Gc Revolution - A saga dos 12 escrita por Diego Farias


Capítulo 2
Ah! Eles são discípulos lendários!


Notas iniciais do capítulo

Uma ameaça!
Uma crise!
Uma reviravolta!

Quem é que está comandando o repentino ataque aos discípulos do Pastor Mayton.



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  Era uma noite fria de inverno.

  Ele chegou dirigindo seu renaut clio preto ano 2009 e estacionou bem atrás do caminhão dos bombeiros que parou em frente à aquela casa maltrapilha, no fim, daquela rua sem saída. As chamas já haviam sido contidas com sucesso. O pouco que sobrou do casebre foi uma estrutura vacilante que a qualquer momento despencaria até o chão. A defesa cívil havia chegado a pouco e começava a cercar o perímetro com faixas amareladas de contensão.

  O pastor desceu do seu carro, ajeitou o seu paletó cinza, pegou a sua maleta da mesma cor no banco de trás e caminhou em direção aos soldados vermelhos. Ele apresentou o miracle e imediatamente, ele teve a passagem liberada para adentrar o casebre.

  Era uma casa espaçosa que tinha um total de cinco cômodos. No quarto dos fundos, no final de um corredor estreito, era possível ouvir a voz de um homem que orava alto e outras vozes de homens que pareciam concordar com que o primeiro entoava. Quando o pastor se aproximou, viu que eles cercavam um menino negro, de aparentemente dez anos, que chorava sentado no chão com sua cabeça entre as pernas, seu black power estava cheio de fuligem, tornando-se quase branco.

  ― Cheguei rapazes! ― todos interromperam suas orações para dar atenção ao lider. ― Por que não conseguiram dar conta disso?

  ― Eu só quero ir embora! ― choramingou o menino.

  Os olhos do pastor se arregalaram e o reflexo âmbar das chamas refletiram nas lentes do seu óculos. Num piscar de olhos, todo o quarto foi envolto por labaretas que dançavam como fantasmas, tomando as paredes, o teto e o chão. Elas não queimavam os presentes, mas os assustavam para valer.

  ― Tentamos de tudo, mas não conseguimos conter esse espírito! ― disse André suando bicas.

  O pastor ia se pronunciar, quando sentiu algo ressoando dentro de seu bolso. Suas sobrancelhas arquearam ao notar que seu miracle sagrado estava reagindo e bastou sacá-lo para que ele sugasse as chamas do cômodo para si e as selassem. O quarto apagou-se e o menino caiu deitado para o lado, inconsciente.

  ― O senhor é muito forte, meu líder!

  ― Não... ― agora era a vez dele de suar. ― Vocês não conseguiram conter os poderes dele, porque seu poder não era de natureza maligna.

  Um novo foco de luz chamou a atenção dos presentes e todos se surpreenderam ao notar que o brilho vinha da testa do pequeno. Ainda mais porque eles viram o símbolo dos lendários.

  Foi assim que eu conheci o Pastor Mayton.

  ― DIEGO! ― eu ouvi a voz de Felipe, mas era tarde demais.

  Até que algo inusitado aconteceu. Eu notei que a estátua ia ficando cada vez mais longe de mim e também que fui sugado para trás, enquanto um homem corpulento tomou a dianteira do ataque e interceptou a leoa lutadora. Eu forcei meus calcanhares sobre o chão arenoso e fui freando até chegar com segurança perto dos meus irmãos. Então pude ver com clareza que o próprio pastor tinha interceptado o ataque da estátua e me lançado para trás.

  ― Sehkmet— A caçadora de Rá! ― disse ele mais empolgado que irritado. ― Você certamente é uma das doze regências malignas!

  A estátua urrou e todos tivemos que forçar nossos pés para não voarmos com seu brado.

 ― Diego! Vamos ajudar o pastor!

 ― Vocês não foram enviados ainda! ― ele olhou para nós de soslaio e paramos onde estávamos. ― André! Tire essas crianças daqui!

  Antes que pudessemos sequer discutir, a unção de André nos envolveu e eu senti como se minha consciência estivesse rachando. Como se cada molécula do meu corpo estivesse fervendo e se separando.Até que eu cai de cara no chão com todo mundo em cima de mim de novo.

  Está ficando ridículo isso. Sério.

  ― Onde nós estamos? ― perguntou Junior.

  A resposta veio com o estrondo de uma parede a nossa direita. Eu olhei ao redor e vi que estavamos em outra câmara, provavelmente, ao lado da dos soldados de barro.

  ― Somos muitos! ― disse Felipe chateado. ― O poder do André tem limites!

  ― O pastor não vai deixar a gente ver a luta! Que vacilo!

  ― Você notou que eu quase morri?

  ― Você reclama de barriga cheia, Diego! ― Igor vociferou pra mim. ― Você é legal! Tem poderes! Todos olham pra você como um herói! Eu... Eu queria ser como você... Forte! Valente! Que todos gostassem de mim...

  Igor baixou a cabeça e saiu correndo. Felipe ia atrás dele, mas eu segurei ele pelo pulso e ele me deixou ir.

