Até meu último dia escrita por NatynhaNachan


Capítulo 4
Cap 4 - Matsuri


Notas iniciais do capítulo

Todo verão os festivais japoneses, os chamados matsuri, trazem consigo o melhor da culinária e das tradições locais.
Como será que Kaoru e Kenshin vão aproveitar os festejos?
Acompanhe a seguir!



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Foi em menos de duas semanas que a vizinhança se uniu para montar o festival e decorar as locações com temas festivos.

Cada um colaborava com suas especialidades para dispor numa barraca e faturar um orçamento extra, enquanto os alunos do dojo Kamiya auxiliavam com a disponibilidade física da mão – de –obra, aproveitando para dispor em público as vantagens físicas que as artes marciais traziam.

O dojo havia virado um campo de concentração e arrumação dos membros da vizinhança, amigos de Kaoru, que zanzavam para cima e para baixo;durante a semana haviam sediado a montagem das barracas e ajudado os vizinhos com vários tipos de trabalho.

— Devíamos pedir aos mesmos vizinhos que ajudamos que não deixassem a bagunça por aqui. – Kaoru se endireitava e respirava fundo enquanto Kenshin repousava uma caixa ao lado de duas espadas de bambu de Kaoru. 

— Bem, até que não tem tanta coisa assim. - Ele havia acabado de descer mais uma caixa; se levantou , endireitou as costas e se colocou de frente a ela - Podemos fazer bom proveito do espaço vazio -  O ruivo estreitou maliciosamente o olhar , se aproximando da bela jovem e surrupiando um  beijo dos lábios dela quando a mesma acabava de parar a seu lado, o observando.

— Kenshin! – Kaoru cobriu de leve a boca, surpresa e sorridente, ainda sendo segurada pela cintura pelo charmoso samurai. – Assim alguém pode ver! - As maçãs do rosto vermelhas denunciavam que havia sido pega de surpresa.

Ele somente a envolveu mais fortemente em seus braços, a beijando mais atenciosamente, mudando de direção e pousando seus lábios na linha do maxilar e no pescoço dela , a fazendo rir. Demorou um pouco mais  para que finalmente se separassem um pouco; ela se mantinha ainda um pouco risonha, o olhando com ternura.

—Estou feliz demais para sequer pensar em me preocupar com alguém. - Ele ajeitou uma mecha do longo cabelo dela atrás de sua orelha. - E afinal, estamos somente entre amigos agora. - Ele levantou os ombros. - Eu não me importaria se alguém nos visse; e você? - Ele aguardava a resposta dela, medindo o rosto pensativo dela.

— Bem… - Kaoru se deixava seu braço ser acariciado pelo samurai enquanto falava. - Não acho que seria um grande problema, mas quero que nossos beijos sejam um assunto privado. - Ela também passou a ajeitar o cabelo dele atrás de sua orelha. - Concorda? - Ela o olhou entortando a cabeça de lado, examinando o rosto dele atentamente.

Ele riu baixo,  segurando as mãos dela nas suas e as beijando levemente.

—Se é o que você quer, eu não vejo problema algum. - Ele a segurou num abraço delicado. - Mas confesso que está difícil ficar próximo a você sem te beijar todos os minutos possíveis. -  Ele ainda muito próximo ao rosto dela.

Ela o encarou de volta e sorriu, as testas de ambos se unindo, como que numa nova demonstração de afeto, as bochechas mudando de cor automaticamente mais uma vez.

—Ficaria contente em poder permanecer grudada em você 24 horas, Kenshin. - Ela se colocou novamente de frente a ele. - Mas não seria muito responsável de nossa parte. - Ela tocou a ponta do nariz dele com seu indicador de forma brincalhona.

Ele aceitou como um desafio e tentou agarrá-la mais uma vez para se aninhar em seus braços enquanto ela fazia o possível para se desviar do experiente ex-hittokiri.

Finalmente ele conseguiu enlaçá-la em seus braços ; a posição era como se estivessem no final de uma música e ele a inclinasse elegantemente. Devagar, a trouxe para si, a envolvendo novamente em seu corpo.

—Já fomos responsáveis demais por tempo demais, não acha? - Ele passou o polegar pela queixo dela, encarando os lábios acerejados que o chamavam . - Podíamos ser um pouco mais espontâneos, quem sabe? - Ele fez o olhar dela ficar levemente desconfiado.

Ambos já estavam a milímetros de unir seus lábios mais uma vez.

Passos próximos foram ouvidos enquanto ambos corriam pelo cômodo; Kenshin pensou rápido e esticou seus braços, mãos rapidamente entrelaçadas nas dela. Ela o imitou, apressadamente, lendo o olhar dele.

Megumi parou e se recostou no batente da parede, uma xícara de porcelana em mãos, sorriso enviesado.

— Pombinhos ensaiando para mais tarde? – Ela riu mais abertamente.

— Alongando, estou com os braços doendo – Kaoru olhou para o samurai. – Obrigada pela ajuda, Kenshin. – Ela olhou para ele com um sorriso  e se soltaram, rumando para o pátio .

