Até meu último dia escrita por NatynhaNachan


Capítulo 5
Cap 5 -Febre


Notas iniciais do capítulo

Tanta diversão pode chegar a causar problemas.
E consequências nunca antes esperadas. Ao menos não tão brevemente.
Chega de mistério!
Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/800348/chapter/5

 

— Olha, parece que os fogos logo vão ser disparados. – Yahiko via a multidão se deslocar para um ponto específico, numa clareira a alguns metros à frente. – Vamos?

Os casais seguiram o aprendiz de espadachim por entre a multidão. As cores vivas no céu se dissipavam em meio à admiração dos presentes.

Sano aproveitou o ensejo para abraçar Megumi, numa posição meio de lado. Kenshin e Kaoru também se dispunham de forma semelhante em meio à multidão.

O show pirotécnico durou longos minutos, impressionando e divertindo todo o público animado.

Ao final Kenshin decidiu olhar para sua Kamiya e pousou mais uma vez com a mão no rosto dela; sentia um calor emanando que não era relacionado à timidez da moça.

— Kaoru, acho que você está com febre. – Ele pousou sua mão agora na testa da moça. – Notei seu ânimo decair um pouco na última hora, como se sente?

A moça o encarou, surpresa, com o olhar ligeiramente cansado.

— Achei que era somente cansaço e emoções do dia acumuladas. – Ela sorriu levemente. – Mas estava mesmo sentindo minha temperatura anormal.

Sano, Megumi e Yahiko, notando a movimentação do casal, se aproximaram mais. A médica logo pegou a mão da amiga, com o olhar intrigado.

— Acho melhor vocês dois irem embora. – Ela tomou a temperatura na testa da moça, fez uma careta e ordenou. – Descanso e água. E aquele tônico preparado de ervas antes de dormir. – A kitsune soltou a moça e olhou para Kenshin. – Fique de olho nela; quando acabarmos por aqui vou até lá para checar a situação.

Todos se olharam, ligeiramente assustados.

— Calma gente, vou sobreviver. – Kaoru sorriu complacente. – Só tive uns dias agitados e meu corpo está reclamando.

Kenshin sorriu com ela, logo a ladeando e começando a escoltá-la de volta para casa.

— Boa noite a todos e até logo. – O ruivo sorriu cordialmente e saiu apressado, para levá-la a seu devido descanso.

—_____________________________________________________________________________

Saíram caminhando lado a lado até que em determinado ponto, Kaoru precisou ser carregada nas costas de seu par; estava se sentindo mais fraca a cada passo.

— Hum... – A moça resmungava baixinho. – Assim eu durmo antes de entrar em casa, está tão gostoso me apoiar em suas costas ... – Ela já estava de olhos fechados e praticamente cochilando, cabeça apoiada em um dos ombros dele.

— Só mais alguns passos e chegamos. – Ele achou certa graça na meiguice dela. – Não durma ainda, precisa tomar o tônico que Megumi mencionou.- Ele acariciou o lado das costelas dela.

Entraram e logo foram até a cozinha. Kaoru desceu de sua “carona”, ajudada pelo rapaz, e se sentou à mesa. Sustentava a cabeça com as mãos, cotovelos apoiados no móvel. Pendia a cabeça para o lado como se fosse uma carga pesada, lutando para permanecer acordada.

Kenshin achou a garrafa com o tônico no armário, próxima aos chás; colocou o líquido num copo e deu para ela.

— Nossa. – A espadachim fez uma careta extrema. – Não tinha nada mais amargo? – E cobria a boca com a mão, franzindo a sobrancelha.

Ele sorriu, tirando um bolinho de feijão doce de seu bolso.

— Trouxe isso comigo, aproveite para tirar o gosto ruim. – Entregou a ela, que logo abocanhou o manjuu doce, sorrindo satisfeita; ele a observava mastigar vagarosamente.

— Muito obrigada. – E logo ela guardou o restante. – Não consigo comer mais. – Ela esfregou os braços repetidamente. – Estou ficando com frio.

O samurai arregalou os olhos; a febre estava subindo, como Megumi previra.

— Vá para o quarto e troque de roupa, vou preparar umas compressas para você. – Ele a segurou pelos ombros e a direcionou para o cômodo. – Não demoro. – E afagou a nuca da moça enquanto a mesma cambaleava para longe dele, a caminho de seu quarto.

