Tão Simples como Amar escrita por Daan_


Capítulo 25
Perdendo o chão, a razão...




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         Os dois seguiram para o sofá, Lilian não estava tensa...Tinha total consciência do que estava prestes a fazer, respirou fundo e ia começar a falar, porém foi interrompida por André:
— Resolveu voltar comigo?
— Resolvi deixar a situação bem clara entre nós. André, você sabe que sempre foi uma das pessoas que eu mais admiro nesse mundo, né?
— Ahn...
— Porém, venho percebendo que nos últimos meses, não tem sido mais a mesma coisa, sabe?
— Não, não sei Lilian, me explica. — pediu irônico.
— André, por favor...Você sabe onde eu tô querendo chegar.
— Não, seja mais direta por favor.
— Já que é assim...André, pra mim já deu...Nosso namoro, acabou.
— Ah tá, e você acha que é simples assim? Você namora cinco anos comigo, me enrola um mês e pouco e depois me dá um pé na bunda?
— Nosso relacionamento já não tava bem tinha um tempinho André...Por favor, não complica mais a situação. — pediu paciente.
— A gente já passou por fases difíceis, sempre juntos...Cinco anos Lilian...Você vai querer jogar fora?
— Eu não tô jogando nada fora...Eu só quero viver minha vida. Não sou a pessoa certa pra você, André...E nem você pra mim.
— Como você sabe disso? Hein? Hein? — perguntou alterando o tom de voz. — Eu sei muito bem o que é melhor pra mim.
— Primeiro, fale mais baixo, você não tá na sua casa e muito menos falando com uma qualquer...
— Você tá agindo como uma qualquer, você tá acabando comigo Lilian — gritou já vermelho — Você não pode fazer isso comigo...Eu tinha planos pra gente, sabia?
— André, não adianta, não vai dar certo...
— Porque não? Me diz! O que eu fiz de errado? Eu sempre tentei ser o melhor namorado pra você...Mas...Sei também que de uns tempos pra cá a gente não tem se visto muito. Eu...eu...Prometo ser mais presente. Faço o que você quiser, mas não aceito você me dar um pé...Assim, sem mais nem menos.
— André, eu não tô te dando um pé sem mais nem menos...Eu tô terminando um relacionamento que de um tempinho não vem dando certo. Você não é mais o garoto que eu conheci e que me deu maior apoio na morte dos meus pais...Você mudou.
— Você também mudou! Tá fria comigo! Quanto tempo que a gente num vai pra cama? Você vive me cortando!
— Não vem por a culpa em mim...Eu não sou a única culpada nessa história. Se eu venho te cortando é porque tá acontecendo alguma coisa...Que você nem se dá ao trabalho de saber...Eu não sei mais o que acontece com você, antes você era todo preocupado, ultimamente você anda num mundinho tão seu...Só seu. E eu não consigo, nem quero mais entrar...Acabei criando o meu.
— E eu não me encaixo no seu? Porque? Por que você quer me excluir dele?
— André, simplesmente não vai dar certo...Por favor, não insiste.
— Mas...
— André.
— Eu te amo, porra! Eu fiz tudo por você, e é assim que você me retribui?
— Eu sou muito grata a tudo que você fez por mim...Mas não posso mais levar isso adiante, André.
— A gente tava tão bem...Lilian, eu te amo tanto.
— A gente não tava bem, André. Será que  você não percebe?
— Não percebo o que?
— Eu...Não te amo. — disse num fio de voz.
         O rapaz levantou-se visivelmente transtornado, com as mãos na cabeça, andava de um lado pro outro sussurrando coisas que Lilian não soube definir. O rapaz foi aumentando o tom de voz aos poucos, até que finalmente entendeu um:
— Eu não vou aceitar isso, entendeu?
— André, você precisa ver que...
— O QUE EU FIZ PRA VOCÊ LILIAN? ME DIZ!
— Nada! Só que não dá mais...Pra mim não dá!
— E você acha que me fazendo de trouxa...
— Eu não te fiz de trouxa!
— CALA A BOCA QU EU TÔ FALANDO! — esbravejou o rapaz.
— André, se acalma...
— ME ACALMAR? COMO EU VOU ME ACALMAR? ME DIZ, COM QUEM VOCÊ ANDA SAINDO...QUEM É?
— Quem é o que?
— Você acha que eu sou otário? Porque só pode, né... — disse sarcástico — Sua mudança comigo não é de hoje...E tem que ter um motivo, que de certo é macho! Aposto!
