Entre bruxas e torneios escrita por Sereia de Água Doce, Fantasminha98


Capítulo 2
2020 um Verdadeiro caos




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/801826/chapter/2

Finalmente o sétimo e último ano havia chegado para Scorpius.

Tantas decisões tinham que ser tomadas naquele ano. Qual carreira ele gostaria de seguir? Se continuaria o legado de advogados dos D’Fay ou seguiria o exemplo do seu pai seguindo seu sonho e se tornando um artista? Ok que Scorpius estava mais inclinado a jogar na liga profissional de quadribol do que pintar quadros, mas o espírito era quase o mesmo. Ele encontraria sua companheira em algum lugar? Conseguiria se transformar manifestando plenamente sua herança veela? E principalmente, ele tomaria coragem de colocar seu nome no cálice de fogo e se candidataria ao Torneio Tribruxo?

Essas eram algumas das perguntas e angústias que rondavam a cabeça do jovem Scorpius D’Fay Bauffremont naquele primeiro de Setembro de 2020, um ano que por si só já tinha se revelado uma verdadeira loucura digna das narrativas de romances distópicos e apocalípticos. Ok que o mundo bruxo não estava em pleno caos como o mundo trouxa, mas como inquestionavelmente havia mais trouxas que seres mágicos no mundo... o que afetava os pobres humanos não mágicos acabava por afetar em certa medida os bruxos também. 

2020 tinha simplesmente começado com uma ameaça da Terceira Guerra Mundial! E era nessas horas que Scorpius se perguntava: O que diabo os trouxas tinham na cabeça para eleger presidentes como os que atualmente governam? Depois vieram as queimadas na Austrália e Brasil... Ok que essas tinham sido causadas tanto na Austrália como no Pantanal por uma migração atípica de Dragões. Mas para a cereja do bolo, eis que surge ninguém mais ninguém menos que ele: O Coronavírus, O Covid 19. Um monstrozinho microscópico que aterrorizou e matou milhares/milhões de trouxas, obrigando países a declararem estado de calamidade pública, proibindo a circulação das pessoas e declarando quarentenas que passavam dos 40 dias e se tornavam 7, 8, quase 9 meses de lockdown sendo que as vacinas  não sairiam até o natal...

   Entretanto, felizmente o mundo bruxo não tinha sido afetado da mesma forma, surpreendentemente nenhum bruxo ou ser mágico tinha sido afetado pela doença, os pocionistas mágicos e medbruxos suspeitavam que alguma coisa na magia os tornava imunes ao vírus e assim delegações inteiras de medbruxos por todo o mundo se juntaram as equipes de médicos trouxas que buscavam criar uma vacina para conter as mortes e perdas. A mãe de Scorpius, Narcisa D’fay Bauffremont (nee Black, divorciada do agora falecido Malfoy) era uma porcionista renomada e estava trabalhando a distância como consultora nas pesquisas da vacina inglesa de Oxford, mas seu filho estava mais preocupado com o ultimo anos, arranjar uma namorada e sobretudo participar do Torneio Tribruxo que seria sediada por sua escola, Beauxbatons. 

Não era segredo para ninguém na Quinta Ilha Lerin - uma das paradisíacas ilhas do mar Mediteraneo onde se encontrava a renomada escola de magia e bruxaria francesas - o que aconteceriam naquele ano na escola, mas toda a situação tinham feito Scorpius quebrar a cabeça boa parte de suas férias afinal ele queria porque queria participar, mas sua mãe tinha perdido as estribeiras quando seu pai, Olivier D’fay Bauffremont, comentou certa noite na mesa de jantar que por ele, se o filho quisesse se candidatar como campeão francês, ele não se oporia. A verdade era que o bruxo meio veela que era professor titular de Artes Plásticas Mágica (APM)  em Beauxbatons ficaria até muito orgulhoso de ter seu filho representando a escola no torneio.

— Você não pode fazer isso, Scorpius. - Era uma ordem, um ultimato que não abria espaço para discussão e Scorp nunca tinha visto sua mãe daquela forma, tão transtornada e fria.

