A Saga E - A pirâmide Colossal escrita por Diego Farias


Capítulo 33
Dragões Ascendentes




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/801003/chapter/33

A luz mansa do novo dia, irritava os olhos de Ryuho. O menino murmurou algo e virou-se para esconder-se da luz do grande astro encandescente. O calor começou a deixar suas costas molhadas de suor e rapidamente, era inevitável que acordasse.

  Seus olhos se abriram e sua primeira visão foi o rosto tranquilo e ainda sonolento de seu progenitor. O menino estava profundamente feliz por ter sido enviado com ele para esta missão, mesmo que, se foi necessário o envio de um cavaleiro de ouro, era certo o alto grau de periculosidade daquela missão.

  Os cavaleiros de Athena viviam assim. Eles doavam suas vidas à sua deusa em prol do bem estar da humanidade. E pensar que Ryho, ainda sim, sentia-se honrado por ter tido a chance de crescer ao lado de seu pai, ter sido treinado por ele e ainda ter lutado ao seu lado na batalha contra Palas. E mesmo sendo um guerreiro, o pequeno cavaleiro de dragão também ansiava por um momento de paz, onde ele pudesse ficar com sua família.

   ― Por que está olhando pra mim e não iniciou o seu treinamento matinal? ― mesmo de olhos fechados, a dura voz do cavaleiro de Libra fez com que o menino saltasse do seu lugar e caísse de pé, curvando-se repetidas vezes, bastante envergonhado. ― Estou brincando.

   Shiryu virou-se para encarar o céu azul com poucas nuvens e despreguiçou-se. Assim como seu filho, também estava feliz por estar de volta. Estava em missão, mas era inevitável pensar na possibilidade de rever sua esposa, experimentar de sua comida única e mesmo que por algumas horas, ter uma família normal com seu filho.

   ― Papai... ―ele olhou na direção do pequeno dragão e notou que ele observava as caixas de pandora. ― Eu fui criado desde sempre aqui nos cinco picos antigos... A civilização é muito longe daqui. Poucos alpinistas conseguem chegar... Quem será o cavaleiro de Lince?

  ― Ryuho... As armaduras reconhecem seus donos. Precisamos encontrá-lo, entregar a sua armadura e voltar ao santuário, rapidamente. Temos pouco tempo para salvar a Saori.

   O pequeno guerreiro assentiu e ambos começaram a levantar o modesto acampamento. Em menos de dez minutos, eles estavam de volta a trilha e sorriam ao ouvir o som longíquo daquela cachoeira milenar. Ryuho carregava as duas armaduras de bronze, enquanto seu pai levava a armadura de ouro de Libra e os suprimentos da viagem.

   ― Papai... Será que ele ainda me odeia?

  ― Não temos tempo para isso! ― o tom era ríspido e seco. ― Não estamos aqui para um almoço familiar, estamos aqui para...

  ― Mas e se ele for o cavaleiro de Lince?

  ― IMPOSSÍVEL!

   A voz foi tão imponente que Ryuho se assustou com o eco. Shiryu desviou o olhar, envergonhado e chamou o seu filho para continuar o caminho em silêncio. O pequeno dragão seguiu seu pai por um pequeno vale que ficava entre duas chapadas. Era escuro e tenebroso. Possuía restos mortais de guerreiros que perderam suas vidas para aquela montanha.

   ― Eu não consigo me acostumar com esse lugar.

  ― Salteadores... ― suspirou Shiryu. ― Eles sempre estão a espreita, aguardando viajantes e mercadores que usam essa passagem em direção aos picos.

  ― Mas hoje, você não morreram nas mãos de salteadores!

   Pai e filho se colocaram em guarda ao ouvirem aquela voz agúda. Uma cosmo energia poderosa digna de um cavaleiro de prata se instaurou ao redor deles e Ryuho sentiu a terra rodopeando, bloqueando grande parte da visão.

   ― Então, o grande mestre estava certo! Os deuses egípicios não iriam ficar parados, observando a reestruturação do santuário, não é?

   E com uma risada fantasmagórica, um pequeno tornado de areia se formou a frente dos librianos, revelando uma mulher de pele negra que vestia uma escultura mostarda. Era um elmo triângular como o da armadura de sagitário que protegia até as bochechas e mandíbula, peitural, ombreiras, ante-braço, joelhierasa parte dianteira das pernas e pés.

  Ela vestia um saiote e um colete de couro. Seus cabelos eram crespos, baixos do lado e altos em cima, olhos castanhos e lábios carnudos.

   ― Uma deusa? ― perguntou Ryuho.

  ― Não... Sou Camilly de Deserto! A mensageira do Deus Geb - Um dos quatro grandes.

