Headle escrita por Fénix Fanfics


Capítulo 5
Não me sinto pronta para falar de nós


Notas iniciais do capítulo

Desfrutem ♥



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Mesmo sem se dar conta, em algumas semanas, Sara já passava mais tempo com Heather do que na própria casa. Os meses foram passando e logo colegas do trabalho logo notaram algumas mudanças. Sara andava mais feliz, Grissom já não era motivo de tristeza, ela utilizava praticamente todas suas folgas e não fazia quase hora extra. Estava sempre arrumada, ainda que respeitando o seu estilo mais simples, e reservada sobre o que fazia fora do laboratório. 

Finlay foi a primeira a perguntar. Ela conhecia a amiga, e sabia que tinha alguém na jogada, só não sabia quem. As duas estavam na sala de descanso do laboratório, quando a loira puxou a conversa.

— Quem é ele?

— Ele quem? – Ela se fez de desentendida.

— Sara, abre o jogo. Todo mundo já notou que você está diferente. Faz meses do divórcio, você tem todo direito de estar com outras pessoas.

Por um momento ela até pensou em contar, mas não podia. Não se sentia confortável para isso. Primeiro pelo fato de admitir um relacionamento homoafetivo, ela nem conseguia falar isso para si mesma, por várias vezes havia recuado, e se ainda estava dando certo, era por que Heather tinha muita paciência com ela. Segundo por conta do caso da dominatrix, envolvia Heather diretamente, e isso seria, realmente, bem estranho. E terceiro, mas não menos importante, ninguém na equipe gostava de Heather, a exceção de Finlay e D.B. que não a conheciam direito, os demais já tinham uma opinião formada sobre ela. 

— Eu não estou com ninguém, Julie. – Ela deu os ombros. – Eu só sei que eu me basto e pronto.

— Que você se basta, isso todo mundo sabe. Você não precisa de um homem para ser feliz e completa, no entanto, tem sim alguém. Não minta pra mim!

O que ela ia fazer? Negar não ia funcionar. Ela precisava dizer algo que acabasse com a curiosidade de Julie, ao mesmo tempo que não abrisse totalmente o jogo. 

— Ok Jul, ok. – Se rendeu. – Existe uma pessoa sim, mas eu não quero falar sobre isso. Não quero apresentar a ninguém ainda, eu não estou pronta para dar esse passo. Por enquanto eu estou feliz em como as coisas estão indo, e não quero estragar isso. 

— Está certo. – Ela sorriu. – Mas é bonito? Ele é bom…  Você sabe? – Ela piscou para a colega.

— Eu já disse que não quero falar sobre isso, vou me limitar a dizer, apenas para sanar sua curiosidade, que sim, está sendo bom, e está abrindo meus horizontes… – Sara falou com malícia. – Para novas experiências. Se é que me entende. Agora, vamos ao trabalho?

Julie sorriu para a amiga, satisfeita. Claro que estava com muitas curiosidades sobre o novo caso da colega, mas iria respeitar sua decisão de manter esse relacionamento mais reservado. No final das contas, estava imensa feliz por Sara, não aguentava mais vê-la sofrendo pelo ex.

Era folga de Sara, e seguindo sua nova rotina, estava novamente com Heather. Era difícil se verem durante a noite, normalmente se viam somente de dia, levando em conta que seu turno de trabalho era noturno, então a perita só passava a noite lá quando estava de folga. Elas haviam jantado juntas, visto um filme, e agora estavam no quarto de Heather, Sara estava sentada nos pés da cama, enquanto Heather pegava algumas coisas no guarda roupa.

— Meus colegas têm perguntado com quem estou saindo? – Disse por fim. 

— E você? – Virou-se para Sara.

— Eu ainda não me sinto pronta para falar de nós. – Ela tinha uma expressão um pouco triste e até culpada, sabia que isso de alguma forma, mesmo que Heather não admitisse, a deixava chateada. – Mas eles são CSIs e eu acabei dando algumas informações evasivas e sem gênero.

— Bom, admitir que sua namorada é uma mulher, pode ser o primeiro passo.

Namorada? Nossa, era a primeira vez que Heather dizia isso. Estavam namorando? Bom, era um relacionamento bem sério até então, e pelo menos da parte dela, monogâmico. Acreditava que para ela também. Então sim, era um namoro.

— Sair do armário é a parte mais difícil pra mim, Heather. Eu mal consigo admitir isso para mim mesma.

— As coisas vão fluir no seu tempo Sara, e logo se sentirá mais confortável, o autoconhecimento é a parte mais importante do processo…

— Odeio quando faz isso! – Sara interrompeu, mas tinha um tom divertido.

— Isso o que?

— Age como se fosse minha terapeuta. – Ela riu.

— Não estou querendo agir assim, apenas estou dizendo que você tem todo tempo que precisar. Para mim tanto faz quem sabe e quem não sabe do nosso relacionamento, entretanto, desde que você cumpra a sua parte. – Ela sorriu com malícia enquanto lhe mostrava uma corda grossa.

