Scorose - Quase sem querer escrita por Aline Lupin


Capítulo 9
Break Down


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Não quero levantar, nem abrir os olhos. Estou tão cansada emocionalmente, mentalmente, fisicamente. Estou exausta. Quero afundar minha cabeça nos travesseiros e ficar sem fazer nada. É claro que não tenho permissão, pois ainda preciso frequentar as aulas e tentar manter minha média alta. Lily também não permite, pois me arrasta para fora da cama. Contei tudo para ela sobre o baile. Ela me defendeu e disse que o mais certo é que não fale com o Scorpius, que ele precisa de um gelo. Mas me sinto péssima. Faz três dias não trocamos uma palavra. Ele não aparece nas rondas e eu faço questão de ignora-lo quando o encontro pelos corredores e nas salas de aula. No sábado acontecerá a festa do professor Slughorn e não quero ter que ficar encarando Scorpius, não quero vê-lo, nem ouvir sua voz. Não depois de tentar me manipular e me afastar de Leon. Claro que Leon não é um santo, mas quem cuida da minha vida sou eu. 

    Caminho cabisbaixa para a aula de feitiços. O professor Flitwick está na sala de aula, ditando a tarefa para os alunos.  Vamos aprender sobre feitiços corpóreos e ele já havia emparelhado as duplas. Estou com Alvo e Scorpius está com Leon. Prevejo um desastre. Os dois estão soltando faíscas há dias e dessa vez vão poder dar vazão a sua raiva que estão sentindo. O professor afasta as cadeiras para o fundo da sala com um aceno da varinha. Estamos todos posicionados, um de frente para seu par. Flitwick explica que devemos apenas lançar o feitiço, sem ferir o outro. Já havíamos estudo sobre os feitiços corpóreos, essa aula seria apenas uma prática. 

    - Estão todos preparados? – ele pergunta a turma.

    Todos respondem que sim e começamos. Eu lanço um jato de fogo para começar, Alvo aproveita e lança um de água e me provoca, dizendo que meu feitiço é muito fraco. Não deixo por menos e lanço um feitiço de vento, empurrando ele há três metros. O professor olha feio para nós e apenas rimos. Percebo que os meus colegas também estão progredindo nos seus feitiços corpóreos. Então escuto um estrondo vindo do fundo da sala. Leon conjurou uma rajada de vento para atingir Scorpius com força e ele cai sobre as mesas amontoadas. Bem diferente daquilo que fiz com Alvo, pois controlei minha magia para não machuca-lo. Lógico que ele fez isso propositalmente. Scorpius se levanta e parte para cima de Leon atingindo-o com um Expelliarmus, atirando Leon longe. Todos os alunos se afastam e alguns estão apostando quem vai ganhar essa briga. O professor intervém, retirando a varinha deles, rapidamente. 

    - O que é isso, por Merlin? – ele está furioso, exigindo explicações. Apesar de ser pequenino, Flitwick causa medo.

    - Ele começou professor – Scorpius se defende. 

    Leon lança um olhar mortal para ele e direciona seu olhar para mim. Ele baixa a cabeça, parecendo arrependido. Não imaginava que Leon pudesse ser tão rancoroso. Se não gostei da atitude de Scorpius em interferir na nossa relação, não estou gostando do seu lado vingativo.

    - Eu não faria isso se você não fosse um intrometido – Leon revida, encarando Scorpius com raiva – Cansei das suas ameaças e não me importo mais se você vai contar para ela o que aconteceu ano passado.

    O professor olha confuso, sem compreender. Eu, muito menos. 

    - Isso não vai ser bom – sussurrou Alvo.

    Encaro-o, buscando uma explicação, contudo ele não responde.

    - Você não é digno dela, não é digno de ninguém – vocifera Scorpius, tentando partir para cima de Leon.

    Dou um passo para impedir a briga dois, mas Alvo segura meu braço com força. Quando vejo, Scorpius acertou um soco em Leon no rosto. Leon encara Scorpius com raiva, cuspindo sangue no chão e parte para cima, agarrando Scorpius pelo pescoço. A gritaria começa na sala e o professor parece não saber o que fazer. Saco a varinha e faço o impensável.

    - Expelliarmus!

    Os dois voam para a parede da sala e caem no chão. Estão atordoados.

    - Desculpe, não queria feri-los, mas não tinha como parar vocês – digo, sentindo vergonha.

    - Tudo bem, senhorita Weasley – o professor intervém – Estão machucados? – ele se vira para os garotos. Eles se levantam e apenas negam com a cabeça – Muito bem, quero que me acompanhem. Vamos à sala da diretoria. Estão de detenção por um mês. Estou muito surpreso por ver isso acontecer, ainda mais por serem monitores. Deveriam dar o exemplo.