  ― Rá deve estar muito desesperado, Camilly! ― a guerreira ergueu uma sobrancelha, analisando o cavaleiro de Libra. ― Nós - os cavaleiros de ouro de Athena somos os cavaleiros mais poderosos de Athena. Nós derrotamos vários deuses, inclusive, o seu senhor Geb. O que acha que poderá fazer contra nós?

  ― Eu realmente ouvi histórias sobre seus grandes feitos, Shiryu de Libra... Mas engana-se, se acha que pode me derrotar.

   Shiryu começou a elevar o seu cosmo dourado e a guerreira a sua frente fez o mesmo. Ele pediu para que Ryuho se afastasse e o pequeno dragão observou que o poder da inimiga estava aumentando de proporção rapidamente.

   ― Como disse: Eu sou conhecida como a mensageira do Deus Geb.

  ― E o que isso mudará a minha vida?

  ― Como sua mensageira... Eu divido diretamente com ele o seu poder! ― Shiryu arregalou os olhos, mas era tarde demais. ― Sua arrogância o matou cavaleiro de Ouro.

  ― CÓLERA.... ― o punho sagrado de Rozan subia aos céus, quando Shiryu percebeu que estava preso numa espécie de redoma. ― O que é isso?

   Ele notou que via a guerreira a sua frente através de uma espécie de vitrini e ao olhar para trás, via seu filho batendo desesperadamente naquela superfície, a fim de libertá-lo. Shiryu encarou a sua inimiga novamente e lançou o seu ataque mais poderoso que foi absorvido pela superfície de vidro sem ao menos arranhá-la.

   ― Seu tempo acabou de chegar o fim, Shiryu de Libra. Este é o maior dom de um emissário do Deus Geb: A ampulheta do Deserto.

   O dourado sentiu algo caindo sobre sua cabeça e notou que grãos de areia choviam sobre si. Ele encarou a face desesperada de Ryuho e tentava gritar ordens para ele.

   ― Solte ele! ― Ryuho começou a ser tomado por uma raiva incontrolável. ― SOLTE O MEU PAI!

  ― Não ouviu o que eu disse? A ampulheta do deserto é um recipiente inquebrável que reune todos os minerais existentes no deserto do Saara desde o começo do mundo! ― o pequeno dragão escandalizou-se. ― Mesmo para um cavaleiro de Ouro é impossível quebrá-la pelo lado de dentro. A soberba do Libriano será a causa de sua morte. Ele morrerá soterrado e afogado nas areias do Saara.

  ― Eu não vou permitir! ― o cosmo cintilante e azulado do jovem dragão começou a elevar-se rapidamente. ― Se é impossível para ele quebrar por dentro, talvez, eu consiga fazer isso por fora. CÓLERA DO DRAGÃO!

 

  O punho subiu ao ar, liberando a cosmo energia do elemento água na forma de um dragão ascendente. Ryuho parecia confiante, mas viu que uma massa de areia colidiu contra o seu ataque, anulando-o.

   ― É muita inocência achar que eu irei deixar que liberte-o, pequeno dragão.

  ― Então, eu lutarei contra você para salvar o meu pai e...

  ― Ryuho... ― ele sentiu seu cosmo tremular. Alguém comunicava-se com ele, diretamente, pelo eu cosmo. Ele olhou para o seu pai e mesmo com uma chuva de terra sobre ele, Shiryu tentava encarar seu filho seriamente. ― Os cavaleiros de Athena não passam de dragões ascendentes... Eles cumprem a missão que lhes foi confiada. Não deixe que suas emoções o ceguem e o desviem da sua principal missão. Precisamos achar o cavaleiro de Lince, não importa o preço que paguemos...

   A mente do pequeno dragão voou a poucos anos atrás. Seu pai estava sentado de frente para cachoeira de Rozan, assim como, o seu antigo mestre costumava fazer. Ryuho se lembrava da sensação frustrante de ver o seu pai tomado pelo cosmo de Marte e privado de todos os seus cinco sentidos.

  Era assim que eles se comunicavam. Sem troca de olhar, sem toques, sem abraço, apenas uma voz em sua cabeça que só pode ser ouvida, quando a pequena criança adquiriu o seu cosmo. Ryuho não queria perder seu pai novamente.

   ― Eu vou cumprir a minha missão e vou te salvar também papai. Se essa ampulheta é impossível de ser destruída por dentro, talvez, eu possa destruí-la por fora! ― o cosmo do pequeno dragão começou a iluminar aquele vale com uma luz azulada cintilante. ― Veja o maior poder do dragão! CÓLERA DO DRAGÃO!

   O punho foi ao ar, liberando a cosmo energia do elemento água. A energia moldou-se na forma de um dragão ascendente com a bocarra aberta que atacou a ampulheta. Ryuho exibia um sorriso confiante que rapidamente foi destruído ao ver o seu ataque interceptado por uma rajada de areia.

