A Saga E - A pirâmide Colossal escrita por Diego Farias


Capítulo 34
Shoryu




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Shunrei caminhava, despretensiosamente, pela trilha que levaria para fora dos cinco picos antigos. Seu rosto era puro cansaço devido as várias horas ajoelhada sobre o solo pedregoso, que dedicou orações ao seu amado que nesse exato momento, corria pelas ruas do inferno no encalço de Hades.

  Shunrei decidiu dar um intervalo em suas preces para colher algumas raízes e folhas medicinais. Ela cria que tanto Shiryu, quanto o seu pai adotivo, retornariam em segurança e cheios de machucados para ela cuidar.

   ― Hum? ― exclamou a jovem, após ser roubada de seus pensamentos por conta de um som peculiar.

   Shunrei chegou a parar para abrir seus ouvidos e discernir melhor. Por um breve momento, achou que fosse uma brincadeira do vento que estaria zumbindo como um chorinho de bebê. A jovem começou a buscar de onde vinha aquele som e um desespero sem igual, foi tomando-a a notar o som ficando mais alto, conforme ela se aproximava da sua fonte.

  Até que debaixo de uma pedra estava ele. Shunrei não sabia o que lhe trazia mais desespero: Se era o pequeno bebê que chorava copiosamente ou se era a serpente que dançava a sua frente e já havia lhe desferido uma picada no bracinho miúdo e gordinho.

  A futura esposa do cavaleiro de dragão ascendeu a sua loucura e pegou uma pedra para tirar sobre o réptil. A serpente foi atingida na cabeça e pelo susto, saiu cambaleando assustada, em direção a um desfiladeiro.

  Shunrei correu até o pequeno bebê que aparentava ter uns sete meses. Branco, bem gordinho e com os poucos cabelos amarrados para cima com a presília. Shunrei pegou-o no colo e tentou balançá-lo, mas sabia que precisava ser rápida para que o veneno não se espalhasse. Então, abocanhou o local de ferida, fazendo com que o bebê urrasse de dor, e a sangue frio, sugou grande parte do veneno de suas veias.

  Rapidamente, ela correu de volta a trilha e colocando o bebê no chão, socou algumas ervas que trazia consigo junto de outras colhera ali e adicionando um pouco de água de seu cantil, fez um pequeno suco. Junto a uma folha seca, ela passou a pasta na ferida que a serpente fez e a amarrou com uma ripa de madeira.

   ― Vai ficar tudo bem, meu querido. Não vou deixar você morrer.

   A jovem correu para a sua casa com o bebê nos braços. Sentia-se louca por arriscar tanto e se envolver com um pequeno ser humano que estava praticamente condenado. Shunrei sabia que os vilarejos em volta dos sete picos eram extremamente pobres e era muito comum que adultos abandonassem seus filhos ou os sacrificassem para ter o que comer.

  Afinal, ela mesma era uma orfã. Até que o mestre ancião a encontrou.

  Por isso, não abandonaria esse bebê. Ele não seria rejeitado duas vezes. Pensou em tudo que tanto o mestre Ancião, como Shiryu diriam quando visse que a jovem pegara um bebê na rua e o estava levando para casa, mas ela conhecia a alma e o coração dos dois, ela sabia que no fundo, eles entenderiam.

   ― Acalme-se! ― o bebê esguelava-se em meio a um banho de suor. ― Já está ficando pronto.

   O leite das cabras era fervido na tentativa de diminuir a sua gordura. Shunrei, de início, pensou que era fome, mas ao notar o pequeno orfão suando bicas, ela pousou a mão sobre a sua testa e notou que uma intensa febre o castigava. Ela analisou a ferida e viu que um parte da solução que criou, sugou ainda mais um pouco de veneno, mas certamente algum resquício corria em suas veias.

