A Saga E - A pirâmide Colossal escrita por Diego Farias


Capítulo 17
A Ave Fenix brama como um Leão


Notas iniciais do capítulo

Reaja, Ikki!



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Ikki abriu os olhos e não acreditou no que viu. Ele não estava mais na casa de Leão e sim, num lugar medonhamente familiar. Ele podia ver a água que cercava aquela ilha, praticamente sem vegetação e com relevo disforme.

  O calor era insuportável e o ar quente parecia cozinhar a sua pele que estava mais morena do que de costume. Ikki começou a suspirar e sentiu que ia enlouquecer ainda mais ao ouvir o som do rimbombar do vulcão às suas costas. 

  — Desacostumou-se do tempo que morava aqui, Ikki?— uma voz doce e acalentadora invadiu os seus ouvidos atraíndo a atenção da cavaleiro de Fênix.

  Seus olhos azuis tremularam quando a viram. Se tratava de uma jovem de corpo esguio, pele branca, cabeços loiros e olhos verdes. Ela sempre arranjava um jeito de vir vê-lo depois de seu árduo treinamento. Hoje, ela usava um festido rosa, todo florido que salientava ainda mais a sua gentileza e delicadeza.

  Ikki começou a se emocionar pouco a pouco, vendo-a se aproximar dele com aquele sorriso que trazia tanta saudade. Seu peito parecia estar se contraíndo, enquanto ela seguia em sua direção. O seu sorriso aberto, cheio de amor, trazia uma dor tão grande que o cavaleiro mal pode encará-la.

   — É uma ilusão. Eu sei.

  — Ikki! - disse ela virando o rosto dele para olhá-la. - Está tudo bem! Você derrotou o meu pai... Nós podemos ficar juntos agora.

   O cavaleiro de Fênix olhou para o lado e viu um cadaver que lhe assustou. Tratava-se de um homem de pele negra, porte músculoso que trajava uma máscara tribal medonha. Ikki fechou os olhos e balançou a cabeça em busca de livrar-se daquela visão que o machucava tanto.

   — Qual é o meu nome, Ikki? - disse ela segurando-o e forçando-o a olhar em seus olhos brilhantes.

  — Você não é real! - ele se via refletido na Íris da moça. - Ela está morta!

  — Eu estou viva, Ikki e poderemos passar a eternidade juntos... - ela sorriu e o jovem começou a se perder naquele sorriso.

   Ikki recordou-se dos seus dias de treinamento na Ilha da Rainha da Morte, onde perdera toda a sua humanidade e esperança. Eram dias de treinamentos desumanos, privação de alimento, desmaios por insolação e feridas que deixaram diversas cicatrizes. Mas havia uma flor no meio de toda essa pintura negra, existia uma pedra preciosa que conseguia ser a última lasca de esperança que não lhe foi roubada.

   — Esmeralda! - sussurrou ele, finalmente deixando suas lágrimas descerem. - Hum?

   A respiração de Ikki tornou-se ofegante. Seus olhos continuavam observando uma menina doce com olhar sereno, mas que havia acabado de atravessar o lado esquerdo do seu peito, como se fosse feito de papel, com seu próprio punho.

   — Esmeralda? Esmeralda!

  — Depois de tudo que eu fiz por você, Ikki... Como pode me deixar morrer nas mãos desse desgraçado? - ela fechou os olhos e sorriu de olhos fechados. Ikki amava quando ela sorria assim, porque ela se tornava extremamente parecida com seu irmão Shun. - Agora, eu voltei dos mortos para te punir, Ikki.

  — Não esmeralda... Me perdoe, esmeralda!

   Esmeralda arrancou a sua mão e o cavaleiro de fênix foi impulsionado para trás, vendo o seu próprio sangue jorrar como chafariz e tapar a visão do amor da sua vida.

   — Entende o que eu estou sentindo agora?— uma voz conhecida se projetou em seus ouvidos.

   Ikki havia retornado. Ele respirava com dificuldade, mas sentiu um alívio ao reconhecer as pilastras da casa de leão. Hórus estava de costas para ele, em sua frente e o cavaleiro de fênix estava tomado pelo ódio.

   — Por que eu vi a ilusão?

  – Eu sou o deus falcão, Fênix. O olho de Hórus jamais seria enganado por um ilusãozinha medíocre como a sua. - ele virou-se o bastante para que Ikki visse o brilho do olho dourado. - Além do mais, eu queria que soubesse a dor de ser morto pelo amor de sua vida. É isso o que meu receptáculo sentiu e está sentindo ao ver a sua armadura.

