[JANEIRO]

Rose mal conseguiu acompanhar a velocidade com que o primeiro mês do ano se passou. Todos os dias, dedicou-se a escrever, alterar ou excluir mais um ou dois parágrafos de seu último conto, empenhada a terminá-lo antes de se encontrar com os pais em Hogsmeade, onde ela estava naquele momento. Sentada ao lado de Scorpius em uma das mesas da casa de chás de Madame Puddifoot, Rose aguardava, ansiosa, para ouvir a opinião de seus pais. Ronald e Hermione estavam sentados à frente dos mais novos, finalizando a leitura do último conto que Rose havia escrito para o irmão.

— Eu escrevi antes de acontecer - explicou ela, nervosa - Bem antes. Não consegui ler outra vez por anos até o início desse mês, então reescrevi. De novo, quer dizer.

— Rose, relaxa - pediu Scorpius, sussurrando no ouvido dela - Espera eles lerem.

— Se afaste - pediu Ronald sem ao menos olhar para os dois, concentrado na leitura.

Hermione não movia um músculo; Rose apenas acompanhava o movimento de vai e vem dos olhos da mãe. A ruiva reescreveu o conto de João e Maria, direcionando o foco da história apenas para a relação entre os dois irmãos. Escreveu sobre o cuidado, o amor e a preocupação entre os dois, além da disposição que tinham em morrer um pelo outro. Havia dado tudo de si naqueles parágrafos e pensou em mantê-los guardados, mas Scorpius lhe incentivou a pensar melhor.

Seus pais também precisavam daquilo.

— Rose, isso é… - começou Hermione, sentindo os olhos lacrimejarem ao chegar ao final - Obrigada.

— Muito bom, garota - disse Ronald, piscando para a filha e socando o punho contra o dela.

Animada com a reação dos pais, Rose sorria sem parar. Hugo iria gostar daquela cena.

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[FEVEREIRO]

Era o segundo fim de semana em família que Rose enfrentava. Scorpius não estava com eles dessa vez; a pedido dela, seus pais a acompanharam em uma visita ao cemitério onde Hugo estava sepultado. Deixando algumas poucas lágrimas caírem por seu rosto, Rose dobrou o pergaminho onde havia escrito seu conto e o selou com um feitiço, abaixando-se em frente à lápide do irmão.

Ronald e Hermione estavam em silêncio, observando enquanto Rose cavava uma pequena porção de terra com a ajuda da varinha e enterrava a dobradura ali dentro, cobrindo o espaço novamente antes de se afastar, sussurrando um adeus para o irmão. Apontando a varinha para o local onde havia enterrado sua história, Rose girou-a no sentido horário e levantou a voz, empenhada com o sucesso do feitiço.

— Rosoideae!

Logo em seguida, suspirou ao sentir o braço do pai ao redor de seus ombros. A rosa floresceu e ficaria assim permanentemente, criando suas raízes junto de Hugo. Assim como Rose.

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[MAIO]

O vento fazia os cabelos de Rose balançarem conforme ela voava de um lado para o outro no campo, atenta à goles que passava de mão em mão durante o último jogo de quadribol da temporada. Vez ou outra, conferia Roxanne na corrida pelo pomo de ouro, voando com pressa ao lado de Scorpius. Evitava ao máximo qualquer distração e nem ao menos comemorava muito quando driblava Luke, artilheiro da Sonserina, e atirava a goles contra o gol protegido por Albus. Chegou a fazer algumas manobras perigosas na vassoura a fim de distrair os jogadores da casa das cobras, conseguindo mais alguns pontos para Grifinória.

Apesar de tudo isso, o jogo não foi nada fácil. Luke era ligeiramente mais rápido do que ela e Portia e Ilina Crane, as outras duas artilheiras sonserinas, voavam quase em sincronia com ele. Albus era impressionante na defesa, impedindo várias goles de atravessarem os aros atrás dele.