   ― É muita inocência pensar que eu deixarei que liberte o cavaleiro de Libra.... Eu não posso deixar que você viva também dragãozinho!

   Camilly abriu o braço esquerdo e liberou uma tempestade de areia que cegou Ryuho. O filho de shiryu protegeu seus olhos, o que abriu a sua guarda para receber um poderoso golpe no abdômen. O cavaleiro de bronze foi lançado por metros no ar e em seguida, capotava pelo solo pedrogoso do vale.

   ― Desista! É impossível para vocês sairem deste vale com vida.

  ― Nada é impossível... ― a guerreira surpreendeu-se ao ver o jovem menino levantando-se e limpando o filete de sangue que escorria de sua boca. ― Tanto eu, como meu pai, passamos por batalhas ferozes, contra humanos e deuses muito mais poderosos que nós dois. Nós sempre vencemos nossas batalhas mortais porque entendíamos que se queimarmos o nosso cosmo ao limite, nós materializaremos o milagre.

  ― Besteira! ― a guerreira egípicia usou a mesma tática e riu ao ver o dragão protegendo os olhos novamente. ― Você morrerá agora.

   Camilly avançou elevando o seu cosmo arenoso e envolvendo o seu punho com terra, visando atravessar o corpo do jovem dragão, porém, uma estranha e brilhante parede se interpôs em seu caminho e a guerreira não pode acreditar ao notar que era uma parede de água corrente.

   ― Meikyou Shisui! ― invocou o menino, tirando o escudo da frente do rosto para mostrar seu sorriso travesso. ― Parede aquática!

  ― Você estava fingindo? Que danado!

  ― O mesmo ataque nunca funciona duas vezes contra um cavaleiro! ― as cosmos energias chocavam-se e ambos guerreiros tentavam superar o poder do outro. ― PREPARE-SE!

   Camilly notou que a água começava a se espalhar pela fenda e respondia ao cosmo de Ryuho levantando-se como geisers dançantes.

   ― SHIHAKEN! ― gritou ele, abrindo sua defesa para liberar a cosmo energia com a outra mão.

   A guerreira egípicia se surpreendeu ao ver a água convergindo na sua direção e ela ficando presa numa grande esfera aquática. Ela não conseguia respirar e debatia-se desesperadamente.

   ― Seu erro foi mirar apenas no meu pai... Eu também sou um cavaleiro de Athena e também estou disposto a sacrificar a minha vida se for necessário! ― o menino virou-se para a ampulheta do deserto novamente e começou a elevar a sua cosmo energia ao máximo. ― Não se preocupe, papai, eu vou tirá-lo daí agora! CÓLERA...

   De repente, o menino sentiu uma presença e só teve tempo de erguer o seu escudo do dragão rente ao rosto. Pelo impacto, alguém havia o atacado numa voadora.

  Ryuho interrompeu a sua concentração e a esfera que prendia Camilly se rompeu, liberando a guerreira egípicia. Ela caiu sobre o solo pedreogoso, tossindo bastante e botando água para fora. O recém chegado correu até ela e finalmente Ryuho o viu.

  O jovem cavaleiro de dragão esqueceu completamente de seu pai que estava com a areia na altura das costelas já, por apenas reconhecer aquele jovem de corpo esguio, pele queimada de sol que vestia um kimono de pano fino como o de seu pai. Seus cabelos eram castanhos, curtos e balançavam-se na direção do vento.

   ― Me desculpe! ― disse Camilly envergonhada. ― Eu não imaginei que ele fosse perigoso!

  ― Não se preocupe, meu amor! ― Ryuho arregalou os olhos, apavadorado. ― Eu mesmo vou acabar com ele.

  ― DO QUE VOCÊ ESTÁ FALANDO? ― gritou o cavaleiro de dragão. ― ELA É UMA SERVA DE RÁ! ELA É NOSSA INIMIGA!

   Ainda de costas, o recém chegado começou a elevar seu cosmo, atraíndo a atenção de Shiryu e de Ryuho. Ele levantou o seu dedo indicador e de repente, uma escultura se materializou acima da sua cabeça. Era uma escultura esverdeada com a figura de um monstro que tinham corpo e pernas de dragão, mas duas cabeças de serpente.

   ― Não... ― Ryuho ajoelhou-se, incrédulo. ― Você é um guerreiro de Rá?

  ― Finalmente eu tenho o poder para esmagar você, meu irmão. ― ele se virou, encarando seu pai confinado e seu irmão desesperado com todo o seu nojo. ― Caiam pelas mãos de Shoryu de Tjesu Heru.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Saga E - A pirâmide Colossal" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.