A Saga E - A pirâmide Colossal escrita por Diego Farias


Capítulo 41
As Guardias de Shiryu ( O verdadeiro capítulo 35)


Notas iniciais do capítulo

Eu só me dei conta agora que pulei um capítulo. Desculpe, Guys



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  ― Quem você disse que é? ― a amazona de Rá parecia ter ouvido uma grande piada, pois não desfazia o riso em seu rosto. ― Shoryu me disse que você não passava de uma dona de casa! Como se tornou uma amazona de Athena? E ainda! Uma amazona de bronze?

  ― Shunrei! ― Shiryu colocou a mão direita sobre o ombro de sua mulher e por um momento, ele se viu no espaço sideral. Não! Ele estava sentindo o universo interior de sua esposa. ― Cosmo? Como você despertou o seu cosmo?

  ― Eu tive uma pequena ajuda! ― ela o encarou de soslaio com um sorriso travesso no rosto. ― Deixe essa guerreira de Rá comigo! Vá salvar o nosso filho. 

  O dourado de Libra virou-se e notou que a cor da pele de Ryuho começava a mudar. A pele branca começava a acizentar-se, dando um aspecto de cimento. Ele encarou Shoryu e o filho mais velho confirmou que o veneno de Tjesu Heru havia entrado nas veias do pequeno dragão.

   ― Shunrei.

  ― Eu cuido disso, Shiryu! ― ela foi mais incisiva, elevando o seu cosmo lílas. Seu marido afastou-se, sentindo um poder considerável que surpreendeu a todos os presentes. ― VAMOS LINCE.

   A caixa de pandora da armadura de Lince se abriu em resposta a mulher do libriano e a estrutura feita de bronze que moldava o felino quadrupede negro que normalmente habita as florestas do hemisfério norte do planeta.

  A armadura respondeu ao cosmo de Shunrei e despedaçou-se para vestí-la. As patas cobriram seus ante-braços e pernas. O dorso e costas se converteram num cinturão com uma estrutura que protegia metade das coxas e um peitoral em forma de corpete que deixava as costas nuas. A cabeça formava uma teara e luvas, onde as presas da armadura viraram garras afiadas.

   ― A mamãe... ― disse Shoryu abismado. ― Ela realmente é uma guerreira.

  ― Não importa se você é uma dona de casa ou uma guerreira. Você não tem a menor chance de me vencer sozinha.

  ― E quem disse que eu estou sozinha?

   Shiryu sentiu aquela sensação de novo. De repente, ele não se via mais naquela passagem rochosa e sim, sobre uma órbita. Ele via apenas a sua esposa de costas, mas algo lhe dizia que não era ela ali na sua frente.

   ― Quem é você? ― disse ele, desconfiado.

  ― Uma amiga.... ― Shiryu ergueu as sobrancelhas. ― Ou melhor... uma serva.

  ― “Vamos combinar o seguinte: Se você vencer uma deusa, eu vou serví-lo... Eu estou curiosa para entender a relação de vocês cavaleiros com a deusa Athena”. ― a promessa feita na casa de Libra lhe inundou a mente.

  ― BASTET! ― o libriano exclamou e se colocou em posição de batalha. ― Você conseguiu voltar e tomou o corpo da Shunrei? Como pode? Eu vou derrotá-la e...

  ― NÃO! ― foi a vez dela exclamar, virando-se para o seu senhor com um olhar tristonho. ― Eu não consegui protegê-lo de Lord Seth... Fui mandada às profundezas do Duat, mas as orações dessa mulher me guiaram até você, Shiryu! ― Shiryu sentiu o seu coração aquecer. Ele via verdades nos olhos felinos que sua esposa agora exibia. ― Eu não estou com meus poderes em força total, mas foi bom que essa humana não me suportaria, mas eu posso ajudá-la a protegê-lo.

   Shiryu queria retrucar, mas viu-se novamente naquela fenda e teve sua atenção voltada para Shoryu que chorava sobre o corpo do seu irmão mais novo. Ele encarou Bastet/Shunrei e tanto a deusa, como a nobre camponesa sorriam em concordância para o libriano.

   ― Mestra Bastet? ― disse Camilly com nojo. ― Como pode trair o Lorde Rá? A srta era o olho direito! Tinha um posto de honra! Um dever.

  ― Eu só estava lá para ser sacrificada, serva de Geb! ― ela colocou-se em guarda. ― Eu decidi fazer algo mais produtivo com a minha vida.

  ― Eu vou levar a sua cabeça, gata traidora!

   Shunrei se surpreendeu ao notar que havia algo entra ela e a guerreira egípcia. Logo a pouco de areia começou a progetar-se sobre a sua cabeça e a guerreira, a sua frente, gargalhou, considerando a vitória eminente.