    O professor sai da sala e os garotos seguem atrás, cabisbaixos. Estou surpresa, pois não consigo entender a rixa entre os dois. Em todos esses anos, vendo os dois juntos, nunca haviam brigado.

    - Alvo, o que está havendo entre eles? – pergunto.

    Alvo parece desconfortável e passa os dedos entre os cabelos.

    - Rose, isso quem tem que dizer são eles. Não posso interferir.

Suspiro, frustrada.

— Alvo, você sabe alguma coisa. Por favor, me fale – insisto.

— Não sei tudo, mas é meio óbvio que a maior razão dessa briga é por eles estarem disputando por você.

Espera. O quê?

— Como assim? Não pode ser verdade – digo, dando uma risada frouxa.

— É óbvio que esses dois estão correndo atrás de você, quem nem cachorros – diz uma garota da Sonserina. Mary Abbot.

— Mary, não complique mais as coisas – cortou Alvo, irritado.

Apenas balanço a cabeça, sem entender. Estou perplexa. Todos na sala estão cochichando sobre nós, sobre minha vida. Agarro minha bolsa e saio correndo. Corro pelos corredores e não olho para trás. Sinto meus pulmões queimarem. Lágrimas de vergonha rolam pela minha bochecha. Sinto uma dor que não sei explicar. Já fazia dias que estava me sentindo dessa maneira. Não posso acreditar nisso, não é verdade. Scorpius não gosta de mim, se gostasse, ele não teria se afastado, não seria tão distante. Não seria idiota. Quando vejo, estou fora do castelo e vou atrás da única pessoa que consigo pensar. David.

Olho para o salgueiro e ele está ricocheteando os galhos. Tremo só de pensar em me aproximar e executo o feitiço Imobillus. Parece dar certo e entro na passagem. Quando chego à Casa dos Gritos, chamo por David e não o acho em parte alguma. Ele não voltou mais aqui desde o Halloween. E pelo visto não vai voltar. Sinto um aperto no peito, pois ele parecia ser um bom amigo. Não queria perde-lo, apesar de ter falado tão pouco com ele. Vou até o quarto, na esperança de encontra-lo, mas está tudo vazio. Apenas a cama continua no lugar. Deito-me nela e fico em posição fetal. Não sei o motivo de estar tão sensível. Não tenho como controlar os sentimentos que vem a tona. Tristeza por não poder falar com David, por não falar com Scorpius, por não me sentir mais confortável ao lado de Leon, por não ter amigos, exceto Alvo e Lily. E algo que não queria admitir nem morta, que estava me apaixonando por Scorpius e não havia remédio para aquilo. E saber que talvez pudesse estar sendo correspondida estava me deixando mais confusa. Não queria pensar mais sobre isso. Apenas fechei meus olhos e acabei adormecendo.

Despertei sem saber onde estava. Olhei pela janela e o céu estava em tons pálidos de rosa e lilás. O sol já estava se ponde. Esfrego os olhos e me surpreendo por ter dormido tanto. Sento na cama e lembro-me de tudo. Da briga de Scorpius e Leon, dos meus sentimentos. Pego a bolsa e saio da casa, voltando pela passagem. Meu peito se enche de saudades de David e desejando que ele apareça novamente um dia. Quando estou entrando no castelo, vejo Lily, Alvo e Lorcan juntos. Eles parecem agoniados.

— Onde você estava? – indagou Alvo, irritado.

— Por ai – respondo sem me dar o trabalho de ficar para conversar. Quero tomar um banho e comer no Salão Principal.

 - Espera ai, mocinha – diz Lily, segurando meu braço.

Bufo, irritada.

— Você some por horas e essa é sua resposta? – indaga Alvo, furioso, mas também preocupado. Será que fiquei tanto tempo fora?

— Olha, não estava bem, tá legal – explico. Os dois me encaram esperando eu terminar.  Mas não quero falar disso.

— E onde você estava Rose? – pergunta Lily – Estávamos procurando você por todos os lugares. 

Alvo assente. Lorcan apenas parece querer estar em outro lugar. Vejo-o dar alguns passos para trás, mas Lily não permite. Acho graça disso. Eu também queria sumir. 

— Na Casa dos Gritos – eu respondo.

— O quê? – exclama Alvo – Por que lá? David voltou?

— Não, ele não voltou – digo, com pesar – Eu estava procurando por ele e acabei dormindo lá. Agora posso ir?

Os dois assentem, não sem antes dizer que temos muito que conversar. Não quero ter que explicar, não quero pensar nem no que estou sentindo. Apenas ando depressa pelos corredores e respiro fundo quando chego à frente no retrato da Mulher Gorda. Estou prestes a entrar, quando alguém me chama. 

— Rose – diz Scorpius – Por favor, precisamos conversar.

Suspiro, cansada.