— André, você não sabe o que tá falan...
         Lilian não teve tempo de terminar sua frase, sentiu os braços de André a puxando e apertando fortemente, no impulso tentou se livrar das mãos fortes do rapaz, porém, só sentiu as mãos dele apertando seus braços cada vez mais forte.
— ME SOLTA! — gritou num misto de irritação e surpresa.
— Me diz, sua vadia...Me diz! Quem é ele? RESPONDE!
         Lilian estava apavorada. Nunca nem sequer se imaginou passando por uma situação daquelas...estava gelada e com André a sacudindo cada vez mais forte, seu pânico só fazia aumentar. André, jogou Lilian no sofá e disse num tom totalmente rude:
— Não vai responder agora, vadia...Me diz quem é, me diz!
         Lilian manteve-se em silêncio. Deixou uma lagrima teimosa escapar olhando pra André, tentando entender de onde surgiu aquele homem monstruoso, bruto...Não lembrava em absolutamente nada o rapaz por quem tinha o maior respeito. André, não aguentando o silêncio da ex namorada, berrou:
— DIZ LOGO SENÃO EU TE MATO!
— Não tem ninguém! — gritou de volta, um tom choroso.
— Se não me disser por bem, vai ser por mal.
         André puxou Lilian pelos cabelos fazendo a garota gritar de dor. Lilian tentou se livrar do rapaz como pôde, mas André a dominava facilmente...A força do rapaz era bem maior do que a de Lilian. André fez Lilian olhar pra ele e perguntou novamente:
— Me diz logo... — entre dentes.
— Me solta agora... — tentando se livrar dele.
         O rapaz aproximou-se de Lilian e disse:
— Não vai responder, amorzinho? A tendencia agora é piorar, até você abrir sua boca...
         Lilian num impulso arranhou o rosto de André com toda força que tinha. Conseguiu seu objetivo pois o rapaz a soltou rapidamente e levou a mão ao rosto, que sangrava um pouco. Levantou-se rapidamente mas André foi mais rápido, puxou ela pelo braço, levantando do sofá e fazendo Lilian cair no mesmo com tudo. Momentos depois Lilian sentiu o peso da mão do rapaz em seu rosto, para em seguida sentir o rosto queimar...As lagrimas foram inevitáveis, abaixou a cabeça enquanto André gritava ainda com a mão no rosto:
— PUTA!
         Os momentos que se seguiram foram bem rápidos, André deu mais um tapa em Lilian, que tentava se defender inutilmente. O rapaz puxou a garota pelo braço e a jogou no chão...O chute no estômago foi certeiro, fazendo Lilian se contorcer e gritar de dor e não conseguir se mover. Na hora que Lilian tentou levantar-se tomou outro chute bem na costela o que fez a garota cair novamente, André, completamente transtornado disse:
— Você acha que eu não sei? Eu sei que você anda se esfregando com aquela Julia...Só pode ter sido ela que fez sua cabeça e te transformou nesse monstro. — e abaixou-se.
         A única coisa que conseguiu fazer depois de dito isso foi dar um soco no rosto de Lilian. Augusto abriu a porta bruscamente e foi até André, tirou o rapaz de cima da irmã rapidamente, num golpe só. O levantou pelo pescoço e empurrou ele até a parede:
— O que você pensa que tá fazendo? — perguntou forçando cada vez mais a mão no pescoço de André.
         Augusto estava vermelho e sem nem pensar deu um belo de um murro no rosto do rapaz. André ainda tentou se defender e revidar, porém Augusto foi mais rápido e deu outro murro bem no estomago de André, fazendo o rapaz fraquejar e cair no chão...No momento que ia acertar-lhe um chute, sentiu a irmã o abraçando por trás, chorando bastante...Respirou fundo e apertou as mãos da irmã:
— Você tá bem?
— Não... — respondeu chorosa.
— Vai ficar tudo bem.
         Augusto puxou André pela camisa, jogou ele na parede e disse:
— Isso não vai ficar assim, ouviu bem? De duas uma, ou você tá morto ou você tá preso...Acho bom você arrumar um bom advogado, ouviu bem? Agora sai da minha casa, eu tô com nojo de você...SAI AGORA!
         André, com o pouco de dignidade que ainda restava, soltou-se de Augusto bruscamente e saiu em passos largos. Bateu a porta com tudo, saindo definitivamente da vida dos dois...
