Immortals: O Livro da Magia escrita por Ariri


Capítulo 16
Fim de Verão




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― Max, sente-se aqui um minuto.

Maxine parou de regar as roseiras e olhou para Minerva, que batia no lugar vazio ao lado dela no banco de madeira. As duas curtiam a tarde no jardim do chalé, onde Maxine passou o dia lendo, brincando com Nyx e cuidando das flores que estavam no auge de sua beleza, e tão logo chegou em casa, Minerva se juntou a ela e se sentou no banco para ler um livro novo sobre transfiguração que ela tinha certeza que Hermione mataria para ver as anotações que a professora fazia.

Ela tirou as luvas e foi até Minerva, que esperava por ela com uma xícara de chá na mão. Assim que a menina se sentou, ofereceu biscoitos e uma xícara, que Max imediatamente aceitou, esperando pelo motivo do chamado; Minerva tomou um gole do chá antes de olhar para ela com carinho e segurar sua mão com brandura.

― Eu quero que saiba, Maxine, que eu nunca fui tão feliz antes de adotar você e trazê-la para viver comigo. – Maxine parou de mastigar o biscoito, olhando emocionada para a mãe – Eu espero que tenha encontrado um lar aqui.

― É claro que sim! Eu tenho uma família!

Minerva sorriu docemente, apertando a mão de Maxine e pousou a xícara na mesa.

― Pois bem, você agora é uma McGonagall, e infelizmente o resto de nossa família vive longe demais e eu gostaria que você tivesse um maior suporte para caso algo aconteça a mim, então, o prof. Dumbledore me lembrou de algo importante – Maxine olhou curiosa para Minerva, que respirou fundo – Ele me lembrou que você ainda não tem padrinhos.

Maxine ficou boquiaberta. Tecnicamente, ela tinha padrinhos, mas eles provavelmente estavam mortos e ela não sabia quem eram, o que significava que não tinha de fato, padrinhos. Então, ela se recuperou e se absteve de dizer o fato desnecessário.

― E você quer que eu tenha? Quer me batizar? – Minerva assentiu rapidamente – Certo, quem?

― Aí é que está, eu gostaria que você escolhesse alguém para ser sua madrinha e padrinho. – Mais uma vez, Maxine ficou surpresa – Podemos esperar as férias novamente, mas a Madre disse que poderia fazer uma cerimônia simples na paróquia onde cresceu e caso não queira, podemos apenas chama-los para uma festa simbólica, íntima. 

― Céus, ainda bem, porque eu com certeza não quero.

Minerva riu, balançando a cabeça.

― A Madre disse que essa seria sua reação, já que seu sangue é um pouco pagão. – Maxine riu, lembrando de todas as vezes que se escondeu para não ir às celebrações religiosas por sentir um estranho calafrio toda vez que o fazia. – Pois bem, pensa em alguém?

Maxine parou para pensar, mas não precisou levar muito tempo para isso, pois a resposta era óbvia e não poderia haver outra.

― A Irmã Nora e o prof. Snape, se eles aceitarem.

Minerva sorriu, nem um pouco surpresa, afinal já deveria esperar por aquilo e deu tapinhas em sua mão com carinho.

― Pois bem, o que acha de escrevermos uma carta aos dois?

Maxine acenou animada, seguindo Minerva para dentro da casa.

No fim de semana, foi feita uma quase cerimônia de batizado em uma festa de chá na casa de Isobel McGonagall, com a presença de toda a família e dos professores de Hogwarts, onde Severo Snape e Irmã Nora juraram proteger e guiar Maxine McGonagall em sua vida; Snape estava em um pose arrogante e pomposa, que atraiu a atenção das primas mais velhas de Maxine, e a Irmã Nora, em um sóbrio vestido azul e o cabelo trançado em coque, chorou bastante, recebendo inúmeros lenços dos primos de Maxine.

Os três se juntaram para tirar uma foto, onde Maxine, em seu novo vestido verde de manga leve, sorriu largamente e abraçou seus novos padrinhos, que não deixaram de soltá-la e até mesmo o velho morcego tinha um sorriso discreto ao olhar de forma orgulhosa para Max, e antes de sair, beijou sua testa carinhosamente ao se despedir.

Mais tarde naquela noite, Max abraçou Minerva bem apertado e agradeceu mais uma vez, e as duas não deixaram de chorar juntas, até que Maxine tivesse que dormir pois no dia seguinte, começaria um novo ano escolar. Não mais como uma garota desconhecida, sem família, sem nada.