— Pois desculpem a intromissão, só vim chamá-los para o lanche – Ela passou a segui-los rumo  onde era servido o chá. – Ela piscou animada para ambos, indo se sentar ao lado de Sano, que acenava para o casal.

— Venham logo, estávamos esperando para testar os doces do velho Yamaguchi com chá verde. – Sano apontou os itens enquanto Yahiko fazia o mesmo, já com a boca cheia.

O casal não-oficial foi de encontro aos amigos, Kenshin guiando Kaoru com uma mão apoiada em um de seus ombros.

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Logo as pessoas do bairro e das vizinhanças próximas se juntavam no templo local; barracas dispostas e arrumadas, crianças correndo e se divertindo, adultos conversando animadamente, visitando cada bem organizada atração disposta.

Sano e Megumi andavam de braços dados, se abanando com leques, para espantar um pouco o calor. A médica havia caprichado em puxar um dos lados de seu cabelo para trás e adornar o penteado com um grampo metálico que apresentava flores em diversas cores alaranjadas em todos os tons. Ela havia escolhido um modelo de yukata  preto, com flores rosa e vermelhas, combinando com um obi branco. Já Sano usava um modelo de fundo branco com estampa de padrões entrelaçados azuis, com um obi preto.

Yahiko trajava um modelo verde escuro com listras finas , brancas e verticais, com um obi branco; ele vinha logo atrás, mais prestando atenção em onde gastar seu dinheiro do que em qualquer outra coisa.

Kenshin havia optado por uma vestimenta num tom azul petróleo sem detalhes, com um obi verde escuro; ele havia aparado os cabelos e os dispunha rigidamente presos para trás. Leque em seu obi, olhos atentos para avistar a mais bela das moças do local vindo até onde se encontrava ; não evitou um sorriso sonhador ao avistá-la.

Kaoru havia prendido o cabelo num semi-coque, deixando somente duas mechas escaparem dos lados de seu rosto; do lado direito da cabeça um belo adorno de rosas brancas desabrochadas com leves penduricalhos que acompanhavam a descida de uma de suas mechas de cabelo até a metade. A moça havia optado por um traje estampado com rosas brancas, azuis claras e também escuras, combinando com um obi negro, bordado em roxo e dourado.

— Desculpe deixá-lo esperando, o pessoal do Akabeko precisava da minha delicadeza para chutar um fogão teimoso. – Ela apontou ligeiramente com a cabeça enquanto arrumava uma pequena bolsinha de tecido em sua mão. 

— Eu espero o quanto for preciso. – Ele foi até ela, oferecendo seu braço, seu olhar sorridente e atento. – Já disse que está linda essa noite ? – Baixou num tom de voz um pouco mais rouco, exclusivo para os ouvidos dela. 

A moça não segurou um largo sorriso, o encarando um pouco enrubescida.

— Você também está muito bonito, Kenshin. – Ela alisou as mangas dos trajes dele. – Fazemos um belo par.

Caminhavam pelos jardins circundantes à grande feira que tinha o templo como parte central.

Numa ponte de madeira que cruzava um pequeno lago encontraram um pouco mais de privacidade.

Ele não evitou o impulso , que já estava se tornando rotina, de chegar mais perto  do rosto dela; ela entendeu o que ele queria e prendeu a respiração. Estavam em público, afinal.

 Ele parou a milímetros de distância da boca dela , recuando ligeiramente. Um inconfundível suspiro frustrado o invadiu, enquanto retomava sua postura e continuava a caminhar um pouco mais por ali, com o braço dela sob proteção do seu.

— Me desculpe, sei que não é apropriado nos beijarmos em público. – Ele abriu um meio sorriso amarelo. – Quase não  me controlei. – Ele tomou ar novamente e  afagou uma bochecha dela vagarosamente, um sorriso minimamente enviesado nos lábios. - Você tem esse efeito cada vez mais perigosamente forte em mim, Kaoru.

Ela deu uma leve risada, um pouco tímida, sem saber como responder ;levou uma de suas mãos ao rosto dele e o acariciou devagar.

—Achava que seu autocontrole de samurai fosse imbatível - E repousou um beijo na maçã do rosto dele. - Estou contando com sua paciência comigo. - Ela olhou o yukata dele e alisou a bainha da parte do pescoço. - Você sabe sobre minha inexperiência…- Ela fez de tudo para olhá-lo com sinceridade, mas a maldita timidez havia vencido outra vez. Mirou seus pés ao invés disso.

— Pois eu não me importo em esperar pelo seu tempo. –  Ele alisou a linha do maxilar dela com seu indicador, fazendo os olhos dela finalmente encontrarem os seus. Parecia magnetiza-la, fazendo-a internalizar cada palavra que sairia de seus lábios  -  O que eu mais quero é te deixar o mais confortável possível comigo, não tem problema que seja aos poucos. - E desceu sua mão para segurar a dela, entrelaçando seus dedos. 

Eles sorriam com os olhares . Kaoru agora transbordando felicidade em seus lábios.

— É tudo o que eu mais quero. - Ela sorriu abertamente para ele, o puxando pelas mãos entrelaçadas e o fazendo segui-la com renovada empolgação pelas variadas barracas de atrações.

