irônico que justamente a família de Kaien Shiba, incluindo agora o próprio Ichigo, foi quem a salvou da execução, junto com vários amigos ajudando também, claro. Como se fosse um presente do destino, um consolo para aquela dor tão distante, um presente da consideração que Kaien tinha por Rukia, e ela por ele, ainda que nenhum deles tivesse ideia naquela época de que mesmo após a morte de Kaien seus destinos tornariam a convergir.

— Onde você e Hisana estiverem... – ele murmurou fitando as estrelas – Por mais forte e independente que Rukia seja agora, eu vou cuidar dela.

Posicionando uma das mãos embaixo do travesseiro, ele sentiu algo parecido com uma folha de papel ali e ergueu-se para verificar, desdobrando-o e encontrando um dos desenhos estranhos de Rukia.

— Quando foi que aquela anã fez isso e se esgueirou pra cá sem eu ver?

O desenho mostrava um gato de cabelo ruivo vestido de shinigami e deitado numa cama com lençol estampado com morangos. Ao lado do desenho uma nota de Rukia: Bons sonhos, Ichigo. Seu nome estava escrito com os mesmos ideogramas da palavra morango, e embaixo do bilhete o desenho de uma coelha vestida de shinigami com o cabelo igual ao da própria Rukia. Ele riu, sentindo o peito aquecer com seu amor por ela.

— Só você. Caprichou hoje, baixinha – falou ainda observando o desenho.

Dobrou o papel de novo e o devolveu para onde estava. Voltando a se deitar, e sentindo-se em paz, ele adormeceu.


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