Corte de Estrelas e Tormento escrita por Black Sweet Heart


Capítulo 6
Capítulo Cinco




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Rhaella voltou, com o aviso do menino em sua mente.

O que ele quis dizer? O que ele sabia?

Tomada por preocupação decidiu procurar Rhys. Poderia ser só uma brincadeira de criança, mas teve necessidade de sentir-se segura. E nada mais transbordava segurança que o Grão-Senhor mais poderoso de Prythian.

O baile continuava com euforia, sorrisos, flertes e dança para todo lado. Rhaella varreu os olhos em todos os cantos, mas nada de Rhys. Talvez ele tenha recebido um alerta também. Talvez ele tenha ido embora e a deixado pra trás... Seu coração ficou ainda mais acelerado, as mãos suando. Ficou tão distraída que acabou esbarrando as costas em alguém.

—Olhe por onde anda, passarinho -uma voz cantarolou nas suas costas.

Lentamente Rhaella se virou, e quando reconheceu em quem tinha esbarrado

Amarantha. A Flor que Não Desbota

Poucas fêmeas tinham seus nomes gravados na história de Prythian. A mãe de Rhaella dizia que as fêmeas que deviam ser sua inspiração eram as esposas que se dedicavam aos maridos, que doavam seus corpos para ser lar dos herdeiros de Prythian e algumas até mesmo perderam sua vida por uma causa tão nobre. Rhaella aceitava que sua mãe estivesse um pouco certa, realmente trazer uma nova vida ao mundo lhe parecia uma magia inigualável a qualquer outra, mas não era sobre mães ou esposas que histórias eram contatas.

Eram sobre guerreiros, sobre grandes adversários, sobre um líder de uma causa.

Amarantha era tudo isso, além de tudo também uma fêmea. E Amarantha a mais importante delas.

Keir contava com orgulho de todas as conquistas que a fêmea teve. Rhaella nunca ouviu o pai elogiar tanto alguém, ainda mais uma fêmea. Ela fantasiava com Amarantha, desejando ter a coragem dela para desafiar seu pai, sua mãe e todas as regras. Rhaella não se imaginava lutando em um campo de batalha, mas poder ser quem ela queria ser era seu maior desejo.

A admiração de Rhaella ficou explicita em seu rosto.

Rhaella se ajoelhou perante a fêmea ruiva.

—É uma honra conhecê-la, Senhora –Educada e delicada, como aprendeu nas aulas de etiqueta.

—Que coisinha preciosa –cantarolou a fêmea. Amarantha ergueu o rosto de Rhaella e examinou minuciosamente o rosto da menina. –Este rosto, pelo Caldeirão, Keir foi abençoado com a filha mais linda de Prythian.

Emocionada, Rhaella deixou escapar um barulho de empolgação.

—Ouvi tantas histórias sobre você. Perdão. Sobre a Senhora –Suas bochechas esquentaram. –É muito emocionante conhecer uma fêmea tão poderosa.

—Estou encantada por sua prima, Rhysand –Amarantha falou olhando a sua direita.

Rhaella ficou tão distraída que nem reparou a presença do primo. Porém se Rhaella era a imagem da empolgação Rhys estava totalmente paralisando, com os olhos cravados em Rhaella.

Rhaella não conseguiu entender a reação do primo, jamais viu o Grão-Senhor sem aquele olhar poderoso, destemido.

Era quase como se estivesse com medo. Com medo por ela.

—Como a Corte Noturna pode deixar esta bela fêmea nas sombras? –Amarantha desceu seus dedos até o pescoço da menina. As unhas raspando em sua pele.

—Ela é só uma criança –Rhys fez pouco caso. Como se Rhaella não fosse digna de tanta admiração. –Nenhum macho que se preze perderá tempo com alguém tão imaturo.

O folego de Rhaella sumiu. As palavras de Rhys soou como uma bofetada no rosto dela.

Ela o chamou de velho, e talvez tenha o ofendido mais do que deixou transparecer, porém não o ofendeu no meio de um salão lotado, com todas as cortes podendo escutar aquilo.

Segurou ao máximo para não chorar e piorar mais a situação.

