Até meu último dia escrita por NatynhaNachan


Capítulo 10
Cap 10 : Apelo


Notas iniciais do capítulo

Depois de uma noite intensa, o que será que o fim do dia aguarda?
Acompanhe !



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Se vestiu com um kimono para noites um pouco mais gélidas e partiu para os afazeres do jantar, indo para a cozinha ; lá chegando, deu de cara um um Kenshin compenetrado acabando de cozinhar o missoshiro. Yahiko acabava de pôr a mesa.

— O cheiro está delicioso – Ela sorriu bondosamente, se colocando ao lado dele para espiar o tacho terminando de borbulhar.

—Sim, e eu estou morrendo de fome. - O jovem esfregava o estômago, já se sentando.

Kenshin sorriu muito levemente, porém logo voltou os olhos para o braço dela, fechando sua expressão .

— Depois de jantar vou tentar te ajudar com isso. – Ele apontou o dedo próximo para a  área ferida.

— Ah , isso? - Ela fingiu nem notar , dando pouca importância e torcendo o nariz. – Já tive piores, acredite.

— Nossa , eu não lembro de ter visto nada pior. - Yahiko se espantou com o estado da pele de sua sensei.Mas logo mudou de ideia, ao ser fuzilado pelo olhar dela.

Kenshin se conteve em servir a comida para ambos com cautela.

— Eu acredito que poderia ter sido evitado, se eu estivesse presente. - A calma dele agora era mais frieza.

Estaria bravo com ela?

A jovem se limitou a observá-lo, sem saber direito como responder ainda.

—Eu queria ter batido mais naquele palerma quando eu tive a chance; esse imbecil que não cruze meu caminho pelas ruas. - Yahiko bufava enquanto esfriava sua comida.

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Logo depois da refeição concluída, Yahiko saiu de casa e foi visitar Sano; já o ruivo  levou a instrutora para o quarto que ele costumava dividir com Yahiko.

 – Vamos cuidar disso antes que piore... – Ele pegou uma garrafinha com um líquido espesso esverdeado que Megumi havia deixado com ele, ainda nova; era um preparado específico para hematomas, vergões e feridas superficiais de batalhas – Pode se sentar, aqui – Ele puxou uma almofada para seu lado, a fazendo se sentar – Sei que está doendo, mas vou precisar esfregar um pouco seu braço com esse tônico; pronta? – Ele vislumbrou o rosto dela com dúvida no olhar.

— Vamos com isso. – E afastou a manga para longe dele, virando o rosto , já tenso, para o outro lado. – Quanto antes começar, antes termina. – E suspirou fundo.

Ele achou graça na semi-bravura dela; de novo via a meninice de Kaoru em ação.

— Prometo que vou devagar . – Ele pegou um pouco do líquido e colocou em cima do vergão no antebraço de Kaoru que já estava ficando cada vez mais roxo. – Espero que o braço dele demore uns 2 meses para se recuperar. – Franziu o cenho, sério, enquanto ela emitia um muxoxo longínquo; tocou devagar a pele dela, circulando o líquido em toda extensão do machucado.

Ela respirava fundo, mantinha o rosto o mais impassível que conseguia, virada para o lado oposto, caso quisesse fazer alguma careta de dor.

— O cheiro é bom. – Ela disse num murmúrio corajoso.

— Sim, concordo. – Ele continuava em movimentos leves. – Vai doer menos se não esticar muito o braço e chegar um pouco mais perto. – Ele puxou a almofada em que a instrutora estava sentada em cima com somente uma de suas mãos; a trouxe para ainda mais perto de si, arrumando o ângulo do braço dela para algo mais confortável.

Agora o rosto dela não estava mais tão longe da face dele; nem que não quisesse ,Kaoru deixaria Kenshin ver suas reais reações .

“Bendito samurai forte e esperto que fui arranjar em minha vida.” – Os pensamentos dela a ajudavam a se distrair momentaneamente.

— Então, está tudo bem, mesmo? – Ele buscou o rosto dela, já bem próximo, sem reservas. Olhos repletos de suspeita a observavam.

— Acho que consigo aguentar mais um pouco. – O fio de voz dela parecia quase convincente, as expressões dela quase totalmente inseguras.

— Pois ainda bem,  vou ter que massagear um pouco mais... – Ele a olhou, medindo a reação dela.

Ela fez um “sim” mudo com a cabeça; mal ousava continuar olhando para ele.

E Kenshin ensaiou pressionar os dedos contra a pele dela.

— AAAI! – Kaoru quase puxou o braço de volta; porém não percebeu nenhuma nova dor.

Ele não havia feito nada.

— Você disse que conseguiria aguentar. – Ele tentou provocá-la, um olhar desafiador, retribuído por ela.  – Porém te conheço melhor que você mesma e não fiz nada .– Ele sorriu ainda segurando o braço dela, soprando o líquido medicinal para que secasse logo.

Ela respirou fundo, abriu a boca, mas desistiu. Falar qualquer coisa agora só a desacreditaria. Passou a focar somente nas sensações do momento : o toque dele era tão confortável e ao mesmo tempo a deixava tão quente que não conseguia explicar...Mesmo numa noite gélida seu corpo ainda reagia assim. Seria algo normal para todos os apaixonados, por acaso? 