         Lilian abraçou o irmão com todas as duas forças...Chorou como uma criança indefesa nos braços de Augusto, que procurava ferimentos pelo corpo da irmã todo preocupado enquanto Lilian chorava. A garota tinha um corte no supercilio e outro no lábio, que era leve até. O rapaz levou a irmã até o quarto e deitou-se com ela ficaram ali abraçados com Lilian chorando e Augusto tentando acalma-la, o rapaz foi até o banheiro buscar a caixinha de primeiro socorros que tinha lá. Enquanto limpava o ferimento do supercilio, conversava com Lilian:
— Eu nunca esperava isso dele, Guh...Nunca.
— Eu sei, minha linda...Tenta descansar e não lembrar disso agora. Cê tá sentindo muita dor?
— Um pouco...
— Vou te levar no hospital.
— Não! — alterou-se — Você é...Aaaaaaai! — gritou de dor. — doido? — terminou com certa dificuldade.
— Agora sim você vai no hospital sem nem teimar comigo.
— Augusto, eu não tô com cabeça pra ir em porcaria de hospital nenhum...
— Então vou chamar o doutor Denis.
— Denis era amigo do papai, você é louco?
— Ele é médico, oras...Vai saber o que fazer com você.
— Não quero que ele venha.
— Aaah ou você vai no hospital ou eu ligo pro doutor Denis.
— Vamos nesse maldito hospital vai...
         Lilian tentou se levantar, porém sentiu uma dor insuportável nas costas que a fez voltar para cama. Augusto, preocupado logo perguntou:
— O que foi, o que foi?
— Doooooooi demais! — respondeu num tom choroso.
— Fica ai, não sai daí!
— E eu vou pra onde? Correr na praia? — respondeu mal humorada.
         Augusto pegou o telefone e procurou a agenda no quarto da irmã. Ligou para Denis, um médico grande amigo de Jorge, pai de Lilian e Augusto. Um senhor já, cabelos e barba branca e um óculos que lhe davam aquele ar de experiência e inteligência. Alto, magro e sempre com um sorriso no rosto...Chegou no apartamento dos dois em pouco mais de trinta minutos, que para Augusto foram uma eternidade. Chegou e foi direto para o quarto, completamente aflito...Conhecera Lilian desde pequena, tinha muito carinho pelos dois. Enquanto Denis examinava Lilian, Augusto resolveu ligar para a namorada. Nem tinha passado na casa de Mari, e certamente a loirinha deveria estar bem preocupada com o rapaz...
— Onde você tá? — foi a primeira coisa que perguntou ao atender o telefone.
— Tô em casa...Surgiu um problemão aqui.
— O que houve?
— Eu...Eu não sei o que deu em mim quando tava prestes a chegar na sua casa. Instinto, sei lá...Resolvi voltar. Cheguei aqui em casa, encontrei o André surtando e batendo na minha irmã...
— Meu Deus! Como ela tá?
— Chamei um médico que era amigo do papai...Ele tá examinando ela agora, lá no quarto.
— Tô indo praí...Meu Deus, eu preciso ligar pra Julia...
— Não meu amor, não precisa...
— Não ouse teimar comigo, Augusto Vasques. Te amo. — e desligou.
         Assim que Augusto desligou o telefone, Denis saiu do quarto de Lilian, sem o seu sorriso habitual. Olhou para Augusto sério e perguntou:
— Quem foi que fez isso com ela?
— O desgraçado do ex-namorado.
— Eu espero que vocês recorram a policia. Isso não pode ficar impune, Augusto.
— Eu sei doutor, eu sei...Agora me diz, como ela tá??
— Muito nervosa, dei um calmante pra ela, fiz um curativo no rosto dela, e vou receitar um remédio pra dor. — disse pegando um papel de sua maleta — Toma. Preciso que você compre isso ainda hoje e assim que ela acordar você dá, ouviu bem?
— Pode deixar — pegando a receita e lendo. — Vou providenciar agora mesmo.
— Ótimo...Qualquer coisa é só me ligar, e não pense em não ligar, ok?
— Pode deixar...Obrigado por tudo.
— De nada filho...Sabe que eu tenho o maior carinho por vocês dois. — sorriu.
         O médico saiu depois de ter certeza que Augusto compraria aquele remédio pra irmã ainda hoje. Augusto estava a caminho do quarto, quando ouve a campainha, volta já imaginando quem é e abre e porta com meio sorriso:
— Oi...


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