Magnificently Cursed escrita por violet hood


Capítulo 2
II: my heart's no good 'cause it's split in two


Notas iniciais do capítulo

Boa noite!
Estava planejando atualizar na segunda, mas depois de receber 13 comentários e 3 favoritos quis logo mostrar para vocês o nosso Scorpius
E um obrigada especial para Trice, AccioPudim e Siaht que favoritaram ♥

Nome do capítulo vem da música arms do the paper kites



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Todos estavam reunidos no palácio esperando pelo embaixador de Durmstrang. O Duque havia chegado na capital no dia anterior, tentando não mostrar para Rose o quanto estava nervoso. Mas ela conseguia notar como ele engolia a seco quando falava, ou como suas mãos tremiam, e o quanto ele suava mais que o normal.

Enquanto os nobres aguardavam na sala do trono, Rose observava o pai de longe, assim que o olhar deles se cruzaram, Ron mostrou um sorriso fraco, como se quisesse dizer que estava tudo bem.

Rose queria poder acreditar.

Estava tão nervosa quanto o pai, porém sabia que era melhor que ele para disfarçar. Não havia contado para ninguém sobre as noites mal dormidas, e sobre os pesadelos que a faziam tremer de medo, não queria que seu pai se preocupasse mais do que já estava. Precisava parecer forte.

Nem ao menos parecia que alguns dias atrás, ela tinha considerado que podia ser feliz, que podia se casar com Lorcan Scamander e ninguém de outro reino viria atrás dela. Rose sabia que ainda havia esperança, queria acreditar em seu tio que parecia confiante que aquela seria apenas uma viagem para falar sobre a fronteira.

Mas também sabia que ter esperança demais só a traria decepção. Principalmente, quando o nome dele estava gravado para sempre em seu corpo.

Lily Luna cutucou Rose de leve.

— Como será que ele é? — perguntou em um sussurro. — Será que é assustador? Ou muito feio?

Rose revirou os olhos. Lily não conseguia se conter nem mesmo em um momento delicado como aquele.

— Não fale essas coisas, Lily — sussurrou Rose de volta.

Seu olhar passou por todo o salão, parando em duas figuras mais próximas do Rei e da Rainha. James e Rhiannon estavam sérios, Rose esperou ver a futura Rainha de Hogwarts mostrar um pouco de animação por estar vendo pela primeira vez alguém do reino em que nasceu. Contudo, o semblante dela não mostrava nada, nem uma pontada de felicidade.

Lily não pareceu feliz com a resposta de Rose.

— Só estou curiosa — protestou, fazendo bico.

— Rhiannon é bonita — comentou Rose. Apesar dos rumores do príncipe Malfoy ter o corpo de um monstro e os olhos de um demônio, aquilo não queria dizer que todos de Durmstrang eram assim, Rhiannon mesma era a prova disso.

— Mas ela é uma bruxa, não é difícil para ela — argumentou a princesa.

Hugo que estava escutando tudo do lado de Rose, concordou.

Rose não acreditava que Lily estava falando aquilo em uma sala cheia de nobres, mesmo que sussurrando. Estava prestes a repreendê-la, quando o segundo Príncipe, Albus Severus Potter, pronunciou-se do lado da irmã:

— Lily, por favor, fique quieta — pediu em um sussurro, segurando-se muito para não perder a paciência.

Como já era esperado por Rose, Lily não atendeu ao pedido do irmão.

— Era para você estar lá — disse olhando diretamente para onde James e Rhiannon estavam. — Nunca vão aceitar ela como rainha. É só você se casar que os nobres vão ficar do seu lado.

— Lily, pare de falar — advertiu Albus cerrando os dentes. — Eu não serei rei. Assunto encerrado.

Lily bufou mal-humorada, mas foi o bastante para que ela calasse a boca.

Rose encarou o primo, que olhava para frente com a expressão fria, igualmente ao irmão mais velho e à esposa dele. Albus era o terceiro nobre que não possuía uma alma gêmea.

Por mais decepcionante que fosse, ele ainda era um príncipe, e o favorito de muitos para herdar o trono, depois do casamento de James Sirius. Todos os nobres queriam que suas filhas se casassem com Albus, mesmo que elas tivessem outras almas gêmeas, mas o Príncipe se recusava a se casar, não importava com quem que fosse.

Quando eram pequenos, Rose e Albus eram grudados como se fossem gêmeos, tinham nascido no mesmo ano e cresceram como irmãos. Ainda que Rose tivesse uma alma gêmea, o restante do mundo não sabia disso, e se eles tivessem se afastado com o tempo, ela conseguia se sentir mais próxima de Albus agora.

Rose foi arrancada de seus pensamentos quando guardas entraram no salão anunciando a chegada do embaixador Lorde Leo Black e do seu guarda Anthony Zabini.

O coração dela disparou e Rose cerrou os punhos com força, tentando se controlar. Sentia as unhas arranhando as suas mãos, e a dor a distraía um pouco daquele momento.

Não era como se fosse ver Scorpius Malfoy, mas estava tão nervosa que parecia estar presa dentro de um de seus pesadelos.

Leo Black entrou, com seu guarda logo atrás. Os dois homens não se pareciam nada com demônios, tampouco assustadores ou feios.

O embaixador era alto, com ombros largos e uma postura que deixava claro que era um nobre. Os cabelos loiros eram bem claros e, por mais que Rose só conseguisse o ver de perfil, ele parecia ser tão bonito quanto Rhiannon.

O guarda não ficava para trás, Anthony Zabini era ainda mais alto, a pele negra bem escura, cabelo curto e um porte forte como de qualquer guarda que havia treinado por muitos anos.

A beleza dos dois era hipnotizante o que fez Rose considerar as falas de Lily sobre bruxos, porque não havia outra explicação para existirem tantas pessoas bonitas no mesmo reino. Também não conseguiu deixar de se perguntar se Scorpius Malfoy se parecia mesmo com um demônio, ou se tinha alguma chance de ele ser tão atraente como essas três pessoas de Durmstrang.