  Shunrei começou a se desesperar. A consciência chamou-lhe e em frações de segundo, ela se questionou sobre a loucura que estava fazendo. Não entendia nada de bebês, nunca sequer pensou na possibilidade de ser mãe, será que trouxe esse bebê condenado para casa, só porque ele refletia a sua história?

  Seja o que fosse ela não poderia deixá-lo morrer.

  O leite ferveu sobre o fogão a lenha e começou a se espalhar pelo chão. Shunrei ignorou o fato e correu com o pequeno menino em seus braços para um banho de bacia com água da cachoeira. O neném se recontorceu em contato com a água fria, mas aos poucos, o gelado foi relaxando os músculos tensionados, diminuindo a temperatura corporal e acalmando-o.

  Ele entoava um chorinho de leve que rasgou o coração da amante do dragão. Shunrei tirou-o da bacia, e depois de deixar um copo de leite, dentro de uma bacia de água gelada, começou a dar aos poucos o leite num pequeno copo de madeira. O pequeno tomou o leite e isso foi acalmando-o, mas um trovão intenso o assustou e ele voltou a chorar.

  Shunrei encarou a porta de casa e viu que uma intensa chuva caía, lá fora. Ela ninou o pequeno e dava-lhe mais goles de leite. Novamente, o pequeno começou a tomar o leite morno, acalmar-se e ser embalado num sono de exaustão. A febre oscilava, vezes subia, vezes descia. Shunrei ficou horas ao seu lado para observar alguma reação, mas ele dormia tranquilamente, mas com sua respiração cansada.

   ― Por favor... Salve o bebê!

   Shunrei encarou o rostinho daquele completo desconhecido com tanto amor que parecia estar olhando para Shiryu ou o mestre ancião. Então, olhou para a porta e seus extintos lhe disseram o que precisava fazer.

  Ela despiu-se do seu quimono florido e sem vergonha de sua nudez, ela saiu do casebre, ignorando o frio do tempo chuvoso, deixando que os pingos grossos golpeassem o seu corpo e a passos curtos por conta do vento forte, ela chegou ao seu lugar cativo de penitência e gritou.

  Gritou para Deus, para o universo, para o divino. Aquele vento não iria abafar a sua petição, a sua necessidade, a sua fé. A chuva não ia impedir ela de fazer o que sabia fazer melhor. O bebê estava alimentado, medicado e agora, era só esperar ele resistir ao veneno e sobreviver.

   ― Salve-o, por favor... ― as lágrimas se misturava as grossas gotas de chuva sobre o rosto. ― Assim como salvará o mestre ancião e o Shiryu... Por favor, salve-o.... Salve o meu filho.

  

[ ***]

   ― Não pode ser... ― dizia Ryuho completamente incrédulo. ― Meu irmão se tornou um guerreiro de Rá.

  ― E será pelas mãos de seu irmão que você cairá, dragãozinho do papai! ― Shoryu investiu velozmente contra Ryuho que ainda estava atônito. ― Defenda-se.

   O irmão caçula tentou recuar e desviar da sequência de golpes do novo guerreiro egípicio. Shoryu investia com fúria e violência, enquanto Ryuho sofria, hipnotizado pelo olhar sério do seu irmão.

   ― PRESTE ATENÇÃO NA BATALHA! ― E uma poderosa pernada de direita atingiu o dorso do pequeno dragão e o lançou na parede de rocha daquele vale. ― Tire esse falso olhar de tristeza do seu rosto, Ryuho! Você nunca se importou comigo!

   Quando a fuligem baixou, Ryuho surgiu no campo de visão do seu irmão com um ferimento na cabeça que fazia seu sangue avermelhado escorrer.

   ― Você está enganado! Eu sempre o amei irmão, eu não queria tê-lo deixado sozinho, mas fui convocado por Athena e...

  ― CHEGA!

   O guerreiro de Tjesu Heru apontou com seu dedo indicador e uma linha de cosmo energia roxeada atingiu o peito do dragão, causando uma explosão cósmica que o ejetou da estrutura da chapada e o lançou para frente, voando por cima da cabeça de seu irmão e indo de rosto ao chão.