— Por que não, Cissa? - Seu pai também não compreendia a esposa.

— A última vez que um filho meu esteve envolvido com o Torneio, um aluno morreu! Não vou deixar você participar disso. - Ela falava da época em que Draco estudava em Hogwarts, quando o torneio que tinha sido interrompido em 1792 foi retomado em 1994. 

— Draco se voluntariou? - Scorpius deixou escapar a pergunta admirada rápido demais, logo se arrependendo quando viu a dor passar pelos olhos de sua mãe.

Narcisa ainda não se sentia confortável em dizer o nome do primeiro filho no mesmo contexto que se falava de morte e no último ano ela vinha trabalhando muito com a realidade da morte enquanto prestava consultorias nas pesquisas de uma vacina de covid 19. Perder Draco para a guerra tinha sido o maior trauma da bruxa que mal se recuperara do luto, se não tivesse decidido abandonar a Inglaterra depois que seu primeiro marido - Lucius Malfoy foi condenado ao beijo do Dementador - e indo pra Paris em busca de seu primeiro amor e reencontrado Olivier que além de um veela, era seu companheiro destinado e verdadeiro pai de Draco ela teria sido consumida pela dor da perda e luto. (Quer saber mais sobre essa história? Leia Com Amor, Draco - Livro 1 e depois Les Liens Familiaux - Livro 2)

— Não, ele não se voluntariou, ainda estava no quarto ano. - Respondeu a bruxa. - Mas Voldemort…

— Cissa…. - Olivier apertou a mão da esposa em meio a confusão da mesa de jantar, indicando que ela não precisaria falar.

— Voldemort ressurgiu naquele torneio, matou um menino da Lufa Lufa, Cedrico Diggory se não me engano. E assim voltou a infernizar minha família!

Scorpius logo compriendeu que o Torneio Tribruxo em questão tinha dado início a reassenção do Lorde das Trevas que viria a assassinato de seu irmão, e isso o fez se perguntar se realmente valeria a pena se candidatar e fazer sua mãe sofrer. Só que grande parte da motivação do mais novo dos D’Fay era provar para o mundo e para si mesmo que ele era tão bom, valente e honrado quando o irmão falecido! Não que alguém cobrassem isso dele, seus pais nunca o comparavam, na verdade eles mal mencionam Draco em qualquer contexto que fosse, mas Scorpius havia crescido ouvindo a história do irmão. Essa história, não contada por seus pais, mas pelos veelas que homenagearam Draco por ele ter dado a vida para proteger sua mãe e companheira, e como isso fazia dele um veela incrível e poderoso. Em seu íntimo, Scorpius, sabia que não era nada daquilo e queria se provar tão bom quanto o irmão mais velho.

Foi por toda essa questão com sua mãe que ele acabou se atrasando para o almoço inaugural da volta às aulas naquele dia 1 de setembro. Normalmente, ele sempre ia com Olivier chegando um pouco mais cedo que a carruagem voadoras puxadas por pégasos que vinha de Paris, mas daquela vez seu pai precisou estar na escola desde de bem cedo ajudando com os preparativos e acomodações para a chegada das delegações das outras escolas que participaram do torneio. Assim pai e filho tinham combinado que Scorpius deveria estar às 11h30min na escola, para que pudesse cumprimentar seus colegas e ainda participar do banquete de recepção às 12h em ponto. 

Olivier estava inquieto, olhando a cada minuto para o relógio. Apesar de ser um homem feito com seus 57 anos e uma carreira renomada como pintor e professor, o bruxo não parecia ter mais que 40 anos, com cabelos loiros, traços fortes e sorriso fácil ele arrasava corações isso sem colocarmos na equação todo o charme e magnetismo veela que o mesmo possui.  Claro que agora o mesmo não sorria, não que ele realmente se preocupasse de que alguma coisa séria tivesse acontecido com seu filhote no caminho de casa até o castelo, afinal moravam a quinze minutos de distância da escola, mas estava preocupado sim de Scorpius ter dormido demais como sempre fazia nas férias! O garoto vivia trocando a noite pelo dia, o que ele como pai particularmente achava um absurdo! Scorpius devia ter perdido a hora e ainda estar em sua cama dormindo, ponderou frustrado enquanto assistia a entrada triunfal dos alunos do Instituto Durmstrang com suas acrobacias elaboradas e feitiços de combate. Ignorando as piruetas coreografadas e os movimentos de artes marciais, ele voltou a meditar na longa conversa que ele tivera com Scorp na noite anterior, onde o filho mais novo tinha exposto quase todas as suas inseguranças à ele.