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Apresentações de taiko ,  danças típicas regionais, jogos em que as pessoas dependiam da  mira e/ou da paciência para ganhar prêmios diversos e muitas opções culinárias faziam as comemorações de verão serem um sucesso total.

Juntos, os amigos desfrutavam de conversas animadas; Sano estava particularmente satisfeito em comentar, para todos que pudessem ouvir, como Kaoru e Kenshin estavam mostrando seu relacionamento recém-assumido, exibindo as mãos firmemente dadas para qualquer um que pudesse observar.

— Timidez não é mais a palavra de ordem para os dois então. – Ele acabava de mastigar seu arroz com uma voracidade alegre. – Pois é um alívio. – Ele encarava ambos, quase como que dando uma bronca cômica. - Estão nessa enrolação de dito pelo não dito há o que….anos? - E bateu vorazmente na mesa onde se encontravam agora. - É de tirar qualquer um do sério!

— Alívio para todos aqui. – Megumi segurava delicadamente seu chá verde, soprando levemente o líquido fervente. – Esse caso mal resolvido de vocês me dá nos nervos já faz um bom tempo, também; não é mais como se fossem jovenzinhos inexperientes e inseguros - Megumi notou o olhar fuzilante de Kaoru nesse momento, retribuindo com um mínimo arquear de sobrancelha desdenhoso.

Kaoru se conteve para não estragar o clima festivo com palavras rudes, o que somente demonstraria que ela mesma era somente uma garota birrenta.

— Pois tudo tem seu tempo, e nós tivemos o nosso. – Kenshin alisou delicadamente o braço de Kaoru, mantendo um semi-sorriso calmo no olhar enquanto mantinha a conversa. - Nada poderia nos apressar além de nós mesmos e dos nossos sentimentos.

O ruivo encarou sua parceira nesse momento, que sorria contente, acenando a cabeça afirmativamente.

— Eu sempre achei que uma hora vocês engatariam romance, vi os sinais de perto. – Yahiko piscava alegremente, olhando para o casal, que se direcionava a ele com atenção. – E no dia em que tudo começou , tenho certeza que adivinhei. – E cruzou os braços por cima do peito, com um ar de sabedoria inequívoca. Olhava explicitamente para um Kenshin, o acotovelando. - Lembra? Do dia que eu saí e os deixei no treino de equilíbrio, certo?

Agora a atenção de todos se voltava ao ex-battoussai, que se encolheu um tanto timidamente, se sentindo  encurralado.

Kaoru tomou a frente.

—Pois eu não estava sabendo disso…- Kaoru voltou um olhar inquisidor ao seu samurai e a seu aprendiz. - Vocês fofocaram sozinhos na cozinha enquanto cozinhavam o jantar , então? - Ela cruzou delicadamente os braços na frente de si mesma. - E eu achando que estávamos aguardando juntos o momento de falar com todos sobre nós. Ingênua, não? - Ela soou mais áspera enquanto pegava um copinho de porcelana com saquê e entornava o líquido rapidamente.

—Kaoru, ele só perguntou se estávamos juntos e realmente de início eu não disse nada. - Kenshin olhou para Yahiko, que confirmou com um exagerado aceno positivo de cabeça. - Ele havia visto em nossos rostos a felicidade por termos nos beijado naquele dia, e chegou à conclusão mais óbvia - Ele voltou sua atenção para uma Kaoru surpresa, fazendo-a se abanar levemente pelo comentário tão espontâneo.

Megumi e Sano quase se engasgaram com suas respectivas bebidas; Yahiko arregalou ainda mais os olhos em surpresa, junto com um largo sorriso bonachão.

Kaoru simplesmente suspirou um tanto mais profundamente; a expressão severa se esvaindo.

—Estamos felizes  por finalmente conseguirmos assumir nossos sentimentos; tivemos que esperar por muitas coisas acontecerem pra chegarmos nesse ponto. – Ela mexeu levemente os ombros, aceitando a mão de Kenshin repousar sobre a sua, em seu colo. - Pois nada mais importa agora. 

O casal se olhou, num entendimento mútuo de olhares brilhantes e emocionados; Kenshin partiu para um beijo na testa da moça, acariciando o braço dela enquanto recebia um breve repousar de cabeça em seu ombro.

Todos olhavam o casal, agora enternecidos.

— Pois isso merece um brinde! – Sano enchia alguns copos com sake, com a ajuda e a destreza de Megumi.

Todos sorriam ao levantar o braços para o alto.

— Kenshin e Kaoru! – Sano praticamente berrava, com um gigantesco sorriso.

— Kenshin e Kaoru! – Megumi e Yahiko seguiram.

O casal estalou os copos vivamente, sorrindo para os amigos e , em seguida, exclusivamente um para o outro. Estavam novamente com os rostos muito próximos, quase infringindo sua regra firmada de beijos exclusivamente privados.


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Notas finais do capítulo

Yaaassss
Da-lhe Kaoru tacando tudo pro alto e querendo se envolver totalmente nos lábios do seu ruivíssimo samurai!
Como será o final desse magnífico matsuri?
Esperem pelo próximo capítulo :)



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