— Agora não – recuso, sem olhar para ele, mas também não faço nenhum movimento para entrar.

— Querida, vai entrar ou não? – pergunta a Mulher Gorda, impaciente.

Apenas nego com a cabeça e me afasto. Scorpius me fita, com esperança. Respiro fundo e espero ele falar.

— Rose, podemos conversar em outro lugar? – ele pede.

Aceito e o acompanho. Não sei para onde estamos indo, apenas vou seguindo, sem questionar. Paramos na frente da sala precisa e entramos. Há dois sofás, um de frente para o outro com uma mesa de centro. Um bule de chá fumegante está em cima. É p mesmo chá que tomei na Madame Puddifoot.  Não consigo deixar de sorrir, pois aquele dia Scorpius me acalmou e foi muito companheiro. Sento na poltrona e ele faz o mesmo.

— Rose, eu não sei por onde começar – ele diz nervoso, apertando as mãos – Eu só sei que quero pedir desculpas por hoje e pelo que fiz no baile. Foi injusto eu tentar controlar sua vida. Mas tenho meus motivos para isso, contudo não devia ter agido daquela forma.

Assimilo o que ele diz, mas ainda assim não explica tudo.

— E por que você fez isso? – pergunto.

— Porque eu queria proteger você – ele responde, envergonhado. Está corado – Queria poder afastar você das pessoas que podem feri-la. E sei de Leon pode fazer isso, ele já fez.

— Leon é apenas meu amigo, Scorpius – digo, tentando controlar a raiva. Ele não pode dizer o que é melhor para mim, não é meu pai – E sei me cuidar sozinha. Muito obrigada.

Meu sarcasmo o magoa, posso ver em sua expressão. 

— Não faz isso, Rose – diz em tom agoniado. Ele passa a mão pelos cabelos, nervoso – Não me trate desse jeito. Não quero controlar você, é que eu sei como o Leon é. Sei que ele vai ficar com você e depois vai virar as costas. E isso vai magoa-la e não posso suportar.

Fico quieta, ouvindo suas razões. Meu coração se amolece. Contudo isso não explica muito coisa. Leon não parece tão ruim assim. 

— Primeiro, quem disse que vou ficar com ele? - pergunto. Ele me olha surpreso - Não quero, se você quer saber. Então não precisa se preocupar comigo. Segundo, o que ele fez de tão errado para tanta repreensão?

Ele hesita, mas responde.

— Não é algo que eu possa relevar, Rose. Apesar de estar com raiva de Leon, jurei que não contaria nada.

Fico surpresa por sua lealdade. Ainda assim, quero saber o que aconteceu, mas descobrirei por outros meios.

— Bem, já que nos entendemos, fico aliviada - digo, com sinceridade.

Ele sorri, oferecendo sua mão para que eu aperta.

— Amigos, então? - ele pergunta, esperançoso.

Aperto sua mão.

— Amigos.

Ele suspira e me puxa para um abraço. Estou pasma, mas permito que ele me envolva em seus braços. Sinto meu coração aquecer.

— Obrigado, Rose - sussurra em meus cabelos - Eu detestei ficar brigado com você.

— Bem, é só não fazer as coisas erradas - digo séria, mas dou risada.

Ele me aperta com força, porém sem me machucar.

— Você é tão pequena. Da vontade carrega-la para cima e para baixo. É muito fofa - ele provoca.

Afasto-me dele e dou um soquinho em seu ombro.

— Não sou pequena, é você que é uma girafa - provoco.

Ele ri, me puxando de novo para perto dele.

— Rose eu quero confessar uma coisa...

— O quê? - incentivo, esperançosa.

Espero ele dizer, mas seus olhos estão longe, como se fosse difícil dizer o que sente. Como se não fosse fácil traduzir isso em palavras.

— Você é minha melhor amiga - ele diz, depois de segundo excruciantes. 

Sinto meu peito murchar. Não sei o que esperava. Que ele dissesse que gosta de mim?

— Você também - eu digo, sem pensar. 

Ele solta minha mão e olha para mim.

— Bom, que ótimo que nos entendemos - ele parece desconfortável - Eu preciso ir agora, tenho uma detenção para cumprir. 

Assinto e deixo que ele saia primeiro da sala. Resolvi ficar. Sento na poltrona e sirvo o chá, deixando minhas lágrimas escorrerem. Tomo o chá, e não sinto tanto dor no peito. Mas não é tão simples. Estou amando e nem sei se sou amada. Estou quebrada, essa é a realidade.

 


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Notas finais do capítulo

Bom é isso! O que acham que vai acontecer nos próximos capítulos? Será que finalmente o Scorpius vai parar de negar o que sente e dizer que gosta da Rose? Por que será que ele está se desentendendo com o Leon?
Até o próximo capítulo! =D



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