   ― Sério mesmo? ― o cosmo lilás ascendeu-se e Camilly não parecia preocupada, mas a sua feição mudou ao ver rachaduras na ampulheta do deserto. ― Acha impossível? Infelizmente a natureza do meu cosmo é terrestre, logo essa ampulheta não vai resistir ao poder da patata do Lince negro.

   Pai e filho encararam o cenário com um misto de pavor e admiração. Os olhos de Shunrei brilharam, enquanto ela concentrava todo o seu cosmo no punho direito. Logo em seguida, abriu a mão na forma de garra e golpeou o chão com toda a sua força.

   ― PATADA DO FELINO NOTURNO!!!

   A terra começou a se revolver e de repente, o chão começou a produzir pequenos rochedos pontudos que destruiram a ampulheta de dentro e ainda avançaram na direção de Camilly. A guerreira egípcia saltou, mas estranhou o sorriso da deusa encarnada, então notou que um verdeiro pilar havia se erguido do chão aos seus pés, banhado em cosmo, e atingira o seu estômago, lançando-a sobre o teto da passagem, fazendo-a penetrar na estrutura.

   ― Ela é poderosa! ― disse Shoryu horrorizado.

  ― Shoryu! ― Shiryu surgiu ao seu lado e chamou a sua atenção. ― Existe algum modo de neutralizar o veneno de Tjesu Heru?

  ― Não que eu saiba... ― os olhos cheios de culpa, miravam o rosto inerte de Ryuho que parecia estar virando pedra. ― Eu que deveria morrer no lugar dele... Eu fui tão idiota e egoísta.

  ― Eu não vou perder nenhum dos meus filhos, hoje! Me ajude a tirar a armadura do seu irmão.

   Sem questionar muito, Shoryu rapidamente despiu seu irmão. O guerreiro egípcio viu os ferimentos que sua “presa peçonhenta” abrira no corpo de seu irmão e como por ali, escorria um líquido viscoso roxeado, misturado ao sangue coagulado.

   ― O que vamos fazer, papai?

   Shiryu não respondeu. Ele respirou fundo de olhos fechados, ergueu os dedos: indicador e médio da mão direita e furou o peito esquerdo de Ryuho.

   ― PAPAI! ― gritou o filho mais velho, segurando pelo braço. ― EU PENSEI QUE IRIA SALVÁ-LO E NÃO SACRIFICÁ-LO!

  ― Não seja tolo, Shoryu! Eu só acertei um ponto estelar.

   A cara de dúvida do seu filho foi o bastante para que o libriano se permitisse explicar. Shiryu brevemente explicou que todos os cavaleiros nascem sobre a proteção de uma constelação. E toda constelação é formada por um conjunto de estrelas que podem ser representadas no corpo do cavaleiro como pontos estelares.

  Shoryu não entendeu como aquilo poderia salvar o seu irmão e sentindo uma agonia sem fim, assistiu o seu pai atingir vários pontos do corpo de Ryuho, liberando o sangue podre para escorrer das veias.

   ― Está feito. ― anunciou o libriano. ― Os pontos estelares também são os pontos vitais de um cavaleiro. Por isso, atingindo esses pontos, é uma forma do veneno de Tjesu Heru correr para fora do corpo dele.

  ― Ele vai sobreviver? Eu preciso me desculpar com o Ryuho.

  ― Certa vez, eu fiz isso com seu padrinho. Ele sobreviveu. Cabe agora ao Ryuho lutar pela sua vida.

   Shoryu viu seu pai se levantar e virar-se de costas. Sua mente voou ao passado, quando diversas vezes, ele viu seu pai pelas costas. Instintivamente, ele trouxe a cabeça de Ryuho para o seu colo e começou a aquecer o seu corpo com seu cosmo.

   ― O que está fazendo?

  ― Ele está frio... ― as lágrimas gotejavam sobre o dragão de pele acizentada. ― Eu vou aquecê-lo. Somos irmãos. O brilho do meu cosmo vai guiar Ryuho de volta pra gente... Vai ajudar a mamãe...

  ― Confio seu irmão a você.

   Shiryu correu para ajudar Shunrei, mas a mesma estendeu o braço e ergueu uma chapada de rochas entre eles. O libriano reclamou, mas a amazona de Lince precisava lutar sozinha.

  Sentindo a tensão, Camilly liberou um pilar de energia que removeu os escombros de cima de si e ela surgiu diante de Shunrei com um filete de sangue correndo pelo canto da boca.

   ― Vai se arrepender mestra Bastet! ― o cosmo amarelado começou a percorrer o corpo da morena e ela avançou contra a deusa encarnada. ― SAIs do Deserto!

