Entre bruxas e torneios escrita por Sereia de Água Doce, Fantasminha98


Capítulo 4
Drama entre veelas e fantasmas




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Scorpius tinha sido um dos primeiros a colocar seu nome no cálice encantado, sendo ovacionado por todos seus colegas franceses, principalmente os colegas do time de quadribol, assim como era acompanhado de longe por seu pai, que ao contrário da esposa estava orgulhoso da decisão do filho. Olivier tinha passado bastante tempo da noite anterior consolando a esposa, prometendo que nada de ruim aconteceria ao filho deles. Quais eram as chances de Scorpius ser sorteado, afinal de contas? Mas vê-lo seguindo as próprias vontades tinha alegrado Olivier.

***

—Você tem certeza do que fez? - Amelie questionava mais uma vez o primo quando eles e Simon entraram no clube dos filhotes.

O clube dos filhotes, carinhosamente apelidada pelos alunos faes já formados, era nada mais do que uma sala dedicada aos bruxos com sangue de criaturas mágicas - em sua maioria faes - onde os adolescentes costumavam passar o seu tempo juntos. Era um lugar para formar e estreitar os laços - não da mesma forma que preconceituosos e puristas de sangue faziam, mas com a premissa de integrar estudantes de diferentes cortes, claro que não era isso necessariamente que acontecia. 

Sempre que Simon era arrastado para lá era acompanhado de alguns olhares feios isolados, mas ele não ligava afinal tinha 15% de sangue banshee recessivo e pelas regras ele era um membro mesmo que seus poderes mágicos vindos do lado faes fossem quase inexistentes. “Pelo menos sou mais bruxo do que metade galinha cacarejadora” Ele costumava rebater os comentários de alguns meio-veelas que eram contra sua presença. E mesmo que Scorpios e Amelie estivessem sendo indiretamente insultados por tabela, os dois morriam de rir da cara de raiva dos outros alunos.

A sala do clube era ampla, com o piso de mármore branco polido. Suas paredes eram em tons pastéis, assim como toda a sua rica mobília, pinturas dos Jeunes das 4 cortes estavam na parede  decorando a parte de cima da grande lareira, que estalava ao fundo. Alguns casais se beijavam em sofás enquanto outro grupo de alunos jogava snap explosivo, já Scorpius foi se sentar entre Amelie e Simon no longo sofá rosa claro perto das grande janelas que davam vista para os jardim.

— Nunca tive mais certeza em toda a minha vida. - Respondeu a pergunta da prima.

— Você não precisa provar nada para ninguém, cara. - Completou Simon enquanto deitava no colo da amiga loira e pegava a mão da mesma que automaticamente fez carinho no amigo carente.

— Eu preciso mostrar que sou tão forte e corajoso quanto ele. Draco enfrentou o maior Lorde das Trevas para salvar nossa mãe e a companheira dele. Ele não se declarou para ela porque não queria arrastá-la para o meio de tanta sujeira e por saber que ela morreria. Ele enfrentou e suportou tanta coisa pela nossa mãe e eu… Ele foi reconhecido como um herói pela nossa corte, vocês sabem disso.

— Sua corte! Você sabe como eu prefiro passar longe das políticas das cortes, sem ofensa ao seu namorado príncipe, Amelie, ele é legal. Assustador, mas legal. 

— Mas Scorpius… - Começou a bruxa sem prestar muita atenção às divagações de Simon enquanto se focava no primo que logo a cortou.

— E não é só ele. Meu pai é reconhecido internacionalmente pela sua pintura, mas dentro da Corte Veela todos que o subestimaram por ser o mais fraco da família levaram um belo tapa na cara e agora o aclamam por ter vencido meu tio publicamente. Por ter suportado tanta coisa sem a minha mãe. Por ter desistido de toda sua vida para que minha mãe não sofresse com o antigo marido… E minha mãe! Aclamada por ter sacrificado tudo pelo meu irmão e pai, por ter aguentado as acusações do meu tio e revivido tudo aquilo no julgamento na frente da corte toda…

— Scorpius… - Ela insistiu.

— E eu não sou nada quando comparado a tudo isso. Não que eles me cobrem isso, não que qualquer pessoa me cobre isso, mas é algo que eu tenho que fazer por mim mesmo. Sem falar que finalmente senti o perfume da minha companheira mas não sou nem capaz de identificá-la no mar de estudantes!

