Wicked Love. escrita por Beatriz


Capítulo 21
Capítulo 21.




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Depois de todos os acontecidos da noite anterior, Maya, depois de deixar Ayato sozinho quando voltaram da floresta, tentou ir descansar um pouco antes de o sol nascesse. Porém, acordou sobressaltada às cinco horas da manhã quando escutou batidas firmes em sua porta. Ela levantou da cama, calçou suas pantufas, colocou um casaco, pois estava um frio péssimo no quarto e foi até a porta, olhando pelo o olho mágico. Se surpreendeu com a pessoa que viu parada do outro lado: era Rory, uma vampira bonita que trabalhava como secretária de seus pais, sempre indo e vindo, entregando recados deles, e organizando a agenda dos mesmos. Maya imaginou que ela tinha ido junto com os pais na viagem deles. Aparentemente estava enganada.

Maya então abriu a porta e a loira olhou para ela como se esperasse vê-la completamente uniformizada para um novo dia e não de pijamas e cabelos bagunçados. Maya simplesmente não ligou e esperou que a outra quebrasse o silêncio. Uma coisa que sempre chamou atenção em Rory eram suas orelhas pontudas como as dos vampiros de animes. Ninguém sabia explicar o porquê isso tinha acontecido com ela, talvez alguma mutação genética em seu nascimento. O fato é que ninguém sabia explicar e isso era curioso.

— Bom dia, senhorita — disse, respeitosa. Ao redor delas, o dormitório estava silencioso. — Tenho um recado de seus pais.

— Eles não estão viajando? — Maya perguntou, escondendo um bocejo com a mão.

— Ainda não, mas irão essa tarde — Rory respondeu. — Eles gostariam que a senhorita e o senhor Kuran fossem em uma viajem para a Academia de Vampiros suíça. A Suíça acabou ficando fora da rota de viagem deles por ser um país mais que pacífico, porém tomamos conhecimento de que alguns problemas estão acontecendo e seus pais não conseguirão reformular a rota deles a tempo.

— Por que eu? — Maya perguntou, realmente surpresa. — Laito é o sucessor. Ele quem deveria ir.

— Concordo, senhorita — Rory assentiu. — Porém, o diretor da Academia suíça requisitou a sua presença e não a do senhor Laito.

Maya suspirou, apertando a ponte do nariz.

— Simplesmente odeio ser tão boa no que faço — ela disse.

Rory deu de ombros. As duas se despediram, acertando que Maya a encontraria já no estacionamento com Kaname. Assim que a loira foi embora, a outra vampira foi tomar um banho quente e tranquilo, precisava organizar os pensamentos e relaxar os músculos. Tinha estado muito tensa esses dias e isso estava a afetando mais do que ela esperava.

Já fora do banheiro, escolheu uma roupa quente, bonita e confortável já pensando no voo de dezesseis horas que eles tinham pela frente. Provavelmente estaria frio na Suíça e ela não esperava que Kaname fosse cavalheiro o suficiente para lhe emprestar o casaco caso ela ficasse desconfortável. Mesmo que eles estivessem começando algo que ela não sabia definir ainda, não confiava que o Kuran estava de bom humor o suficiente para ser legal com ela.

Maya então, como combinado, encontrou com os outros na entrada da Academia, onde os carros podiam estacionar para receber os alunos ou deixá-los. Rory estava envolvida em uma conversa sobre alguma coisa muito interessante com Kaname, pois estava com a testa franzida, parecia preocupada ou com raiva de algo. Quando Maya se aproximou, Kaname se afastou de Rory e foi até ela.

— Você teve alguma notícia? — perguntou, baixinho.

Maya ergueu uma sobrancelha, trocando sua mala de mão de lado.

— Sobre o que?

— Sobre... — ele hesitou. — Você sabe.

Ele estava se referindo à Kaori e a toda essa situação em que se encontravam. Por enquanto Kaname não tinha com o que se preocupar, pois, apesar de Ayato ter falado para todos os outros irmãos, ninguém mais parecia saber o segredinho deles e Maya garantiu isso ao vampiro que pareceu respirar mais aliviado.

Os três então entraram no carro e seguiram viagem até o aeroporto, onde um avião particular, menor que os outros, os aguardavam. Era um avião que Maya já tinha viajado várias vezes antes na companhia de seus pais, pertencia ao Rei. Rory se acomodou um pouco mais longe dos dois, conversando com alguém que falava na escuta em seu ouvido. Maya e Kaname sentaram um de frente para o outro. Logo Assim que o avião decolou, Maya olhou pela sua janela e observou o sol começar a nascer no horizonte.

Eles já estavam há quase uma hora voando quando o café da manhã finalmente foi servido. Maya escolheu comer comida humana para variar um pouco o cardápio e Kaname não comeu nada, estava observando as nuvens pela janela.

— Ela meio que sumiu depois que acordou — ele comentou. Maya deu uma espiada em Rory, ela estava com fones de ouvido e lendo um livro.