Rose fez questão de deixar aqueles pensamentos de lado e se concentrar na cena que observava. Não queria saber como Scorpius se parecia, e esperava nunca descobrir.

Os dois estrangeiros fizeram uma longa reverência para o Rei e a Rainha.

— Bem-vindos a Hogwarts — disse o Rei, a voz entoando por todo o salão. Rose não havia notado o quanto o local havia ficado silencioso, parecia até mesmo que as pessoas estavam segurando a respiração. — Espero que tenham tido uma boa viagem.

Lorde Black assentiu.

— Sim, Vossa Alteza — respondeu educadamente.

A voz dele era mais grossa do que Rose esperava, e ela sentiu cada fio de cabelo de seu corpo arrepiar. Queria poder bater em si mesma naquele momento, mas como não podia fazer isso sem atrair a atenção do restante dos nobres, Rose apenas cerrou os punhos com ainda mais força.

— Vocês devem estar cansados — comentou o Rei Harry, cortesmente. — Podem descansar, mais tarde faremos uma festa de boas-vindas.

 — Agradecemos a recepção calorosa, Vossa Alteza — disse Leo. Rose duvidava que um salão cheio de nobres curiosos e assustados, que haviam esperado horas para observar os estrangeiros como se fossem atrações de circo, poderia ser considerado caloroso.

O Lorde e o guarda fizeram mais uma reverência longa.

E quando Leo Black se virou para sair, ele olhou diretamente para ela.

Durou menos de segundo, porém foi o bastante para desconcertar Rose totalmente, nem ao menos percebeu que estava prendendo a respiração.

Ela não havia sido a única a notar o olhar do embaixador.

— Ele olhou diretamente para gente? — indagou Lily parecendo estar ofendida com a falta de vergonha do visitante. — Isso foi assustador.

Rose concordou com a cabeça, sem saber o que dizer. Mas a verdade era que ela não tinha achado o olhar de Leo Black nem um pouco assustador.

***

A residência do Duque estava mais agitada que nunca depois da manhã no palácio.

Ron andava de um lado para o outro do escritório, não havia parado quieto desde que Hugo o contou que Lorde Black olhou diretamente para eles antes de sair da sala do trono. Evidente que, para o irmão, o pai estava tão agitado porque achava um desrespeito um embaixador de outro país encarar a família real assim. Não sabia que o motivo era outro.

— Esses feiticeiros entram como visitantes em nosso país e ainda querem ofender a gente — reclamou Hugo sentado de braços cruzados no sofá. Rose revirou os olhos sentada do lado dele, nem imaginava qual seria a reação do irmão se soubesse a verdade.

Rose não estava raciocinando muito bem quando o embaixador a encarou, mas agora que o momento havia passado, ela começou a analisar mais o que aquele olhar tinha significado.

Talvez ele estivesse olhando para Hugo ou um dos primos dela, contudo Rose não conseguia enganar sua mente o batente para acreditar nisso. Lorde Black havia olhado diretamente para ela, como se já soubesse onde Rose estava desde o começo.

— Rose — chamou Ron, finalmente parando de andar. — É melhor você não ir para a festa hoje.

Hugo encarou o pai confuso.

— Por quê? — questionou. — Acha que aquele Lorde vai fazer algo com ela?

O Duque ignorou, ainda encarando apenas a filha.

— Posso dizer que você passou mal.

Rose suspirou. Ela queria que pudesse ser fácil assim, mas não era como se pudesse evitar estar no palácio até que os estrangeiros fossem embora. Lily não deixaria.

— Não sei, pai — disse, insegura. — Todos já me viram hoje de manhã e sabem que eu estou bem. Vão achar que estou com medo dele.

— E você está! — rebateu o pai.

Sim, ela estava com medo. Temia por seu futuro, temia perder todos os seus sonhos, abandonar seu lar. Porém, uma parte de Rose também estava curiosa para descobrir se tinham outros motivos que envolviam aquela visita. Se Leo Black estava ali para levá-la para Durmstrang, duvidava que fugir de festas fosse adiantar alguma coisa.

— Não há motivos para eu faltar — explicou. — Vou evitá-lo, prometo.

Ron colocou as mãos na cintura e respirou fundo, sabendo que sua filha estava certa. Mas, como pai, não podia evitar de tentar fazer o máximo para que aquela profecia tão cruel marcada no corpo da filha nunca se realizasse.

— Tudo bem — disse, por fim. — Mas não se arrume muito para essa festa, não queremos chamar mais atenção do que o normal.

Rose concordou, querendo finalizar logo aquela conversa. Entretanto, em algumas horas de preparação para o baile, encontraria um problema.

Como não teve muito tempo para se organizar para a viagem até a capital, Rose havia trazido muitas poucas roupas e todas que possuía na casa eram antigas e fora de moda. Por isso, Lily Luna havia feito questão de se livrar de tudo e substituir pelas melhores roupas da estação.

Agora Rose estava parada de roupão, encarando todas as suas opções e pensando qual daqueles vestidos era o menos bonito.

— Será que algum desses ficaria feio em mim? — questionou de braços cruzados.

Jane a encarou como se Rose tivesse feito uma pergunta estúpida. Mas as outras criadas, que não tinham o mesmo nível de intimidade, logo responderam:

— Nunca, minha Lady! — exclamou uma moça jovem e loira, Rose tinha quase certeza de que seu nome era Lina.

— Sim! — concordou outra de cabelos prestos e curtos, Maya talvez fosse o seu nome. — Parece até mesmo que eles foram feitos pensando em você, minha Lady.

Rose bufou descontente.

— Droga.

As outras mulheres a encaram confusas e, provavelmente, com medo de falar qualquer outra coisa.

Rose virou-se para Jane, a única que a daria uma resposta sincera.

— Jane, qual desses você usaria caso não quisesse ser notada?

A mulher mais velha pareceu pensar bem, analisando cada um deles.

— O verde? — sugeriu. — Ele é bem escuro e não possui muitos detalhes.