Por sorte, Rose havia montado sua equipe com muito cuidado: Edmund Brown e Evan Taylor eram batedores excepcionais e atiravam os balaços contra os artilheiros e apanhadores de outros times com muita precisão, além de defenderem Roxanne com afinco. Alissa Wood e Daniel Hastings ocupavam a posição de artilheiros junto da capitã e realizavam cada uma das manobras com maestria.

Já estava no céu há horas, desviando dos balaços que Jade Fitz e Garret Werner rebatiam em sua direção quando finalmente ouviu o apito que anunciava o fim da partida. Alguém havia alcançado o pomo de ouro.

Ao olhar para cima, não conteve o grito que se fez em sua garganta ao ver fogos de artifício vermelhos e dourados explodindo pelo céu, enquanto Roxanne sacudia o pomo dourado em sua mão. Em seu último ano em Hogwarts, a capitã Rose Granger-Weasley marcou sua posição entregando a Taça de Quadribol para a Grifinória.

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[JUNHO]

NÍVEIS INCRIVELMENTE EXAUSTIVOS DE MAGIA

ROSE JEAN GRANGER-WEASLEY

Matérias obrigatórias 

Astronomia: ACEITÁVEL

Defesa Contra as Artes das Trevas: ÓTIMO

Feitiços: ÓTIMO

Herbologia: EXCEDE EXPECTATIVAS

História da Magia: ÓTIMO

Poções: EXCEDE EXPECTATIVAS

Transfiguração: EXCEDE EXPECTATIVAS

Matérias opcionais

Estudo das Runas Antigas: EXCEDE EXPECTATIVAS

Matérias extracurriculares

Teoria da Magia: ÓTIMO

APLICAÇÃO: INOMINÁVEL - CÂMARA DO TEMPO DO DEPARTAMENTO DE MISTÉRIOS

RESULTADO: APROVADA

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NÍVEIS INCRIVELMENTE EXAUSTIVOS DE MAGIA

SCORPIUS HYPERION MALFOY

Matérias obrigatórias 

Astronomia: EXCEDE EXPECTATIVAS

Defesa Contra as Artes das Trevas: EXCEDE EXPECTATIVAS

Feitiços: ÓTIMO

Herbologia: ÓTIMO

História da Magia: EXCEDE EXPECTATIVAS

Poções: ÓTIMO

Transfiguração: ÓTIMO

Matérias opcionais

Alquimia: ÓTIMO

Matérias extracurriculares

Estudos Avançados de Aritmancia: ACEITÁVEL

APLICAÇÃO: MEDIBRUXO - HOSPITAL ST. MUNGUS PARA DOENÇAS E ACIDENTES MÁGICOS

RESULTADO: APROVADO

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— Parabéns, baixinha - disse Ronald, abraçando a filha no dia de sua formatura - Sabia que conseguiria. Já vão começar a me perguntar sobre você no Ministério.

Rose sorriu, agradecendo pelas congratulações. A cerimônia de formatura havia acabado, dando início às festividades. Enquanto Scorpius compartilhava com os pais o resultado obtido em seus testes, Rose mostrou seus boletins e sentiu-se confortável em expor o quanto estava contente em ter sido aprovada para a capacitação na Câmara do Tempo, avisando aos pais que precisaria se ausentar por conta do treinamento recluso.

Seu pai estava acostumado com esse objetivo da filha, mas a ruiva não fazia ideia de qual seria a reação de Hermione. Durante o semestre, chegaram a se encontrar diversas vezes ao mês e, em quase todas elas, Rose tentou defender sua escolha enquanto Hermione parecia irredutível em tentar proibi-la de atuar no Ministério.

Por anos, desejou ter mais tempo com o irmão. Quando o perdeu, parecia que tudo passava mais devagar, mantendo-se em constante agonia. Ela já havia, inclusive, pensado em roubar o antigo vira-tempo de sua mãe a fim de conseguir alguns minutos com seu irmão mais velho, mas não teve coragem.

