A Saga E - A pirâmide Colossal escrita por Diego Farias


Capítulo 21
O Olho direito de Rá


Notas iniciais do capítulo

A luta chega a casa de Libra.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/801003/chapter/21

  Á princípio, não se encomodava em ficar ajoelhada sobre o terreno pedregoso. O som da cachoeira abafava completamente a sua oração, fazendo parecer, que apenas movia seus lábios sem som, enquanto regava a terra com suas lágrimas.

  “Proteja-os”, “Proteja-os, por favor”. Eram as únicas frases que eram emitidas de sua boca. Era a oração de uma esposa, de uma mãe. De uma mulher desesperada que foi deixada para trás, como uma intercessora, enquanto seu marido e filho lutavam mais uma guerra sangrenta.

  Quando teriam paz? Sua alma se perguntava. Por que não nasceu sob a luz de uma constelação? Pelo menos lutaria ao lado deles. Mas por outro lado... Se estivesse na guerra, quem oraria por eles?

  É verdade. Era melhor afastar esses pensamentos e fazer aquilo que era de sua responsabilidade. Seu marido e seu filho dependiam disso.

 

  – Por favor... - ela orou mais alto. - Proteja Ryuho... Proteja Shiryu.

  

[ ***]

   Ela flutuava pelo vazio. As correntes do cosmo lembravam as camadas profundas do Duat. Sentia seu corpo divino entorpecido, como se estivesse envolvida por um milhão de correntes que impediam os seus movimentos.

   – Meooooow! — a deusa felina pensava. - Bastet não quer voltar para o Duat. Bastet não que voltar a lutar contra aquilo. Perdão, mestre Rá.

   A deusa abriu os olhos e viu que estava num espaço distorcido e instável. Uma lágrima correu pelo seu rosto felino devido à vergonha de ter sido derrotada, facilmente pelo cavaleiro de ouro de Virgem.

   – Mestre Rá! Me perdoe... Eu sei que eu mereço a destruição e o banimento para as profundezas do Duat, mas lembre-se! Desde a sua ascensão aos céus, eu lutei bravamente contra seu pior inimigo. Eu fui sua serva mais fiel. Me dá mais uma chance para recuperar a honra dos deuses. Bastet promete continuar sendo sua melhor guerreira.

   Sua cabeça pendeu para baixo e observava uma espécie de uma supernova que se aproximava conforme flutuava pelas correntes. Seus olhos amarelos se arregalaram e uma emoção tomou o seu rosto.

   – Obrigado, senhor Rá! Obrigado...

   Quando seu corpo atravessou, a deusa se viu num céu azul vespertino. As estrelas iluminavam o santuário de Athena, enquanto a deusa felina caía sob os efeitos da gravidade. Bastet abriu um sorriso grato e virou-se para ver onde caíria.

  Uma casa zodiacal estava numa distância de vinte metros para baixo. A deusa felina sacou as suas lâminas e se envolveu de uma energia dourada que aumentou a sua velocidade e poder.

  Bastet invadiu a casa zodiacal e atingiu o solo com um grande estrondo. A pressão espiritual derrubou um conjunto de pilastras e a deusa arfou em buscar de ar. Seus olhos felinos fitaram a escuridão e a príncipio não detectaram ninguém, ela então, recolheu suas lâminas e começou a caminhar a procura do seu guardião.

   – Será que Bastet voltou para o ínicio das doze casas?

  – Quem ousa invadir o santuário da balança?— Os olhos da felina sobressaltaram, quando uma poderosa cosmo energia brilhou às suas costas. Imediatamente, ela sacou as suas lâminas e o seu olho direito tornou-se avermelhado.

  – BASTET VAI MATÁ-LO!

   E depois de um ronronado de guerra, A deusa dos Felinos girou para impalar o guardião da casa. O som dos metais ricocheteando, assustou a guerreira, pois viu que sua lâmina havia sido repelida. Ela resolveu saltar para trás e observar quem fora capaz de defender-se de seu ataque.

   – Mas como? Como você conseguiu repelir as lâminas mais afiadas de todo Egito?

  – Muito simples, deusa dos felinos! - disse o homem que veio na direção do buraco que Bastet abriu e foi banhado pela luz da lua. Ele era um guerreiro de alta estatura, cabelos longos e negros e olhos claros. - Este é o escudo de Libra. Ele, assim como todas as armaduras de ouro, foi banhado pela luz do sol desde os tempos mitológicos. É uma defesa impenetrável.

  – Então... Você também tem a benção de Rá?

   

  – Não. Eu sou um cavaleiro de Athena! Eu não tenho nada a ver com Rá. Eu sou Shiryu— o cavaleiro de Ouro de Libra.