Rose se aproximou das roupas, passando a mão pelo vestido escolhido. Ele era realmente mais simples, possuía um decote, mas não era muito profundo, o que destacava nele era que o tecido que parecia até mesmo brilhar de leve. Porém, Rose duvidasse que fosse perceptível no salão de baile do palácio.

Sorriu satisfeita com a escolha, e virou-se para as criadas.

— Usarei esse vestido — anunciou. — Podem sair por enquanto.

As outras quatro mulheres assentiram antes de se retirar, apenas Jane ficou na sala.  Desde que descobriu a marca, Rose só deixava Jane ajudá-la a se vestir, as outras criadas provavelmente achavam que era porque ela tinha vergonha do seu corpo sem uma marca.

— Me faça ser a mulher mais sem graça desse reino — pediu de forma exagerada.

Jane riu.

— Você sabe que isso vai ser difícil.

E realmente havia sido.

O vestido era bem menos sem graça do que Rose havia esperado e, embora tivesse pedido para deixar seu cabelo solto, com apenas alguns cachos simples, uma maquiagem básica e somente um colar e brincos pequenos de esmeralda. Rose parecia bem melhor do que esperava.

Talvez fosse o tecido, mas o vestido caía muito bem nela, acentuando todas as suas curvas como se tivesse sido esculpido para o seu corpo. E agora era tarde demais para trocar.

Restava apenas torcer para que o seu olhar e o de Leo Black nunca mais se encontrassem.

***

Rose não era a maior fã daqueles eventos, eles eram sempre demasiadamente formais, ainda mais sendo um baile no palácio real, e pareciam que nunca acabariam. E agora que ela era maior de idade, havia conseguido ficar ainda pior.

Mesmo que a noite fosse para receber os dois convidados de Durmstrang, e Rose havia feito questão de tentar se vestir o mais simples possível para a ocasião, ainda assim, ela era o centro das atenções.

A notícia que a filha do Duque não tinha uma alma gêmea havia se espalhado em poucas semanas desde a chegada de Rose à capital, além de que aquela era sua primeira grande aparição pública desde seu aniversário.

Tinha notado o interesse de alguns nobres nela naquela mesma manhã, mas a ansiedade pela chegada do embaixador havia feito com que o assunto não se estendesse. Porém, agora que parte da curiosidade sobre o estrangeiro já tinha ido embora, todos pareciam ter resolvido fazer de Rose o assunto principal.

Ela era filha do Duque, sua situação não era muito diferente da de Albus, muitos queriam que seus filhos se cassassem com alguém como ela, e o noivado com Lorcan ainda tinha que ser anunciado.

Ela nem ao menos sabia se poderia ser noiva de Lorcan até o fim do mês. A lembrança do olhar de Leo Black era tão viva em sua mente que era como se ele ainda a olhasse.

Rose só tinha certeza de que aquilo não era verdade, porque o Lorde de Durmstrang não havia chegado. Ele deveria entrar só quando todos os convidados já estivessem presentes e, depois, o Rei e a Rainha apareceriam para iniciar oficialmente o evento.

A filha do Duque estava sentada sozinha em uma poltrona em um dos cantos do salão, tentando ao máximo ignorar todos os olhares e sussurros em sua direção.

— Agora você me entende, prima — disse uma voz ao se sentar em outra poltrona perto.

Albus parecia muito cansado, tinham se passado apenas algumas horas desde que Rose o viu pela última vez e, nesse meio tempo, o segundo Príncipe aparentava estar várias noites sem dormir, tão acabado que Rose acreditaria se ele dissesse que havia sido atropelado por um cavalo. Nem mesmo as roupas bonitas que usava o ajudavam a melhorar a situação.

Rose suspirou, ela podia entender como ele se sentia.

— Sim, e eu odeio isso — murmurou.

— Sempre penso que poderia ser pior — comentou, Rose não entendia como ele conseguia tentar ser otimista quando estava com aquela cara. — Poderia ter como alma gêmea o nome de uma pessoa desprezível.

Rose segurou uma risada sarcástica. Albus não fazia ideia de quanto pior poderia ser.

Ele se aproximou um pouco da prima, como se estivesse contando um segredo.

— Sua alma gêmea poderia ter sido o filho do Lorde McLaggen.

Rose fez uma careta de nojo.

— Credo — disse. Ter Scorpius Malfoy como alma gêmea já era um pesadelo o bastante, não precisava imaginar o McLaggen no lugar.

Adam McLaggen era o único herdeiro da família, e o segundo pior pesadelo da vida de Rose. Ele era um mulherengo, e falava coisas incrivelmente rudes e obscenas para ela quando a encontrava, como se achasse que Rose fosse gostar disso.

— A alma gêmea dele é uma moça bem comum, acho que trabalha no mercado — contou Albus. — É claro que nem ele nem o pai ficaram felizes com isso.

— Deixa eu adivinhar, o McLaggen planeja fazer com que eu me case com o filho dele?

Albus riu da desgraça da prima.

— Sim, e boa sorte com isso — disse sincero. — Passo pela mesma situação com a filha dos Wood.

Rose não se importava com o quanto Adam McLaggen tentasse ser o marido dela, se ela não fosse arrastada para Durmstrang em algumas semanas, estaria feliz como noiva de Lorcan Scamander.

— Não precisa se preocupar, primo. Já tenho alguém em mente — assegurou, tentando se mostrar confiante. — Irei me casar com Lorcan Scamander.

Albus não pareceu pensar muito sobre a notícia, e nem surtar como Hugo.

— Realmente, Lorcan é a melhor escolha — pontuou. — Não tenho a mesma opção que você de me casar com uma pessoa que seja como a gente. Odiaria me casar com alguém com o nome de outra pessoa no corpo.

Rose sorriu sem graça, fingindo concordar com o primo. Por mais que Lorcan dissesse que o nome gravado nela não importava, Rose sentia que aquilo poderia ser sempre um fantasma no relacionamento deles.

A conversa foi interrompida por uma voz que anunciou da escada a chegada de Lorde Leo Black de Durmstrang, tirando Rose de seus devaneios.

