Scorose - Quase sem querer escrita por Aline Lupin


Capítulo 10
Festa do Slughorn


Notas iniciais do capítulo

Bom dia pessoal, um pouco de Scorose para alegrar hoje. Boa leitura!



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— Vamos, saia dessa cama, Rose - diz Lily, tentando me puxar - Alvo está esperando você para a festa do Slugh. Por favor.

Não quero ir a maldita festa do Slughorn, não quero sair dessa cama. Depois do que aconteceu na sala precisa, quero sumir e não olhar mais para Scorpius. Todos os dias tem sido torturantes. Fazemos as rondas e ele conversa comigo, como se fosse meu melhor amigo. Meu coração erra um passo toda vez que vejo seu sorriso, mas sufoco quando ele sorri para outra garota ou quando não está perto de mim. É horrível gostar de alguém que só te vê como amigo. Essa sensação é debilitante e fez meu rendimento nas aulas caírem. Preciso agir, mas minhas energias já se fora faz tempo.

                Levanto da cama de mau humor e permito que Lily me ajuda a vestir uma roupa. Para ir a festa, se deve vestir traje a rigor. Então escolho vestido tubinho preto com mangas e uma meia calça grossa. Vestido meus scarpins vermelhos e aplico uma camada de maquiagem leve. Pelo menos eles disfarçam as olheiras que me acompanham. Deixo os cabelos soltos, que batem nos meus ombros em ondas suaves. Lily é mais espalhafatosa, está trajada com um vestido rodado, na cor azul marinho, meia calça preta e saltos pretos. Fez um coque com tranças laterais e deixou alguns fios soltos na frente. Ela tem uma beleza encantadora. É uma das garotas mais bonitas da escola. Tio Harry morre de ciúmes da filha e sempre diz que ela é sua menininha. Tia Gina diz que ela tem que arrasar corações mesmo e já é bem crescida para ser filhinha do papai. Pensando nisso, sinto muita saudades da minha família e não vejo a hora de chegar o natal. Quero abraçar minha mãe e meu pai. Apenas nos comunicamos por cartas. Tentei insistir para que usássemos celulares, mas meu pai não é adepto a tecnologia trouxa e mamãe as vezes liga para mim, mas nem sempre. Ela está muito ocupada com o ministério agora.

                Desço as escadas e encontro Alvo me esperando na sala comunal. Ele está conversando com alguns garotos grifinórios e parece a vontade. Todos gostam de Alvo, pois ele é simpático e filho de Harry Potter. Então ficou fácil para ele ter amizades. A maioria fala por interesse, mas ele parece não se importar. Diz que essa fase de se incomodar já passou e o mais importante é estar perto daqueles que o valorizam de verdade. Aproximo-me e ele para de conversar para me encarar. Ele sorri para mim e se levanta, tomando minhas mãos.

                - Está perfeita, minha prima - ele diz, beijando meu rosto.

                - Obrigada, Alvo. Você está lindo - agradeço, sorrindo. Ele está de smoking e gravata vermelha. Parece ser bem mais velho. Seus cabelos negros estão jogados de lado e bem ajeitados - Conseguiu domar a juba?

Ele ri.

                - Finalmente. A Lily me deu uma poção para ajeitar os cabelos. Parece que funcionou.

                - Uau, ficou vaidoso.

                Ele pisca.

                - Preciso impressionar uma pessoa - ele diz, maliciosamente.

                - Espera, você está gostando de alguém? - pergunto, supressa.

                - Com certeza, você vai ver ela na festa.

                Nós dois nos despedimos do pessoal que ficou na sala. Eles parecem tristes por não poder participar da festa. O clube de Slugh é muito restrito. O professor só convida os alunos mais brilhantes. O que eu acho muito idiota. Pra quê tanto exclusivismo? Caminhamos juntos.

                - Será que o Lorcan foi convidado? - Lily pergunta, ansiosa.

                - Com certeza que sim. Ele é brilhante - asseguro, apertando sua mão. Eu sei o quanto ela gosta dele, mas o garoto é muito tímido para fazer qualquer movimento em relação a ela.

                - Ele não me disse se viria, na verdade nem disse se foi convidado. Ele é muito calado as vezes.