—Alguns machos gostam de experimentar o sabor da juventude. Principalmente tendo um rosto e um corpo belo pra fazerem o que quiser –A fala de Amarantha não se tratava de um elogio, na verdade era tão ameaçadora que Rhaella estremeceu. –Mas parece que o Grão-Senhor da Corte Noturna procura alguém mais experiente.

Amarantha sorriu com sedução ao Grão-Senhor

—Chega de perder tempo com uma jovenzinha insignificante –Rhys agarrou o braço de Amarantha e a puxou para si. –Termine logo os cumprimentos para podermos começar a verdadeira celebração.

—Seu primo é um macho impaciente, querida –Amarantha mordeu o lábio inferior enquanto um brilho malicioso fincou em seus olhos. Quase não olhou pra Rhaella quando proferiu a última sentença –Mas fique por perto, se me sobrar tempo posso te dar dicas de como colocar de joelhos machos como Rhysand.

Eles partiram sem olhar pra trás, ela era só mais uma feérica insignificante no meio dos dois.

(...)

Uma completa inútil, era como Rhaella se sentia!

Foi até uma sacada minúscula que tinha no segundo andar da montanha. Conseguiu ver algumas cabanas montanha a baixo, e sinceramente preferia estar lá do que naquela festa ridícula.

Claro que fracassou em chamar atenção de alguém. Não era só a beleza que interessava em um macho. Viu fêmeas cantarem, dançarem, flertarem descaradamente e uma até mesmo ficou nua!

Rhaella não era como nenhuma delas. Era a mais tola, ingênua, patética...

—Pelo Caldeirão, nem sonhando conseguiria imaginar alguém tão bela assim –Um macho soltou a encontrando curvada no parapeito de pedra.

Rhaella sorriu com educação. Suas roupas verdes remetiam a Corte Estival, ou Primaveril. O cabelo dourado curto e um sorriso confiante.

—Que sorte encontrá-la aqui –Ele parou ao lado dela –E tão sozinha... Mas entendo, é perfeita demais para perder tempo entre os tolos.

—Só estou tomando ar –Rhaella inspirou fundo e jogou os cabelos pra trás.

Ele não era nenhum Grão-Senhor, nem herdeiro. Rhaella estudou suas pinturas e conhecia os rostos que o pai queria que ela escolhesse.

Mas queria conversar. Estava tão entediada que aceitaria até mesmo o bêbado de sorriso fácil.

—Deixe-me adivinhar –Ele percorreu os olhos pelo corpo da fêmea. –Invernal?

—Não –Rhaella sorriu abertamente. Claro que a roupa branca remeteria as cores da corte do inverno.

—Hum... Estival, certamente. Está vestida de espuma do mar.

Rhaella jogou a cabeça pra trás e gargalhou.

—Nossa, já vi que não –Ele coçou a cabeça. –Bem, sou da Primaveril e garanto que saberia se alguém como você estivesse tão perto de mim. Então Primaveril e Outonal estão fora. Resta Diurna, Crepuscular e...

—Noturna –Rhaella completou.

O macho se afastou um pouco, pra poder analisá-la minuciosamente.

—Não se parece nada com alguém da Corte Noturna.

—E como alguém da Corte Noturna deve parecer?

—Maníacos perigosos que se divertem decapitando alguém –Ele franziu o cenho em claro desrespeito.

—Sinto muito decepcioná-lo –Rhaella ficou envergonhada pela visão barbara que tinham sobre sua casa.

—Está tudo bem –Ele ergueu os ombros. –Só a torna mais interesse. Quer um pouco de vinho?

Rhaella ficou surpresa dele oferecer sua bebida tão rápido. Não perguntou o nome dela, não conversaram... Talvez fosse um ato amigável vindo da Primaveril e ela não seria rude de recusar.

Pegou a taça na mão.

—Beba –Insistiu levando a taça próximo a boca dela–Vai esquentá-la por dentro. Esse vestido tão fino, deve estar com frio...

Rhaella sentiu a mão vazia por um segundo e ao se dar conta percebeu que estavam acompanhados pelo Grão-Senhor da Corte Noturna.

