Rose detestava multidões e não tinha pretensão nenhuma de frequentar festas em seu período escolar. No entanto, Albus fizera questão de insistir nessa ideia estúpida, dizendo que deveriam aproveitar suas juventudes, e, agora, lá estava ela, sentada em uma roda, prestes a participar de um jogo idiota.

— Vamos jogar “eu nunca”, você também, certo? — perguntou Amelie Parkinson.

— Eu...

— Ela vai — Albus respondeu, antes que ela sequer pudesse negar.

Rose o encarou com uma expressão fechada, e o Potter engoliu seco. Ele já sabia o que esperar quando aquela festa terminasse: um enorme sermão patrocinado por Rose Weasley.

— Scorpius, não vai querer?

O garoto loiro, que estava sentado do outro lado de Albus, moveu a cabeça, em negação.

— Certo, eu começo — Claire se pronunciou, divertida. — Eu nunca beijei.

— Você namora o Luke — A Parkinson revirou os olhos, enquanto abaixava um dos dedos.

— Eu sei, mas pelo menos posso fazer todo mundo dessa roda perder um dedo. Ou quase todo mundo. — Fez menção à Weasley, movimentando sutilmente a cabeça.

— Credo, Rose. — Amelie fez uma careta. — Por acaso você já viveu?

Todos riram.

Rose não respondeu e demorou mais do que desejava para reagir. Quando o fez, levantou-se daquela roda ridícula e saiu correndo. Albus olhou para todos, indignado pela situação desconfortável na qual colocara a sua prima. Tentou levantar, mas foi impedido por Scorpius, que segurou-o e decidiu tomar conta da situação, procurando pela ruiva ao longo da casa.

Encontrou-a, finalmente, nos fundos, sentada em uma pequena escadaria.

— Você está aqui — ele falou, despertando Rose de seus devaneios.

— Sim, veio caçoar de mim, como os outros? — retrucou, mal humorada.

O Malfoy, ignorando momentaneamente aquela pergunta rude, sentou-se ao lado dela.

— Não caçoaria nem se eu quisesse. — Deu de ombros. — Porque eu também nunca beijei ninguém.

— Droga, desculpa, eu não quis ser tão grosseira — falou, arrependida.

— O que tem de tão grandioso no primeiro beijo? — indagou, de repente.

— Eu não sei, mas acho que o momento certo nunca me ocorreu. — Rose suspirou, consideravelmente frustrada. A maioria das adolescentes de dezesseis anos que ela conhecia já havia tido essa experiência. Ela que era o ponto fora da curva. — E por que você nunca... — Não terminou a frase, envergonhada.

— Não sei, acho que eu nunca liguei muito para isso...

— Às vezes, eu me pergunto, será que os garotos não me acham bonita o suficiente? — No fundo, ela odiava ter dito aquelas palavras.

— Eu te acho bonita — afirmou, sincero. — E, bem, eu te beijaria — ele disse.

Rose riu, incrédula.

— Duvido — rebateu.

— Quer que eu prove? — foi o que ele respondeu.

Rose, desacreditada, assentiu risonha.

Naquele exato instante, Scorpius levou as suas mãos até as bochechas de Rose e aproximou-se dela, até que seus lábios, finalmente, se tocaram, dando início a um beijo lento, que ela retribuiu. Aquele havia sido o primeiro beijo de ambos, mas, definitivamente, não foi ali que se apaixonaram. Afinal, naquela noite, eles eram apenas duas pessoas tentando viver intensamente enquanto ainda eram jovens. No entanto, certamente, foi assim que a história deles começou.