Observou enquanto o homem descia as escadas vestindo trajes elegantes. Todos pareciam receosos de como encarar o convidado, apesar de ele ter uma aparência bem agradável, isso não fazia com que os nobres de Hogwarts o temessem menos.

Rose esperou que alguém se aproximasse para cumprimentá-lo, porém, ninguém parecia ter coragem de dar o primeiro passo. E ela não podia julgá-los, quando estava planejando fugir do homem a noite toda.

Por sorte, não demorou muito para o Rei e a Rainha entrarem, seguidos do Príncipe herdeiro e a sua esposa.

Rose e Albus se levantaram por educação, indo até onde a maior parte das pessoas estava.

— Hoje é uma noite para festejarmos a presença de nosso convidado — começou Harry, do topo da escada. — E esperamos poder fortalecer ainda mais a relação entre Hogwarts e Durmstrang. Espero que o Lorde Black possa se sentir bem-vindo essa noite.

Os nobres aplaudiram e a festa oficialmente começou. Rose duvidava que aquele clima tenso, igual o da manhã, faria com que o Lorde se sentisse bem-vindo.

Albus estendeu a mão para Rose.

— Quer dançar?

Ela aceitou na mesma hora, dançar com outras pessoas seria um bom jeito de evitar Leo Black.

Contudo, Rose iria se arrepender de seus planos alguns minutos depois. Assim que terminou de dançar com Albus, outros nobres apareceram pedindo para dançar com ela, sem que Rose nem ao menos pudesse recuperar o fôlego.

E agora ela finalmente havia conseguido fugir, após uma dança desastrosa e extremamente desagradável com Adam McLaggen, que não parava de dizer o quanto os dois formariam um belo casal.

— Você parece exausta — comentou Lorcan Scamander surgindo ao lado dela.

Rose sorriu, feliz em vê-lo.

— Não esperava dançar com tanta gente — disse, tentando não fazer uma careta com a dor que sentia nos pés.

— Minha futura noiva é a pessoa mais disputada essa noite — falou fazendo bico, fingindo estar magoado. Rose soltou uma risada com a reação exagerada dele. — Até parece que essa festa foi feita para você, e não para um Lorde de outro país.

Com a menção do Lorde Black, Rose não conseguiu deixar de procurá-lo no meio da multidão. Não foi difícil avistar os cabelos loiros quase brancos do outro lado do salão, pelo menos dessa vez ele estava conversando com outro nobre, Sir Thompson, provavelmente algum assunto de negócios. Parecia que com o tempo, alguns nobres mais corajosos e com interesses em exportar seus produtos para Durmstrang, aproximaram-se do embaixador.

Rose estava aliviada que ele não parecia querer falar com ela, sinal de que Leo Black pudesse estar em Hogwarts para realmente tratar das fronteiras. Antes que Rose pudesse desviar o olhar e retornar sua conversa com Lorcan, o Lorde rapidamente virou-se para encará-la, como se estivesse sentindo o seu olhar sobre ele.

A sensação que Rose sentia era a mesma que sentiu naquela manhã, seu corpo estava completamente paralisado sob o olhar dele, e parte dela não queria se libertar. Não entendia como um homem que nunca havia conhecido antes conseguia causar aquela reação nela, fazer seu coração bater mais rápido e com que Rose esquecesse como era respirar.

O Lorde voltou o seu olhar para o outro nobre e fez uma leve reverência finalizando a conversa entre os dois. E, antes que Rose conseguisse controlar a própria respiração, Leo Black estava caminhando na direção dela.

— Rose? — chamou Lorcan. — Está tudo bem? Você está pálida.

A voz do outro homem foi o bastante para que ela pudesse recuperar pelo menos um pouco de sua consciência e levantar-se o mais rápido possível da cadeira.

— Vocês dançar? — perguntou estendendo a mão para ele.

Lorcan a encarou confuso.

— Mas Rose, você não está cansada?

Rose se esforçou para mostrar um sorriso confiante.

— Deveria dançar pelo menos uma vez com o meu futuro noivo — inventou uma desculpa. — E já descansei o suficiente.

Ela com certeza não parecia nem um pouco descansada. Mas, felizmente, foi o bastante para que Lorcan aceitasse. Ele a guiou até a pista de dança e, no minuto seguinte, Rose já havia perdido Leo Black de vista.

Assim que a música terminou, Rose sentia que não conseguiria dar mais um passo sem gemer de dor, pediu licença para Lorcan e saiu do salão de baile o mais rápido que conseguiu. Para sua sorte, não avistou Lorde Black no caminho.

Rose andou pelos corredores do castelo, que estavam vazios até encontrar o que procurava, uma sala perto do salão destinada para as mulheres descansarem.

Felizmente, o local estava vazio, fazendo com que Rose se sentisse à vontade, jogando-se no sofá e tirando os sapatos. Os pés estavam tão vermelhos quanto ela havia imaginado, até mesmo tinha feridas pequenas em algumas partes. Rose sabia que demoraria semanas para que voltassem ao normal, ela sempre teve pés mais sensíveis que a maioria das pessoas, e aqueles sapatos de festa só pioravam.

Queria poder ficar na sala de descanso até a festa acabar, e não era uma ideia tão ruim. Contudo, sabia que seu pai iria ficar preocupado se ela sumisse por muito tempo. Rose estava tão desesperada para sair que nem ao menos tinha pensado em avisar Lorcan, ou a um de seus primos, para onde ela tinha ido.

Do jeito que Ron Weasley estava paranoico, era capaz de pensar que ela poderia ser sequestrada no meio da festa pelos convidados de Durmstrang. Ou pior, que Lorde Leo Black e o guarda haviam assassinado Rose e enterrado seu corpo no jardim.

Qualquer que fosse a teoria da conspiração do seu pai, ela sabia que precisava mostrar seu rosto no salão para não o deixar preocupado demais.