—Minha prima ainda consegue erguer uma taça de vinho –disse Rhys.

—Rhysand –Soou mais como uma maldição vindo do macho.

—Não engane um membro da minha corte com este vinho barato –Rhys virou a taça e despejou o vinho no chão. –Suma da minha frente.

O macho foi sem olhar pra trás, nem mesmo voltou quando Rhys lançou a taça em sua direção, quase acertando sua cabeça.

—Está louco? Isso não foi nada diplomático! –Bronqueou Rhaella.

—Nunca beba nada que venha deles! –Rhys ordenou.

—O vinho é tão ruim assim?

—Rhaella –Ele soou impaciente. –As intenções dele não eram boas.

—Já entendi! Sou imatura –Rhaella abananou as mãos no ar –Não precisa me ofender mais.

—Rhaella –O chamado de Rhys foi mais afetuoso que no momento anterior. Tinha voltado a se portar como o primo que conversou no início da noite –O que eu disse sobre hoje? A verdade é a última coisa que encontrará. Amarantha não estava encantada com sua beleza, ela estava enciumada. Ela viu em você alguém que pode roubar o seu brilho e eu precisei dizer tudo aquilo pra fazê-la mudar de ideia.

—Então era tudo mentira?

—Não a parte do "criança", você realmente é nova demais pra estar aqui –Rhys realmente estava incomodado por ver alguém tão jovem jogada aos leões daquele jeito.

—Pensei que gostasse de Amarantha –Rhaella estranhou o jeito como Rhys falava dela, com tanto ódio... Já que flertou com ela tão abertamente –Ela visitou a Corte Noturna muitas vezes.

—Todos Grão-Senhores precisam aprender a suportar certas pessoas se querem continuar no posto –Rhys sorriu com amargura –Tenho suportado seu pai a minha vida inteira, não tenho?

—Eu estou me perguntando o porquê ele me deixou vir sozinha –Rhaella compartilhou seu lamento. –Está claro que eu não consigo chamar atenção de nenhum Grão-Senhor, e estava prestes a experimentar um vinho ruim antes de você me salvar.

Rhys não riu como ela esperava. Quando olhou para o macho percebeu que o mesmo paralisou por alguns instantes.

—Algo está errado –Rhys murmurou.

—O que? –Rhaella abandonou a posição descontraída.

—Seu pai não perderia uma oportunidade de conseguir grandes negócios como este baile. E também não a deixaria em uma missão para casar sem que a instruísse cada passo.

—Essa foi a primeira vez que ele me deixou sair sozinha –Rhaella concordou com a linha de raciocínio de Rhys.

—Por que agora? Por que hoje? –Ele encarou a festa com uma pergunta no rosto. –Preciso ir.

—Rhys –Ela segurou seu braço antes que partisse. Precisava contar sobre o aviso que recebeu –Eu queria te avisar antes. Um menino...

—Ele te pediu pra fugir e um guarda não deixou – Rhys pareceu ler através de seus olhos.

—Como sabe de...

—Eu tenho que saber o que está acontecendo –Rhys segurou sua mão e apertou seus dedos –Fique atenta.

—Ficarei –Prometeu acenando com a cabeça.

Ela o deixou ir e também encarou a festa antes de entrar.

Algo estava no ar. Algo estava pra acontecer.

(...)

Rhaella não conseguiu mais se concentrar em mais nada pelo resto da noite. Passeou por todo salão lentamente, alguns sussurravam sobre sua aparência, outros a elogiavam abertamente, no entanto a menina perdeu o interesse em flertes.

Seus olhos procuravam qualquer coisa suspeita, qualquer um que ameaçasse a festividade. Mas nada estava errado, era como qualquer baile que já participou, exceto que seus pais não estavam controlando cada momento dela.

Ali era o primeiro erro, algo fora do eixo.

O convite para o baile foi endereçado a Keir, não a Rhaella. E o pai da menina ficou muito animado com o evento até duas semanas atrás. Alguma informação nova o fez recusar, primeiramente anunciou que ninguém da família iria. Quando os membros da corte Noturna o questionaram Keir arrumou uma desculpa atrás da outra, até que informou que Rhaella iria sozinha. Nem mesmo Padma foi escolhida para acompanhá-la antes... Antes de Rhaella...