Scorpius se sentia incomodado por ainda não ter qualquer suspeita de quem fosse sua companheira. Por mais que só fosse receber sua herança no mês seguinte, em Outubro, sabia que a maioria dos outros filhotes já tinham uma noção ou suspeita de quem era o companheiro. Olivier, por sua vez, tinha argumentado que aquilo nem sempre era uma regra, já que a dele próprio estava em outro país e se eles não tivessem se trombando por um mero capricho do destino talvez nunca se conhecessem. Seguiu-se de uma série de resmungos chorosos e irritados, condenando toda sua herança que sequer recebera, odiando ser preso a uma pessoa, depender fisiologicamente dela. Como poderia fazer planos para sua vida se nem sabia se estaria vivo no próximo ano? Questionava o garoto frustrado enquanto o pai apenas ria condescendente bagunçando os cabelos claros do menor.

Aquela conversa toda tinha desgastado demais o pobre garoto, mas toda aquela demora tirava Olivier do sério. Ele não podia estar dormindo ainda! Tinha esperanças de apenas ter perdido o filho em meio a escola cheia, mas as recepções das escolas estrangeiras já tinham começado, na teoria todos os alunos de Beauxbaton já estavam presentes e ainda assim nenhum sinal de sua mini cópia loira. Scorpius não se ajudava, se não aparecesse logo receberia uma suspensão do próprio pai e Olivier teria prazer em colocar o filho para limpar todos os godês sujos de tinta que se amontoavam no almoxarifado da sala de artes como castigo. Mas enquanto o veela pensava o pior do filhote, Scorpius tentava inutilmente sair de casa a quase uma hora, sendo impedido por sua mãe que por sua vez tentava convencê-lo de qualquer maneira a prometer não se inscrever no Torneio.

— Mamãe, já chega!

— SCORPIUS D’FAY BAUFFREMONT,  EU SOU SUA MÃE E DIGO QUE VOCÊ NÃO VAI PARTICIPAR! - Nem estando a frente de um tribunal ela tinha se alterado daquela maneira.

— E EU DIGO QUE FAÇO 17 ANOS MÊS QUE VEM, E VOU PARTICIPAR SIM! Mãe, a decisão não é sua! Não sou mais uma criança!

— Está arriscando a sua vida...

— Assim como Draco fez! - Gritou sem pensar no quanto sua palavras feriram a mãe que se calou com se tivesse recebido um verdadeiro tapa. - Aposto que a senhora sempre deixou ele fazer tudo que quisesse, então pare de pegar no meu pé! - Ele ainda não tinha contado à sua família seus verdadeiros motivos, apenas aos seus amigos. - Agora, eu preciso ir para a escola.

Ele saiu batendo a porta, deixando sua mãe sem palavras no hall de entrada. Nunca tinham discutido antes, mas ele queria ter voz nas escolhas de sua própria vida. Talvez fosse preciso avisar seu pai do ocorrido, para que Olivier não se surpreendesse quando chegasse em casa... Scorpius não acreditava que o pai fosse o obrigar a fazer a vontade de sua mãe, mas se fizesse, seria a sua primeira rebelião. 

