Gc Revolution - A saga dos 12 escrita por Diego Farias


Capítulo 4
Legado


Notas iniciais do capítulo

Em comemoração das 300 visualizações, eu resolvi postar o capítulo 4.
Será o primeiro capítulo que mostra o background dos garotos e as primeiras impressões depois da morte do Pastor. O capítulo também fala um pouco da mitologia da história! Vocês vão adorar....

E tem mais novidades nas notas finais ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/801858/chapter/4

  Eu conheci o pastor naquela noite chuvosa e caótica. Você deve estar se perguntando: “O que você fazia lá?”, mas essa é uma história que eu contarei depois. Em um outro capítulo ou quem sabe em outro livro.

  O que importa é que naquele dia, pela primeira vez na minha vida, eu não tinha feito nada errado ou tinha um problema, como costumavam me dizer. Ele acreditou de primeira que eu não havia colocado fogo naquela casa ( pelo menos não intencionalmente) e ainda se disponibilizou para me explicar o que aconteceu e como eu poderia controlar aquela habilidade.

  Eu acordei com ele sorrindo para mim. Mesmo sem conhecê-lo, dei a mão a ele e fomos juntos até a saída. Os bombeiros abriram caminho para ele e eu fiquei tentando me lembrar se ele era um cantor famoso, algum político ou qualquer pessoa muito importante, mas não. Ele era apenas um pastor.

  ― DIEGO! ― alguém me gritou e eu vi que um menino descia a rua às pressas. Ele era magro, negro e estava encharcado de suor. ― Quem é você? E pra onde vai levar ele?

  ― Tá tudo bem, Felipe! ― eu larguei a mão do pastor e corri até o meu irmão. Eu abracei ele com todas as minhas forças. ― Eu achei que eles estavam com você! Que iam te machucar!

  O pastor pigarreou e eu entendi que estava na hora de ir. Felipe foi me seguindo com o olhar de nítida desconfiança. Ele me assistiu entrar no renault clio e descer a rua de ré. Lá em baixo, era onde eu morava e moro até hoje. Uma casa de três andares, sendo embaixo a garagem, em cima a casa e o terraço. A rua Austragésilo era próxima a uma comunidade carente no bairro de Inhaúma.

  Quando chegamos a minha casa, as luzes da sala estavam acesas e a portão aberto. Minha mãe estava na porta e ficava olhando para os lados, provavelmente a minha procura. O pastor desceu e abriu o seu guarda-chuva para que nos protegesse da chuva que acabara de cair. Ao me reconhecer, ela saiu correndo ao nosso encontro, debaixo da chuva e me puxou para perto de si, rapidamente. Ela analisou o pastor rapidamente e pareceu tê-lo reconhecido.

  ― Ele fez algo, pastor? ― foi aí que eu concluí quem era. ― Pode me dizer para que eu possa corrigí-lo.

  ― Muito pelo contrário! Eu tive de protegê-lo. ― ela arregalou os olhos. ― Teria problema se eu entrasse cinco minutos? Seu marido está?

  ― Ele acabou de chegar! Claro que pode, acabei o jantar agora.

  Todos entramos e depois daquele dia, o pastor Mayton jamais saiu da minha vida. Pelo menos, até essa semana.

  Pelo terceiro dia consecutivo, eu assistia o dia amanhecer sem um pingo de sono. Nem bebia mais café com medo dele fortificar a insônia, mas não fazia diferença. A boa notícia foi que as lágrimas secaram depois do terceiro dia, desde que voltamos do Egito.

  Eu me pus de pé e desci para comer. Ainda havia iogurte na geladeira e alguns bolos em potes dentro do microondas, mais um dia sem cozinhar. Oba!

  Meus pais? Depois do encontro deles com o pastor, nós começamos a nos envolver com a sua igreja e seis anos depois, eles se tornaram grandes missionários e sempre estão viajando, falando do amor de Deus para a Via Láctea.

  ― Ah, não! ― o choro milagrosamente voltou ao meu rosto, quando vi que ele havia aparecido de novo. ― Por que não me deixa em paz?

  Já deveria ser a décima vez que aquele dispositivo amaldiçoado e nada sagrado surgia em cima da mesa da cozinha. Eu jurei a mim mesmo que eu não seria mais um discípulo lendário. Eu não tenho a melhor vida, mas eu quero continuar com ela.

