Tão Simples como Amar escrita por Daan_


Capítulo 22
Estragando tudo.




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         Julia já estava desconfortável na presença de André. Sentiu o ar lhe faltar nos pulmões quando viu a mãe de André na coxa de Lilian, deixando a garota mais nova completamente incomodada. Tomou seu suco fuzilando o casal, sem nem se importar com os que estavam ao redor, Mari percebendo o desconforto da amiga resolveu puxar papo:
— Então, quem vai dar uma esticada hoje?
— Opa...Ouvi esticada? — André todo animado.
— Quem vai, quem vai? — perguntou Augusto.
— Eu não vou, não. — Julia.
— Ah Julia, você nunca vai.
— Não mesmo...Sem cabeça pra ir.
— Eu tô dentro. — André.
— Eu tô sem ânimo. Ou seja, não vou. — Lilian.
— Mas...
— André fica com meu carro, assim você não precisa se preocupar. Julia, me dá uma carona?
— Ahn?
— É, assim o André não precisa ficar andando sozinho de madrugada.
— E você não pode andar de táxi?
         Lilian um pouco surpresa, tentou bolar uma resposta mas nada vinha a mente. Augusto vendo o impasse da irmã, disse:
— Sabes que não acho seguro ela ir de táxi, sou chato mesmo...Não gosto.
         Julia olhou para Mari, pedindo ajuda a loirinha somente assentiu...Suspirou e concordou:
— Tudo bem, eu levo.
— Não, mas se realmente não quiseres não tem problema...
— Não, tudo bem Lilian. Não tem problema, eu levo...
         E o assunto encerrou-se por aí. Lilian tentava conversar com Julia, mas a morena não estava muito para conversas naquela noite. Julia não sabia onde conseguiu tanta força de vontade...Se dependesse dela, certamente já estaria a quilômetros de distância dali. Julia achava que a noite não fosse terminar nunca...Sua cabeça latejava tamanha dor, não conseguia se entrosar na conversa. Manteve-se calada boa parte do tempo...Todos ali, menos André, sabiam o motivo de Julia estar daquela forma. André estava adorando Julia não participar muito da conversa, não gostava nada da morena mesmo, pelo menos assim não teria que se dar ao trabalho de ter que conversar com ela. Quando o relógio indicou 00:30, Julia disse, exausta:
— Bom gente, eu vou indo...Você vem comigo, Lilian?
— Certamente...
— Bom então...
— Ahn...Acho que vou embora com vocês. — interrompeu Mari.
— Quê? Ah amor, sem você não tem graça...Eu não vou. — disse Augusto.
         Mari se aproximou um pouco mais do namorado e perguntou bem próximo a seu ouvido:
— Como você consegue ser tão...tão idiota? Não tá vendo que a sua irmã vai passar pela maior barra agora?! E você ainda preocupado e ir pra boate, Augusto?! Você tá me deixando enjoada.
— Não fala assim...Eu tô preocupado sim...Ela é minha irmã, minha vida. Tenho que fingir que tá tudo bem...Não sei se você percebeu, mas o André tá na mesa, e ele num sabe de nada. - respondeu da mesma forma.
— Tanto percebi o seu amigo na mesa, como odiei. Mas depois nos conversamos sobre isso...
— Mari...Eu acho que você deveria ficar. — disse Julia interrompendo a conversa do casal.
         Depois daquela comunicação por olhares, Mari sentiu-se segura para ficar ali com o namorado, com quem certamente teria uma séria conversa mais tarde. Julia se despediu de Augusto e de André e quando foi se despedir de Mari, a loirinha a puxou para um canto mais reservado e perguntou num tom preocupado:
— Tens certeza que não precisa da que eu vá?
— Tenho...Absoluta.
— Julia...
— Já falei, vai ficar tudo bem. Não quero estragar mais a noite, já foi bastante frustrante pra mim, ok?! Quero que você se divirta.
— Difícil hein, com a vontade que eu tô de estrangular o Augusto...Nossa, num tá nem escrito.
— Não quero que você brigue com ele por causa disso, ok? Promete pra mim?
— Mas Julia...
— Mariane Ávila, promete?
— Não, não prometo. — respondeu a loirinha estufando o peito.