Sara sabia exatamente do que Heather estava falando. Há alguns dias havia dito que gostaria de introduzir o BDSM no relacionamento delas, de forma leve, gradual, e Sara havia concordado, ainda que tivesse suas ressalvas. Ela sabia que isso, como ela havia mesmo dito, fazia parte da personalidade de Heather e já havia percebido o quanto se continha para não extrapolar os seus limites, ainda que isso implicasse em frustração para ela. Ao contrário de seus relacionamentos anteriores, Heather a priorizava sempre, mesmo sendo uma pessoa dominante, ela queria que Sara se sentisse valorizada, sentisse prazer e se sentisse feliz. A morena já havia percebido isso, sentia isso. Então, estava na hora de equilibrar um pouco isso, para que a ruiva também sentisse que também poderia se encaixar nesse relacionamento sem ter que abrir mão de sua personalidade.

Ainda sim, Sara estava ansiosa pelo que vinha.

— Certo, quais são as regras?

— Bom Baby, a partir de hoje, deste quarto para dentro eu não sou Heather, não sou Kessler, sou Lady Heather para você. 

Heather percebeu na hora que Sara não havia gostado disso, mas não contestou. Porém, era nítido em sua expressão. Sara nunca a chamava de Lady Heather, a maioria das vezes de Heather, algumas vezes de Kessler, e uma vez de Kessy em uma conversa aleatória, mas nunca, absolutamente nunca de Lady Heather. Nunca havia dito por que, e Heather nunca havia perguntado, mas não ia fazê-lo agora.

— Você, por quanto, poderá questionar tudo o que quiser, mas quem manda e decide sou eu, inclusive se vou responder alguns dos seus questionamentos. Caso passe dos limites, você sempre terá sua palavra de segurança.

Sara estava ciente de tudo, e para surpreender Heather, seus limites eram muito maiores do que a ruiva imaginava. Aliás, eram muito maiores do que a própria Sara imaginava. Também, não imaginava, o quão prazerosa poderia ser a noite com Heather, deixando-a soltar um pouco de si, de seu comportamento mais primitivo e instintivo. No entanto, Sara sabia que aquilo não era nem dez por cento de tudo que Heather sabia ou queria fazer, ela havia pegado leve, não queria assustar Sara e havia sido bom, muito bom para as duas.

Estavam cansadas, lânguidas e felizes deitadas na cama depois de tudo. Sara ainda tinha os punhos amarrados no encosto da cama, seus pulsos estavam em "x" e presos com uma corda.

— Não vai me soltar? – Ela sorriu. – Lady Heather. – Disse com certa dificuldade, esquecia sempre de falar no final.

— Não… – Disse simples. – Considere esse seu primeiro castigo. – Ela piscou.

— Um pouco desconfortável. – Admitiu. – Mas nada que eu não possa suportar. – Sorriu para Heather. – Mas você sabe que eu posso me soltar, não? Se eu quiser. Lady Heather.

— Eu sei, e é exatamente aí que você entende que não é necessário abrir mão do seu poder, para que eu tenha o meu. – Heather sorriu. – Ele só vem de formas diferentes. Você tem a opção de se soltar e sair quando quiser, isso é o poder da escolha, é como sua palavra de segurança. No entanto, você não vai fazer isso, ou vai evitar isso pelo maior tempo possível, por que não quer me decepcionar, porque você sabe que eu quem manda, e esse é o meu poder. Como eu disse, a relação BDSM é muito mais complexa do que as pessoas que veem de fora imaginam. E podem ser muito mais profundas.

Ela se aproximou de Sara, encostando seu corpo nu no dela, e lhe beijou os lábios. Sara cada vez mais entendia o que Heather queria dizer. Após o beijo se ajeitou na cama de modo que ficasse menos desconfortável, seus braços para cima logo começariam a ficar dormentes.

— Eu gostaria de saber por que tens tanta dificuldade de me chamar de Lady Heather. – Fitou Sara com curiosidade. 

— Não. – Disse simples.

Era a primeira vez naquela noite que Sara usava sua palavra de segurança. Isso foi surpresa para Heather por dois motivos, primeiro porque ela testou os limites de Sara a fundo, e ainda sim, ela seguiu firme, deixando Heather realizar tudo que tinha vontade; segundo, porque com uma simples pergunta, ela simplesmente recuou. Sara tinha dificuldade de se abrir. 

— Se importa de ao menos dizer por que não quer falar disso?

— Porque você vai achar que sou louca, ciumenta e talvez seja um pouco ofensivo também.

— Louca, não. Ciumenta, com certeza, eu já acho. E, se você decidir se abrir, prometo tentar não me ofender.

— É que esse é o seu nome de trabalho. O que utilizava quando era uma dominatrix. E cada vez que eu falo, me vem à cabeça quantas pessoas passaram por esse quarto, deitaram nessa cama.

— Tudo bem. – Heather respirou profundamente, sabia que uma hora ou outra esse assunto surgiria. – Já me envolvi intimamente, com e sem contato físico, com muitas pessoas sim. Mas esse quarto, essa cama… – Ela se sentou na cama, olhando Sara de frente. – Somente três pessoas vieram aqui. Você, meu ex marido e…

— Gil. – Sara completou quando percebeu que Heather titubeou.

— Você quer falar sobre isso?

Sara negou com a cabeça.

— Meus sentimentos por Gil mudaram, e já faz algum tempo. Não é mais um assunto pertinente.


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