   O antigo cavaleiro de dragão encarou a deusa felina com estranhesa. Ela parecia magoada, a ponto de cair em lágrimas e foi nessa momento que um poder avassalador começou a emergir do seu corpo. O olho direito da deusa felina começou a tomar um vermelho sanguinário e essa luz ascendeu a casa de Libra.

  Shiryu encarou o céu pelo buraco que a deusa abriu e notou que relâmpagos rubros o rasgavam de um lado a outro.

   – Foi pra isso que me tirou do Duat, mestre Rá? Para me humilhar, mostrando-me que tens um novo guerreiro ao seu dispor? - Shiryu começou a ficar assustado com a instabilidade de sua adversária e começou a se afastar. - Fui eu... Fui eu que decidi serví-lo. Fui eu que fiquei eras trancadas no Duat com aquele monstro. COMO ME HUMILHAS DESSA FORMA, MESTRE RÁ?

   Bastet desapareceu diante dos olhos de Shiryuu. O dourado tentou encontrá-la usando seus olhos e só teve uma intenção de virar o seu rosto. Uma lâmina cortou superficíalmente a sua bochecha e de repente, a deusa felina desapareceu novamente.

  Um grande pega-pega começou. Por vezes, o antigo dragão conseguia desviar, por vezes, seu escudo repelia os ataques, mas cortes leves eram feitos em todas as partes descobertas pela armadura.

   – Eu não consigo acompanhar os seus movimentos! Se continuar assim, ela vai me vencer pelo cansaço.— pensou ele, quando começou a elevar a sua cosmo energia. - AHHHHH!!!!!

   Um pilar de energia dourada foi erguido à uma certa distância do seu corpo num formato de circunferência. Bastet saltou a tempo e caiu de pé, diante do cavaleiro de Libra.

   – Mestre Rá quer que lutemos até a morte. O vencedor será conhecido como o seu olho direito, novamente. Você que tem o cheiro ruim de Athena não é digno!

  – Eu já disse que não sei do que você está falando, Bastet.

  – Se prepare, cavaleiro de ouro de Libra! - disse ela, desaparecendo novamente.

   Shiryu tentou se preparar para os ataques, mas foi alvejado com um poderoso soco no abdômen. Ele expeliu sangue pela boca e tentou socar a deusa, mas ela desapareceu. Em seguida, inflingiu-lhe um chute nas costas que o lançou de cara contra uma pilastra. Antes que Shiryu caísse, ela o agarrou pelas costas e o lançou com força no chão, abrindo uma cratera com seu corpo.

   – Eu lutei por eras contra o caos! - ela encarava o cavaleiro inerte dentro do buraco. - Você não ter a menor chance, numa batalha corpo a corpo comigo!

   A deusa se surpreendeu ao ver seu adversário tentando se pôr de pé com dificuldade. Shiryu ergueu-se da cratera e começou a elevar o seu cosmo.

   – Como ainda está de pé? Você é um mero humano!

  – Existem muitas coisas que os humanos podem fazer... E estas coisas se chamam: Milagres! CÓLERA DO DRAGÃO!

 

  Shiryu socou o ar para cima e uma massa de cosmo energia dourada tomou a forma de um dragão ascendente que foi até o teto da casa de Libra e depois atacou a deusa dos felinos. Bastet ronronou com indiferença e rasgou o ataque de Shiryu apenas com um golpe de sua lâmina. Deixando o dragão perplexo.

   – Como ela conseguiu cortar o meu ataque? Eu sou um cavaleiro de ouro.

  – O que viste nesse homem fraco, meu poderoso Rá? - a deusa felina se aproximava de Shiryu lentamente. - Eu o sacrificarei e o senhor me receberá de volta. MORRA CAVALEIRO DE OURO DE LIBRA.

   Shiryu suou frio ao ver a deusa felina lançando-se no ar, empunhando a sua lâmina e envolta por um manto de cosmo energia vermelha que era irradiada de seu olho direito.

  

[ ***]

  O Deus Seth corria as escadarias que o levariam à sétima casa do zodíaco. Ele parecia animado com o fato de não estar mais sentindo a presença do Santo de Virgem, mesmo que a presença de Hátor também não pudesse ser notada, mas de repente, uma sensação desesperadora o impediu de continuar subindo.

  Só então, ele notou os relâmpagos avermelhados cortando os céus zodiacais de Libra e cada músculo do seu receptáculo irrijeceu.

  – Bastet? - ele disse, incrédulo. - Não só está viva, como está usando aquilo? - um sorriso, em meio ao rosto preocupado, se abriu. - Eu, infelizmente, terei de esperar essa luta acabar, mas sinto uma profunda pena do cavaleiro de ouro de Libra por ter despertado o olho direito de Rá! Há, ´Há, Há!

 

Eras mitológicas anteriores

  Sobek, Konshu e Serket eram lançados ao mesmo tempo contra um muro por um imensa massa de energia avermelhada que era irradiada do corpo de uma deusa vendada.