  Ryuho gemeu de dor e encarou a ampulheta do deserto. Shiryu já estava com a areia na altura dos cotovelos, mas encarava seu filho com total seriedade.

   ― Eu sinto muito, Shoryu... Mas eu não posso perder tempo com isso. Preciso salvar o nosso pai.

  ― Seu! ― respondeu, friamente. ― Ele deixou isso, totalmente, claro pra mim, depois que você nasceu. Eu só fui um passa tempo para ele.

  ― Eu vou derrotar você e vamos para casa resolver isso.

  ― Não, irmãozinho... ― Ryuho arregalou os olhos ao notar a imensa cosmo energia que era liberada pelo guerreiro à sua frente. ― Os cavaleiros de Athena cairão aqui.

   O cavaleiro de dragão ficou apavorado com a figura da fera caótica e mitológica que surgira atrás e acima da cabeça de Shoryu. Era um monstro que possuia o corpo e as patas de dragão, mas um pescoço alongado e entrelaçados com duas cabeças de serpentes no final, viradas, uma para outra.

 

  ― Sinta a picada venenosa que irá conduzí-lo aos confins da morte, Ryuho! PRESA PEÇONHENTA!

   Shoryu estava com o punho fechado e concentrava todo o seu cosmo nele. Ao estender o seu braço, a cosmo energia foi liberada na forma de uma serpente roxeada que serpenteava pelo solo pedregoso, abrindo vários sulcos nele. Ryuho encolheu-se atrás do seu escudo, mas surpreendeu-se que a serpente cósmica passou por ele e o feriu na altura do pescoço.

  O cavaleiro de dragão sentiu uma corrente elétrica passando por todo o seu corpo e internamente, parecia que o seu sangue estava fervendo. A explosão do ataque lançou o cavaleiro aos pés de seu irmão.

   ― Gostou Ryuho? Dói, não é? ― ele friamente pisou na cabeça do irmão, afundando-a no solo pedregoso. ― A presa peçonhenta além de ser um ataque do elemento trovão, ainda deposita um pouco do veneno lendário do Tjesu Heru na sua corrente sanguínea. Em poucos minutos, você sentirá os seus cinco sentidos desaparecerem e terá uma morte tranquila. Ainda será pouco por tudo que você me fez passar.

 [***]

   Shoryu vinha correndo com algumas toalhas brancas. Ele era um lindo menino de quase quatro anos, mas era enorme para a sua idade.

   ― Aqui está, papai! ― ele habilmente deixou a pilha de toalhas no chão ao lado de seu pai que estava sentado segurando as mãos de sua mãe. ― Vai dar tudo certo, não é?

   Shiryu esqueceu-se por alguns segundos da situação tensa a qual estava imerso. Ele encarou o rosto preocupado daquele menino tão carinhoso, o qual, ele aprendeu a amar depressa e acariciou os seus cabelos castanhos, rebeldes.

   ― Logo, logo, você conhecerá o seu irmão! ― disse ele, enquanto secava o suor na testa de Shunrei. ― Aguarde lá, fora.

   O pequeno menino lançou um olhar preocupado a sua mãe que urrava de dor a cada contração e fez um último carinho naquela barriga enorme. Shoryu correu até a ponta do penhasco que ficava de frente para a cachoeira de Rozan e imitou a sua mãe.

  Ele ajoelhou sobre o solo pedregoso e mesmo sentindo os seus joelhos arderem, ele ignorou a dor e começou a balbuciar uma prece. Estava sentindo um medo terrível. Não queria que nada acontecesse ao seu pai e ao seu irmãozinho que tanto pediu à eles.

   ― Hum? ― suas orações foram interrompidas por um choro desesperado de bebê. ― RYUHO!