Rose soltou um longo suspiro cansado, com a cabeça deitada no encosto do sofá, tinha certeza de que deveria estar bagunçando os cachos perfeitos que as criadas tinham feito nela. Mas Rose não sentia vontade nenhuma de parecer arrumada naquele momento.

Pegou de volta os seus sapatos — que havia jogado longe demais — e os calçou soltando um gemido de dor assim que os sentiu apartarem os machucados.

Com muita dificuldade, Rose se levantou do sofá e caminhou até sair da sala, não havia dado nem dez passos para fora quando topou de frente com um homem alto e bem-vestido.

Infelizmente ela reconhecia bem a roupa, já que havia passado a noite inteira tentando fugir de quem a vestia. E quando levantou o rosto deu de cara com os olhos cinzentos de Leo Black.

Rose não acreditava no que estava acontecendo, se não bastasse seus pés a matando, agora tinha que estar frente a frente com a pessoa que não queria ver.

— Me perdoe, Lady Rose — disse com aquela mesma voz que conseguia fazer com que todo o corpo dela tremesse. — Acredito que me perdi. Estava procurando o banheiro.

Rose o encarava sem saber o que dizer. Ela com certeza não esperava que as primeiras palavras do homem que possivelmente poderia arruinar sua vida seriam “estava procurando o banheiro”.

Abriu a boca para responder, mas ao invés de dizer a localização do banheiro mais próximo, acabou soltando a pergunta que mais queria fazer:

— Você sabe quem eu sou?

Queria bater na própria boca por ter perguntado aquilo, o que esperava que ele respondesse?

“Sim, você é a alma gêmea do futuro rei de Durmstrang”.

Aparentemente a sorte estava favorável para Rose, porque não foi isso que ele respondeu.

Lorde Black sorriu, intrigado com a pergunta dela.

— Claro que sei, você é a filha mais velha do Duque — disse. — Como embaixador de Durmstrang preciso conhecer todos os membros da família real e da corte.

Rose se sentia incrivelmente estúpida naquele momento. Mas era melhor que ele a conhecesse por ser a sobrinha do Rei do que pelo o outro motivo.

— Mas... — começou o Lorde, fazendo com que ela rapidamente voltasse a atenção para ele. — Não fomos devidamente apresentados. — Mostrou a palma da mão para Rose, para cumprimentá-la. Ela tentou recuperar o pouco de bons modos que ainda tinha e colocou a mão em cima da dele. Leo fez uma pequena reverência, beijando educadamente a mão de Rose, e ela sentiu seu braço inteiro formigar com o toque dele. — Sou Lorde Leo Black, embaixador de Durmstrang. É um prazer conhecê-la.

— Lady Rose Weasley. Igualmente — disse se esforçando o máximo para controlar sua respiração, temia que Leo Black conseguisse ouvir seu coração batendo, de tão rápido que estava.

Ele sorriu para ela enquanto soltava sua mão. Rose controlou a vontade de tocar com a outra mão o local que os lábios dele haviam tocado apenas segundos atrás.

— Adoraria conversar mais com você, Lady Rose — começou ele. — Mas realmente precisava encontrar o banheiro.

Rose arregalou os olhos, sentindo-se boba por estar o prendendo ali.

— Sim! Claro! — exclamou chegando para o lado para que ele pudesse passar. — É só caminhar mais um pouco por esse corredor que vai conseguir encontrar.

Leo Black abriu a boca para agradecer, quando outra voz surgiu no corredor o impedindo de falar:

— Rose! — gritou Hugo Weasley nervoso, aproximando-se em passos largos dos dois. O irmão encarou o estrangeiro com um rápido olhar de desprezo antes de se direcionar a irmã: — Onde você estava?!

Rose tentou se recuperar do susto que havia tomado com a chegada do irmão. Hugo tinha conseguido aparecer na pior hora, em menos de um minuto Rose já teria se livrado de Leo Black, e agora ela sentia-se como se tivesse sido pega fazendo algo que não deveria. Sendo que não era culpa dela por ter esbarrado com o homem no corredor.

— Estava na sala de descanso — explicou. — Esbarrei com Lorde Black quando sai.

Hugo fingiu só notar a presença do embaixador naquele momento, cumprimentando-o de malgrado. O Lorde com certeza percebeu, mas não disse nada, por ser um visitante de Durmstrang deveria estar acostumado com as pessoas o tratando daquela maneira, muitas pessoas do reino de Hogwarts odiavam Durmstrang como se o país fosse inimigo deles, o que não era verdade. Eles não possuíam relações mesmo sendo vizinhos, o máximo que ocorriam eram as brigas na fronteira. No fim era apenas um medo constante de serem invadidos e da temida força militar de Durmstrang.

Todavia, cada vez mais, Rose se via perguntando o que era real e qual parte daquele medo era do ódio entre os dois povos, que era resultado de rumores e histórias mal contadas.

Leo Black, nem o guarda dele ou Rhiannon Greengrass pareciam com as descrições do povo de Durmstrang que Rose havia escutado desde pequena. Aquilo só a fazia se perguntar cada vez mais como deveria ser o Scorpius Malfoy de verdade. E toda vez que a dúvida surgia em sua mente, Rose fazia questão de tentar esquecê-la e dizer para si mesma que ela não precisava saber.

— É melhor voltarmos logo — disse Hugo chamando a atenção dela. Rose fez uma nota mental de brigar com ele pela falta de modos na presença do embaixador. — Nosso pai está procurando por você.

Hugo pegou Rose pela mão a puxando antes mesmo que pudesse se despedir do Lorde Black. Estava incrivelmente envergonhada por toda a conversa dos dois, e agora também tinha a atitude ruim do irmão.

Enquanto caminhavam para longe do corredor e se aproximavam do salão de baile, Rose pensou em qual seria a reação do pai quando soubesse que ela havia sido pega conversando com Leo Black.

— Hugo — chamou o irmão. — Poderia não contar para o papai sobre o que viu agora?

Hugo a encarou como se estivesse pedindo algo impossível.

— Como posso não contar? Ele tem que saber que aquele estrangeiro tentou se aproximar de você.