— Scorp… ESPERA! - Amelie sentou sobre as próprias pernas no sofá, virando seu corpo para o primo e quase derrubando Simon no chão. - O que acabou de dizer?!

Com um sorriso bobo, Scorpius olhou para o teto e fechou os olhos sorrindo bobamente enquanto relembrava do momento que sentiu o cheiro inebriante.

— Eu estava prestes a levar um daqueles sermão enormes do meu pai por ter tocado no nome do meu irmão no meio de uma discussão com minha mãe, quando me desliguei de tudo. Só conseguia focar naquele cheiro de terra molhada, rosas silvestre e livro novo. Foi tão fraco e tão rápido, mas… Eu quero muito sentir aquilo de novo.

— Isso só pode significar que ela não é daqui uma das alunas intercambistas! Você vai finalmente conhecê-la e não terá que sofrer uma morte excruciante e prematura! - Simon estava empolgado com o amigo, com um sorriso imenso no rosto.

— O que me lembra: você está terminantemente proibido de se aproximar de qualquer garota intercambista até eu conseguir identificar ela! - Ameaçou o loiro, sabendo como Simon era ele não duvidava que até o final da semana o moreno já teria conhecido um terço da bruxas vindas de Hogwarts e Durmstrang.

— Consigo ficar afastado por duas, três semanas… ok um mês e meio no máximo. - Simon disse convencido. - É bom você achar ela antes que as provas começam e você tenha uma morte prematura por conta de um dos desafio impossíveis do torneio. O que eu preciso dizer é menos deprimente que morrer de desilusão amorosa aos 17 sem fal....

— Esse cara tá mesmo falando sério?! - Draco perguntou para ninguém em especial, já que se não tivesse sido assassinado aos dezessete e agora fosse um fantasma que gostava de assombrar o irmão caçula, teria morrido por uma desilusão amorosa adivinhem só! Também aos dezessete!

    Não que alguém além de Scorpius pudesse ouvir o irmão fantasma que estava agora mesmo encostado na parede enquanto escutava a conversa dos amigos do D’Fay mais novo. Draco não era um fantasma propriamente dito, afinal ele não morrerá temendo a morte e sim tinha se tornado um vagante por ainda ter assunto inacabados para resolver nesse plano. O primeiro encontro dos irmão foi quando Narcisa e Olivier levaram Scorpius a primeira vez no cemitério dos Black onde estava a lápide de Draco, que sempre esperava pelas visitas da mãe mesmo que não permitisse que a mesma o visse como um espectro já que a mesma acreditava fielmente que o mesmo estava num lugar melhor e não preso nesta existência intermediária.

    Daco ainda se lembrava do dia em que se tornou visível para o pequeno Scorpius de não mais que 7 anos que tinha se perdido dos pais num supermercado trouxa. Claro que Draco não permitiu que Olivier e Narcisa os vissem, mas a partir daquele dia ele passou a assombrar a família e se tornou o “amigo imaginário” do irmãozinho. Scorpius só foi descobrir quem realmente era o seu “amigo imaginário” quando tinha 12 anos e reconheceu que a estátua em homenagem aos sacrifícios de Draco era idêntica ao amigo que estava ao lado dele. Mesmo que o mais velho fosse um vagante espectral, os dois se tornaram muito próximos, sendo verdadeiros amigos e colegas chegando ao ponto do fantasma de Draco dar aulas particulares de feitiços quando Scorpius estava quase reprovando em oclumência no quinto ano. 

Claro que na maior parte do tempo Draco preferia ficar em casa observando a mãe em vez de visitar o irmão na escola requintada francesa. Draco definitivamente achava Beauxbaton um lugar cheio de frufru e extravagância exagerada preferindo mil vezes os corredores empoeirado e cheio de mistérios de Hogwarts, com suas masmorras sombrias e escadas encantadas que gostavam de pregar peças nos alunos desavisados. E por isso não perdia uma oportunidade de sempre perturbar o mais novo exaltando como Hogwarts era mais misteriosa e bonita que Beauxbaton. 

Scorpius já estava acostumado acostumado com as reclamações do vagante que adorava acompanhá-lo e dar pitaco na sua vida, sem falar no temperamento volúvel de Draco que como fantasma, não só tinha a capacidade de aparecer e desaparecer para quem quisesse, sem falar de flutuar e atravessar objetos, mas ele também conseguia num segundo tornar o ambiente glacial e conjurar névoas misteriosas vindas do nada. Quando Draco estava de bom humor gostava de chamar aqueles dons de seus superpoderes de morto vivo ideais para assombrar os vivos desavisados mas na maioria das vezes ele simplesmente acompanhava o irmão como fazia naquele momento sem permitir se quer que Amelie e Simon que já sabiam da existência dele por serem os melhores amigos de Scorp o vissem.