   Ele estava há poucos metros da sua casa, mas aquela corrida parecia ter durado uma eternidade. Quando finalmente abriu a porta, ele viu sua mãe viva, recostada ao peito definido de seu pai e ambos encaravam o pequeno bebê nos braços dela que começou a mamar.

  Shoryu sorriu de felicidade, mas algo o deteve. Aquela cena parecia ser um belo quadro, uma fotografia. Mas também um quadro do qual, ele não se via fazendo parte.

   ― Nossa mãe nunca escondeu a verdade de mim. Muito pelo contrário. Ela me contou tudo. Contou sobre como nos conhecemos, nos contou como era a vida nos sete picos de Rozan, me contou que assim como eu, ela também era uma orfã e foi muito bem criada pelo seu pai adotivo, e por isso, eu fui muito feliz e agradecido nos meus três primeiros anos de vida. Eu aprendi a perdoar a minha mãe biológica, porque sabia que ela não teria condições de me criar. Foi uma rejeição, sim, mas não foi a rejeição mais dolorida que sofri.

   ― Papai... ― Ryuho choramingava. ― Eu não aguento mais.

   ― Os anos se passaram e a paz que vivíamos acabou. Meu pai sempre foi um guerreiro muito poderoso e fiel à sua deusa. Lembro dele, me contanto sobre suas batalhas contra Poseidon, contra Hades e de como ele voltou ao passado, certa vez. A príncipio, vivíamos tempos de paz e depois do final da Guerra Santa, não teríamos mais guerras, mas aí chegaram os marcianos. Meu pai, meu padrinho e todos os amigos deles lutaram com todas as forças, mas meu pai foi ferido gravmente.

   Shoryu lembrou-se de ver seu pai sentado, exatamente, onde ele dizia que o seu antigo mestre ficava. Ryuho estava ao seu lado, treinando. O filho mais velho, as vezes, achava que era uma ilusão de ótica por conta da claridade do sol, mas ele poderia jurar que o corpo do seu pai estava coberto por um manto azul estrelado, como se tivesse sido atingido pelo próprio céu.

   ― Desde a batalha contra Marte, meu pai nunca mais foi o mesmo. Ele não saía daquela posição, não falava, andava ou demonstrava nos ouvir. Minha mãe alimentava-o, certificava-se da sua higiene e tentava cuidar de suas feridas, mas algo que nunca mudou após ele perder seus cinco sentidos... Foi que agora ele só possuia um filho.

   ― O QUE EU FIZ PRA ELE, MAMÃE?

  ― Nada, meu filho! ― Shunrei encarava-o com tristeza. ― Nós, talvez, não consigamos compreender as intenções do seu pai, mas ele te amou desde a primeira vez que o viu, Shoryu.

  ― Então, porque ele só investe no filho biológico dele? Será que ele arrependeu? Ou acha que eu sou fraco demais para me treinar? Eu tenho treinado mamãe. Eu sei posso ser forte.

  ― Eu sei, meu filho. Eu sei que você não precisa provar, absolutamente, nada a ninguém. ― as lágrimas começavam a correr pelo rosto marcado pela idade. ― Você cresceu, Shoryu. Não é mais o meu menino. É um homem de dezessete anos. Precisa enxergar para além da sua raiva.

  ― Eu preciso dar um sumiço no meu irmão! ― Shunrei arregalou os olhos. ― Só assim, meu pai vai sentir a dor que eu estou sentindo.

   O garoto deixou a sua mãe sozinha dentro de casa. Lançou um olhar para pai e filho que treinavam na ponta do penhasco e seguiu para as montanhas com seus olhos marejados.

  

[ ***]

   Shoryu pressionava e deslizava o seu pé pela cabeça do seu irmão. O seu sangue fervia de excitação e por vezes, ele lançava o seu olhar provocativo ao seu pai.

