Toujour Delacour escrita por Maga Clari


Capítulo 1
Prefácio: Le vilain petit canard


Notas iniciais do capítulo

Salut, mes amies!
Estou postando o prefácio + a primeira história hoje e ao longo dos dias posto os demais. Espero que gostem :3
Bisous ♥



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Cabelos ruivos, vestes de segunda mão. É tudo que sempre ouvi em qualquer conversa, da mais casual à erudita. Aos poucos, só piorava. A cada gestação de Dona Molly, outro ruivo, com novas vestes de segundas e terceiras e quartas e quintas e sextas mãos. Herdamos as vestes um do outro, além dos genes tão idênticos que nos tornaram excêntricos por sermos um batalhão tão igual numa comunidade com outros padrões.

Por muitos anos, senti-me resumido a isso. Uma das proles de uma família de ruivos com vestes passadas de irmão para irmão. A adolescência chegou e a revolta corroía-me por dentro, talvez diferente dos meus colegas de escola, mas ainda assim, deixando-me libertar o bastante para afirmar sempre que possível que eu sou Bill, e não há nada que pudessem fazer para manter-me contido, do mesmo modo que não se pode conter as ondas do oceano em dias de tempestade.

Adolescer já é tarefa difícil por si só, mas vivê-la no meio de uma guerra também não facilitava. De repente, o amor parecia a escolha mais tentadora, e comigo e Fleur aconteceu assim. Não sei muito sobre a vida que ela costumava ter antes de mim, respeitei seu desejo de se reinventar. Fleur era como os dias de sol que eu passava na praia, ou como o primeiro dia de primavera, os girassóis dançando e levando o aroma de aconchego depois de um inverno dilacerante. Nunca a mesma, mas sempre a Delacour. A minha fleur de la cour

― É um jeito nosso de catalogar flores que saem de seus terrenos de origem ― ela me disse, certa ocasião, durante o nosso rotineiro chá das cinco horas ― Um significado meio idiota para se dar a uma filha ― concluiu, revirando os olhos e servindo-se de pão com geléias.

― Eu facilmente discordaria ― é minha vez de intervir, observando cada detalhe de seus movimentos: os dedos delicados passeando pelos itens da mesa, os olhos azuis mergulhados em devaneios, a franja dourada surfando pela brisa. É como observar todas as estações do ano de uma só vez.

― Você discorda de tudo, Bill.

E então, ela me esboçou um sorriso, daqueles que me fazem querê-la por toda a eternidade. 


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