— O que você esperava? — Maya perguntou, tomando um gole de seu cappuccino.

— Sinceramente, não sei — ele suspirou, afundando na poltrona.

Um tempo se passou em que todos ficaram em silêncio e o único barulho audível o suficiente era o levo zumbido do avião deslizando pelo ar. Maya sempre achou a Suíça um país lindo, mas muito monótono. Ela com certeza não moraria lá. Penso como os vampiros de lá seriam: todos extremamente pálidos? Não, com certeza não, mas ainda assim a grande maioria deveria ser quase transparente. Ela pensou no clima, não tão diferente de seu próprio país que estava sempre frio e gelado. Pensou também no que estariam os dois indo fazer lá já que não haviam sido informados de absolutamente nada. Porém, como se lesse seus pensamentos, Rory levantou-se e foi até eles, sentando em uma poltrona mais próxima. Ela tirou os fones de ouvido e seus olhos azuis escuros os encararam.

— Imagino que vocês devem estar confusos com essa ida repentina à Suíça — ela disse. Os dois balançaram a cabeça, concordando. — Não tive acesso à muitas informações, mas o que fiquei sabendo foi que coisas estranhas começaram a acontecer com os vampiros da Academia de lá.

— Que tipo de coisas? — Kaname perguntou, interessado, e os dois se aproximaram mais de Rory para escutar com atenção.

— Mortes — ela respondeu. — Aparentemente, os vampiros de lá estão morrendo de forma misteriosa.

— Ninguém sabe nada? — Maya franziu o cenho, confusa.

— Até o momento, não — a outra vampira respondeu.

— Que estranho — Kaname comentou.

— Com tudo o que está acontecendo ultimamente, eu não me surpreendo com mais nada — Maya recostou-se em sua poltrona, suspirando.

O resto da viagem foi insuportavelmente tedioso para Maya e ela tentou distrair-se como pôde, mas nada realmente ajudou, então, em algum momento, decidiu que o melhor a se fazer era ir até as camas que existiam no avião e dormir um pouco.

Obviamente não era nenhum quarto cinco estrelas. Ali havia apenas uma cama de solteiro, estreita o suficiente para única pessoa que deitasse nela ficasse desconfortável, e era separado do resto do cômodo por uma cortina de veludo. A vampira se aconchegou ali e caiu no sono rapidamente.

Em seu sonho, ela viu Kaname e Kaori sendo queimados por seus crimes em uma fogueira como se eles estivessem na época Medieval e tivessem sido pegos pela Santa Inquisição. Um pouco mais adiante, ela viu o rosto de Cordelia reluzindo com as chamas e ela se divertia com a visão e os gritos do jovem casal. Maya tentou se aproximar, queria ajudar, salva-los, mas não conseguia se mover. Seus pés pareciam feitos de chumbo. Olhou ao redor e percebeu que todos os outros alunos que ela conhecia estavam ali em uma espécie de transe. Seus meio-irmãos, os amigos de Kaname, todos observavam os dois queimarem e não moviam um músculo. Laito estava ao lado dela e os dois se encararam, mas o vampiro parecia uma estátua: rígido, sem expressão.

Maya acordou horas depois, suando frio, com o coração acelerado, enquanto Kaname a chamava e seu rosto pairava acima dela. Ela levou uma mão ao peito, puxando o ar para os pulmões e acalmando-se aos poucos. Era só um sonho, não era real, disse à si mesma. Kaname estava vivo e com todos os pedaços de pele em seu devido lugar. O cheiro de carne humana queimado ainda estava em suas narinas.

— Você está bem? — Kaname perguntou.

— Tive um pesadelo — ela tirou os pés do colchão, sentando-se. — Nada demais.

Kaname não parecia convencido, mas não falou nada.

— Acabamos de aterrissar — ele disse.

Maya calçou suas botas e levantou-se, caminhando até a sua poltrona, onde havia deixado sua bolsa. Assim que a colocou no ombro, os três já estavam prontos para saírem do avião e assim o fizeram. O ar extremamente frio da Suíça os atingiu com força no rosto e Maya teve que franzir os olhos diante daquilo. Kaname a ajudou a descer enquanto Rory ia na frente, imperturbável. Uma vez em terra firme, eles seguiram até dois carros que os aguardavam. Rory disse que eles iriam separados, ela foi com o motorista em uma Rolls Royce e Kaname e Maya ficaram em um Bentley Continental. Sem querer discutir, ela deixou que o vampiro fosse dirigindo, afinal era o mais velho ali com 21 anos e ela estava mentalmente cansada demais para se preocupar com o trânsito.

Berna, a capital da Suiça estava linda, exatamente como ela se lembrava. O trânsito não estava tão ruim, apesar do clima não muito bom. Kaname estava mortalmente calado ao seu lado, o que ela não achou ruim. Quando finalmente chegaram à Academia, Maya ficou surpresa com o quão bonita era. Por um segundo, ela pensou se não seria uma boa ideia pedir transferência para lá. Mas não demorou muito para o pensamento sumir de sua mente.