— Ele só queria saber onde ficava o banheiro — explicou, mas o irmão a encarou sem acreditar, pensando que aquela era a pior desculpa possível. — Juro! Não conversamos nem por três minutos, e se você contar para o papai ele vai ter uma reação exagerada igual teve mais cedo.

Hugo pareceu refletir sobre o assunto. Ele não sabia o verdadeiro motivo para a preocupação do pai, e Rose poderia usar aquilo a seu favor.

— É verdade, o pai exagerou um pouco hoje — concordou, pensativo. — Não irei contar, mas se ele se aproximar de você de novo aí sim não terei escolha.

Rose sorriu aliviada, menos um Weasley surtado para lidar.

— Obrigada, Hugo — disse. — Pode deixar, prometo nunca mais falar com o Lorde Black.

***

Rose estava grata por Hugo não ter contado nada para o pai, porque caso Ron Weasley soubesse sobre a conversa no corredor, com certeza estaria surtando mais do que já estava naquele momento.

O Duque não havia gostado nenhum pouco do embaixador, por mais que nas reuniões políticas que tinham feito no palácio, Leo Black parecesse interessado em tratar apenas de política, além de nunca ter citado o nome de Rose. Porém, Ron resolveu implicar com tudo que envolvia o estrangeiro: os modos, o sotaque, até mesmo a aparência.

Ron parecia obcecado com a ideia de que Leo Black tiraria a filha mais velha dele, e a levaria para longe. Rose não estava segura das intenções do homem, mas também não via tudo da maneira exagerada do pai.

Leo Black partiria em, provavelmente, um mês, Rose só tinha que torcer para que ele continuasse sem falar sobre ela até lá.

— Precisamos oficializar o noivado — decretou Ron, enquanto os três jantavam em silêncio.

Hugo deixou o talher cair no prato, fazendo um barulho estridente.

— O quê? — perguntou em choque. — Você está falando de Rose?

— Oras, e quem mais seria? — retrucou.

Rose não estava tão surpresa quanto o irmão, afinal ela queria que aquele noivado acontecesse. Contudo, presumia que fossem esperar Lorde Black voltar para Durmstrang.

Ficou quieta, enquanto esperava que Hugo parasse de reclamar.

— Está muito cedo! — protestou. — Rose deveria poder conhecer o Scamander melhor, caso queira cancelar esse noivado.

— Ela terá bastante tempo para conhecê-lo depois do casamento — rebateu o pai, decidido. — E Rose não vai cancelar o noivado.

Hugo não parecia disposto a aceitar.

— Mas...

— Sem “mas” — interrompeu. — Você pode protestar o quanto quiser sobre noivados quando for o seu noivado. — E sem deixar que Hugo falasse mais, Ron encarou a filha: — Tudo bem, Rose?

Rose concordou com a cabeça.

— Sim, mas... — começou, encarando o irmão rapidamente, que não entenderia muito bem o que ela estava prestes a dizer. — Tem certeza de que está tudo bem fazer isso agora?

Ron acenou para tranquilizá-la.

— Não se preocupe — disse. — Vai dar tudo certo. E você se casará em dois meses.

Hugo não ficou nem um pouco feliz com a informação.

— Dois meses?!

Rose deixou que o pai lidasse com a insatisfação de Hugo. Nada mudaria, ela se casaria com Lorcan Scamander em dois meses. Não era assim que havia imaginado seu casamento, depois de tantos livros de romances épicos que lera, mas ela precisava que fosse assim.

Mesmo que Scorpius não fosse o demônio dos rumores, mesmo que ele fosse mais parecido com Leo Black ou Rhiannon Greengrass. Ainda sim, Rose não tinha interesse em conhecê-lo, ou de descobrir quais rumores eram falsos e quais eram reais.

A maioria das pessoas não vivia histórias épicas de amor, tendo almas gêmeas ou não. A vida de Rose não havia sido feita para uma grande aventura, ela estaria satisfeita passando o resto de seus anos com alguém que pudesse confiar, embora nunca conseguisse amar.

Ela mal teve tempo de registrar que seu noivado estava próximo e que toda a residência viraria de cabeça para baixo com os preparativos para festa. Sua mãe chegaria em alguns dias, e os convites seriam enviados.

Porém, no dia seguinte ao jantar, Rose recebeu uma carta de Lily dizendo que ela havia sido obrigada pela mãe a chamar alguns nobres para tomar chá — já que Lily recusava o convite de todas —, e era obrigatório que Rose fosse para aguentar a longa sessão de tortura, palavras da prima.

Não queria ter que suportar várias meninas a fazendo perguntas sobre a sua falta de marca e com quem iria se casar. Entretanto, sabia que não tinha muita escolha quando se tratava de ordens de Lily Luna, era isso ou ter que ouvir a prima reclamar por horas sobre o quanto ela era uma péssima amiga.

Evidente que possuía o medo constante de esbarrar com Leo Black pelo palácio, mas Rose também sabia que era improvável que o homem fosse aparecer no local que as moças tomavam chá.

Rose acabou sendo a primeira a chegar, os empregados do palácio haviam arrumado uma mesa que ficava em um dos maiores jardins, a área em que a mesa se encontrava era na sombra com uma linda vista para as plantas mais bonitas do reino.

— Eu não acredito que minha mãe está me obrigando a fazer isso — Lily reclamou enquanto Rose se sentava ao lado dela.

— Boa tarde para você também, Lily — disse irônica. — Quem mais vem?

— Só umas pessoas insignificantes como a chata da Wood, e a Longbottom, Patel... — começou Lily, tendo dificuldade para lembrar o sobrenome das famílias. Ela fazia pouco esforço para tentar memorizar o nome de qualquer nobre, considerando que não gostava de quase nenhum. — Também chamei Roxy, mas ela nunca aparece. Está sempre me trocando pelos estudos.

Rose também trocaria aquela tarde por momentos em sua biblioteca, mas não diria aquilo em voz alta.