Afastou a culpa pro fundo de sua mente. Não era hora daquilo. Precisava pensar em tudo, queria ajudar Rhysand a descobrir qual era o problema.

Após anunciar que Rhaella iria desacompanhada o pai conversou com ela todas as noites. Ele não fazia isso. Nos jantares em que ele, a mãe dela e ela comiam juntos Athenais costumava dominar a conversa inteira, geralmente focado nas fofocas da corte ou sobre os estudos de Rhaella.

O assunto daquelas últimas semanas foram os Grão-Senhores, quem oferecia o que, e em como Rhysand prejudicou a Corte Noturna. O pai dela falava com tanto ódio do macho... Será que Keir se aliou a Amarantha para prejudicar Rhysand?

Mas por que a incluí-la naquele jogo?

Será que ela era parte do plano de Keir?

—Por que está planejando matar todos nós?

Rhaella pulou quando Eris a segurou por trás e sussurrou em seu ouvido.

—Eu não estava planejando isso! –Defendeu-se piscando freneticamente.

—Estou brincando, Rhae – Eris riu melodicamente. –Você não matou nem mesmo aquela borboleta que ficou em sua sopa.

Eris falava do jantar que Beron fez em homenagem ao pai dela, onde todos visitaram a Corte Outonal para um banquete. Uma borboleta pousou na colher de sopa de Rhaella, e o encantamento de Rhaella foi tanto que ficou estudando suas assas em vez de comer.

A borboleta ficou lá por uma hora até que Eris a retirasse. Ele ficou intrigado por ela não ter a matado logo, já que a Corte Outonal sofria quase uma infestação daquele inseto.

Rhaella só deu de ombros. Matar não estava em seu instinto.

—Por que estava tão séria? –Eris questionou a olhando com estranhamento.

—Tentava lembrar se deixei carne o suficiente para Syrax –Rhaella deu um sorriso amarelo.

—O seu gatinho. Minha mãe ficou possessa quando viu as cortinas do seu aposento.

Rhaella ficou aliviada pela desculpa ter funcionado. E falar de Syrax sempre a distraia de qualquer outro assunto.

—Por isso que fiquei proibida de levá-lo pra qualquer lugar fora de casa. Pedirei desculpas a sua mãe.

—Fique tranquila, seu pai pagou uma quantia generosa. Ninguém da Outonal irá decapitá-la por isso.

Ambos riram. Eris, como sempre, sendo o macho mais agradável com quem Rhaella tinha conversado.

Isso a fez lembrar que mais cedo, quando ele implicou com Rhysand.

—Mudou de ideia sobre falar comigo hoje?

—Seu primo está muito distraído com a anfitriã da noite –Eris sinalizou para o altar, onde Rhys sussurrava no ouvido de Amarantha. –Ele não irá mais nos encarar por algum tempo, eu acho.

—Deve estar certo –Rhaella passou a acreditar que a preocupação de Eris era que Rhysand considerasse um pretendente pra ela. E o macho certamente não a via como uma futura esposa. –Teve sorte em sua caça?

—Não para uma noiva, mas muitas para a noite –Eris sorriu com malicia. –E você?

—Posso ter algum em mente, mas meu primo não aprovou sua sugestão –Ela se referia ao Tamlin.

—É claro que não -Eris revirou os olhos.

—O que há entre vocês? -Perguntou curiosa.

—Não sou a pessoa certa para lhe contar essa história -Eris contraiu os lábios.

—Oras, mas por que tantos segredos? –A rixa deles, a rixa de Tamlin e Rhys. Era como ler um livro com inúmeras páginas faltando, estava quase impossível de acompanhar. –Li tudo a respeito de Prythian e agora parece que não sei nada.

—Nenhum livro seria capaz de descrever todos os segredos que nosso mundo guarda –Eris passou a acariciar a manga do vestido de Rhaella, a facha transparente que ia até o cotovelo dela –Estou curioso. Por que não preto?

—Meu pai queria a imagem da pureza –Rhaella alisou o vestido –É assim que me pareço?