Rory, Kaname e ela foram recepcionados pelos dois diretores da Academia. Um caçador e outro vampiro. Maya ficou perplexa ao saber que aquela escola ainda era conjunta: vampiros e caçadores estudando juntos. Parecia loucura, mas, de alguma forma, eles faziam funcionar. Os três então foram levados para dentro, onde lhes serviram um jantar chique que fez Maya ter vontade de repetir, e depois foram conduzidos para um escritório, onde finalmente conversariam. Rory ficou do lado de fora, respeitosa como sempre. Uma vez lá dentro, os quatro presentes sentaram-se.

— Senhorita Sakamaki, Senhor Kuran — o diretor vampiro começou. —, como dito anteriormente, é um prazer enorme recebe-los aqui. Infelizmente as condições são terríveis.

— Senhores... — Kaname começou, tentando lembrar-se do sobrenome difícil dos homens.

— Podem nos chamar por nossos nomes — o diretor humano disse. — Eldric e Kuhn.

— Tudo bem — Kaname assentiu. — Soubemos o que está acontecendo aqui, mas muito superficialmente. Gostaríamos de mais detalhes.

— Ah, como nós mesmos gostaríamos de ter mais detalhes — Eldric, o vampiro, suspirou.

— Tudo aconteceu muito rápido — Kuhn continuou. — Da noite para o dia os vampiros começaram a adoecer e a enfermaria ficou tão lotada que tivemos que reabrir um antigo prédio da escola, que já estava fechado, para acomoda-los.

— Vocês não têm nenhuma ideia do que possa estar acontecendo? — Maya perguntou.

— Por que não os deixamos ver com seus próprios olhos, Kuhn? — Eldric sugeriu, o que foi acatado pelo o outro.

Juntos, os quatro saíram novamente da escola. Maya percebeu pela primeira vez que, apesar de linda, a escola parecia morta, como se todos os alunos estivessem de férias. Apenas alguns poucos caminhavam por aqui e por ali, mas eram todos caçadores. A vampira estremeceu e não foi de frio.

O prédio que servia como enfermaria ficava há alguns metros de distância do prédio principal. Eles foram recebidos por uma enfermeira vestida à rigor. Ela os conduziu à uma das salas onde alguns pacientes se encontravam. Explicou aos visitantes que cada quarto comportava cinco estudantes. Maya pensou que era uma coisa boa dada as circunstancias, pois não estavam atulhando alunos nos quartos por não terem mais espaços para recebe-los.

Dentro de um dos quartos, Maya ficou horrorizada. Os cinco alunos que estavam lá dentro pareciam mais mortos que vivos. Estavam sedados e a enfermeira expôs os membros de cada um, mostrando marcas avermelhadas, como se tivessem os beliscado repetidamente. Porém, sendo vampiros, deveriam ter se curado segundos depois. Nada explicava por que ainda estava acamados com uma aparência péssima.

— Desconfiamos que tenha sido algum tipo de envenenamento — a enfermeira disse. — O primeiro caso aconteceu há algumas semanas. Pensamos que não era nada demais, que o aluno se curaria rápido, mas o quadro evoluiu e logo depois vários outros estudantes estavam iguais.

— Como isso é possível? — Kaname perguntou, observando o braço de um dos pacientes.

— Esse o xis da questão, senhor — a enfermeira disse, cobrindo o vampiro que Kaname analisava. — Não sabemos.

— Como a enfermeira-chefe disse — Eldric chamou a atenção deles. —, foi tudo muito rápido, mas, apesar de serem vampiros, os sintomas que apresentam são muito parecidos com o de envenenamento: náuseas, vômitos, muito suor, dor abdominal, logo após apareceram essas manchas.

— Não seria nada demais — a enfermeira prosseguiu. — Afinal, são vampiros, podem se curar do que quer que tenha lhes feito mal, mas eles simplesmente não conseguiam.

— Isso é uma loucura — Maya comentou, assustada.

— E foi então que as suspeitas começaram — Kuhn continuou. — Os vampiros começaram a desconfiar que os caçadores estavam fazendo isso. Vocês sabem que nós caçadores temos armas que são fatais para os vampiros justamente por impedir a regeneração — Kaname e Maya balançaram a cabeça, concordando. — Então, espalharam boatos que não seria tão difícil criar algo que matasse os vampiros de dentro para fora, impedindo a regeneração. Mas eu juro — a voz dele falhou. —, por tudo o que é mais sagrado, não estamos fazendo nada. Meus alunos são inocentes.

— Ninguém está o acusando, amigo — Eldric colocou a mão no ombro do outro. — Chamamos vocês aqui, pois temíamos que o pandemônio se instaurasse aqui. Todos estão muito estressados e a ponto de começar uma confusão a qualquer momento. Não queremos quebrar o Tratado de Paz e precisamos de um olhar de fora para tentar resolver o assunto antes mesmo de compartilharmos com a Sede dos Caçadores.