As meninas logo começaram a chegar. Katherine Wood sendo a primeira, sempre tentando bajular Lily, porque estava decidida a se casar com Albus Potter e possivelmente virar rainha. As próximas a chegar foram Alice Longbottom, Amita Patel, Ciara Murphy e, por último, Natalie Jordan.

Todas as meninas pareciam bem próximas e, provavelmente, encontravam-se toda a semana para conversar. Por mais que tentassem incluir Rose e Lily na conversa, nenhuma delas fazia muito esforço em participar.

E Rose não se importava em ser a excluída, pelo menos não estavam falando sobre ela.

E, em menos de cinco minutos, descobriria que comemorou vitória cedo demais.

— Rose — chamou Katherine Wood com uma voz triste, sentada na frente dela. Rose sorriu sem graça, colocando o biscoito que estava prestes a comer de volta no prato. — Nós todas ficamos tristes quando soubemos da notícia.

As outras meninas concordaram com a cabeça ao mesmo tempo fazendo bico, parecia até mesmo ensaiado.

— Deve estar sendo muito difícil para você — comentou Alice Longbottom. — Penso muito nisso, meu aniversário é só no fim do ano. Natalie e eu andamos cada vez mais nervosas.

Rose sorriu mais uma vez, tentando mostrar que estava tudo bem.

— Não se preocupem. Não me afeta tanto assim — disse e, por incrível que pareça, estava sendo sincera.

Todavia, as meninas não acreditavam em suas palavras.

— Pode ser sincera, Rose. Somos todas amigas aqui — falou Katherine, e Rose não precisava nem virar para o lado para saber a careta que Lily Luna estava fazendo.

Estava pronta para assegurar mais uma vez que estava bem, quando a Wood soltou um longo suspiro dramático.

— Fico imaginado como foi difícil para o meu querido Albus...

Lily bufou baixo.

— Querido é uma... — começou, mas Rose a deu um chute antes que continuasse. — Aí!

Felizmente, as moças estavam ocupadas demais consolando Katherine para terem notado. Chegava a ser engraçado como ela fazia parecer que realmente existia algo entre ela e Albus. Katherine agia como se estivesse sentindo a dor dele por não ter alma gêmea. Porém, todos sabiam que em algum lugar do corpo a dama tinha o nome de um homem que trabalhava nos estábulos do palácio e, por isso, Katherine agia como se também não tivesse uma marca.

Para a felicidade de Rose, a cena dramática de Katherine acabou assim que mais uma menina apareceu no jardim.

— Boa tarde, meninas — disse Roxanne Weasley com um vestido amarelo simples e os cabelos presos em um coque bagunçado. Com certeza havia perdido a hora estudando, como sempre. — Desculpem o atraso.

As outras nobres a cumprimentaram educadamente, enquanto Roxanne se sentava no lugar vago ao lado de Rose.

Ela abriu um grande sorriso ao ver a prima.

— Rose, quanto tempo! — exclamou, contente.

— Sim, senti sua falta — disse Rose mostrando seu primeiro sorriso sincero daquela tarde.

Lily Luna soltou um som descontente.

— Vejo que você só veio porque a Rose está aqui!

Roxanne riu.

— Também senti sua falta, priminha.

As outras não pareciam muito a vontade com o assunto ficando entre as primas, e logo trataram de tentar guiar a conversa mais uma vez.

— Roxy — chamou Amita. — A gente quase não te vê mais.

Roxy sorriu educadamente.

— Desculpem, tenho andado ocupada com minhas provas — explicou. — Prometo aparecer mais quanto estiver em férias.

Roxanne estudava medicina, e era uma das poucas mulheres no reino a fazer isso. Mas ela sempre sonhou em ser médica. E, quando acordou com dezoito anos com o nome de um estudante um ano mais velho que ela, parecia que o destino havia pensado bem em colocar dois jovens que sonhavam em seguir a mesma carreira para serem almas gêmeas.

Rose achava a história deles linda, e agora não conseguia deixar de pensar que o destino podia ter sido mais gentil com ela também.

— Você tem que aparecer — disse Katherine. — E quem sabe aproveitar essas férias para uma festa de casamento.

Roxanne forçou uma risada.

— Veremos.

Outro fato sobre a prima era que ela não tinha interesse em se casar. Sempre mandava cartas para Rose falando que nem ela e nem Michael desejavam uma grande e luxuosa festa de casamento que os nobres tanto gostavam. Eles estavam felizes juntos, e não precisavam do casamento para provar isso.

Infelizmente, as outras pessoas não tinham essa mesma visão. Festas de casamento eram importantes no reino de Hogwarts, quanto maior melhor. E, antes do casamento, os noivos precisavam organizar diversos eventos, o que demandava muito tempo. Roxanne sempre ressaltava que estudantes de medicina não tinham tempo, e ela preferia usar o raro tempo livre para descansar.

— Falando em festa... — comentou Ciara Murphy. — O que foi essa última festa aqui no palácio?

Rose ouviu Roxy suspirar de alívio do seu lado com a mudança de assunto.

Alice parecia animada:

— Se você está falando do Lorde Black, já digo que concordo.

As meninas riram.

— Por ele até iria fazer uma viagem para Durmstrang — falou Natalie, e todas as moças concordaram.

Lily as encarou como se fossem loucas.

— Vocês não querem ir para Durmstrang — disse revoltada. — Eles vão te comer viva naquele lugar!

— Fique calma, Lily — pediu Natalie. — Foi só uma brincadeira.

— Só estamos imaginando como seria — acrescentou Amita. — Imagina se apaixonar por alguém de Durmstrang? É como viver um amor proibido.

Elas concordaram, fantasiosas.

— Não me importaria em viver um amor proibido com Lorde Black — falou Alice, fazendo com que todas, menos as três primas, rissem.

Era uma fantasia para elas, mas era a realidade de Rose. Não tinha nada de legal em ter uma alma gêmea que fosse de Durmstrang, e elas não estariam falando aquelas coisas se estivessem no lugar de Rose.