—Parece uma deusa imaculada –Eris olhou seu cabelo, os cachos perfeitamente alinhados, depois o rosto que todos elogiavam –Que nenhum macho deveria tocar.

—Não é essa a visão que quero passar -Rhaella riu.

—Rhaella -O chamado de Eris foi cauteloso. -Pense bem antes de escolher alguém pra se casar. Sua irmã não pode e acho que este foi o princípio dos problemas dela.

—Conhece Mor? –Rhaella franziu o cenho. Eris nunca mencionou que ele e Mor foram apresentados.

—Seu pai não contou? –O macho pareceu espantado.

—Contou o que? –Aquela situação de não saber sobre nada estava começando a irritá-la profundamente.

Antes do macho responder um tumulto começou pelo salão. As criadas de Amarantha passaram entregando as taças para o brinde da noite. Olhou para o altar onde ficava o trono de Amarantha e viu todos os Grão-Senhores se dirigindo até o local.

—Está na hora do brinde –Eris lhe entregou uma taça –Creio que já tenha idade para isso.

Ela aceitou a taça, olhando seriamente pra Eris. Ele não iria escapar da sua pergunta.

—O discurso vai começar, falamos sobre isso depois –Eris prometeu, seus olhos transmitiam sinceridade.

Rhaella iria retrucar quando ouviu uma voz dentro de sua cabeça.

Rhaella, não se assuste.

Como você... Certo, o seu poder bizarro.

Apesar do aviso ela ainda se sentiu assustada.

Primeiro "velho" e agora "bizarro", depois se sente ofendida quando a chamo de criança.

Você me chamou de inexperiente.

Vamos declarar empate quanto aos adjetivos que usamos para descrever um ao outroagora preste atenção: Depois do brinde temos que sair daqui. Amarantha bloqueou todas as saídas e algo ruim está pra acontecer.

Não devemos avisar a todos?

Rhaella viu tantos a sua volta. Tantos que sorriam e conversavam sobre aquela noite ser a melhor de suas vidas. O coração apertou em pensar que logo sofreriam alguma catástrofe.

Não. Me encontre na escada sul assim que terminar sua bebida. Faça o que eu estou mandando.

Tudo bem. Tudo bem.

Ela faria o que Rhys mandou, mas não estava realmente tudo bem. Olhou pra Eris em seu lado, e como ele ficou ansioso com a conversa que prometeu terem. Eris, que sempre foi gentil com ela... Ela não podia deixa-lo ali pra sofrer...

Não sinta pena deste maldito! O grito de Rhys foi tão alto que ela fechou os olhos.

Saia da minha cabeça, já entendi o que tenho que fazer!

Rhaella fechou a cara e olhou pra cima. Rhysand mantinha aquele rosto tranquilo e a posição confiante em toda a conversa.

Amarantha deu um passo a frente, erguendo a própria taça. Mais elaborada do que foi entre a todos, com alguns ossos e pequenos crânios decorando o corpo do objeto. Rhaella nem queria saber qual animal foi usado para a criação da taça.

—Hoje inicia-se uma nova Era –Amarantha anunciou eufórica. –Uma união de toda Prythian. Que os muros das cortes sejam derrubados, que possamos criar alianças poderosas que elevarão esta terra a níveis nunca vistos. Esta noite trata-se do início de uma história que será contada em todos os lugares. Sintam-se parte da história e celebrem o nascimento de uma nova era. A Prythian!

—A Prythian! -Todos repetiram em uníssono.

E taças foram esvaziadas em todo canto.

Rhaella abriu a boca para despedir-se de Eris e então sair apressada.

Porém algo distraiu Rhaella. Um macho, com o dobro da altura dela, se curvou no chão, gritando de dor.

Logo depois, outro grito ecoou, do outro lado do salão.

—O que está acontecendo? –sussurrou olhando pra taça em sua mão.

—O brinde –Eris tossiu violentamente ao seu lado, apoiou-se no ombro de Rhaella para manter em pé. –A bebida estava envenenada.

—Eris –Rhaella o tateou, não sabendo o que fazer para ajudá-lo. –Vamos sair daqui.

