Stefan, Caroline e Bonnie com muito cuidado, deitaram Kate e Damon cada um em um sofá enquanto ainda permaneciam desacordados. Era como se estivessem hibernando e não pudessem acordá-los de forma alguma, pois estavam presos possivelmente num sonho ou pesadelo. Kate estava com um ferimento da espada no abdômen, que estranhamente parecia estar estagnado, mas permaneciam de olho caso começasse a sangrar novamente. Stefan quase não dormia para vigiá-los, esperando que acordassem a qualquer hora e se mantinha preparado para isso. Inclusive nesse momento, estava sentado em sua poltrona, encarando o corpo imóvel do irmão enquanto bebia seu uísque, o único remédio que o mantinha calmo.

—Ele vai acordar.- Caroline para de folhear um dos Grimórios de Bonnie e diz, como se lesse os pensamentos de Stefan.

—Eu não sei… a gente nunca ouviu falar dessa espada. Não fazemos ideia do que está acontecendo com eles… e se… - Stefan para de falar ao lembrar das palavras de Julian - “sofrimento por tempo indeterminado”... foi o que Julian disse. Bonnie, é possível estarem numa espécie de purgatório?!

—Eu sinceramente não duvido, mas não vamos nos precipitar.- Bonnie responde enquanto folheia o outro Grimório da família de sua avó.

—O que a Kate não deve estar passando? Ela não merece isso… - Stefan leva uma das mãos a testa, agora encarando o chão com total desânimo.

—Achei!- Caroline dispara, atraindo rapidamente a atenção dos dois, que se aproximam para analisar juntos.- Eu não sei falar esse nome, mas é…

—A espada dos medos.- Bonnie termina a frase da amiga, enquanto corre seus olhos por entre as linhas rapidamente. - Diz que a pessoa atingida pela espada luta contra o seu medo mais oculto gradativamente, até que precise tomar a decisão de enfrentá-lo ou ficar preso pra sempre.

—Não… -Stefan solta uma respiração pesada e se joga novamente na poltrona.- Ele não conseguir.

—Calma, Stefan, você pode se surpreender. Não jogue as cartas na mesa ainda… - Caroline tenta consolá-lo, por mais que no fundo soubesse que tinha verdade no que dissera.

—Ele é orgulhoso. Não sei o que ele deve estar passando agora, mas não vai se entregar fácil… E Kate… - Stefan para de falar, enquanto por um breve momento ele parece ter uma ponta de esperança, ajeitando-se na cadeira - É isso. Ele vai conseguir.

—Ué, você acabou de…

—Kate vai sofrer as consequências das decisões dele, ele não vai aguentar ver ela sofrer de alguma forma e vai ter que se entregar.- Stefan está visivelmente mais esperançoso, deixando de lado inclusive o seu uísque.- Não vai demorar muito.

—E se o medo dele de alguma forma envolver Elena?- Bonnie sugere, vendo Stefan desmoronar novamente.

—Ele não vai conseguir.

 Eles não sabiam medir o tempo que já havia passado por ali, mas obviamente, como estavam em Mystic Falls, Damon e Elena foram até a casa Salvatore, para pelo menos se sentirem um pouco mais à vontade diante dos fatos e daquele estranho mundo paralelo; enquanto Kate se negava a ficar por perto, porque não conseguia ver os dois juntos, então andava pelo lugar buscando por alguma forma de acabar com aquilo.

Enquanto isso, Elena estava apoiada sobre o balcão da cozinha e Damon fazia panquecas para o café da manhã, lembrando de alguns momentos nostálgicos. Entre uma panqueca e outra, Damon olhava pela janela como se procurasse algum sinal de Kate e depois de algumas vezes, Elena acaba percebendo e resolve encarar a conversa.

—Vocês estão juntos? - Ela dá uma garfada sem tirar os olhos de Damon, vendo-o com uma expressão reflexiva enquanto pensava no que dizer.

—Quem? Kate? - Ele se faz de desentendido e dá de ombros, desligando o fogão. - Não entendi o porquê da pergunta.

—Achei que você não fosse se apaixonar por mais ninguém depois de mim. Você me prometeu.

Naquele momento, Damon entendeu. Ela parecia estar o tempo todo testando-o de alguma forma, como se estivesse programada. Estava na cara o tempo todo e ele não se deu conta; Elena não era real e isso notavelmente era algum tipo de teste. E no mesmo momento que ele pareceu cair na real, sua mordida começou a piorar drasticamente como alguma forma de punição.

—Você não me respondeu. Está apaixonado por ela?

—O que tá acontecendo?! - Damon reclama, sentindo seu braço queimar por dentro, fazendo com que ele reagisse instintivamente, colocando seu braço debaixo da torneira na intenção de fazer a água corrente aliviar sua dor.

—É o seu medo.- Elena responde, aproximando-se de Damon sutilmente, com uma mão na sua nuca, fazendo-o a olhar, confuso. - Você precisa encará-lo.

—Do que você está falando?!

—Você me ama?

—Claro que sim!

—Você ama Kate?

Num flash, passam-se os momentos mais intensos com Elena e tudo o que passaram até o dia em que Lily a enfeitiçou para ligar sua vida à de Bonnie. Todos os olhares, os beijos, os sexos, as brigas e as vezes que ele a salvou e vice-versa e isso desnorteia-o por um bom tempo. Eles construíram uma história incrível, apesar dos contratempos e da forma conturbada que iniciou, mas mesmo assim, incrível. Ao mesmo tempo, vem uma dúvida à tona: Será que Elena se tornou apenas uma bela história de amor do passado?

A campainha toca, interrompendo os pensamentos de Damon, que sente seu coração acelerar. Elena poderia não ser real, mas Kate sim. Então ao abrir a porta da frente e se deparar com Kate a sua frente, sente um peso sair de si. Até onde sabiam, estavam sozinhos naquele mundo, mas era uma caixinha de surpresa e poderiam muito bem se deparar com armadilhas. 

—Eu até tentei ir embora, mas fiquei andando em círculos… estamos presos aqui e… - Kate começa a falar, mas nota como Damon estava mais pálido que o normal. - Você está bem? Você está pálido!

Assim que Kater termina de falar, Damon sente seu corpo simplesmente despencar e apagar.