   ― Se arrependimento matasse, talvez já estaria morto, não é cavaleiro de ouro de Libra? Esse fracote que sempre foi doente e molenga não durou dez minutos contra mim! ― Shoryu se incomodou com a falta de expressão de Shiryu. ― Ah, sim. Então, nem ele significava mais nada para você? Você consegue vê-lo se ferir? Interessante... Está vendo, Ryuho? Agora, até você não tem mais serventia para o “papai”. Melhor eu te mandar diretamente ao inferno.

   Camilly de Deserto ficou extremamente excitada ao ver seu herói pisoteando a cabeça do irmão que penetrou no solo com violência. O sangue do dragão esguichava para o ar e alimentava a sede do rancor de Shoryu.

   ― GRITE! IMPLORE! ME PEÇA PARA SALVAR O SEU FILHO!

  ― SEU IRMÃO! ― a voz de Shiryu surgiu dentro da cabeça de Shoryu.

   O cavaleiro de Tjesu Heru parou de torturar o pequeno Ryuho que parecia inconsciente. Ele encarou a ampulheta e trincou os dentes vendo que apenas o rosto do libriano estava por fora da areia.

   ― Então, agora somos uma família? Esse é o seu melhor trunfo?

  ― Lembre-se da promessa que eu fiz a você, no dia que me pediu um irmão. ― o cavaleiro egípcio ficou atônito. ― Lembre-se do verdadeiro porquê de Ryuho ter sido escolhido como o novo cavaleiro de dragão.

   A mente de Shoryu voou para alguns anos atrás. Ele caminhava de mão dada com seu pai pela pequena lavoura próxima do casebre que moravam. Shoryu sempre pedia para que Shiryu contasse histórias que o entretessem, enquanto seu pai arava a terra com golpes de enchada.

   ― É verdade mesmo, papai? Você é mesmo forte?

   Shiryu limpou o suor da testa e pediu para que seu filho se afastasse. Ele apenas apontou para um rochedo e aumentando a sua cosmo energia, Shoryu só viu que o rochedo virou pó em segundos. Em resposta, ele chorou, absurdamente, assustado.

  Shoryu começou a implorar para que o pai não fosse mais as guerras. Ele não queria vê-lo machucado e que ele era tudo de mais importânte na vida. Logo em seguida, ele lembrou-se do ataque dos marcianos e da sensação que teve ao ver seu pai naquele estado.

   ― Papai! Papai! ME ESCUTA, POR FAVOR. VOCÊ ESTÁ SENTINDO A MINHA MÃO? PAPAI! PAPAI, ME ABRAÇA! ― Camilly se espantou ao ver o cavaleiro chorando.

   ― Quando a primeira guerra contra Marte acabou, você estava absurdamente traumatizado. Eu me senti muito culpado por ter quebrado a promessa que fiz a você. Mas se eu não a tivesse quebrado, eu não poderia ter protegido a minha família.

  ― Deixe de mentiras. Então, porque o Ryuho que sempre foi mais mole que eu foi treinado?

  ― Por você. ― o jovem arregalou os olhos, novamente. ― Ryuho viu o seu desespero naquele dia. E mesmo sendo medroso e com uma saúde frágil, ele decidiu iniciar o seu treinamento para que você nunca precisasse entrar no campo de batalha, Shoryu.

  ― Por mim?

  ― Você era uma criança doce, pacifista e inocente. A vida já havia tirado tanto de você que eu não quis impôr mais cicatrizes à sua alma. ― Shoryu notou que Shiryu chorava, mesmo com a aréia tapando a sua boca. ― Ryuho desenvolveu o seu cosmo em segredo. Por isso, eu conseguia respondê-lo, mas ele também não foi abraçado, não foi aninhado em meu colo, não brincou comigo.

  ― Mas papai...

  ― Papai? ― a guerreira do deserto interviu. ― Ele é um inimigo! Um cavaleiro de Athena! Termine o seu dever para com o Lorde Rá.