  — Eu já disse que não tenho nada a ver com os sentimentos do seu receptáculo. Pra falar a verdade, eu já cansei desse sentimentalismo. Se o meu golpe fantasma não funcionou, eu o enfrentarei com o bater das asas da “AVÊ FÊNIX”.

 

  O cosmo ardente ascendeu a casa de leão e Ikki partiu para enfrentar Hórus com seu punho estendido. O rei falcão respirou profundamente e bloqueou o ataque estendendo uma de suas mãos. Ikki ficou atônito, ainda mais, quando Hórus começou a elevar o seu cosmo, refletiu o Ave Fênix e Ikki foi lançado contra uma série de pilastras da casa, quebrando-as com seu próprio corpo para em seguida, ele abrir um buraco no chão com sua queda.

   — Você é minha testemunha, Dizka! - disse o rei se aproximando lentamente de fênix. - Eu tentei convencê-lo para que ao final da nossa vitória, vocês pudesse ficar juntos, mas ele insiste em lutar por essa deusa fracassada... Nada mais me resta senão devolvê-lo à roda da reencarnação.

   Hórus estava a centímetros de Ikki e levantou a mão direita, elevando o seu cosmo de modo que a casa de Leão inteira começou a ressoar. Ikki remexia-se, mas sentia o seu corpo pesado e imóvel graças ao poder do deus.

   — Me perdoe, Dizka... IMPACTO DO REI FALCÃO!

   Hórus baixou o sua mão com a palma para baixo, como se fosse dar um tapa nas costas de Ikki. Um pilar de energia vermelha atravessou o teto da casa de Leão e impulsionou o cavaleiro de fênix para as profundezas da casa. O grito de dor de Ikki era terrível ainda mais que sua armadura foi feita em pedaços no mesmo momento.

  Ikki descia cada vez mais profundo na casa de leão e sentia a sua consciência de esvaindo rapidamente. Horús emocionado, derramava algumas lágrimas em favor da alma de fênix. Seu receptáculo parecia sofrer com a queda de mais um cavaleiro guiado por essa constelação. Mas Hórus não tinha tempo para ficar de luto. Ele precisva seguir em frente e continuar com a sua missão.

  

[ ***]

 

  Haruto e Souma se colocaram lado a lado e elevavam as suas cosmo energias o máximo que podiam. Sobek os encarava com um olhar de ódio eminente e também elevava o seu cosmo azulado.

   — Cuidado Souma! Sobek foi osso duro de roer lá nos limites de Poseidon.

  – Agora que sabemos como vencer os deuses, nada pode nos parar, Haruto!

  – Vencer os deuses? - Sobek riu. - Vou mostrar aonde essa pre-potência vai levar vocês! MANDÍBULA DO CROCODILO.

   Ambos saltaram, mas a rajada de água com formato de mandíbula aberta subiu e os envolveu num vórtex de água que impedia seus movimentos. Eles batiam pernas e braços, mas era inútil. Haroto e Souma se entreolharam e começaram a queimar seus cosmos novamente.

   — O cosmo que vai além dos outros sentidos... — a voz de Seika de Groul ecoava em suas mentes.

   Junto com a voz de Seika, as lembranças das batalhas anteriores, o sacrifício dos cavaleiros até agora e Athena. Não podiam ser um peso morto para sempre.

   — AHHHHHH!!! - o grito da alma de Souma atrapalhou até Haruto de continuar.

  — O quê? - disse Sobek percebendo que o vórtex aquático que prendia o leão menor começou a borbulhar. - Eu não acredito que esse humano...

   O cosmo do leão menor começou cintilar e a água do vortex parecia estar fervendo rapidamente. Souma estava de olhos fechados e de punhos cerrados, enquanto estimulava o seu cosmo. Sobek não acreditou quando as suas águas começaram a evaporar.

   — LIONET -BURNING FIRE! - uma grande explosão aconteceu e ela livrou Souma e Haruto que cairam sobre o chão úmido.

  — SOUMA! - Haruto foi socorrer o amigo que parecia ter caido desacordado. - Aguenta firme, Souma!

  — Por um momento... Esse reles humano conseguiu igualar o seu cosmo ao meu... — pensou Sobek assustado. - Eu não deixarei que despertem o cosmo supremo! Mandíbula...

