Ilha de Esme, 30 de Setembro de 2001

Mesmo para uma imortal, foi a coisa mais dolorosa que eu já havia feito em minha existência  fingir que estava morta, fazia um pouco mais de um mês que Edward e eu havíamos nos casado e convencer Charlie que eu havia contraído um vírus tropical não foi algo fácil principalmente pelo fato do plano de Carlisle e Edward precisar ser perfeito a ponto de enganar Jacob, no momento que meu caixão foi enterrado se eu tivesse lágrimas eu havia chorado.

Mas tudo tinha uma única razão e ela estava diante de mim.

Renesmee tinha apenas um mês e parecia ter um ano, era inteligente e tinha o don que era relacionado ao de Edward e ao meu, ela podia mandar sentimentos e emoções com um simples toque assim como também conseguia mover um objeto com um simples olhar, um dia após seu nascimento nós recebemos a visita dos Denali, Irina desesperada acreditando que Renesmee era uma criança imortal nos denunciou ao clã Volturi,  mas  ela não era a única de sua espécie, Alice viu muitos outros como ela, porém banhados por um mar de sangue, e os muitos da nossa espécie pisando sobre seus corpos, apesar das suas visões não serem precisas ela previu a guerra então para proteger Charlie e Reneé eu precisei estar morta.

— Nós encontramos uma nova ilha na América do norte – disse Edward enquanto Rosalie e eu terminávamos de organizar as coisas de Renesmee – Totalmente isolada e longe de qualquer humano, Aro está condenando qualquer vampiro que tenha se relacionado afetivamente com uma humana e gerado um mestiço, não temos nenhuma garantia que eles nos ouvirão, portanto o mais seguro é fugirmos enquanto temos tempo.

Renesmee nos lançou um olhar de tristeza e incompreensão, mesmo sendo tão pequena ela nos compreendia perfeitamente, suas mãozinhas tocaram minha face e um semblante de choro dominou seu rosto angelical – Não minha criança – sussurrei a acalmando – Ninguém vai te machucar.

— Precisamos ir! Disse Alice entrando no quarto – Agora!

De forma rápida Edward pegou as malas de Renesmee, Rosalie jogou sobre ela um cobertor e saímos no meio da madrugada, ocultos pelo escuro em buscar de um lugar seguro para ela.

Ilha de Bela, fevereiro de 2021, 60 horas antes do encontro com Sara Black.

— Eu não vou a lugar nenhum sem vocês- Bati o pé enquanto mamãe arrumava de forma apressada algumas roupas em uma mochila-  Até poucas horas atrás eu não podia ir na próxima cidade com vocês e agora querem que eu fuja sozinha?

Mamãe deixou a mochila de lado e se sentou batendo no colchão para que eu sentasse ao lado dela- Por favor – murmurou ela.

Aborrecida eu suspirei, lentamente caminhei me sentando ao lado dela, eu sabia que ela tentaria me convencer mas eu estava decidida a não ceder. Sua mão segurou a minha deixando sobre a palma da outra que estava sobre sua coxa – Faça isso valer a pena – disse ela olhando em meus olhos – Nós passamos os ultimos 19 anos fugindo com você.

— E podemos fugir novamente – insisti.

— Não dessa vez Renesmee.

—Por que?

— Porque Alice viu – respondeu ela tocando o meu queixo carinhosamente – Nós infrigimos muitas regras das leis deles, eu precisamos que vá para um lugar seguro enquanto eles nos caçam acreditando que estamos com você.

— Vocês mesmo disseram que fora dessa ilha não era seguro, o meu unico lugar seguro é com vocês.

— Na verdade existe um lugar onde estará segura – disse meu pai passando pela porta do meu quarto – Embora não seja uma decisão fácil para mim aceitar isso.

Meus olhos se dividiram entre meus pais enquanto a confusão me dominava – Do que estão falando?

Mamãe colocou uma das mãos dentro do casaco de nylon branco que usava e puxou do bolso interno um envelope branco junto com um assessório que parecia uma pulseira – Existem uma pessoa, que você deverá encontrar em oklahoma – Explicou ela enquanto prendia a pulseira em meu braço, apesar de ser um pouco rústico eu achei bonita, a pulseira tinha pequenos pingentes em forma de lobos talhados em madeira.

— Jacob – meu pai murmurou dando um sorriso descontente – eu achei que esse dia nunca chegaria.