Maya estremeceu só de pensar nos vampiros indo à Sede dos Caçadores com acusações sem provas que só serviriam para estourar uma guerra – como se eles já não tivessem motivos suficientes para que isso acontecesse.

A Sede ficava em Edimburgo, na Escócia. Maya havia ido lá apenas uma vez, quando criança, acompanhada de seu pai. Era um castelo antigo que mais parecia um mausoléu, mas que abrigava vários dos melhores caçadores que o mundo já viu. Caçadores esses que seu pai respeitava muito e faziam até um Puro-Sangue tremer na base. Kaien Cross havia saído de lá para se tornar o diretor da Academia da Transilvânia.

— Vamos ajudar da melhor forma que pudermos — Maya assegurou.

— Muito obrigado — Kuhn disse, parecendo realmente agradecidos. — Podemos contar com seus serviços assim que amanhecer?

— É claro — Kaname disse.

Eles então foram dispensados e seguiram para seus quartos, guiados por um funcionário da escola. Ficaram um do lado do outro, porém em quartos separados. Havia uma pequena sala entre os dois. Os dois entraram em seus respectivos aposentos e Maya pensou em deitar um pouco e descansar, porém sua mente dava voltas e voltas, incapaz de descansar. O sono ficaria para uma próxima. Ela tomou um banho e colocou uma roupa confortável: moletom, legging e uma pantufa que havia no quarto especialmente para ela.

Maya saiu do quarto para a sala separada e se deparou com Kaname já ocupando uma das poltronas. Ele havia tirado o terno e o sobretudo e agora usava apenas uma calça de moletom e uma blusa escura, também estava com pantufas nos pés. Se eles não estivessem uma situação tão esquisita, Maya teria feito alguma piadinha, mas não estava com cabeça para isso. Jogou-se no sofá ao lado de Kaname e ficou insistentemente tentando ligar para Reiji, porém só caía na caixa postal. Ela bufou e jogou o celular longe.

— Está tentando falar com quem? — Kaname perguntou.

— Reiji — ela respondeu, sentando-se e encostando suas costas no braço do sofá.

— Por quê? — ele perguntou, curioso.

Maya deixou o celular no sofá, com a tela virada para cima, e olhou nos olhos escuros de Kaname.

— Enquanto estávamos lá na enfermaria, algo me veio à mente — disse. — Lembro que... — Maya hesitou por um instante, escolhendo bem as palavras. — Um dia Laito pegou um dos venenos que o Reiji cria para... — ela hesitou de novo. Como explicar o que aconteceu naquele fatídico dia em que Laito batizou sua bebida? Kaname ergueu uma sobrancelha. —  Enfim, não vem ao caso, mas aquele troço acabou na minha boca. Com certeza não senti os mesmos sintomas, mas o Reiji é muito bom com tudo isso, ele cria vários venenos. É uma parte do poder dele.

— Então você acha que... — ele foi interrompido.

— É apenas uma suposição — concluiu. — Achei muita coincidência. Além disso, nosso pai deu a ideia para Reiji criar venenos contra vampiros — Kaname pareceu surpreso. — Você sabe que os assassinatos que ocorreram nas Academias foram para uma raça culpar a outra e começarmos uma guerra, certo? — Kaname não respondeu, mas também não negou. — Não sei o que deram para esses vampiros, mas, se o Reiji me atender e confirmar que algum de seus frascos sumiu, o que quer esteja envenenando-os veio da Romênia. Mais especificamente da nossa Academia.

— Você acha que alguém aqui está querendo culpar os caçadores? — Kaname perguntou.

— Acredito que sim, é possível — ela respondeu, séria. — Mas o Reiji não me atende! — a vampira pegou o celular e encarou a tela, frustrada.

— x —

Ainda na madrugada anterior Kaori contou todo o seu segredo para Yori. A amiga escutou com atenção, sem interrompe-la em nenhum momento e segurando sua mão como se Kaori estivesse colocando para fora a coisa mais dolorosa de sua vida. Ela gostaria que Zero tivesse aceitado as coisas tão bem quanto a amiga. Mas como poderia? Era egoísmo desejar que ele agisse normalmente com ela depois que ela mentiu e o traiu.

No fim da conversa, Yori abraçou a amiga novamente, bem apertado. Kaori afundou o rosto no ombro da menina e se agarrou à ela como se isso fosse resolver todos os seus problemas. Enquanto encharcava o uniforme da menina, pensou em Kaname pela primeira vez desde que tinha o deixado em seu quarto na Academia dos Vampiros. Não sabia como seguiriam a partir dali. Pela primeira vez, ela considerou seriamente quebrar a ligação. Se existia mesmo algum Deus bondoso acima dela, ele não a deixaria morrer e, com a ligação quebrada, tudo isso acabaria.

— Sinto muito, K — Yori disse, afastando-se um pouco da amiga para olhá-la nos olhos. — Isso tudo é horrível. Nem consigo imaginar como é estar ligada com um vampiro. Com um Puro-Sangue.