— Olha... — respirou fundo apontando para Mari — Só não vou discutir com você, porque sei que você é uma cabeça dura desgraçada.
— Ainda bem. E olha...Não pretendo brigar com ele...Mas uma conversa séria, com certeza vamos ter.
— Como você é chata...
— Aprendi com você.
         Julia chegou a abrir a boca para responder a altura, porém, foram interrompidas por Lilian, que chegou um tanto sem graça e disse a Julia:
— Hum...Desculpa atrapalhar mas...Vamos?
— Claro, claro. — respondeu Julia fria.
— Hey, se cuida tá?
— Pode deixar que eu sei me cuidar, Mari.
— Tchau Mari...
— Tchau Lilian.
— Te espero no carro. — disse Julia saindo em passos largos.
— Não! Espera, eu vou com você. — Lilian alcançando a morena.
         As duas seguiram em silêncio. Passaram pela mesa rapidamente, onde só Lilian acenou para o irmão, que balbuciou um “boa sorte” que Lilian entendeu através de leitura labial. Chegando no estacionamento, Lilian acelerou os passos e parou bem em frente a Julia, que nada disse, tentou desviar mas Lilian ainda tentava a impedir de passar. Suspirou irritada e perguntou:
— Dá pra sair da frente ou tá difícil?
— Preciso conversar com você.
— Ah, é? Que pena, eu não quero.
— Julia, é sério...Você precisa me ouvir.
— Lilian...Eu só quero que você me diga uma coisa...Uma única coisa, só pra eu ter noção de quão otária eu sou...Você terminou com aquele...Cara?
         Lilian sentiu os olhos marejarem, abaixou a cabeça, respirou fundo e disse:
— Não... — olhou para Julia — Mas eu posso explicar...
— Nem precisa, não perca seu tempo com isso, ok? Agora se me der licença...
         Julia voltou a caminhar em passos largos...Sentia-se a pessoa mais frágil do mundo naquele momento. Sua vontade era de evaporar...Mas ainda iria torturar-se mais um pouco levando Lilian em casa, como se não bastasse. Destravou o carro e entrou, apertou o volante significavelmente e fechou os olhos...Momentos depois, Lilian surge na porta e sugere num fio de voz:
— Se você quiser, eu pego um táxi, não precisa se dar ao trabalho de me levar em casa...
— Entra logo no carro. — disse fria.
         Lilian entrou parecendo um bichinho acuado. Assim que fechou a porta, Julia deu partida no carro...As mãos apertando o volante fortemente, o corpo todo tenso e os olhos não desviavam nem por decreto da rua...Estava tomando um caminho diferente, pois pretendia passar numa farmácia 24 horas que conhecia ali, pois não tinha remédios para dor de cabeça em casa. Lilian viu que Julia estava num caminho todo diferente, olhava meio curiosa para os lados, até que Julia resolveu explicar:
— Vou passar numa farmácia pra comprar um remédio pra dor de cabeça...
— Olha, eu tenho remédio pra dor de cabeça em casa, se você quiser eu...
— E você acha que me dando uma porra de um remédio pra dor de cabeça vai ajudar no que eu tô sentindo? — perguntou entre dentes num tom agressivo. — Você num tem nem noção...
— Não, mas eu...
— Foi o que eu pensei. — interrompeu a garota bruscamente.
         E o silêncio se instalou no carro novamente. Julia passou na farmácia rapidamente, não demorou mais que cinco minutos e tomou o medicamento por lá mesmo. Dirigia mecanicamente, não conseguia se concentrar no que estava fazendo...Depois de uns dez minutos no mais absoluto silêncio, chegaram na porta do prédio de Lilian. Julia nem se deu ao trabalho de desligar o carro, olhava para frente como se algo a interessasse profundamente em algum ponto da rua...Lilian tirou o cinto e desligou o carro, assim despertando Julia:
— O que...O que você quer? — perguntou franzindo o cenho.
— Julia, você precisa me escutar...
— Olha aqui Lilian...Eu não quero conversar com você. — disse sem virar-se.
— Mas...
— Qual a parte do “eu não quero conversar com você” você ainda não entendeu?
— Julia, não me trata assim... — pediu num fio de voz, quase chorando.