                - Lorcan é tímido, mas tenho certeza que ele gosta muito de você, Lily - Alvo diz.

                - Ai Alvo, você o máximo por dizer isso - ela está com os olhos empoçados - Mas eu sei que não. Ele não sente nada. Só me trata comigo amiga.

Sinto uma pontada no peito quando ela diz isso. Parece com a minha história, contudo a diferença está nos detalhas. Ele sente algo por ela, só tem muito medo de demonstrar.

                - Você poderia dar o primeiro passo e dizer que gosta dele, Lily - aconselho.

Ela parece horrorizada com sugestão.

                -Ha, como se falar fosse fácil. Não vou me declarar. Nem você fez isso.

Eu pisco.

                - O que quer dizer com isso?

                - Quero dizer que você não se move para dizer que ama o Scorpius - ela quase grita. Tento tapar a boca dela, mas já é tarde. Alguns alunos que estavam indo pela mesma direção olharam curiosos e cochicharam.

                - Lily, pelo amor de Merlin. Não fale tão algo - peço, exasperada.

Ela gargalha, mas sem humor.

                - Falar o quê? Que você AMA o Scorpius? - ela provoca, enfatizando no ama.

Ai, por Merlin.

— Lily, por favor, cala a boca - pede Alvo - Ou vou amordaçar você.

Ela arregala os olhos, mas não se intimada fácil.

                - Tudo bem, vou ficar calada. Mas você sabe que estou dizendo a verdade - ela se dirigi a mim, com petulância.

                Permaneço em silêncio, pois não quero mais brigar. Tenho que esquecer Scorpius, não adianta sonhar com alguém que não sente o mesmo por mim. Chegamos ao salão que foi reservado para a festa. O professor Slughorn arrumou o local com mesas enfeitadas com toalhas de sede prata e verde, representando as cores da casa. Colocou cortinas verdes perto dos janelões e garçons estão circulando com bebidas e aperitivos. Também tem um buffet ao fundo, onde podemos nos servir a vontade. Eu havia contado para minha que haveria essa festa e ela riu muito. Ela explicou que em sua época de escola ele também havia feito isso, só que usou os alunos para servir na festa. Hoje não tem nada parecido com isso, mas também não conheço todo mundo dessa escola.

                - Senhoritas Weasley e Senhor Potter, que bom vê-los - ele cumprimenta, com uma sorriso afável. Parece que não nos vê a séculos, mas tivemos aula de poções com ele essa semana. Quero dar risada, mas por respeito, sou cordial.

                - Professor Slughorn - cumprimentamos.

                - Que bom, que bom - ele diz, mais para si mesmo do que para nós - Como está sua mão, Senhorita Weasley? - ele se dirgi a mim - Nós trocamos cartas de vez em quando, mas ultimamente não tenho mais notícias dela.

                - Vai bem, professor. Ela mandou seus cumprimentos - respondo.

                - Ótimo. Por favor, diga a ela que agradeço e espero revê-la - ele pede. Parece nostalgico, o que aperta meu coração. Apesar de seu jeito pomposo, gosto dele.

                - Que tal você vir passar o natal com a nossa família? Vamos nos reunir na Toca, com os Potter e minha família - eu convido. Alvo me fuzila com olhar. Lily segura o riso.

                O professor parece surpreso, como eu tivesse duas antenas na minha cabeça.

                - Ah, sim claro, parece ótimo. Com certeza vou aparecer - ele aceita, um pouco relutante.

                Continuamos a nossa conversa em volta de amenidades e logo chega mais alunos e ele se distrai. Saímos e circulamos pelo salão. Eu acho uma mesa e sento na cadeira. Esse seu meu lugar até a festa acabar. Parece que os planos de Lily são outros, pois ela resolve circular e ver se encontra alguém conhecido. No caso é um certo lufando. Alvo senta ao meu lado. Parece insatisfeito.

                - Por que você convidou ele, Rose? - reclama - O que você tem nessa sua cabeça?

                Eu deixo escapar um riso, o que o deixa ainda mais furioso.

                - Acalme-se, Alvo. Eu fiquei com pena dele - explico - Ele parece tão sozinho e seria bom para ele ver velhos alunos.