— Você não vai ir embora também? — ela perguntou, limpando o rosto com a mão.

— Por que iria? — Yori colocou uma mecha de cabelo de Kaori para trás da orelha dela. — Você é minha melhor amiga, Kaori. Que tipo de amiga eu seria se abandonasse você em um momento como esse?

— Você não está com raiva?

— Claro que não, criatura! — Yori sorriu. — Entendo Zero estar com ódio de você, mas eu não estou. Sou uma caçadora, mas admito que até eu acharia difícil resistir à Kaname Kuran.

— Para — Kaori sorriu pela primeira vez no dia. — Não fala isso nem brincando.

Yori colocou para trás o cabelo que estava escondendo o pescoço de Kaori e engoliu em seco quando viu as marcas das presas de Kaname ali. Era algo horrível, mas se aquela era a vida que sua melhor amiga levaria dali para frente, ela não a julgaria. Cada um sabia os pecados que carregava e Yori não estava na posição de decidir quem tinha o maior ou menor pecado nas costas.

— Estou chateada que você não me contou antes — ela admitiu. — Mas estou aqui.

— Obrigada, Yori — Kaori sorriu, triste. Depois encostou-se à parede e olhou para o teto. — Preciso voltar lá para conversar com Cordelia.

— Sobre o que?

Kaori contou sobre os uniformes que Senri havia encontrado e o rosto de Yori se fechou uma expressão preocupada. Talvez ela compartilhasse com a vampira suas suspeitas de que alguém estava querendo incriminar as duas partes, em uma tentativa, talvez, de iniciar algo muito, muito ruim. Era seu trabalho, afinal. Ela tinha obrigação de reportar suas descobertas tanto ao seu diretor quanto à diretora vampira. Porém, estava com um pouco de receio, pois não confiava realmente em Cordelia. Kaori sempre fora boa em julgar outras pessoas e nunca tinha tido uma boa sensação quando estava perto da vampira.

— Você precisa que eu vá? — Yori perguntou, acariciando o braço da amiga.

— Não, obrigada — ela olhou para Yori e sorriu, agradecida. — Gostaria que você estivesse aqui para me avisar quando Kaien chegasse.

— Nossa! Eu havia esquecido completamente que ele estava vindo por causa do Zero — Yori passou uma mão no rosto. — E agora ele foi embora! Isso aqui vai ficar um caos.

— Nem me fale — Kaori suspirou.

Momentos depois, ela estava com sua mochila novamente no ombro, voltando para o local de onde havia saído como uma fugitiva. Aparentemente, Zero já havia ido embora, ela procurou por ele, mas não o encontrou em lugar algum. Conversou com Klaus, mas ele apenas disse que Zero pediu para manter sigilo sobre a Academia para onde iria e que o assunto deveria ser tratado apenas com Kaien. Ele perguntou porque Zero havia feito àquilo e Kaori mordeu a língua, pois não poderia dar nenhuma resposta minimamente verdadeira. Então, mentiu, dizendo que não sabia. Foi quando Klaus disse que ele pediu também a anulação do noivado com ela, o que era mais difícil de conseguir e levaria um pouco de tempo, pois precisaria passar pela Sede dos Caçadores. Essa notícia foi como uma facada para Kaori, ela sentiu no fundo de seu âmago que realmente havia perdido Zero irremediavelmente e precisou de toda sua força para não explodir em lágrimas na frente do diretor substituto.

— Não sei o que aconteceu entre vocês — o caçador disse, colocando uma mão no ombro dela. —, mas não há nada nesse mundo que não possa ser concertado. Mantenha isso em mente.

Ela havia agradecido pelo conselho, mas não estava tão certa de que o que tinha feito tinha perdão. Zero agora provavelmente começaria uma vida bem longe dela e Kaori teria que lidar com as consequências de suas próprias ações. Ela sentiu uma lágrima solitária escorrer por seu rosto enquanto andava pela floresta, refazendo seu caminho mais que conhecido. Kaori amava Zero muito além do fato de serem noivos. Ele era a pessoa que mais a conhecia no mundo inteiro, o único que sabia o que ela tinha passado com a morte dos pais e o quanto isso a devastara. Ele era tudo o que ela tinha porque havia perdido uma parte dele também naquela noite, porque a segurara e a manteve sã quando seu mundo inteiro parecia ruir.

Ela se perguntava como podia ter sido tão burra, mas ao mesmo tempo estava aliviada que ele havia descoberto, apesar de tudo. Mesmo tendo perdido a única pessoa que parecia importar em sua vida, Kaname ainda não saia de sua mente e ela esperava que pudesse vê-lo quando chegasse à escola. Poderiam eles agora encontrarem-se sem medo? Provavelmente não, mas a consciência dela ficaria menos pesada quando ele a beijasse ou, pior, quando tomasse seu sangue. Kaori levou uma mão ao pescoço e estremeceu, lembrando que ele quase tirara sua roupa naquele escritório. Depois se repreendeu, pois não era esse tipo de pensamento que ela deveria estar tendo em uma hora como essas.