   Antes que lançasse o seu ataque, sobek sentiu uma luz vindo das suas costas e ele anulou a sua ofensiva para conter os meteoros que atingiam a sua escultura. O deus dos crocodilos saltou, mas se surpreendeu com o ataque de uma perna envolta por ar e um punho em volto de água.

  Sobek foi atingido em cheio e voou contra um casebre. Yuna e Ryuho se juntaram a Koga e o trio se colocou na frente de Souma e Haruto.

   — Souma quase conseguiu.

  — Nós damos conta! - disse Kouga convicto.

  — Eu não vou decepcionar a minha mestra! - disse Yuna olhando para o alto de um casebre, onde sua mestra observava a luta dos cavaleiros de bronze. - Ela não vai permitir que ninguém interfira. Estamos pela nossa conta.

  — Vamos despertar o cosmo supremo e vamos ajudar o meu pai e os outros. - disse Ryuho.

   Sobek interrompeu a conversa motivacional explodindo o casabre que invadiu com o próprio corpo. O ódio fazia o cosmo do deus dos crocodilos ainda mais poderoso e hostil. As crianças de bronze encaram-no com temor, mas começaram a queimar seus cosmos em resposta.

  

[ ***]

  — Ikki... Acorde ikki... — uma voz masculina se projetava sobre seu cosmo. Era famíliar, amigável e imponente. - O que está fazendo, Ikki? Levante-se!

   O cavaleiro de fênix abriu os olhos e se viu deitado num breu sem fim. Seu corpo parecia estar estraçalhado por conta da dor, mas ele conseguiu se colocar de pé.

   — Quem está aí?

  — Você deveria se envergonhar por vir proteger a nossa casa e se recusar a deixar o leão dentro de você, rugir.

   Ikki se virou e ficou abismado ao ver que se tratava de um homem alto, de corpo musculoso, cabelos castanhos e olhos claros. Ikki o reconheceu e se assustou por poder falar com ele.

 

  — Aiolia? - disse o cavaleiro de bronze assustado. - Mas como...

  – Meu espírito dorme na armadura de Leão, Ikki! É através dela que eu posso me comunicar com você e transferir o rúgido do leão.

  — Rugido do Leão?

  — A força de vontade de transpor qualquer dificuldade e intimidar qualquer inimigo. - Aiola cerrou o seu punho e o mesmo começou a liberar uma luz dourada muito intensa.

   Ikki começou a sentir às suas energias retornando ao seu corpo e algo queimando em seu peito. Quando olhou para baixo, havia um ponto dourado no seu peito que ressoava com a energia do antigo cavaleiro de leão.

   — Enquanto você estiver apegado à fênix, jamais rugirá como um leão. O motivo pelo qual vocês sobreviveram às 12 casas foi porque vocês sempre mudaram o destino descrito nas estrelas e é isso que peço que você faça mais uma vez. Não pense, não sinta, não lute como a ave lendária que se regenera. Pense como rei da selva que intimida a todos com seu rugido ensurdecedor!

  — Aiola!

   Aiola começou a forçar o seu corpo e para a surpresa de Ikki a armadura dourada de leão desprendeu-se de seu corpo e começou a vestir o antigo cavaleiro de fênix. Ikki sentiu uma onda de poder percorrer-lhe, como se o seu sangue corresse agora na velocidade da luz.

   — Ruja! Ikki de Leão! Ruja!

   Ikki começou a elevar o seu cosmo dourado e liberou o maior grito de sua alma que começou a rachar aquela realidade negra.

  

[ ***]

   Hórus já estava na metade da casa de leão, quando se virou com uma feição assustada. Ao longe, ele podia ver um pilar de energia dourada. Um cosmo avassalador emergia dalí e era tão poderoso e assustador que ele não acreditava que poderia pertencer ao homem que ele acreditava que tivesse acabado de matar.

  Porém os seus olhos contemplaram o homem que emergia do buraco que abrira com seu poder. Ikki levitava sob a luz do seu cosmo dourado com uma feição dura e imponente. Ele aterrissou e encarou o deus falcão com raiva.

   — Por que torna isso tão difícil, Ikki de fênix? Não cansa de me atormentar?

  – Eu precisei ser lembrado de algo, Hórus. E eu também te lembrarei do destino que te espera! - Ikki apontou para o seu inimigo. - E não existe mais nenhum cavaleiro de fênix nesta casa. A partir de hoje, eu mudarei o destino de minha constelação e me torno oficialmente: Ikki - o cavaleiro de ouro de Leão. Ouça o meu rúgido e morra: Capsula do Poder.


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