—___________________________________________________________________________

Quando ele entrou no quarto , ela acabava de se deitar, um braço em cima da cabeça; havia se coberto e respirava fundo; virou a cabeça ao vê-lo entrar pela shoji aberta , sorrindo fracamente. Ainda estava com os cabelos presos.

— Desculpe estragar nossa noite. – Ela se arrumava enquanto ele colocava um balde de água ao lado de seu futon, munido de tecidos macios e limpos. – Não estava nos planos ficar doente.

— Não se preocupe com isso. – Ele se posicionou ao lado da cabeça dela, molhou um dos tecidos e o torceu, o colocando na testa dela. – Continuarei aqui com você; tente só descansar. – E começou a tirar os acessórios do cabelo dela, desmanchando vagarosamente o penteado. – Sem tudo isso aqui fica mais fácil relaxar. – E sorriu ternamente, a olhando ainda com preocupação.

Ela respirou fundo, soltando os braços ao lado de seu corpo.

— Havia me esquecido disso. – Sorriu sem graça, logo cerrando os olhos. – Obrigada Kenshin.

— De nada. – Ele colocou os adereços em cima do móvel que ela tinha quase ao lado do futon. - Tente não e esforçar tanto na próxima vez. – Ele agora buscava mais um pedaço de tecido, o molhando no mesmo balde. – Uma hora ou outra o corpo acaba cobrando. – E passou levemente o segundo tecido em um dos braços dela, em movimentos verticais.

— Haai. – Ela soltou um fraco muxoxo, mal se movendo.

Ele se assustou mais uma vez; ela não havia contestado ou argumentado de qualquer modo, como faria naturalmente. Definitivamente passou a se preocupar mais.

Fez a volta por trás da cabeça dela e passou o tecido no outro braço .

— Tá gelado. – Ela fez um biquinho em desagrado, olhos ainda fechados.

Ele riu .

— Kaoru, você está quente, preciso te esfriar para que você melhore. – Ele retirou o tecido da testa dela, para renovar a água. – Tenha paciência e se comporte. – E pousou seus lábios nos lábios dela que ainda estavam, comicamente, em formato de biquinho.

A moça riu em retorno.

— Não pode beijar gente doente, Kenshin. – Ela finalmente abriu os olhos e o encarou. – Não quero que pegue isso. – Arqueou fracamente uma sobrancelha.

Ele afagou o rosto dela.

— Não me importo. – Ele voltou a buscar o tecido que repousava em um dos braços dela. – Pode cuidar de mim pra retribuir se quiser, caso eu pegue algo. – Ele piscou para ela, divertido, enquanto torcia o tecido e trocava de braço.

Ela sorriu genuinamente e logo voltou a cerrar os olhos. Suspirou fundo.

Ele passou a molhar com tecido também o pescoço dela, observando de perto cada movimento de sua bela companhia.

—____________________________________________________________________________

Uma hora já havia se passado ; a febre parecia já cedia.

Barulhos de conversa no portão. Os amigos tentavam não falar alto.

Megumi os avistou e seguiu direto para o futon da moça. Yahiko e Sano ficaram para trás, ainda animados, ensaiando silenciosos golpes de luta.

— Parece que sua solicitude está rendendo. – Ela tocou levemente a amiga. – A febre está baixando, o preparado de ervas deve estar agindo; já faz uma hora?

— Aproximadamente, sim. – Ele não tirava os olhos de Kaoru, que permanecia com um tecido na cabeça e outro em um dos braços.

— Você também deve estar cansado; posso assumir a partir daqui. – A médica se adiantou para o balde, que tinha água recém trocada.

— Obrigado, mas prefiro ficar aqui ; qualquer alteração vou até seu consultório em dois tempos. Me sinto melhor ao lado dela. – Ele deu seu sorriso simpático número um para a médica.

A mulher sorriu de volta, sabichona.

— Pois bem, como queira. – Ela se levantou e começou a se afastar. – Tudo por ela e para ela, não é? – A kitsune o encarou, como se já soubesse a resposta.

— Como sempre e até meu último dia. – Ele ainda prestava atenção em Kaoru, agora em claro sono profundo; desviou os olhos para encarar a médica um minuto. – E agradeço a você por estar frequentemente ajudando , Megumi. – Seu olhar de gratidão foi recebido por ela.