   Shoryu se viu numa encruzilhada, mas foi surpreendido por um cosmo extramemente poderoso. Ao virar-se, surpreendeu-se com um dragão ascendente feito de pura água que subia por metros e metros.

   ― Ryuho? ― estava incrédulo. Seu irmão estava se levantando, mesmo depois de todos os ferimentos e do veneno de Tjesu Heru ter caído em sua corrente sanguínea. ― Como pode ter um cosmo tão poderoso?

  ― Ao contrário de você, Shoryu... Eu não despertei o meu cosmo para me vingar ou o alimento com o meu rancor. Eu despertei o meu cosmo para proteger as pessoas que eu amo! E se eu queimá-lo ao máximo, eu tenho certeza que posso superar qualquer coisa!

  ― Então era tudo um teatro para me enganar? ― ele voltou a queimar o seu cosmo. ― Quero ver você resistir a duas picadas do Tjesu Heru, irmãozinho! PICADA PEÇONHENTA!

  ― EXPLODA COSMO! TORNE-SE CENTENAS DE DRAGÕES QUE ASCENDEM AO CÉU! ― O vale foi tomado pelo brilho azul do cosmo de Ryugo. ― COLÉRA DOS CEM DRAGÕES!!!

 

  Os golpes dos filhos de Libra chocaram-se e uma grande pressão foi concentrada no meio. Ryuho e Shoryu se enfrentavam de igual para igual, mas ao ver seu pai ser completamente submerso pela areia da ampulheta, Ryuho chamou pelo seu cosmo e mais dragões vieram para desequilibrar os ataques.

  Shoryu assustou-se com seu golpe anulado e cruzou os seus braços, sendo engolido por alguns ataques e sendo lançado contra a estrutura pedregosa do vale. Já Ryuho, sentiu sua visão oscilar, suas pernas bambearem e caiu sobre o solo rochoso.

   ― HÁ, HÁ, HÁ! ― riu Camilly. ― Finalmente. Mais um dourado de Athena caiu e seus filhos acabaram de se matar. Não poderia ter um final melhor.

  ― Eu não subestimaria os cavaleiros de Rozan!

   A amazona egipcia arregalou os seus olhos e assustou-se com as rachaduras que apareceram do lado de fora da ampulheta do deserto. Rapidamente, ela quebrou-se e areia espalhou-se pelo chão, trazendo o cavaleiro de Libra.

   ― Impossível! É impossível que um mísero cavaleiro de Athena tenha destruído a ampulheta do deserto pelo lado de dentro.

  ― E quem disse que foi?

   Novamente a mulher se surpreendeu e encarando Ryuho, lembrou-se do seu último ataque. Ela cerrou os seus punhos e notou que havia sido enganada.

   ― Ele não atacou o irmão para matá-lo. Ele arriscou a própria vida para salvar a sua.

  ― Mais tarde, eu aplicarei a punição dele por não seguir minhas ordens, porém agora é a sua vez de pagar! ― o cosmo dourado cintilou e assustou a inimiga a sua frente.

  ― Esperem!

   Uma voz feminina ecoou pelo vale e Shiryu se colocou em guarda, pensando que se tratava de mais uma inimiga. Ao notar a figura que estava de pé sobre o alto de um pilar de pedra, não acreditou no que seus olhos avistavam.

  Era uma mulher que beirava os trinta e poucos anos, usava um quimono rosado e seus longos e trançados cabelos negros começavam a exibir fios brancos.

   ― Shunrei? ― disse o marido incrédulo. ― O que está fazendo aqui?

  ― Eu cansei de apenas orar, Shiryu. Eu vou punir essa maldita por mexer com a minha família. ― e para surpresa de todos a mulher do libriano começou a elevar um cosmo consideravelmente poderoso. ― Ninguém mexe com meus filhos e marido e sai ileso. Vou fazer você pagar, sua maldita! Ou eu não me chamo: Shunrei - a amazona de bronze de Lince.


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