Quando chegou à Academia dos Vampiros, ficou com medo que já fosse pega e levada à julgamento. Se perguntava se os amigos de Kaname haviam ido até Cordelia contar as novidades. Ela esperava que, mesmo odiando o vampiro, eles ainda gostassem dele o suficiente para manter tudo em segredo. Estava com esse pensamento na cabeça quando algo chamou sua atenção no andar de cima da escola. Ela olhou por uma janela e arregalou os olhos quando percebeu que uma sala estava em chamas e correu para dentro quando viu uma silhueta passar em frente à janela. Seria um aluno? Sem pensar muito, ela subiu as escadas e correu, tropeçando, pelos corredores até encontrar a sala da biblioteca. Uma fumaça preta estava saindo pelas frestas da porta, mas a mesma ainda não havia explodido, o que significava que o incêndio ainda não estava muito ruim.

Agindo rápido como de costume e arriscando sua vida como sempre, ela jogou sua mochila no chão e tirou o blazer de seu uniforme, cobrindo seu próprio rosto com o mesmo. Kaori chutou a porta e entrou como se fosse um bombeiro indo salvar uma vítima. Ela não era nada disso, é claro, não sabia nem como agir em caso de incêndio e nunca havia estado em um. Contava apenas com o fato de seu cérebro trabalhar rápido e ela descobrir o que fazer em um passe de mágicas.  

Dentro da sala o ar estava abafado e a mesma fumaça preta que saia pela porta tomava conta do ambiente. Kaori sentiu sua pele esquentar a níveis absurdos ali dentro, esperava que não começasse a derreter antes de encontrar quem quer que estivesse ali. Ao seu redor, duas estantes de livros pegavam fogo. seu coração disparou em seu peito quando uma delas caiu muito próximo, fazendo um estrondo uma bagunça no local. Finalmente, ela avistou um tufo de cabelos ruivos há alguns centímetros de distância. Se precipitou até a pessoa e reconheceu que era um dos filhos do Rei, mas não soube distinguir qual. Sentindo sua pele queimar com o calor, ela amarrou as mangas do blazer na nuca e se agachou ao lado do vampiro. Ele parecia inconsciente, seu peito estava parado. Talvez estivesse morto? Não, impossível. Estava sem nenhum arranhão visível, então por que não se mexia? Ela gritou uma, duas, três vezes até sua garganta se fechar com algum material tóxico que estava sendo liberado na queima da sala.

Ela sentiu seus pulmões gritarem por ar e seus olhos lacrimejarem. Estava muito, muito quente, e, quando não conseguiu mais sustentar o próprio corpo e caiu ao lado daquele vampiro, ela sabia que morreria.

Mas é claro que aquele era um dia de sorte para a caçadora. Laito não estava morto. Óbvio que não. Seu poder como vampiro era da pirocinese, ele já estava mais familiarizado com fogo que qualquer outra pessoa ou vampiro. Ele não estava morto quando Kaori o encontrou, havia apenas caído no sono. Ele se sobressaltou quando a menina caiu ao seu lado, batendo em seu rosto no processo. Laito não se assustou com todo aquele fogo ao seu redor, mesmo que a sala toda se consumisse em chamas ele continuaria ileso. O que o surpreendeu foi a humana ao seu lado, com um blazer amarrado no rosto e a pele começando a ficar muito avermelhada.

— Mas que droga é essa?! — ele resmungou, ficando de pé. Pegou a menina como se fosse um saco de lixo e jogou em seu ombro, saindo dali tranquilamente como se nada estivesse acontecendo.

Do lado de fora, alguns vampiros estavam reunidos, incluindo Ayato que já estava começando a usar seus poderes para jogar água na sala, na tentativa de apagar o incêndio. Quando Laito irrompeu ali de dentro, algumas pessoas, incluindo seu irmão, olharam para ele como quem dissesse: “tinha que ser”. Ele apenas ignorou a todos e deixou a humana no chão. Alguma vampiras com coração mole o suficiente se aproximaram e começaram a soltar exclamações de medo de que aquela menina moribunda estivesse morta.

Laito desamarrou o blazer dela e ficou encarando o rosto vermelho e cheio de fuligem. Foi então que ele a reconheceu: era uma das caçadoras que haviam se hospedado na Academia para investigarem os assassinatos. Laito revirou os olhos. Por que humanos eram tão intrometidos? A roupa dela havia passado de branco para cinza escuro e estava queimada em alguns pontos. O vampiro podia tê-la deixado na sala, mas não estava muito a fim de ser expulso da escola por iniciar um incêndio e matar um caçador.

Ele então a cutucou com a ponta de seu tênis. Cutucou a coxa dela, mas a menina não esboçou nenhuma reação. Ela estava com a respiração um pouco entrecortada, provavelmente por ter inspirado todo aquele ar. Ela não estava morta, o que era ótimo, mas se ele não fizesse algo ela morreria bem ali no chão.