Correndo o máximo que podia por entre as ruelas conseguiu chegar na escola às 12h45, depois de fugir de uma bronca de Sr. Filoctetes a estátua de sátiro que servia de porteiro e guardiã do castelo, atravessou o hall derrapando no piso de mármore polido antes de alcançar a porta do Salão de Refeições. Foi só adolecente abrir a porta para atrair todos a atenção para si devido o atraso, felizmente o almoço já estava servido ou seja não interrompeu nenhum discurso importante. Fingindo que estava tudo bem e que não era com ele, Scorpius prontamente ignorou o olhar furioso que seu pai lhe lançou da mesa dos professores. 

Caminhando com elegância, ele foi rapidamente até uma das diversas mesas de cinco lugares que preenchiam o salão de refeições,mesa essa que estava sua prima de segundo grau Amelie, a filha de seu primo Lucá e Manon, uma trouxa que trabalhava numa renomada grife de roupas em Paris Chanou-Chanel ou algo assim. A garota poderia ser gêmea de Scorpius se não tivesse puxado o cabelo preto da mãe em vez dos loiros platinados do pai, ao lado dela estava o melhor amigo Simon Diongue, depois Guilherme Roger um dos batedores no time que Scorpius e Simon jogavam e por fim a namorada do Roger, Liná Huang cuja descendência asiática era inquestionável.

— O que eu perdi? - Perguntou o adolecente entre uma garfada e outra do filé mal passado com purê de batata que apareceu em seu prato.

— Só a apresentação de Hogwarts e Durmstrang! - Amelie respondeu indignada com o atraso do primo. - Esqueceu o caminho?

— Problemas com minha mãe… - Ele apenas abanou a cabeça, pregando os olhos nos alunos de Durmstrang que sentavam-se nas mesas mais próximas a que ele estava, já os ingleses de Hogwarts estavam do outro lado do salão que estava preenchido pela costumeira conversas descontraídas dos diferentes estudantes.

Amelie D’Fay apenas revirou os olhos e voltou a conversar com Liná. A bruxa morena tinha apenas alguns meses de diferença do primo loiro, sendo um pouco mais baixa que Scorpius e se não fosse pelo cabelo ondulado castanho escuro que puxou de sua mãe Manon ela seria uma cópia feminina do primo, afinal possuíam o mesmos o nariz fino e aristocrático que lhes davam um ar autoritário e quem não os conhecesse pensaria que eram esnobe o que estava muito longe da verdade. Os primos tinham o mesmo porte alto e atlético dos D’fay que estavam mais para os de um dançarino ou nadador profissional sendo ágeis e discretos. Já os olhos eram outra diferença entre os primos, afinal Amelie tinha o clássico tom cinzas tempestuosos da família D’Fay enquanto Scorpius puxou os olhos azuis de Narcisa.

Haviam poucas mulheres com o sangue veela dominante na família D’Fay, Ocèanee D’Fay nascida Broillard era a matriarca que ao se casar com seu companheiro veela Malik D’Fay inaugurando o ramo secundário da família real que governava a Corte de Brume a tataravó de Amelie. Depois dela sua filha Marion, tia bisavó de Amelie, que por ser completamente veela por lado de pai e mãe possuía o gene dominante e a capacidade de plena transformação entretanto pela mistura de sangue ao se casar com seu companheiro bruxo sua filha Apolline mesmo que pudesse se transformar não pode passar os genes de forma plena para Fleur e Gabriele mesmo que elas apresentavam traços da magia veela era muito tênue em comparação com sua mãe e primos que possuíam os genes dominantes. Pelo que Amelie sabia, as filhas de Fleur, suas primas de quinto grau, eram completamente bruxas, mesmo que ainda tivessem um pouco da beleza veela. 

Assim Amelie era a primeira mulher da família em muito tempo a apresentar os genes dominante tendo recebido sua herança como toda garota fae, aos 15 anos - junto da primeira menstruação, com sua primeira cólica sendo nada mais nada menos do que ter toda sua estrutura óssea se partindo dando lugar à transformação em criatura mágica. Ela era a nova estrela aos olhos de Madame Maximes que sempre favoreceu os alunos veelas, desde que Gabriele Delacour tinha se formado a alguns anos atrás e hoje viajava o mundo como embaixadora em expedições em busca de veelas e meio-velas que não tinham contato com a corte de Brume que regia os veelas. Assim o lugar de princesinha de Beauxbatons estava vago e Madame Maximes deu com orgulho para a jovem D’Fay.