                Alvo parece discordar, mas eu não me importo. Sinto-me caridosa hoje. Meia hora de festa já basta para mim. Já havia comido vários canapés e tomado champanhe. Não sei como o professor conseguiu aprovar isso, mas eu não me importo. Estou leve e tranquila. Saio da minha cadeira para andar um pouco e dou de cara com um arranjo de flores. Meu mundo gira um pouco e dou risada pela topada. Viro e encaro um par de olhos azuis claríssimos, próximos a mim. Acho que estou com náuseas, penso. Tento dar mais passo, mas ele vem em meu auxilio.

— Calma aí, ruiva – ele diz, sorrindo – Quanto você bebeu?

— Não sei, duas – eu conto nós dedos – Acho que três.

— Eu vi você tomar, foram umas cinco, com certeza – ele diz, rindo de mim.

Espera, ela estava me observando?

— Ha! Você estava me olhando, senhor Malfoy? – digo, segurando as lapelas do seu smoking – E ótima roupa. Você está de arrasar corações.

Ele sorri, ficando vermelho.

— Obrigado. Mas meu intuito era só arrasar um coração – diz, com um olhar penetrante.

Engulo seco. O que ele quis dizer? Será que foi pra mim? Claro que não, deve ter entendido errado.

— Que bom para ela ou ele – eu digo, tentando ver se ele me diz quem é a pessoa.

Ela dá uma gargalhada. Passa seu braço na minha cintura, carregando-me para um sofá perto da sacada mas não senta. Apenas fica em pé, com as mãos nos bolsos. Sinto frio por todo corpo. Queria seu calor, seu abraço. Que droga estar bêbada.

— Não tem ele, não sou bi – ele diz, depois de segundos em silêncio – Mas há uma garota sim.

Sinto meu coração disparar. Ai, meu Merlin, quem for, eu mato. Juro, mato mesmo. Claro que não, mas o meu ciúme esta corroendo minha alma.

— E quem é ela? – pergunto, com medo da resposta.

Ele parece relutante em responder. Está me olhando com carinho. Seus olhos estão quase cinza na luz fraca dessa salão. Estou um pouco tonta. Acho que o champanhe não fez bem. Não tenho tempo de ouvir sua resposta. Aproveito a planta que está perto do sofá e vomito no vaso. Acho que ainda estou vomitando, pois Scorpius segura meus cabelos.

— Pelas barbas de Merlin, Rose – ele diz, rindo – Você está mal mesmo, heim.

— É óbvio, seu idiota – digo, limpando minha boca com o dorso da mão.

Ele gargalha e busca um lenço no bolso interno do smoking, me oferecendo. Pego e limpo minha boca e minha mão.

— Que vergonha, tadinha da planta – digo, querendo chorar. E estou chorando.

Scorpius senta do meu lado, tomando meu ombro. Ele planta um beijo no topo da minha cabeça. Não sei como ele não está com nojo de mim nesse momento. Deve ser muito meu amigo.

— Você está bem, minha ruiva? – ele pergunta, com voz doce.

— Acho que não – digo, enxugando as lágrimas.

— É TPM? – ele pergunta e dou um tapa fraco e em seu ombro. Ele dá risada – Está respondido então. É TPM.

— Pare de fazer piada. Não vê que estou mal?

Eu sei que estou sendo melodramática, mas a bebida meu deixou sensível. Ele gosta de outra e eu vou morrer.

— Claro, não faço mais piadas. Que tal eu arranjar um poção para você não vomitar mais e se sentir novinha em folha? – ele diz, tentando soltar meu ombro, mas eu não permito. Não quero ficar longe dele.

— Fica, por favor.

Ele sorri, afagando meus cabelos. Seus dedos são um balsamo nas minhas feridas.

— Eu já volto, prometo.

Ele me deixa sozinha e eu apoio minha cabeça no apoio do sofá. Tento sacar a varinha para limpar a sujeira que fiz, mas não tenho forças para isso. Sinto meus olhos pesados e adormeço.

***

                Estou voando, sinto pairar do ar, mas não consigo abrir os olhos, o sono está tão bom. Meu travesseiro tem cheiro de cravo e colônia masculina. É tão sexy. Sinto braços fortes me envolvendo e me deixo relaxar. Quero o Scorpius, onde será que ele está?