  ― Fiquem com o Felipe, o.k? Eu já volto.

  Eu não precisei correr porque a câmara era infinitamente mais curta. Igor foi até onde conseguiu e sentou-se numa pedra. Ele estava espumando de raiva e tentando secar suas lágrimas para que eu não o visse chorando.

  ― Me deixa sozinho. Você me decepcionou. Eu não quero ser mais como você! Eu quero ser forte...

  ― Você conhece a história dos discípulos lendários, Igor? ― Ele evitava olhar pra mim e eu mantinha o meu olhar no muro rochoso à minha frente para ajudá-lo, mas pude ver quando ele balançou a cabeça negativamente. ― As pessoas lá fora nem fazem ideia de quem nós somos.

  ― Ninguém sabe sobre vocês?

  ― Não! ― eu ri. ― Desde que Jesus andou pela Terra, ele dedicou os três anos do seu ministério na criação de um time de homens que se tornaria responsável por propagar a sua mensagem aqui na Terra. Como você sabe, Jesus morreu, ressucitou, visitou seus discípulos e depois voltou pro céu. Ele prometeu que um dia mandaria um novo poder que os ajudaria em sua missão.

  ― A unção! ― disse o menino se lembrando do nosso poder.

  ― Para ser mais exato: O Espírito Santo. Ele é uma das personas de Deus e o responsável pelo nosso poder. Por isso, eu te disse que o poder não é nosso. Não podemos usá-lo quando e como queremos. O poder tem um propósito que é cumprir a missão do filho de Deus na Terra, proteger os humanos e lutar contra o mal que se ergue de quatro em quatro gerações.

  ― Está falando das doze regências do mal, não é?

  ― Eles! ― a luta estava intensa do outro lado, pois sentimos tudo estremecer. ― Toda vez que as regências estão para renascer, Deus seleciona vidas para que recebam o poder das doze regências sagradas. Esse poder pareia com os heróis da fé do livro de Hebreus. Todos aqueles caras que eu contava sobre suas história no culto infantil.

  ― Eu queria ter sido escolhido... Significa que Deus não gosta de mim?

  ― Não, Igor... ― eu envolvi meu braço ao redor dele e ele recostou-se em minhas costelas. - Discípulos lendários travam batalhas mortais! Não é um trabalho para crianças como vocês... Mas eu creio que todos podem se tornar discípulos lendários um dia. Basta que conservem seu coração de discípulo.

  Ele me olhou como se eu falasse aramaico.

  ― Muitas pessoas usam esses poderes para fins errados. Elas se acham donas das habilidades concedidas e acabam passando para o outro lado. Um discípulo verdadeiro é aquele que obedece seu líder, assim como uma ovelha reconhece a voz do seu pastor.

  ― Por isso que você deixa que o pastor fale daquele jeito com você?

  ― Ele já me ajudou muito, Igor! As vezes fico triste e nem sempre concordo com o que ele diz, mas eu entendo que Deus colocou ele na minha vida por algum motivo...

  Uma explosão interrompeu a nossa conversa. Um corpo voou por um buraco na grossa parede e caiu perto de nós. Pastor Mayton estava maltrapilho e todo coberto de fuligem. Eu corri para ajudá-lo e ele me olhou como se tivesse visto um fantasma.

  ― André não os tirou daqui?

  ― Acho que era muita gente...

  ― Pela “Barba de Abraaão” ! ― exclamou ele se colocando de pé com dificuldade. ― Fiquem aqui, eu...

  Antes que ele terminasse, Sehkmet surgiu ao nosso lado e braniu uma de suas foices na direção do pastor. Igor tapou os olhos, mas depois abriu uma fenda por entre os dedos para ver o que aconteceu. Ele sorriu, quando me viu segurando o braço da guerreira leoa com dificuldade.

  ― E-ela é forte, Diego... Tire todos daqui...

  ― Eu nunca vou deixá-lo, pai! ― a unção começou a se elevar novamente. ― Igor! Cuida do meu líder!

  Eu atirei Sehkmet contra o buraco na parede e ela voou para o outro lado. Eu passei pelo buraco e vi a cena dos meus irmãos caídos no chão, inconscientes. A leoa rugiu e se colocou de pé, seus poderes fecharam a fenda às minhas costas, bem na hora que Felipe vinha me ajudar.

  ― Parece que você não quer interrupções, não é?

  A leoa braniu suas foices e partiu para cima de mim com tudo. Ela era super rápida para uma estátua. Minhas roupas já estavam picotadas de tão perto que suas lâminas passavam por mim. Logo, logo, eu faria um cosplay de Adão sem folhinha na frente.

  ― Já sei... ― um sorriso surgiu no meu rosto.

  Meu punho começou a fumegar e eu continuei a fugir dos golpes da leoa. Eu sentia que logo meu corpo chegaria a exaustão e ela não derramava uma gota de suor... ou seria de lama? Ah, sei lá. Estátuas não devem suar.