Ambos entendiam que Kaoru desabafava seus anseios e inexperiências de relacionamento com Megumi; e ambos eram bons em deixar tudo entendido de forma sutil, sem precisar de maiores esclarecimentos.

— Não precisa agradecer, eu torço por vocês já faz certo tempo. – Ela finalmente saiu do quarto. – Boa noite e tente descansar assim que possível. – A médica gesticulou para os rapazes lá fora sossegarem e irem dormir.

—____________________________________________________________________________

O novo dia havia amanhecido e as cobertas já estavam parcialmente jogadas para fora do futon.

A instrutora sempre acordava cedo , como se possuísse um despertador interno que tocava pontualmente às sete da manhã. Não importava o dia ou a ocasião.

Abriu os olhos sem se mover e percebeu que, mais uma vez, havia quase caído de seu futon; em segundos viu um ruivo aparentemente dormindo suavemente , apoiado em um de seus lados, bem próximo a seu futon; olhos fechados e rosto tranquilo. 

Quase parou de respirar , para não acordá-lo. Desconfiava que ele havia ficado de vigília por ela durante boa parte da noite. O balde e os tecidos ainda estavam no cômodo, mas um tanto mais afastados. Ele havia sido o melhor enfermeiro possível.

Tinha medo que ele ouvisse as batidas fortes que o coração dela dava ; sempre havia amado seu ex-battoussai; à medida que se aprofundava o relacionamento entre ambos, ela só achava mais motivos para confirmar seu amor por ele. O observou vários minutos, o mais imovelmente que conseguiu.

Decidiu sair de seu transe apaixonado , se arrumando com o mínimo de ruído possível , colocando-se sentada .Decidia o próximo movimento, olhando para o horizonte por alguns instantes, pensativa.

— Bom dia. – Ele já estava sentado, se esticando. – Como se sente hoje? – Ele estava endireitando sua postura sentada, a olhando curioso.

Ela arregalou os olhos e segurou o peito; certamente ele sabia que ela o havia encarado da forma mais estupidamente apaixonada possível. Ele era um profissional, afinal. Aposentado, mas ainda assim... A vergonha que sentia a fazia ter vontade de se estapear ali mesmo.

Tentou só respirar aliviada e sorrir para seu belo par.

— Muito bem , obrigada; graças a você, sem dúvidas. – Ela se endireitava, também se espreguiçando levemente. – Só sinto muito que tenha dormido no chão duro. – Ela se preocupou com o fato e o viu se esticar levemente para alcançá-la .

Ele sentiu a temperatura da testa dela com as costas de sua mão. Contente com o resultado, a puxou delicadamente para um abraço, sendo bem recebido e retribuído; os braços dela envolvendo o torso dele e vice-versa.

— Por favor, não me deixe mais tão preocupado tão cedo. – Ele tinha a voz calma e rouca contra os longos cabelos dela. – O chão duro não importa, só seu estado de saúde.

Ela se permitiu ficar sem palavras alguns instantes, aproveitando o aconchego dos braços dele.

Foram se separando aos poucos, mãos ainda dadas, já com olhares sorridentes um para o outro.

— Prometo que vou me cuidar melhor, caso você prometa descansar como deve durante o decorrer do dia. – Ela usou seu poderoso indicador em riste, quase como uma amorosa ameaça.

— Combinado. – Ele se aproximou e levemente só encostou fugazmente seu lábio inferior no dela . – Você que manda. – Se afastou ligeiramente ; o olhar astuto e um sorriso matreiro a examinavam  cada reação da moça.

O olhar indignado e as sobrancelhas arqueadas se encontrando no meio da testa de Kaoru chegava a ser cômico. Poderia ser claramente lido como um : “COMO VOCÊ OUSA NÃO ME BEIJAR?”

O ruivo não conteve uma risada baixa , provocativa, a encarando como se a desafiasse a reclamar.

Logicamente Kaoru Kamiya não decepcionaria.

— Se sou eu que mando...- Ela esticou os braços e colocou as mãos em volta do pescoço dele. – Termine o que começou, Kenshin. – Ela aproximou seu rosto do dele e tomou a iniciativa de reivindicar o beijo que não havia passado de uma provocação. 