— Ei — Laito chamou Ayato que lançou-se um olhar de esguelha sem se desconcentrar de seu trabalho. — Vou levar essa garota até a enfermaria. Cuida disso aí?

— Você é um filho da puta imbecil — Ayato respondeu. — Leva aquela mochila — apontou coma cabeça para a mochila no chão. — Deve ser dela. Estava aí quando eu cheguei.

Laito apenas deu de ombros, pegando a mochila do chão e colocando em seu ombro. A menina ele pegou no colo a contragosto e caminhou com ela para a enfermaria. Enquanto caminhava ele percebeu que o cabelo dela estava intacto, o que foi bom, pois meninas costumavam ser insuportáveis com seus cabelos e ele não estava a fim de escutar sermão por causa disso, ainda mais de uma humana.

Na enfermaria, a enfermeira não pareceu surpresa ao ver Laito, mas sua expressão mudou quando percebeu que ele carregava uma humana em seus braços. Seguindo as ordens da vampira, deitou a menina em uma maca e largou a mochila dela por ali. Ele estava pronto para ir embora quando lembrou-se de toda aquela história de Kaname e percebeu que estava exatamente com a garota que havia provocado toda aquela confusão. Um sorrisinho surgiu em seu rosto, é claro que ele não deixaria aquela oportunidade passar.

— O que aconteceu com ela? — a enfermeira perguntou, enquanto colocava uma máscara de oxigênio no rosto da caçadora e começava a cuidar do que pareciam ser queimaduras.

— A biblioteca pegou fogo e ela estava lá — ele respondeu, inocente.

— Pegou fogo do nada? — a enfermeira perguntou, cética.

Laito apenas deu de ombros, sentando-se em uma das poltronas vagas na sala. A enfermeira fez mais alguns procedimentos na menina e se afastou dizendo que, na melhor das hipóteses, ela acordaria em algum momento e, na pior, ela chamaria Cordelia para lidar com eles. O vampiro apenas revirou os olhos e encostou a cabeça no encosto da poltrona.

Algumas horas depois, Kaori realmente acordou, tossindo. Ela retirou a máscara de oxigênio e sentou-se na cama, puxando o próprio ar com rapidez. Laito se aproximou da maca dela com uma cara de poucos amigos e a menina só o percebeu quando se acalmou. Porém, seus reflexos foram muito lentos e Laito agarrou a mandíbula dela como se fosse uma boneca de pano, forçando-a a encará-lo.

— Você realmente fede ao Kuran — ele disse, olhando para ela com desprezo.  

Ele largou o rosto dela e Kaori olhou para ele incrédula. Lembrou-se que havia tentado salvar aquele idiota e de alguma maneira quem estava na enfermaria era ela. Kaori observou o estado de suas roupas e respirou fundo, soltando o ar com força pela boca. Por que às vezes ela tinha que agir de forma tão imprudente? Alguns segundos se passaram e ela percebeu que o vampiro continuava a encarando. Ela olhou nos olhos dele e reconheceu Laito Sakamaki. Sentiu-se intimidada por aqueles olhos, ele não demonstrava nenhuma expressão. Parecia apenas com raiva dela.

— Eu tentei salvar você — ela disse, confusa.

— Sim, e quem acabou salvando você fui eu. Vai agradecer? — ele perguntou em um tom autoritário que a irritou.

— Se você fosse um pouco mais simpático, eu agradeceria — disse, emburrada, levantando da maca, porém tropeçou nos próprios pés e Laito teve que ampará-la.

— A sua sorte é que eu não estou a fim de secar todo o sangue que está correndo aí nas suas veias — ele a colocou de pé novamente com um movimento brusco. — Insolente.

Ele deu as costas para ela, mas Kaori o seguiu, pegando sua mochila rapidamente. Ela ainda não estava 100% bem e sentiu seus pulmões arderem enquanto respirava, mas seguiu aquele vampiro para fora da enfermaria como se ele a estivesse guiando pela escola.

— Quem você pensa que é para falar assim comigo? — ela perguntou, com raiva.

— Bem, não é preciso ser muita coisa para falar do jeito que eu bem entender com você — ele a olhou por cima do ombro. — Não tenho nenhum respeito por uma putinha de um Kuran.

Kaori sentiu as palavras dele como um tapa na cara, mas se apressou para passar pelo vampiro e empurrá-lo contra a parede com um braço, não forte o suficiente, pois Laito riu dela como se ela tivesse apenas o cutucado.

— Você pode calar essa boca? — ela disse, entre dentes. — Como diabos você sabe sobre...

— Você e o Kuran? — ele riu, empurrando-a para trás facilmente. — As notícias correm. Tem que ser muito burra para achar que isso ficaria em segredo para sempre.