Era inquestionável que a bruxa morena tinha puxado a forte linhagem do avô paterno o renomado advogado Claude D’ Fay, além de ser bem dominante entre os veelas e saber manipular sua magia de criatura mágica com precisão clínica e finesse seu companheiro era o terceiro da linhagem de sucessão da corte Banshee - quase um príncipe - ou seja a garota, mesmo que detestasse a atenção, era inquestionavelmente a princesinha de Beauxbatons.

— O seu pai não para de olhar para cá. - Simon Diongue comentou temeroso enquanto indicava o veela na mesa dos professores. 

O bruxo negro era o melhora amigo de Scorpius desde que se conheceram no primeiro ano da escola francesa, ele era ¼ banshee, tendo os genes rececivos de forma que estava mais para um bruxo normal do que um fae. Seu pai era um medibruxo Senegales famoso formado em Uagaduo que veio conhecer a bruxa meio banshee, Aimê Pomeroy, numa conferência de Medmagia em Paris onde a bruxa apresentava um simpósio sobre os “Tratados Médicos Faes Quanto Ao Uso De Veneno Veela” escritos por Trotula no séc 14 e recém descobertos pela bruxa. Foi amor à primeira vista e hoje o casal tem duas filhas mais velhas que decidiram seguir os passos dos pais e Simon, o caçula, que foge de medmagia como o diabo foge da cruz.

Mais alto que o amigo loiro, Simon era inteligente, forte e mulherengo, parecendo ter sugado todo o charme que seu melhor amigo veela um dia herdaria. Enquanto Scorpius no auge dos seus quase 17 anos apenas tinha beijado duas garotas - uma pixie e uma veela, na esperança que aquecesse o seu coração e encontrar sua companheira - Simon era definitivamente bastante conhecido pelas garotas quer sejam faes ou bruxas completas com uma personalidade extrovertida e agradável facilmente fazia amigos. Não que o bruxo passasse o rodo, mas atraia atenção suficiente com seu porte atlético de batedor para ser cobiçado com o olhar pelos intercambistas - já que nem só garotas olhavam para ele.

Talvez pelo rapaz ser só um quarto banshee ele não tivesse aquela aura perigosa e mortal que as criaturas mágicas da Corte Deuil possuíam, claro que o físico atlético e a velocidade de raciocínio quanto estratégias de batalha (no caso usadas para ganhar jogos de quadribol) poderiam ser explicados por fazer parte de uma das cortes mais impiedosas do mundo. Todos sabiam que os Banshees eram governados com mão de ferro e extrema disciplina formando os melhores e mais mortais guerreiros do mundo mágico. Entretanto, como já mencionado a personalidade afável do garoto facilmente faziam seus amigos esquecerem que ele poderia ser tão cruel e impiedoso quanto a corte que tão relutantemente admitia ser membro.

— Não vou conseguir fugir do meu pai por muito tempo. - Murmurou Scorpius desanimado principalmente porque a culpa não era dele e sim de sua mãe neurótica!

Após a sobremesa Madame Maxime com suas elegantes vestes de cetim negro se levantou da longa mesa dos professores onde não só o corpo docente francês se sentava mas os professores estrangeiros e batendo uma colherinha de prata na taca de cristal magicamente chamaou a atenção de todos os alunos.

— Agora que todos já estão satisfeitos com esse maravilhoso banquete de boas vindas agradeço mais uma vez a presença dos queridos amigos e diretores de Hogwarts e Durmstrang, Madame Minerva McGonagall e Monsieur Rumen Vulchanova. - Começou a diretora em Francês.

— Ouvi dizer que o atual diretor Bulgaro é descendente direto da fundadora da escola Búlgara. - Sussurrou Guilherme Roger. - Ele parece bem novo para ser diretor, não acham?

— Quieto Gui! - Repreendeu Liná, dando um tapa no ombro do namorado que se encolheu de dor. - Nossa diretora está falando, mais respeito.