                - Estou aqui – diz ele.

                Pareceu um eco distante da sua voz. Dou risada, pois ele está no meu sonho. Ah, vou dizer tudo que tenho vontade.

                - Que bom, estava com saudades.

                Sua gargalha ecoa e reverbera dentro do meu ser. É uma risada gutural e tão linda.

                - Você é tão sexy, Scorpius.

                Ele ri mais. Quero dizer mais coisas para que ele ria, que sorria só pra mim.

                - Acho que você bebeu muito, por Merlin – ele diz, com tom preocupado.

                - Não fique preocupado, eu estou tão bem – tento tranquiliza-lo, afinal é só um sonho – Já que você está no meu sonho, eu quero fazer uma coisa.

                - O quê? – ele indaga.

                - Quero beijar você.

                Ele fica em silêncio, parecesse constrangido. Até no meu sonho eu sou rejeitada, que tristeza. Não consigo mexer um músculo, então eu não vou conseguir beija-lo. Abri um pouco os olhos e vejo ele, só que embaçado. Ele está com os olhos fixos em mim. Parece genuinamente preocupado. Ele beija minha testa. Com as últimas forças que me restam, tomo seu rosto e planto um beijo próxima a sua boca. Scorpius respira fundo e beija meu nariz. Fico sorrindo. Devo estar com cara de idiota, mas como é um sonho, eu não me importo. Como eu o amo, por Merlin.

                ***

                - Será que ela vai ficar bem? – alguém diz ao fundo.

Minha cabeça está latejando. Está latejando muito.

— Não sei, a Madame Pomfrey ministrou uma poção. Já faz horas isso – diz outra voz.

Fico preocupada. Será que estou doente?

                - Vai ficar tudo, ela é só meio fraca pra beber – parece Alvo dizendo. Vou mostrar para ele quem é fraca.

                - Ela estava dizendo coisas estranhas – esse parece Scorpius.

                Ai, o que eu disse? Minha cabeça está me matando.

                - Ela tomou muitas taças de champanhe e vinho branco. Claro que ela ia ficar desse jeito – Alvo diz, rindo.

                - Faz sentindo. Mas quero conversar com ela sobre o que foi dito.

                Não, nada de conversas.

                - Acho que ela está acordando – Alvo fala.

                - Ei, ruivinha, como você se sente? – pergunta Scorpius, segurando minha mão.

                Encaro ele com vergonha. O que tiver dito, deve ter sido ridículo.

                - Acho que um caminhão passou por cima da minha cabeça – respondo.

                Os dois gargalham.

                - Não é pra menos, você não teve moderação – Alvo debocha.

                Mostro o dedo de meio para ele.

                - Quanto amor, heim. Eu fiquei aqui hora sentado, esperando você acordar – ele reclama, tentando parecer chateado.

                Dou de ombros, mas minha cabeço lateja. Como dói.

                - Bem, vou para cama agora, estou muito cansado de ficar aqui e ser tratado mal – ele diz e sai da enfermaria.

                Fecho os olhos e respiro fundo. Acho que vou ficar assim. Scorpius ainda segura minha mão. Está acariciando minha palma. É tão bom ter sua presença.

                - Rose, você lembra o que aconteceu? – ele pergunta, depois de um tempo.

                - Ahn, acho que não – digo, sem abrir os olhos.

                - Mesmo? – ele insiste.

                Tento forçar a cabeça, mas não. Só lembro de um sonho com ele. Que não quero que ninguém na vida saiba.

                - Não mesmo, juro – digo, sendo sincera.

                Ele permanece em silêncio.

                - Falei algo errado, antes de chegar aqui? – pergunto.

                - Não, você não disse nada de errado, só estava resmungando – ele responde. Mas seu tom de voz denota certa tristeza.

                Não entendendo, mas não quero pensar agora.

                - Vou dormir, tudo bem? – pergunto.

                - Claro, posso deitar com você?

                Eu perco a respiração.

                - Ah, sim – gaguejo.

                Ele deita ao meu lado e me abraça. Sinto seu abraço enquanto adormeço, ao som da batida do seu coração.


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