— Então sai de perto de mim pra não ser tratada assim...Porque eu não consigo de tratar de outra forma...Não vejo outra melhor.
— Julia não é assim, eu preciso explicar...Você precisa me ouvir e entender.
— Não quero ouvir e entender muito menos...Olha, quer saber?! Pra mim já chega...Acabou tudo Lilian. Agora sai do meu carro. — num tom totalmente frio e autoritário.
— O que você quis dizer com acabou? — perguntou deixando escapar uma lágrima.
— Acabou...Não sabes o significado da palavra?
— Julia não faz assim... — pediu já não controlando o choro.
         Julia, que ainda nem sequer tinha olhado para Lilian virou-se bruscamente, assim encontrando os olhos de Lilian totalmente tristes. Se arrependeu da atitude de imediato, sentiu uma dor no peito, uma vontade quase que incontrolável de abraçar Lilian...Quase, pois controlou-se e sem se virar, respondeu:
— Você não fizesse o que fez comigo antes...Chega Lilian, cansei. Cansei de ser a otária, que liga e fica preocupada e pra melhorar ainda toma uma patada...A besta que espera você terminar um projeto de namoro. Puta que pariu, como eu sou trouxa! — exclamou a última frase cobrindo o rosto.
— Eu tentei, eu juro mas... — disse um tom quase que desesperado, tentando explicar.
— Não, não, não! Esqueci de falar que eu cansei das suas desculpas também. Agora sai do meu carro, por favor?
— Eu te amo...
         Julia encostou-se no banco e fechou os olhos...Poucos momentos depois, Lilian prestes a acariciar seu rosto, porém Julia abriu um sorriso sarcástico que fez Lilian recuar...Abriu os olhos lentamente e ainda sorrindo, disse:
— Por favor, Lilian...Não seja hipócrita.
         Aquilo foi a gota d'água para Lilian, sentiu um aperto no peito e saiu do carro, pouco depois que fechou, disse:
— Eu te ligo...
— Ahn? Nem tente...Sério Lilian, tô te pedindo, me esquece...De vez.
— Impossível. — e saiu.
         A garota praticamente correu até a portaria e Julia a seguia com o olhar. Quando a morena a perdeu de vista, deu partida no carro. Sentiu os olhos marejarem, mas manteve-se firme...Até em casa. Assim que entrou em seu apartamento, desabou no sofá...Chorava baixinho, sofrido. Sentia-se uma garota de 15 anos...Completamente insegura, frágil. Ficou ali no sofá, totalmente inerte por um bom tempo e acabou dormindo no sofá...


         Foi acordando aos poucos, com o barulho insistente do celular, depois de tatear a mesinha, achou o aparelho...
— Alô?
— Onde você tá? — perguntou Mari, num tom totalmente preocupado.
— Tô em casa, por que? Aconteceu alguma coisa, Mari?
— Aconteceu...Tô aqui na porta do seu apartamento, batendo e ninguém abre.
— Ai desculpa, tava dormindo.
— Cassete Julia, são quase uma da tarde.
— Puta que pariu. Já vou abrir... — e desligou o celular.
         Julia levantou do sofá rapidamente e sentiu uma leve dor nas costas, espreguiçou-se dizendo para si mesma:
— Agora, remédio pra dor no corpo. Deus, vou morrer dopada.
         Abriu a porta e deu passagem para Mari, que a olhava toda preocupada:
— Nossa, você tá mal...
— É pra rir?
— Não, é só pra você me xingar...Mas pelo o que eu vejo...
— Olha, eu acabei de acordar, ok? Pega leve.
         Mari suspirou e foi até o sofá, largou a bolsa lá e virou-se para Julia:
— Como você tá?
— Como você disse...Mal.
— Comeu alguma coisa?
— Eu acabei de acordar, ia comer como? Dormindo? — respondeu mal humorada.
— Eu realmente tô preocupada com você, sabia?
— Eu sei amiga...Desculpa. — respondeu sincera.
— Vai tomar um banho...Enquanto eu preparo algo pra você comer.
— Tô sem fome, Mari. — disse num tom de voz meloso.
— Você tem que comer, vai logo Julia.
— Eu odeio você, sabia?
— Eu imaginava...


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