— Ai! Desculpa, mon chéri eu só fiquei curioso...

Scorpius riu do colega de time enquanto voltava a observar o salão de refeições lotado de bruxos de diversas idades, e etnias, era surpreendente. Por um minuto ele se perguntou como os colegas estrangeiros estavam entendendo o discurso de sua diretora e aí ele notou que em cima das mesas havia um pergaminho com instruções para um feitiço de legenda escrito em diversas línguas. A diretora faz um longo discurso contando um pouco dos primórdios do torneio que surgiu em algum momento no final do século XII e cujo objetivo era testar as habilidades mágicas, inteligência-astúcia e a coragem dos 3 campeões que representam cada um sua escola. 

Depois Madame Maxime cedeu a palavra para uma das bruxas que viera representando o comitê de cooperação internacional para jogos e esportes mágicos. A bruxa não era ninguém mais ninguém menos que Anna Malecrit, ex-goleira do Quiberon Quafflepunchers e que ajudou a levar o time à vitória na Taça Europeia por três anos seguidos antes de se aposentar! Scorpius achava o uniforme rosa choque muito exagerado, mas ele não podia negar que eles tinham uma técnica de defesa incrível. Anna explicou as regras, mantendo o limite etário criado em 94 para que apenas bruxos maiores de idade ou que completariam a maior idade naquele ano letivo pudessem colocar seu nome no cálice de fogo que viria a selecionar os honrados campeões. 

O prêmio de 1000 galeões se mantinha e os alunos teriam até a manhã do dia 31 de Outubro para colocarem seus nomes no Cálice, sendo que o sorteio se daria na noite do Samhain (Halloween). Assim, com tudo perfeitamente esclarecido, o almoço de recepção e abertura foi encerrado. Scorpius teria conseguido desaparecer tranquilamente com seus melhores amigos em meio aos burburinhos de alunos e intercambistas voltando para seus dormitórios se Olivier não estivesse monitorando o filho como uma águia cuja presa era um minúsculo camundongo na relva.

— Scorpius. - A voz de seu pai soou atrás dos três adolescentes, fazendo com que todos se encolhessem e que os dois amigos saíram às pressas e abandonassem o garoto sozinho.

— Pai…. - Scorpius se virou, temendo o que o mais velho diria.

— Era para estar aqui às 11h30. - Afirmou impassível, com os braços cruzados aproveitando-se de sua dominância para instintivamente subjugar o filhote desobediente.

— Foi mal, pai. Mamãe acabou me prendendo em casa quando eu estava saindo.

— Aconteceu alguma coisa com ela?!

— Bem….- Ele levou seu braço direito até a cabeça, bagunçando o cabelo enquanto fazia uma careta frustrado. - Ela queria que eu prometesse não me inscrever no Torneio, e nós meio que tivemos uma discussão, e acho que acabei falando demais.

Ele viu as narinas de Olivier se dilatarem, com ele contendo sua raiva e frustração.

— Se você tocou no nome do seu irmão….

Antes que a bronca continuasse, Olivier se calou ao perceber seu filho ficar com os olhos aéreos, de ombros curvados, de sorriso bobo e inspirando profundamente. Correndo com os olhos para quem estivesse passando perto, frustrou-se ao perceber que ambas escolas intercambistas passavam juntas pela porta principal.

— Pai…. Esse cheiro…. - Scorpius tinha saído de seu estado de torpor e imediatamente procurava a dona na multidão, se desesperando ao não conseguir identificá-la.

     Vendo a expressão de preocupação no rosto do filho, Olivier apenas sorriu.

— Parece que você puxou o meu gosto por garotas estrangeiras. - Ponderou abandonando toda postura repreensiva, seu filho tinha capturado o cheiro de sua companheira e estaria enebriado por ele por um longo tempo, nem adiantava dar uma bronca no garoto numa hora daquela, afinal o lado veela do filho não estaria prestando a mínima atenção.

***


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Entre bruxas e torneios" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.