Ele saiu andando novamente e Kaori fechou os punhos com força ao lado do corpo, sentindo o tremor que antecedia um ataque de raiva. Laito já estava no meio do corredor quando vozes o fizeram parar. Eram os amigos de Kaname se aproximando. O vampiro se lembrou que Ayato disse que eles não reagiram bem ao fato de seu líder estar fornicando por aí com uma humana. Ele sabia que se os vampiros encontrassem com Kaori seria uma desgraça. Então, sentindo-se muito piedoso e a fim de ter uma caçadora devendo-lhe um favor, ele deu meia volta e andou rápido na direção de Kaori. Sem dar tempo da menina pensar, ele foi para trás dela, tapando sua boca com força e a arrastando para a primeira sala que apareceu. Uma vez lá dentro, Laito esperou até que as vozes e os passos do grupo de Kaname sumissem para soltá-la.

— Que merda foi essa?! — ela perguntou, irritada.

 — Merda mesmo ia acontecer se os amigos do Kuran encontrassem você no corredor — ele respondeu, se afastando. Laito percebeu quando Kaori estremeceu ao entender do que ele havia lhe livrado. — Está me devendo uma, caçadora — o sorriso dele pareceu a Kaori pior que encontrar àquele grupo no corredor.

— x —

Maya tentava não pensar no fato de ter comido seu jantar dentro daquela escola, mas se consolava com o fato de que, se a comida estivesse envenenada, tanto ela quanto Kaname já estariam sentindo os sintomas.

Já passava de meia-noite quando Reiji finalmente retornou a ligação. Maya e Kaname não haviam ido dormir ainda e quando viu a ligação do irmão no celular ela atendeu e colocou no viva-voz.

— Finalmente! — ela exclamou, irritada.

— Oi para você também — Reiji rebateu. — O que foi? Tem 500 ligações perdidas aqui.

— Que caralho você estava fazendo? — ela perguntou. — Estou com uma emergência aqui!

Maya e Kaname ouviram uma voz feminina ao fundo e perceberam que Reiji estava acompanhado. Agora estava explicada a demora.

— O que aconteceu, Maya? — ele perguntou, formal.

Sem perder tempo, Maya explicou toda a situação a Reiji, nos mínimos detalhes. Quando ela perguntou se ele havia sentido a falta de algum de seus frascos, ele negou, mas disse para ela continuar na linha, pois iria verificar novamente. Maya e Kaname esperaram em um silêncio inquieto enquanto ouviam o vampiro andando e abrindo a porta de sua sala. Mais alguns minutos se passaram enquanto eles escutavam Reiji revirando sua sala até que o vampiro quebrou o silêncio.

— Sim, está faltando um frasco — ele admitiu. Maya e Kaname trocaram um olhar preocupado.

— Que merda! — Maya exclamou.

— Qual é a razão disso tudo? — o professor perguntou.

Foi a vez de Kaname explicar as suspeitas deles, pois Maya havia se perdido em pensamento. Seria possível que Laito, de alguma forma, fosse responsável por isso tudo? Ele já havia pegado as coisas de Reiji uma vez, não poderia fazer de novo?

— Se esse for o caso, eu os aconselharia a saírem daí o mais rápido possível — Reiji disse, parecendo genuinamente preocupado.

— Não podemos — Maya disse, finalmente. — Se não dermos um jeito de, pelo menos, amenizar as coisas, as acusações dos vampiros contra os caçadores chegarão à Sede deles e você sabe que os caçadores não aceitarão calados.

— Estão pensando em levar isso à Sede dos Caçadores? — Reiji perguntou, apreensivo.

— Vai ser um massacre — Kaname apertou a ponte do nariz.

— Pensem em algo. Rápido. Não comam mais nada que servirem aí. Vocês estão correndo um risco muito sério — Reiji aconselhou. — Irei pessoalmente falar com Kaien sobre o assunto, deixa-lo preparado para intervir. Ele já foi membro da Sede dos Caçadores e ainda deve ter alguma influência.

  — Reiji — Maya chamou. —, por favor, independentemente de qualquer coisa, não deixe a Cordelia ficar sabendo.

— Você tem a minha palavra.

A ligação foi encerrada e tanto Kaname quanto Maya desabaram em seus respectivos assentos, absorto em pensamento. Maya sabia que o meio-irmão tinha razão, eles precisavam pensar em algo e rápido antes que tudo isso fugisse do controle. Foi quando Maya teve uma ideia um tanto quanto maluca, mas poderia funcionar pelo menos por enquanto. Ela olhou para Kaname que a encarou de volta.

— Vamos mandar que as escolas se separem — disse. — Vampiros para um lado, caçadores para outro. Assim podemos monitorar melhor e, com os caçadores longe, poderemos descarta-los como suspeitos.

— Não sei se os diretores aceitariam — Kaname disse. — Essa escola é muito tradicional.

— É a única chance que temos antes que isso aqui piore — a vampira rebateu, decida.

Kaname preferiu não falar mais nada, apesar de achar difícil aceitarem, ele faria o que Maya fizesse. Precisavam estar unidos nisso e, se essa era a única opção, então seguiriam juntos.


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