— Jacob? Murmurei –Quem é Jacob?

— Jacob era meu melhor amigo – Disse mamãe me entregando o envelope branco- Entregue a ele, nessa carta eu explico tudo, tudo o que ele precisa saber.

Fechei os olhos segurando o envelope e balancei a cabeça descrente – Espera, vocês estão dizendo que um cara que nunca vi na vida vai me proteger? Como podem ter certeza disso?- Falei me levantando novamente.

— Nós temos – respondeu meu pai dando alguns passos ficando a minha frente – Filha, não é fácil para mim entregar você a ele – a voz de meu pai era em um tom de angustia – mas por outro lado, mesmo diante do meu amor de pai e- ele deu um sorriso – ciúmes, saber que ele vai protege-la me tranquiliza.

— Eu não estou entendendo, o que me garante que ele vai me ajudar e...

— A lancha está pronta – Disse tio Emmett entrando no quarto e nos interrompendo, mamãe me entregou uma pochete de couro marrom e prendeu em minha cintura, em seguida pegou o envelope das minhas mãos colocando dentro dela.

— Mãe – murmurei com os olhos marejados.

— Nós sabemos que está com medo, mas confie em nós, confie em Alice – Disse mamãe dando um beijo em minha testa, os braços gélidos de meu pai envolveram nos duas enquanto sentia seus labios ema meus cabelos.

— Eu não quero ir – sussurrei enquanto meu pai pegava minha mochila e mamãe me puxava pela mão – eu quero ficar, eu quero lutar com vocês até o fim – sussurrei enquanto caminhávamos pelos corredores da casa.

Mas eles me ignoraram.

Nós cortamos a floresta em silêncio e quando chegamos a praia meus tios e meus avôs estavam a nossa espera, os abracei um a uma em meio as minhas lagrimas, que ironia, eu que horas antes havia ficando magoada por não sair da ilha naquele momento chorava para ficar.

— Seja corajosa Renesmee – Disse tia Alice dando um beijo em meu rosto – aquele cachorro vai cuidar bem de você.

Mesmo sem entender o que Alice quis dizer eu sorri, tio Jasper se despediu me entregando um pedaço de papel – Siga o mapa – disse ele fechando minhas mãos.

Concordei com a cabeça e após um novo e apertado abraço de meus pais peguei a mochila e caminhei até a lancha, para minha surpresa Nat me esperava dentro dela.

—Você também vai fugir? Perguntei enquanto largava a mochila no chão.

— Eu sou uma criança vampira, o que acha que eles farão comigo se eu ficar, Rose e Emmett disseram que é melhor para mim, mas que não posso ir para onde você vai – explicou ela – Além disso, alguém precisa pilotar a lancha – completou a vampira orgulhosa de si e desaparecendo na minha frente, o som do motor me respondeu para onde ela tinha ido.

A lancha começou a se mover e se afastar da beira da praia e mantive meus olhos neles, minha família, meus avós, meus tios e meus pais, um ao lado do outro, meu pai puxou minha mãe para seus braços e ela se aconchegou em seu peito e enquanto a imagem deles se tornava cada vez mais pequena e distante eu apenas chorei em silêncio.

Enxuguei as lagrimas olhando o pedaço de papel que tio Jasper havia me dado, um pequeno mapa com alguns pontos marcados com um x, e no centro dele escrito Oklahoma.

— Então para onde vamos? Perguntou Nat aparecendo ao leu lado.

Observei em silêncio o mapa e então vi no primeiro ponto com um circulo de uma cor diferente – Lake Aluma, Oklahoma – sussurrei guardando o pedaço de papel e enxuguei minhas lagrimas.

— Nessie não seja chorona – Disse a vampira em um tom de reprovação – Quem deveria estar chorando sou eu que não tenho para onde ir.

— Talvez eu possa pedir para esse tal de Jacob, eu digo que você está comigo, pacote completo – respondi.

Nat gargalhou – Nem pensar, eu nunca que vou virar comida de lobo – disse ela em meio a seus risos voltando para a cabine.

Abri o zíper da pochete e retirei de dentro a carta, pensei em abri-la mas estava lacrada, exausta me sentei no chão a proa olhando para o envelope “ Para Jacob Black.”

— Jacob Black – murmurei – Quem é esse Jacob Black?