O aviso do menino veio em sua mente, e a ordem de Rhys também. Ela precisava escapar. Com Eris não seria fácil correr pra fora, mas não poderia deixá-lo daquela...

E enfim a dor chegou nela.

O formigamento no peito. Que era difícil decidir se doía ou não passava de um incomodo. Rhaella se agarrou as vestes, procurando entender. Foi quando viu a mão direita reluzir.

Soltou Eris, que já estava envolvido em sua própria dor para protestar. Os joelhos cederam e despencou no chão, mas sua mente estava preocupada com o que acontecia com sua mão; com seu poder.

O brilho que lhe foi dado ainda mais forte do que na noite que atingiu Padma. A voz falhou naquele momento, mas as lagrimas desciam pelo rosto ao reconhecer o sentimento de perda. Aquele presente da Mãe, que implorou para que fosse devolvido, agora estava sendo tomado.

Talvez fosse uma lição. Seu pedido atendido da forma distorcida.

Não conseguiu continuar a se culpar pois a dor invadiu sua mente. Ajoelhada no chão e implorando pra que parasse. Que acabasse de uma vez.

—Rhaella! –Escutou uma voz distante a chamando.

Não teve coragem de responder. Se fosse a morte, não queria seguir tão cedo. Não tinha conhecido nada! Ela sequer tinha vivido!

—Por favor, não. Por favor, não –passou a implorar.

Sim, ela tinha tentado partir daquele mundo. Em um momento que pensou que nunca teria poder pra ser alguém além das expectativas do pai. Teria aceitado partir se ainda continuasse a ser a Rhaella presa na torre.

Porém não era. Aquela noite mudou tudo. Por que estavam arrancando daquele mundo na única vez que teve esperança de viver?

A dor era tanta que ela se uniu aquele coro de horror, com gritos e orações pra que aquilo parasse. Eris tremia ao lado de Rhaella, e ela nem mesmo conseguia estender a mão porque sua mente mal suportava continuar com aquela tortura.

Fechou os olhos, pronta pra se render e deixar ser levada logo. Ela queria que tudo parasse.

—Rhaella! – a voz que procurava por ela alcançou e seus braços a sacudiram com força.

Abriu os olhos contra vontade, e ficou aliviada por reconhecer o rosto de Rhysand.

—Rhys – choramingou agarrando a lapela de seu terno.

Rhys a olhava com pesar, a dor dela o feria.

—Nossos poderes –Por um momento a encarou com estranheza. Era de conhecimento geral que Rhaella não possuía poderes. Deveria estar com os outros que só assistiam a terrível cena. –Nossos poderes estão sendo tomados.

—Nos tire daqui! –Implorou, sacudindo-o.

Ele era o Grão-Senhor mais poderoso de Prythian! Ele era o único que conseguiria tirá-los. Que poderia salvá-los.

—Não consigo –Os olhos violetas encheram-se de lagrimas. –Sinto muito, Rhaella.

Rhaella também começou a chorar e se encolheu como uma bola.

—Dói muito! –Chorou se unindo ao corpo do primo.

—Feche os olhos –Rhys beijou a testa dela, e a protegeu em seus braços. –Farei com que a dor suma.

—Mas e você? –Quase sem folego, com

Rhys não conseguiu esconder sua preocupação, ele também temia pelo que aconteceria com ele. Com o que todo aquele pandemônio resultaria. Ainda sim não deixava de sentir-se pior vendo Rhaella sofrer tanto, saber que o imenso poder estava sendo sugado de suas veias e não podia usar para salvar sua família.

—Queria fazer mais –Rhys confessou. Seus dedos tocaram a testa de Rhaella, iniciando sua magia. –Que um de nós não passe por este tormento. É tudo que está nas minhas mãos.

Antes de conseguir protestar a mente de Rhaella enevoou-se com o poder de Rhys, era como adormecer lentamente. O corpo foi soltando-se do aperto da dor, mas ela também não o sentia a ponto de conseguir levantar.

Só caiu no encantamento de Rhysand, que era bem melhor do que de Amarantha.

E seu último pensamento foi um temor, uma premonição, de que o que aconteceu ali era só o começo. 

 


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