  Eu o joguei numa lixeira no Cairo e ele reapareceu dentro da minha mochila. Depois joguei pela janela do uber já aqui no Brasil e na hora de pagar a corrida, o motorista disse que eu o havia esquecido em cima do banco. Cheguei em casa, o joguei na privada e dei descarga, ele surgiu dentro do meu guarda-roupa e etc... Esse é o aparelo sagrado mais teimoso da face da Terra.

  ― Felipe! ― eu vi a chamada no visor do miracle.

  Desde que saímos da pirâmide, eu e ele não trocamos uma palavra sequer. A saudade do pastor já era terrível de suportar, mas essa distância do meu irmão era ruim de mais. Eu notei que ele ficou chateado por eu não ter dado o miracle à ele, mas ele deveria me agradecer! Eu quero que ele continue vivo.

 ― Felipe, eu...

 ― Diego! ― era uma voz feminina. Uma voz que me fez gelar. ― Você vem hoje, não é? Ele gostaria que você estivesse aqui. Ele te amava.

 

  O pastor era um líder de alto calibre dentro da Instituição. Por isso, seu velório foi marcado para hoje. Viriam discípulos de todo mundo para o seu cortejo, inclusive o líder do meu líder.

  Eu joguei o miracle em cima da mesa e fui tomar um banho. Pelo visto, eu não conseguiria escapar do olhar de pena de milhares de discípulos e ovelhas.

  Os veículos buzinavam enlouquecidamente. A avenida automóvel clube estava parada pela gigantesca carreata que cortejava o caixão vazio do meu líder. Nós - os sobreviventes íamos em cima de um trio-elétrico ao som dos louvores favoritos dele. Felipe estava do outro lado e não me olhou em momento algum. Eu decidi mudar de lugar e me misturar às famílias dos meus outros irmãos que também pereceram durante aquela luta.

  ― Você está bem, Diego? ― perguntou Igor.

  ― Uma hora vou, magrelo! ― ele se achegou e me abraçou forte.

  Eu olhei para trás e acabei sorrindo, vendo todos aqueles carros, cujo motoristas agitavam bandeiras, sopravam vuvuzelas e os foliões que iam a pé, soltavam fogos. Esse era o sonho dele. Esse era o jeito que ele queria se despedir de nós.

  Os cívis nos xingavam sem saber do livramento que receberam. Os discípulos lendários são uma instituição milenar que acompanha a humanidade e tem como objetivo conter o domínio das doze regências até a chegada do apocalípse bíblico. Tudo isso nas sombras. Tudo dentro de uma sociedade secreta chamada: Igreja.

  De quatro em quatro gerações, as regências do bem e do mal renascem nesse mundo e a humanidade sofre grandes consequências. Pessoas como Adolph Hitler, Madre Tereza de Calcutá, George W. Bush, Napoleão, Martin Lutero, etc.. São exemplos de pessoas que serviram as suas regências, sejam elas do bem ou do mal, e guiaram a humanidade para um tempo de mudança.

  Por isso, ninguém chora ou cria um ambiente triste para a morte de um discípulo lendário. Acreditamos que a morte com Cristo tem como galardão a vida eterna. O pastor está onde deveria estar e cabe a alguém continuar o seu ministério.

  ― Droga! ― senti o miracle em meu bolso.

  Eu peguei aquele objeto que eu tanto desprezava e pensei em jogá-lo longe ou quem sabe dá-lo à alguém, mas quando dei por mim, Felipe estava na minha frente e alternava o seu olhar entre mim e o dispositivo.

  ― Eu não quis falar com você essa semana, porque eu imaginei que estivesse tão mal, quanto eu.

  ― Eu precisava de você. Você é o meu melhor amigo.

  ― Diego. Você precisa honrar a última decisão do meu pai. ― ele olhava fixamente para o miracle. ― Você precisa...

  Ele parou o que estava falando para me sacudir depois que eu joguei aquela porcaria o mais longe que eu podia. Não bastava ter a dor de perder o meu líder que era como um pai para mim, mas aquilo estava me fazendo perder a segunda pessoa mais importante da minha vida.

 ― Pronto! Ninguém mais tem aquela porcaria!

 ― Você está louco?

 ― Eu tentei me livrar dele desde que saí daquela pirâmide e eu não consigo. Ele sempre aparece de volta. Eu não aguento mais. Eu já entendi que ele me escolheu, mas eu não quero... Eu não quero morrer ou que você morra, Felipe.