 

Ainda assim, antes de dormir, Maxine ficou de costas para o espelho e se olhou por cima do ombro, puxando o cabelo para o lado, estudou a cicatriz em seu ombro direito; a queimadura descia até o começo do braço, e mais parecia um assustador mapa prensado que esteve ali desde sempre. Ela havia chegado ao orfanato já com aquela marca, ainda vermelha recente na época. E enquanto crescia, Max costumava se perguntar como tinha conseguido aquilo.

 

Tocá-la causava dor, mas ela estava menor do que costumava ser, e começou a diminuir gradativamente desde o dia em que escutou aquela profecia que ainda assombrava seus sonhos.

Maxine se virou para a frente, jogando o cabelo para trás, tocou a marca fina nas laterais de seu pescoço, a marca das mãos que tentaram mata-la anos antes. Max embrenhou o dedo pelo cabelo e tocou a linha fina e profunda no centro de seu crânio, que havia sido gravada no confronto com Quirrell. Ela então viu as sombras que espreitavam atrás da porta, sombras que esticavam a mão até ela.

Max se perguntou se suas marcas eram o motivo da presença das sombras em sua vida.

Max se perguntou se cada vez que morria, trazia mais delas de volta.

Max se perguntou quantas marcas mais ganharia, quantas vezes mais morreria.

Max se olhou no espelho, tocando com cuidado a nuca, onde começava a queimadura, e como sempre, a dor que sempre vinha ao tocá-la a fez arfar, as imagens confusas a fizeram fechar os olhos com pânico e os gritos fantasmas a sufocaram. Max abaixou a mão instintivamente e a apertou na pia, sem coragem para abrir os olhos, concentrou-se em normalizar a respiração descontrolada.

― Maxine. – batidas na porta a sobressaltaram e Max levantou a cabeça, afrouxando os dedos doloridos pelo aperto – Tudo bem aí dentro?

Max abriu os olhos, vendo as sombras se avolumarem-se e abrirem as bocas em gritos mudos, agitadas como ela havia ficado com as lembranças nebulosas. Ela não desviou a atenção delas, das órbitas vazias que olhavam para ela, das mãos que tentavam alcança-la e puxá-la de volta, mas para onde a levariam? Quando finalmente conseguiriam fazer isso?

Minerva bateu novamente na porta.

― Max? Está tudo bem?

Max se olhou no espelho.

― Sim! Já vou sair!

Minerva pareceu ter aceitado a resposta, pois após segundos de hesitação, seus passos pesados se afastaram. Max sorriu tristemente, olhando novamente para as sombras que a chamavam.

― Vocês poderiam me dar privacidade? – sem resposta, Max balançou a cabeça, rindo sarcasticamente – Vão simplesmente continuar voltando, não é? Eu nunca pedi por vocês e vocês continuam a voltar, eu nunca chamei por vocês e vocês ainda querem algo de mim, mas o quê? – as sombras desaceleraram, e suas órbitas se tornaram mais turvas – Eu posso finalmente ser normal, eu tenho uma família, amigos, e vocês continuam aqui, me perseguindo!

Max esfregou a mão no rosto, contendo as lágrimas nos olhos.

Ela deveria contar a alguém sobre aquilo. Nem Minerva nem a Irmã Nora sabiam das sombras, a única pessoa que soube já havia se tornado parte das sombras que a perseguiam, e como ela poderia falar disso? “Ei, eu tenho sombras de estimação que podem ser fantasmas e que querem que eu faça algo para elas, mas não faço ideia do quê é”.

Minerva provavelmente já sabia o que tinha acontecido com ela anos antes, mas ninguém sabia que aquelas semanas no porão escuro haviam despertado aquelas sombras, as mesmas sombras que a salvaram daquele cativeiro. Ela só queria ser normal, não queria pensar que a presença delas era o sinal de que ainda não estava segura, que ainda teria muito para lutar, ou muito a perder.

Max não queria morrer novamente. Max só queria ter uma vida normal, mesmo que já soubesse que o dia desconhecido em que ganhou aquela queimadura, foi o dia em que foi decretado que nunca poderia ter uma vida normal. Talvez, descobrir que dia foi esse e como a ganhou a ajudasse a resolver aquilo, mas até lá, precisava descobrir como continuar a sobreviver.

E para sobreviver, Maxine precisaria ficar mais forte. E assim ela o faria.


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Notas finais do capítulo

É, não me matem por favor.
Causei mais dúvidas ou respondi algumas perguntas???
No próximo estaremos de volta a Hogwarts!!!
Beijos na bunda, até amanhã!!!



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