Katherine se aproximou da mesa, como se tivesse um segredo a contar.

— Eu não sei se vocês sabem, mas Lorde Black é parente do Rei Draco — contou.

Rose arregalou os olhos, pela primeira vez interessada em algo que as moças tinham a dizer.

Katherine notou a curiosidade no olhar de todas e continuou:

— Meu pai me contou que Black é uma família importante de Durmstrang, a mãe do atual rei é dessa família.

— Então isso quer dizer... — começou Amita. — Que ele é provavelmente um primo distante do Príncipe?

As meninas ficaram chocadas com a constatação.

— Será que ele se parece mesmo com um monstro? — perguntou Alice. — Todos os seus parentes são bonitos.

Lily bufou, achando estúpida aquela pergunta.

— É claro que sim! — exclamou. — Todo mundo sabe que o Príncipe Scorpius não nasceu de circunstâncias normais, a mãe dele é uma bruxa que fez um pacto com um demônio para que ele nascesse.

Roxanne, como a mulher da ciência daquele grupo, era a única que achava aquilo um absurdo. No entanto, nem tentava falar nada, no máximo revirar os olhos. Porque todo o restante do grupo já estava concordando com o que a Princesa havia dito.

Pensar na aparência assustadora de Scorpius Malfoy, era lembrar do monstro que aparecia nos pesadelos de Rose. Ela queria mais do que tudo esquecer os olhos frios como gelo, que ficavam vermelhos enquanto Scorpius Malfoy se preparava para matá-la todas as noites.

Felizmente, as meninas logo mudaram de assunto para fofocar sobre a vida de outras pessoas. Elas falaram sobre a princesa Rhiannon, que Rose imaginou que não era convidada para aquele tipo de evento. E depois prosseguiam a criticar todas as pessoas que lembravam.

Rose não disse mais nada, apenas torceu para que os minutos passassem mais rápido.

— Finalmente acabou — comentou Roxanne, enquanto Lily se despedia das outras moças na entrada no palácio. As duas observavam a cena de longe, felizes por não terem que interagir mais com as outras mulheres.

— Foi a tarde mais longa da minha vida — disse Rose exageradamente.

O sol estava se ponto e, apesar de ainda estar cedo para dormir, Rose queria chegar em casa, jogar-se em sua cama e se levantar só no dia seguinte.

— Pelo menos, você não tem que aguentar isso sempre, vai voltar para casa em breve — apontou a prima. — Katherine Wood me chama para tomar chá toda semana, só para reclamar que eu ainda não estou casada. Por sorte, posso usar meus estudos como desculpa.

Rose lembrou que ainda não tinha contado para Roxanne sobre o seu noivado e, se não contasse, ela provavelmente só descobriria depois que recebesse o convite.

— Não vou voltar. Vou me mudar para capital.

Roxy a encarou sem entender.

— Como assim? Por que você se mudaria? — perguntou, mas antes que Rose pudesse responder, Roxanne já havia juntado os pontos. — Você vai se casar?

— Sim — respondeu, quase rindo da expressão de espanto no rosto da prima.

— Mas por quê? — questionou. — E com quem?

— Lorcan Scamander.

— Rose — começou Roxanne, séria. — Você não precisa se casar com um dos Scamander só porque você não tem marca. Isso não te faz automaticamente noiva de um deles.

— Foi escolha minha, Roxy — disse, tentando acalmá-la.

Roxanne era alguém que tinha uma alma gêmea, mas mesmo assim sua prioridade na vida não era se casar e ter filhos. Ela com certeza não conseguia entender, porque alguém como Rose, que não tinha a mesma obrigação de se casar como a de alguém com marca, havia escolhido um matrimônio.

Rose sabia que Roxanne não entenderia, ainda mais não sabendo toda a verdade. Entretanto, ela conseguia ver como as pessoas que não tinham almas gêmeas queriam aproveitar a primeira oportunidade de casamento que aparecia na frente delas, como era o caso de Lorcan.

— Mesmo assim, Rose...

— Eu quero isso — assegurou. Rose segurou as mãos da prima, apertando-as de leve. — Eu quero me casar, Roxy. E Lorcan é a minha melhor opção, não é só porque ele não tem uma marca.

Caso Rose realmente não tivesse uma alma gêmea, ela poderia se casar com qualquer outro nobre que quisesse. Mas Lorcan era gentil, bondoso e confiável, era provavelmente o melhor marido que poderia conseguir em Hogwarts naquelas condições.

Roxanne suspirou, ainda relutante em aceitar.

— Mas...

— Rose! Roxy! — gritou Lily Luna, chamando por elas. Pela primeira vez, Rose se sentiu grata pelos gritos da prima.

Amava Roxanne, contudo também sabia que ela poderia ser tão cabeça dura quanto Hugo, quando não aceitava algo.

Rose notou que as outras moças já haviam ido embora, o que queria dizer que era a vez de elas partirem.

— O que estavam conversando sem mim? — perguntou Lily curiosa, assim que elas se aproximaram.

— Nada demais. — Rose deu de ombros. — Só colocando o assunto em dia.

Lily normalmente insistiria, não gostava de se sentir excluída. Mas, pelo visto, estava tão cansada quanto Rose, então apenas aceitou as desculpas e não persistiu no assunto.

Elas se despediram, Roxanne prometendo que iria visitar Rose, o que deixou Lily levemente enciumada.

E, enquanto Rose se virava para se despedir de sua prima uma última vez, antes de entrar na carruagem, ela podia jurar ter visto um par de olhos cinzentos a encarando de longe, mas quando olhou novamente, Lorde Leo Black já não estava mais lá.


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Notas finais do capítulo

Meio suspeito esse embaixador com um sobrenome desses... ainda loiro com olhos cinzas? me pareceu familiar....

Espero que tenham gostado ♥ Como vou estar na minha semana de provas semana que vem, vou atualizar só na sexta para já ter o capítulo 4 adiantado. Mas deixando aqui o spoiler que os fãs de scorose vão gostar bastante do 3 ;)

Beijos, Violet