  Ele me encarou com aqueles olhos grandes e arregalados e depois de uma semana, ele voltou a me olhar como seu irmão. Assim como naquele dia que eu descobri meus poderes, ele me abraçou e eu não me senti mais sozinho.

  Nós levamos cerca de quarenta e cinco minutos para chegar ao cemitério. O pessoal da música introduziu o cortejo, seguido de um grupo de jovens coreógrafos munidos com fitas coloridas, pandeiros e bambolês. Nós descemos do trio e seguimos o caixão.

  Era engraçado ver que todos os sepultamentos que estavam ocorrendo, pararam para ver a nossa festa. Tomara que Deus tenha permitido a ele ver o que estamos fazendo aqui.

  ― Olhe! ― Felipe me chamou a atenção para a grama ao redor do caminho para as lápides.

  Não demorou muito para que tudo que tivesse vida ali, começasse a emanar unção. Era um filete de luz puro que envolvia os animais, as plantas, nós e até aqueles civis curiosos que acompanhavam o alegre cortejo. Os semblantes mais caídos iam se enchendo de alegria e os rostos mais desesperados, começavam a transbordar uma paz sem igual.

  Até que fomos obrigados a nos espalhar e abrir caminho para que a família sanguínea continuasse o cortejo até o mausoleu da família. Então, a pessoa que me ligou essa manhã tomou a frente. Ela era negra como eu, tinha cabelos cacheados que caíam volumosos pelas suas costas.

  ― A paz do Senhor, amados! Bom dia! Eu não vou falar muito, porque eu não quero emocionar vocês e roubar a alegria! Mas... Meu marido foi chamado por Deus da maneira que ele mais gostaria! E eu não posso estar mais orgulhosa dele... ― Foi inevitável que seus olhos se enchesse d’água e algumas lágrimas teimassem em correr pelo seu rosto. ― A palavra que eu tenho nessa manhã quase tarde, não é para o meu marido. Ele sabia como eu me sentia, pois todos os dias pela manhã, eu orava e em seguida, dizia que o amava. Hoje! Minha palavra é para o legado que ele deixou. Vidas que ele ganhou, consolidou, discipulou e enviou. Vocês são o maior tesouro de Mayton e a única forma de mantê-lo vivo aqui. Eu sei que a notícia de sua morte assustou à muitos. Mesmo lendo os antigos manuscristos e mesmo sendo ministrados em toda célula, vocês jamais imaginariam que “a nossa vida” poderia acabar de um jeito tão brutal, certo? Nessa manhã, eu deixo o versículo que está na segunda carta à Timóteo, capítulo um, versículo sete: “Porquanto, Deus não nos concedeu espírito de covardia, mas de poder, de amor e de equilíbrio”. ― eu senti um aperto no meu peito. Parecia que ela estava falando diretamente comigo. ― Não deixem que a morte do meu marido tenha sido em vão. Continuem o legado dele e construam o de vocês.

  Ela foi ovacionada com uma salva de palmas e então desceu para que a programação continuasse, mas por algum motivo, ela veio na minha direção com um olhar cheio de amor e antes que eu pudesse fugir, ela agarrou as minhas mãos.

  ― Eu sei que você acha que não foi escolhido para isso, mas Deus é o dono da última palavra. Sê valente, Diego!

  Ela me beijou e se virou para ir, mas eu senti que ela havia deixado algo dentro das minhas mãos. Felipe nos encarava com nítido desconforto, mas se aproximou para ver comigo aquele chaveiro de couro com apenas três chaves. O que será que essas chaves abrem? Me perguntei, mentalmente.

  Pelo peso que senti em meu bolso, eu sabia exatamente o que havia voltado mais uma vez para mim. Não comentei nada com meu irmão para não tentá-lo a sentir inveja, mas ali, eu tive a confirmação de que precisava.

  Eu era o escolhido para continuar o legado do meu pai. Eu nunca iria deixar de honrá-lo, mesmo que custo fosse arriscar a minha vida.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

A surpresa é que... ALÉM DA VERSÃO FÍSICA NA AMAZON, AGORA, VOCÊS PODEM COMPRAR A VERSÃO EBOOK DE #GCREVOLUTION . TER O livro inteiro por apenas 22 reais e mergulhar no universo dos discípulos lendários ♥ Quem quer?

Clica aqui e compre agora: https://urless.in/Dj3l0



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Gc Revolution - A saga dos 12" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.