Caminhei lentamente pelo jardim e observei os diversos  elementos que o compunha, havia uma pequena ponte que passava por cima de um estreito lago de água corrente, eu diria que era uma nascente se  não tivesse em meio a um jardim, um pouco mais adiante descendo da ponte havia um caminho de rochas rodeado de plantas.

Parei diante de uma casa com arquitetura chinesa que ficava sobre um lago coberto de vegetação aquática, para ter acesso a ela mais uma ponte, sorri ao ver que Edward Cullen estava me esperando no início dela.

— Pai! Eu sorri dando passos largos e peguei a ponte de madeira indo ao seu encontro – Oh, pai, como é ver você! Falei ao me aproximar, movida por toda a emoção e felicidade que sentia ao vê-lo tentei abraçá-lo, mas meu corpo passou através do dele como se fossemos fantasmas- Mas por quê? Sussurrei frustrada.

Meu pai virou seu corpo na direção do meu e embora seu rosto marmorizado nunca esboçasse sentimentos ele  pareceu sorrir – Eu estou surpreso e assustado! Ele falou olhando em meus olhos – Porém sempre soube o quanto você é incrível, filha.

Me senti confusa, porém sorri timidamente – O que está tentando me dizer?

— Busque a resposta em seu interior....

Meus olhos se abriram e eu movi meu corpo sentindo o peso da perna de Sara sobre meu corpo, me movi lentamente na cama e para minha surpresa Jacob Black nos observava em silêncio sentado na cadeira próximo a mesa de Sara – Bom dia pequena! Disse ele esboçando um sorriso.

Meu rosto corou, me perguntei a quanto tempo ele estava sentado ali- Bom dia Jake – Respondi saindo da cama e buscando meu calçado – Você está aqui a muito tempo? Perguntei em um tom baixo de voz para não acordar a Sara.

Ele assentiu – Tempo suficiente para observá-la dormir.

Os olhos dele buscaram pelos meus e senti o aumento no queimar de minhas bochechas, novamente eu sorri voltando a olhar para minhas botas terminando de calçá-las e me levantei da cama, de imediato Jake também se levantou e deu alguns passos parando a minha frente.

— Sei que te devo um pedido de desculpas.

Olhei em seus olhos – Acho que precisa conversar com a Sara.

Ele olhou de soslaio para a filha e suspirou – Eu sei que ela está muito magoada comigo.

— Ela esta um pouco brava – Respondi sorrindo e olhei para Sara – Mas ela ama você.

Jake confirmou com a cabeça – Obrigada por cuidar dela para mim – Suas mãos buscaram pelas minhas e meu corpo paralisou – Aceita conversar comigo depois do seu café da manhã?

Concordei com a cabeça – Claro.

— Obrigado – Ele soltou minha mão e colocou uma mexa do meu cabelo atrás da minha orelha – Quando eu terminar de conversar com a Sara vou até seu quarto.

— Está bem – Sorri timidamente e me afastei, caminhei até a cama curvando meu corpo, após dar um beijo suave no rosto de Sara olhei para Jake dando um tímido sorriso, em seguida caminhei até a porta e sai do quarto.

Apesar de me sentir confusa sobre o comportamento de Jacob eu esperava que ele e Sara fizessem as pazes, ela era apenas uma criança e não era bom que pai e filha tivessem tantos conflitos, não ter meus pais ao meu lado era difícil para mim que era adulta quanto mais para Sara que sofria pela ausência da mãe, sem o Jake ela sofreria demais.

Caminhei pelos corredores seguindo as placas com as numerações das alas pensativa, Jacob Black, Sara Black, Jessica, e os sonhos estranhos com meu pai, e esperava que minha família estivesse bem e segura, eu sentia a falta deles, muita falta.

Cruzei a Ala Norte na direção dos dormitórios e sorri ao ver Liah encostada na parede ao lado da porta do meu quarto, ou melhor, do quarto cedido por Jacob – A senhorita Cullen agora dorme fora? Disse Liah cruzando os braços com um sorriso largo assim que me aproximei, ergui as sobrancelhas afinal de contas eu não havia saído do refúgio.

— Eu não sai do refúgio – Respondi parando diante da porta – Você sabe que lá fora é perigoso.

Liah gargalhou – Garota – Ela falou em meio a seus risos – De qual planeta você é?

Olhei para Liah – Estamos no planeta terra, não?

A gargalhada dela saiu mais alto e ela me puxou pela mão – Sua família de vampiros não te ensinou sobre metáforas?

— Metáfora é uma figura de linguagem; mais particularmente, uma figura de palavra, pois apresenta uma palavra ou expressão com sentido figurado – Respondi enquanto era puxada por ela após ela abrir a porta.

Liah soltou minha mão e fechou a porta após entrarmos no quarto – Estou falando da prática não da teoria – disse ela esbravejando, mas a ignorei, meus olhos seguiram o cheiro do café da manhã e pararam sobre a mesa de Jacob.

— Mas o que? Sussurrei em um tom de surpresa.

— Você gostou? Perguntou Liah em um tom de animação – Tio Jake quem preparou, não me pergunte onde ele arrumou essas flores, eu perguntei, mas ele não me respondeu.

Olhei de soslaio para Liah e me aproximei da mesa, apesar de simples estava linda, uma xicara, um prato, ovos mexidos com bacon, uma maça, uma garrafa com café e pequeno vaso com flores desconhecidas.

— Que linda – sussurrei observando a mesa, percebi que havia um pedaço de papel debaixo do prato, me aproximei um pouco mais pegando o papel e desfiz as dobras, era um pequeno bilhete.

“ A primeira parte do pedido de desculpas, espero que goste do seu café da manhã, Jacob.”

Sorri dobrando novamente o papel e olhei para Liah – Preciso tomar um banho.

Ela fez uma careta – Não vai me dizer o que está escrito no bilhete?

 - Não – Respondi colocando o papel em meu bolso e me sentei na cama tirando as botas.

— Renesmee Cullen, isso não se faz com uma amiga!

Ri achando sua expressão divertida – É meu bilhete não seja curiosa Liah.

— Não acredito que não li quando tive chance – Ela reclamou.

— Que bom que você não leu – Respondi tirando minha blusa e a encarei – Será que pode me dar um pouco de privacidade?

Liah bateu o pé como uma criança e eu continuei a rir – Também vou guardar segredos de você – ela reclamou indo até a porta – Me aguarde vampirinha!

Joguei um beijo a provocando e ela rolou os olhos fechando a porta me fazendo rir, lembrei de tio Emmett, ele sempre fazia isso quando irritava tia Rosalie e ela expulso do quarto durante a madrugada, meu sorriso se desfez e eu suspirei.

Guardei o bilhete de Jacob e fui para o banho, enfrentando por poucos minutos a água gelada do chuveiro, após o banho sai correndo pelo quarto buscando por algo quente e confortável que eu pudesse vestir, apesar de ser uma hibrida eu tinha todas as sensações humanas como frio, calor e dor, nesses momentos eu desejava ser como meus pais, não sentir nada.

Para minha felicidade eu tinha um moletom, Liah havia conseguido no deposito de suprimentos do abrigo, vesti a caça e a blusa, enrolei a toalha em meus cabelos e olhei para a mesa do café.

Me aproximei da mesa e peguei a maçã dando uma mordida, lembrando as palavras de Jacob momentos antes no quarto de Sara tendo meus pensamentos interrompidos pelo bater na porta do quarto.

Mordi novamente a maçã e caminhei até a porta a abrindo.

— Jake!

— Gostou do café da manhã?  Ele perguntou sorrindo.