   Os minerais da terra se converteram num par de SAIs pontíagudos. Camilly correu na direção de Shunrei e a mesma, empunhou suas garras. Uma batalha corpo a corpo começou. O som de metais chocando-se alfinetava os tímpanos do libriano.

  Camilly começou a avançar e Bastet mostrava toda a sua agilidade em cambalhotas, esquivas e saltos acrobáticos. A guerreira egípicia irritava-se e tentava estocar a deusa encarnada a qualquer custo.

   ― SHUNREI! ― disse Shiryu ao notar que a mulher havia tropeçado numa rocha e desequilibrado.

  ― MORRA! ― Camilly estocou com toda a sua força e impalou a ponta do meio de seu SAI diretamente no peito de Shunrei.

   A mulher de Shiryu arregalou os olhos e logo um filete de sangue escorreu pela sua boca. Camilly começou a debochar da deusa, mas em seguida, estranhou o sorriso manchado de sangue que ela abriu.

   ― O quê? ― exclamou ela ao notar que havia impalado um rochedo. ― Uma ilusão?

  ― Você não passa de uma lacaia de Geb! ― a voz da amazona ecoava, mas ela não podia ver de onde ela estava vindo. ― Você não tem poder suficiente para matar guerreiros com o nível de Shiryu e resolveu tocar na nossa família para nos desestabilizar, certo?

  ― Pare de se esconder, maldita! Me encare, sua covarde!

  ― Eu nem com um dízimo do meu poder total ou esse receptáculo não me aguentaria, mas para derrotar você, eu tenho mais do que é necessário.

   O chão aos pés de Camilly começou a ceder e a amazona egípicia saltou para trás, sorridente, mas sentiu que uma nova fenda se abriu na chapada à suas costas. Ela virou-se e conseguiu bloquear o golpe de garras de Shunrei, cruzando seu par de SAI. Ela encarou os olhos felinos e sentiu nojo, já a deusa, parecia excitada com o calor da batalha.

   ― Você caiu na minha armadilha! ― a inimiga arregalou os olhos. ― Esse lugar será o seu túmulo.

   A primeira fenda no chão se abriu, liberando um pilar de luz lílas. Camilly tentou se desprender de Shunrei, mas se viu atacada por vários fragmentos de terra que colavam na superfície do seu corpo.

   ― O que é isso? O que você vai fazer comigo?

  ― Você não se orgulha tanto em ser uma serva de Geb? Esse é o fim mais digno que eu posso dar à você! MALSOLÉU DO DEUS FELINO!!!

   Shunrei arrastou a guerreira até o pilar de energia e o mesmo a imobilizou, permitindo que o corpo de Camilly fosse completamente coberto por rochas, até ela se ver presa num caixão de rochas que flutuava diante de todos.

   ― Este esquife é formado com os mais duros minerais do solo de Rozan. Mesmo pra você que tem a benção de Geb, levaria anos, senão décadas para conseguir desmanchar algo dessa plenitude! ― ela podia ouvir a voz desesperada de Camilly lá longe. ― E como punição por ter mexido com a minha família... Eu vou enterrá-la a milhares de quilômetros... Nas bases geológicas dos sete picos! Adeus! FUNERAL DO DEUS FELINO!

   Shunrei ronronou como uma gata e tocou o chão, deixando que seu cosmo tranformasse o chão pedrogoso em um mar de terra. Camilly gritava desesperadamente dentro esquife, mas foi afundando no chão até desaparecer. Os cinco picos antigos pareciam estremecer, mas bastou cinco minutos para que a amazona de Lince se levantasse e sorrisse para seu marido e filho, informando que o seu dever havia sido cumprido.

  A armadura de Lince desprendeu-se do corpo de Shunrei e minimizou-se num formato de pedra, prendendo-se na base da orelha esquerda, como um cristal de armadura. A camponesa correu na direção de Ryuho e notou que bastante sangue podre já havia escorrido das suas feridas.

   ― Obrigado por ganhar tempo para mim, Shiryu! ― ela sorriu para Shoryu que abraçava Ryuho com todas as suas forças e ainda elevava o seu cosmo. ― Está bem, Shoryu. Deixa comigo.

   O cosmo lilás ascendeu-se novamente e o ex-cavaleiro de Tjesu Heru ficou abismado ao ver o solo pedrogoso se tornar movediço novamente. Ele abraçou Ryuho ainda com mais força, mas o sorriso de Shunrei e a expressão séria do seu pai, mostraram que não havia perigo. Ele viu o irmão caçular afundar no solo e orou para que ficasse tudo bem.

   ― O que você fez?

  ― Eu o plantei para que ele se recuperasse com os nutrientes da Terra! Logo, um novo cavaleiro de dragão irá brotar. ― ela se colocou de pé e estendeu a sua mão direita para o seu marido. ― Agora vamos para casa. O jantar está quase pronto.


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