Nunca quis ser jogadora de quadribol profissional, como seu pai defendia que deveria, e muito menos uma medibruxa, como sua mãe tanto sonhava; eles diziam que eram profissões suficientemente seguras e proibiram Rose de ao menos pensar em ser uma auror ou coisa parecida. Ela já havia considerado ser jornalista por ser o que todos esperavam dela, mas Rose queria algo diferente. Desde pequena, sempre foi atraída por tudo aquilo que não conhecia, que não podia controlar. Queria entender como e porque as coisas aconteciam quando aconteciam. Rose queria ver de perto como o tempo funcionava, então sua escolha parecia a mais lógica.

Hugo sempre suspeitou que era isso que Rose queria e ela esperava que sua mãe já tivesse compreendido àquela altura. Nervosa, afastou-se de Ronald enquanto esperava o veredicto de sua mãe que, cabisbaixa, parecia apenas preocupada.

— Hugo ficaria orgulhoso - disse Hermione, finalmente, afastando algumas lágrimas de seus olhos - Eu estou.

Não teve outra escolha senão abraçar sua mãe, apertado, como não fazia há algum tempo. Até mesmo agradeceu, prometendo que tomaria cuidado. Alisou o vestido verde escuro e brilhante que usava, aproximando-se dos primos na mesa ao lado. Estava rindo das conversas de Albus e James Sirius quando Scorpius apareceu, cumprimentando a família dela antes de afastá-la dali.

— Por favor, dance comigo - pediu ele, já puxando Rose pela mão até estarem no centro do salão - Minha mãe já está nostálgica e começou a me irritar.

— Ela vai sentir saudades - defendeu Rose, abraçando-o enquanto se movia pela pista - Você vai passar bastante tempo longe de casa.

— E você também, mas seus pais não estão te enchendo a paciência - reclamou Scorpius - E, devo dizer, não gosto nada dessa história de “treinamento recluso”. Como espera que eu consiga me concentrar nas tarefas do hospital sem saber onde você vai estar?

— É porque meus pais trabalham no Ministério e vão acabar me vendo de qualquer jeito - lembrou Rose, rindo das caretas do loiro - E, além do mais, se eu me machucar, me levam direto para o St. Mungus.

— Isso ajuda um pouco, mas por favor - implorou Scorpius, abraçando-a com mais força - Por favor, não se machuque.

— Não prometo nada - brincou ela.

— Ei - chamou ele, depois de algum tempo em silêncio, fazendo-a sorrir - Você está linda hoje.

Logo em seguida, Scorpius elogiou seu sorriso antes de beijá-la, despreocupado com o restante dos convidados. Cada vez que se beijavam era diferente: Rose estava sempre mais entregue, mas disposta a tê-lo por perto. Seu corpo pedia pelo toque dele e se arrepiava com o riso do Malfoy em seu ouvido. Pela primeira vez em muito tempo, Rose estava genuinamente feliz.

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[DEZEMBRO]

Por diversos meses, Rose se dedicou a sua família, seus amigos, a Scorpius, seu treinamento de Inominável e, especialmente, ao seu livro. Depois de noites acordada, registrando cada palavra de sua própria história, Rose finalmente se deu por satisfeita. Com cuidado, deslizou as mãos pela capa marrom, escura, circulando os detalhes dourados com a ponta de seus dedos. Ao abri-lo, observou o que havia escrito na última frase e mudou de ideia, passando um risco por cima dela com a ajuda de uma pena.

Lembrando-se de todos os problemas que encontrou em seu caminho, teve consciência de que ainda precisaria lidar com vários outros pelo resto de sua vida. É normal, pensou ela, sorrindo ao encontrar uma forma ainda melhor de encerrar seu livro. Com cuidado, registrou aquele último pensamento no fim da página antes de guardar o livro no fundo do armário em seu quarto. Apagou as luzes, fechou a porta e, ainda pensando em contos de fadas, sorriu.

E viveu (quase) feliz para sempre.