  O som dos aplausos a encheram de curiosidade e ela desvendou-se para encarar o trono do seu rei. Bastet não quis saber da aprovação e do olhar de ninguém daquela arena. Apenas Ele importava.

  Rá levantou-se de seu trono e parecia muito empolgado. Seus cabelos eram tão longos que quase tocavam o chão, ondulados como as ondas do mar e loiros que em contato com a sua cosmo energia, pareciam dourados. Ao seu lado, havia um monstro, na verdade, uma outra deusa. Era uma leoa de corpo alaranjado que rosnava para a deusa felina.

  Bastet sentiu a hostilidade no ar e quis atacá-la com suas lâminas, mas sentiu que os três deuses dantes caídos estavam sobre a sua cabeça carregando suas príncipais técnicas. Rá apenas sorriu e sua deusa liberou mais uma vez o poder do seu olho direito.

   — MIL LÂMINAS DA DEUSA FELINA! - ela apenas levantou uma de suas lâminas e os deuses que a atacaram foram vítimas de uma ilusão.

   Bastet parecia ter se multiplicado, mas a original continuou parada. Só que os deuses ouviam o bradar das lâminas no ar, até que os três foram alvejados por ela. Suas esculturas foram feitas em pedaços e o trio novamente foi lançado contra o muro da arena.

   – Muito bem, Bastet! - os olhos da felina voltaram ao normal e lacrimejavam de orgulho. - Você é a minha guerreira mais forte. À você, será dada a honrada missão de deter o avanço do caos no Duat. Você nos protejerá por toda a eternidade! A Maat estará eternamente em dívida com você!

   Quando a profecia foi lida por Tot todos ficaram com medo. A profecia dizia que o Caos tomaria a forma de uma grande serpente e ela engoliria o sol. O mundo seria coberto pela noite e os demônios estariam livres para destruir tudo que Rá criou. Nenhum dos deuses tinha coragem ou poder suficiente para tentar salvar o mundo da profecia, nem aquela felina preguiçosa que dizem ser o olho esquerdo de Rá.

   — Bastet! Minha gata sagrada! - a cosmo energia do Deus do sol acalentava todos os deuses que prestigiavam a felina. - Eu te abençoo e te nomeio: o meu olho direito. O poder do sol percorrerá as suas lâminas e com elas, perfurarás a pele da cobra maligna.

  – Bastet aceita o desafio. Bastet vai lutar por Rá por toda a eternidade.

   O deus sol deu seu último sorriso e abriu uma fenda para o Duat. Bastet moveu-se tão depressa que nenhum dos deuses conseguiu rastreá-la, a ponto da leoa levantar a sua cabeça, prevendo um possível ataque, mas não. Quando ela encarou o seu senhor, viu que a sua rival abraçava a sua cintura com todo amor e devoção de uma serva.

  Até Rá parecia surpreso, mas acariciou o pelo de sua bichana e Bastet depois de olhar dentro de seus olhos, moveu-se depressa para arena e adentrou a passagem para o Duat.

   – Meu senhor... - disse Tot ao lado do rei. - Acha que isso atrasará a profecia?

  – Ela é forte, Tot. Ela é forte!

 

[ ***]

   – Eu ainda me lembro, meu senhor. Me lembro do dia que abracei esta missão e por dez mil anos, eu lutei contra o caos. Eu me recuso que outro guerreiro receba as glórias e honrarias do Senhor! — pensou a felina. - IMPULSO DOS FELINOS!

   Shiryu parecia aturdido com aquele míssel banhado de energia carmesim vindo em sua direção, mas no fim, ele abriu um sorriso e sacou algo de suas costas que reluziu uma potente luz dourada.

   – O quê? - exclamou a deusa quando sua investida foi barrada por algo luminoso que não conseguia discernir o que era. - Como você conseguiu parar o meu ataque?

  – Uma benção de Rá por uma benção de Rá! - disse o cavaleiro de Libra forçando a sua arma contra a deusa.

   Shiryu explodiu a sua cosmo energia e lançou a deusa com tudo contra uma pilastra da casa de Libra. Bastet gemeu ao destruí-la com seu próprio corpo e em seguida, fincar o seu corpo no chão de pedra.

  A deusa levantou a sua cabeça com dificuldade e não acreditou quando viu que o cavaleiro de Libra portava uma arma. A espada dourada irradiava uma luz cândida, quente, quase ensolarada.

   – Então... Essa será uma batalha pelo posto de olho direito de Rá, correto?

  – Que vença o melhor guerreiro, deusa dos felinos!

   Bastet se colocou de pé e encarou Shiryu com suas presas de fora. Ambos voltaram a elevar os seus cosmos e partiram um contra o outro, branindo suas lâminas.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Bastet e Shiryu.
Quem sairá vencedor?



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Saga E - A pirâmide Colossal" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.