  Quando finalmente parei, parecia que havia corrido uma maratona. Sehkmet me encarava como se eu fosse uma tigela cheia de whiskas, mas eu não seria jantar de bichana hoje. Foi aí que ela finalmente percebeu que tinha algo errado.

  Quando olhou para trás, viu que existia uma enorme Teia Flamejante que continha seus movimentos. Um fio de poder ligava a teia ao meu punho e mesmo com minhas forças no fim, eu sorri de orgulho.

  ― Normalmente... ― eu tive que parar pra respirar. ― Eu simplesmente lanço meu poder em forma de massa de energia... Mas eu resolvi moldar minhas chamas por ser uma ocasião especial.

  A leoa guerreira começou a rugir e tentava a todo custo se livrar da minha teia de chamas. Até que ela finalmente notou as faíscas brilhantes que tomavam o ar ao seu redor. O brilho a seduziu e a fez esquecer de sua prisão: Seu pior erro.

  ― Adeus! Piro Explosion! ― ela arregalou os olhos, quando viu cada faísca explodindo e ocasionando uma reação em cadeia que tomou um raio de cinco metros para todos os lados.

  ― DIEGO! ― Felipe gritou do outro lado.

  ― Ele sempre faz isso... ― disse o pastor balançando a cabeça negativamente. ― Ele é emotivo demais! Felipe! Eu me decidi. Você será o novo discípulador nesse ano!

  Felipe encarou o seu líder sem reação. Um sorriso, que o fez esquecer-se da situação ao seu redor, se abriu com intensidade. Ele comemorou com socos no ar e só se lembrou de mim, quando pensou em me contar sobre seu upgrade.

  ― Para! ― O pastor olhou na direção da voz e notou que Igor o encarava seriamente e com seus punhos cerrados. ― Diego te admira muito e sempre te obedece em tudo! Ele é forte! Ele é bom! E sempre está pensando nos outros... É pecado se importar?

  ― Criança... Nessa vida, um discípulo lendário precisa aprender a controlar as suas emoções ou pode acabar morrendo... Você é pequeno ainda. Um dia, você terá um líder que lhe ensinará isso!

  ― Eu só terei um líder! E esse líder será o Diego!

  Uma luz pura chamou a atenção de todos daquele lado. Como há seis anos atrás, o miracle do pastor ativou-se sozinho e mais uma vez, seus olhos decidiram pregar-lhe uma peça. Igor sentia a sua testa queimar, mas era por conta de um símbolo familiar. O símbolo dos discípulos lendários.

  ― Eu? ― disse o menino vendo uma fina camada de unção percorrer o seu corpo. ― EU POSSO AJUDAR O DIEGO!

  ― O que é isso? ― o pastor bradou, quando o miracle emitiu uma luz forte que atravessou a camada grossa da parede, vindo na minha direção e atingindo o meu bolso.

  Meu bolso ressoava e emanava uma unção pura e poderosa. Quando saquei meu celular, meus olhos não acreditavam no que viram. Meu pobre Lg-K10 com tela trincada, havia se tornado o miracle lendário. Eu fechei os olhos e pude sentir claramente o poder do Igor ressoando com o meu, mesmo na câmara ao lado. Um vento me rodeava desde baixo até em cima e me fez ouvir uma voz que era como a voz de muitas águas. Ela sussurrava palavras nas profundezas da minha mente.

  ― Miracle, Ativar... ― eu abri os olhos e a unção sobre o miracle explodiu. ― PODER DOS DOZE DISCÍPULOS LENDÁRIOS RETORNE!

  Igor se surpreendeu quando o seu corpo foi tomado por uma unção poderosa e depois se dissipou. O pastor, Felipe e os meninos encararam o menino magrelo e não acreditavam no que estavam vendo.

  ― O miracle escolheu o Diego? ― disse o pastor admirado.

  ― O miracle me rejeitou? ― disse Felipe.

  Igor encarou a parede a sua frente e fechou os olhos. Ele sentiu algo fluíndo dentro de si, como se fosse uma fonte. O menino ergueu a sua mão e apontou a palma dela para a parede. Uma explosão exponêncial causou um pequeno deslizamento e eu pude ver a todos do outro lado. Igor atravessou a fenda que criara com seu próprio poder e agarrou a minha cintura, todo sorridente.

  ― Eu consegui! Eu tenho poderes! Podemos lutar juntos agora!

  ― Calma aí, Igor! Tem alguma coisa errada .... ― eu ainda não acreditava que estava segurando o miracle com as minhas próprias mãos. ― O Pastor não me escolheu.

  ― Mas Deus sim! ― disse ele com seus olhos brilhando.

  Um urro rasgou todo aquele momento de empolgação e tanto eu, como Igor, nos colocamos em posição de batalha. Sehkmet surgiu em meio aos escombros com várias rachaduras em seu corpo de barro, mas ainda possuia suas foices malditas.

  ― A gente pode com ela, Diego!

  ― Parece que você, guerreira leoa terá de enfrentar a mim e o meu discípulo, agora!

  Sehkmet aparentemente topou o desafio, pois braniu suas foices e veio correndo em nossa direção, urrando como uma louca.


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