Ele se sentiu satisfeito em ver que ela nunca deixaria de responder a uma provocação sua. Sua Kaoru estava de volta e saudável. E brincando com os impulsos dele.

O nível da necessidade que Kenshin sentia de tê-la perto de si nesse momento passou a tomar conta de todo seu corpo, o que o fazia a segurar Kaoru com mais força e vontade do que nunca para perto de si ; a moça começava a retribuir à altura, deixando-se desenfrear em meio aos cálidos beijos que agora trocavam. Ainda assim, não deixou de ficar um tanto tensa à medida em que avançavam em sua interação corporal :  as mãos passeavam por costas, cinturas,  nucas e pescoços, numa sinfonia desordenada, compassada e intensa . Nunca haviam se atrelado de tal forma no desenvolvimento de suas paixões.

Depois de momentos intensos, Kenshin foi sentindo seu lado irracional tomando conta de si, querendo clamar sua paixão de forma definitiva, se colocando acima dela como um grande felino pronto a dar o bote fatal ; em meio a sua sede parou alguns segundos para vislumbrar o olhar espantado no rosto dela. Notou que o corpo de Kaoru tentava se afastar do dele, se encolhendo à medida que ela vislumbrava o olhar dele; devia estar às beiras de uma luxúria mais animalesca, a urgência dele crescendo notavelmente. 

Esse foi o sinal que fez seu cérebro voltar ao domínio : se reteve um pouco mais no rosto já amedrontado dela, deixou a cabeça pender para baixo, tomou um fôlego de ar. Foi parando, recuando e se levantando,  refreando seus impulsos a cada instante mais dominantes.

Ela foi se acalmando, esperando ele sair de cima dela, notando o esforço que os olhos fechados  dele transmitiam. Se sentia culpada por vê-lo assim e ao mesmo tempo aliviada.

Ambos agora estavam sentados, joelhos no futon, um passo distantes um do outro. Kenshin ergueu a cabeça, mirou seu olhar diretamente no dela.

 - Não posso terminar o que comecei, ainda, Kaoru. - Ele agora a encarava com uma seriedade em suas íris que causou arrepios na espinha nela. – Ainda não. Concorda? – Ele parecia praticamente demandar uma resposta afirmativa, tamanha a intensidade de suas expressões.

Ela não deixou de engolir seco.

— Entendo; digo, concordo. – O olhar firme dela titubeava ao vê-lo se conter. Havia se arrependido do joguinho, não esperando essa reação dele. Ao menos não nesse nível.

— Certo. – Ele olhou para baixo, ergueu os ombros, inspirando fundo , fechou os olhos ; deixou o ar sair, com os ombros descendo, abrindo os olhos. – Você tem poderes sobre mim, e , se não sabia... – Arqueou uma sobrancelha duvidosa. -... Sabe disso agora; vamos usar isso aos poucos, com sabedoria. – Ele se recompôs em sua postura de sempre, sorridente; se levantou,  deu as costas e rumou para a saída do quarto. – Até mais tarde. – Sua voz soou um pouco rouca, mas amigável; um aceno de mão com um semi-sorriso apressado voltado para ela pontuou sua saída.

Ele se apressou em sair logo, a largas passadas, procurando dissipar ainda mais  seu rompante de desejo anterior. Pelos céus, achava que nunca havia sentido nada tão incontrolável em sua vida; e essa irracionalidade animalesca o assustava. Acabaria a obrigando a atender sua vontade se tivesse continuado com seu impulso de egoísmo e agora já  sabia que não seria da vontade dela. Não ainda.

Kaoru estava observando o ruivo a alguns passos à frente dela,  saindo para sua ronda matinal, parecendo mais calmo e um pouco mais apressado do que o comum. Tentava fazer seu coração parar de agir como um tambor, o segurando debaixo de sua pequena mão. Suspirava ao ver o portão se fechando  e nos últimos segundos trocar um olhar de entendimento mútuo com seu amado .

Quantas emoções ainda a esperariam ?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Quase hein?
Santo controle que quase faltou , Kenshin Himura....
Kaoru achando que está mexendo com um gatinho e encontrando o rei da selva, kkk.

Por hoje é só pessoal. Fiquem a vontade para me dizer o que mais gostaram :)



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Até meu último dia" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.