Mas a conversa dos 3 ou melhor 4 se contarmos com o fantasma emburrado e invisível foi interrompida.

— TSC, TSC, TSC….. - O som irritante foi ouvido atrás deles cortando as divagações sobre morte de veelas rejeitadas que Simon tão eloquentemente se dedicava.

— Tadinho do escorpiãozinho…. - Hector Vasselot destilava veneno para cima do colega. Enquanto Scorpius se sentia pressionado pelo histórico de sua família, Hector inveja a fama do outro. - Não tem nem a capacidade de usar seus sentidos para conseguir achar a própria namorada no meio de uma multidão como pretende ganhar qualquer torneio. Seria um embaraço tê-lo como campeão da nossa escola assim como já é um embaraço tê-lo em nossa corte, um veela fraco que nem sabe usar o nariz!

Seus comparsas, Denis Gouyon e René Vasselot riram do comentário. Hector e o amigo Denis eram do sétimo ano como Scorpius, enquanto René ainda estava no quinto ano, mas era farinha do mesmo saco que o irmão René, um bully que se aproveitava dos outros.

— Você sabe muito bem que para todo veela é mais fácil identificar um companheiro depois de passar pela transformação e receber a herança plenamente, Hector. - Amelie tentava defender o primo, afinal ela só achou o companheiro depois da transformação, mesmo que já tivesse visto ele antes.

— Para de passar pano para ele, Amelie. Sabe que ele não tem capacidade para isso. É fraco demais, fraco que nem o pai e o irmão.

Scorpius queria poder rosnar para o inimigo, mas teve que se contentar com sua prima fazendo isso por ele.

— Olha como fala sobre minha família! - Rosnou Amelie deixando de lado qualquer aspecto doce e fofo de sua personalidade

— Assustadora. - Sussurrou Simon para Scorpius tentando desviar a atenção enquanto a morena se interpunha numa briga de dominância com Hector onde o mesmo rapidamente abaixou os olhos claramente a contra gosto, mas dominância era instintiva ele podia tentar lutar contra, mas seu lado criatura reconhecia a supremacia da veela a sua frente, mesmo que ele odiasse isso.

— Se demorar muito a encontrá-la, ela vai embora e te deixa aqui sozinho, e nem se esconder atrás da sua prima vai salvá-lo. - Retrucou antes de sair com seus minions.

— Ainda vou fazer você engolir suas palavras, Vasselot. - Scorpius falou entredentes.

— Ah, mas do jeito que as coisas vão, vou esperar sentado. - gritou por cima do ombro antes de deixar o clube, claramente fugindo antes que Amelie voasse em seu pescoço.

Uma parte de Scorpius queria muito ir atraz do idiota e socar o rosto do colega de classe, mas sabia que se fizesse isso seria o mais prejudicado por ainda não ter força suficiente para enfrentar um veela sem falar na bronca que levaria do pai por começar uma briga. Assim o loiro ficou sentado no mesmo lugar, ignorando os comentários ácidos dos garotos e as respostas atrevidas de Amelie, apenas encarando o chão pensativo.

Bem, Scorpius não podia fazer nada, mas Draco faria questão de dar um susto ou dois no rapaz mais velho. Não porque o projeto de galinha francesa tinha implicado com seu irmãozinho, que isso. Scorpius tinha que aprender a se defender sozinho, mas o panaca tinha cutucado um Malfoy vingativo com vara curta! Talvez René descobrisse qual era a sensação de ser jantado por uma cobra nas próximas horas.

— Não liga pra eles, Scorp o cara é um idiota.- Simon tentava consolar o amigo das fortes palavras.

— É por isso que eu quero participar do Torneio. Preciso mostrar que sou mais forte que a sombra dele.

— Mas você é, Scorpius, só você não consegue enxergar isso! - Afirmou Amelie assim que voltou a se sentar no sofá e como nesse momento o espectro de Draco já tinha ido atrás dos Bullys ele não pode revirar os olhos para o irmão mais novo como normalmente fazia quando Scorpius entrava naquele drama.

***


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