— Eu jamais a machucaria. - Ele repousou o braço dela sobre a perna dele. - De nenhum modo. -Ele se voltou de frente a ela agora, acariciou as mechas do seu cabelo. - Daria minha vida para protegê-la.

Ela o encarou  meio boquiaberta. Em seguida deu um meio sorriso teimoso.

—Eu sei que não me machucaria Kenshin, mas é que você disse que seria preciso passar por um pouco de dor, então eu estava esperando que essa dor viesse… - Ela via ele entortar a cabeça ligeiramente para o lado, como que a examinando terminar a frase. O rosto dela enrubesceu automaticamente.

— Entendi seu raciocínio; quis mesmo só provocar sua resistência. - Ele se arrumou em seu lugar, sorrindo discretamente. - Desculpe por isso, mas foi engraçado.

O rosto dela se fechou comicamente.

— É, imagino que tenha sido mesmo. - Ela se abrandou num sorriso. - Às vezes acontece.

Ficaram em silêncio alguns instantes, ouvindo os grilos e o balançar das folhas das árvores ao vento.

—Por favor , me chame mais cedo da próxima vez que notar perigo em alguém. - Ele pareceu precisar desabafar, olhando ligeiramente para o chão e a seguir encarando as pupilas da jovem instrutora, como que numa súplica silenciosa e séria.

—É que eu não esperava não conseguir controlá-lo, normalmente eu saberia me defender muito melhor e mais rápido….- O olhar um pouco mais envergonhado dominava a face dela.

—Certas coisas não conseguimos mesmo prever…- Ele passou os dedos por entre os fios de cabelo ruivos, os jogando para trás, meio que frustrado. -  Mas por favor, não hesite em me chamar. - A seriedade que ele infundia agora mostrava o poder do olhar dele. - Eu nunca me perdoaria se acontecesse algo com você; já sabe disso. - Ele tomava a mão que ela repousava em cima da perna dele delicadamente com sua própria mão.

A moça somente engoliu seco, entendendo o argumento dele.

—Não queria ficar te perturbando , você já fez tanto por mim…- Ela tinha o semblante tristonho. - Por todos nós. - Ele a admirava enquanto ela praticamente se desculpava. - Você merece ter sua paz agora, mais do que todo mundo.

Ele se colocou um pouco mais próximo e a trouxe para um abraço repentino; ele a segurava com uma firmeza sutil, de um modo como quem necessita do gesto urgentemente.

—Minha paz só vai estar completa quando todos a quem amo estiverem seguros ao meu lado.- Ele se afastou devagar e observou o rosto dela nesse momento. - Não tem ninguém que eu ame mais do que você.

Kaoru parecia hipnotizada; atônita, continuava olhando para o rosto dele. Nenhuma palavra por breves segundos que pareceram uma eternidade em sua mente.

—K-Kenshin, eu …- Ela precisava dizer o óbvio e lutar contra sua ainda existente timidez. Os olhos dela decididos, mas a voz teimava em embargar e não sair.

Não precisou continuar; ele simplesmente deu um mínimo sorriso, como se lesse a mente dela e foi se aproximando vagarosamente, apoiando o rosto dela em uma de suas mãos e indo de encontro aos lábios de Kaoru, muito próximo de beijá-la, parando a milímetros de distância.

—Sim, Kaoru...Diga. - Ele a segurava levemente, como que aguardando a palavra senha que ela teria que dizer para que finalmente acontecesse o beijo. O olhar um tanto malicioso aguardando pela resposta dela.

Ela não deixou de demonstrar uma ligeira contrariedade em seu olhar, mas logo se recuperou. Tomou um ligeiro fôlego e finalmente verbalizou o que o coração gritava há tantos anos.

—Kenshin…- Ela teve que desviar ligeiramente o olhar para tomar coragem, mas voltou a ver o rosto dele, agora aguardando alegre e ternamente as palavras dela.- Você foi meu primeiro e sempre será meu único amor. 

Um breve arquear de sobrancelhas para cima demonstrou a surpresa dele; certamente ele não esperava essa declaração tão romântica da parte dela. Era sua vez de apelar  para o coração dela.

—Depois dessas palavras, só me resta ouvir uma resposta sua.E espero que não seja um “Não”...- Ele buscou segurar ambas as mãos dela, que o olhou com curiosidade. -E agora é o pedido oficial. - Ele sorriu e encontrou uma expressão surpresa no rosto dela. -  Kaoru Kamiya, aceita se casar comigo?

O ar faltou alguns instantes, o sorriso invadiu os lábios dela, o olhar marejado fez presença nos olhos azuis-oceanos.

—Sim Kenshin. - Ela tentava parar de derramar lágrimas, mas as emoções não deixavam. - Eu aceito, mais uma vez. - E riu entre pequenos soluços.

Se entrelaçaram num abraço demorado e emendaram num beijo que dizia muito mais do que mil palavras, acalentados um no calor do outro na gélida noite de outono.


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Notas finais do capítulo

Ah quanto romantismo, esse Kenshin fofo demais, help.
Finalmente casal oficializando a união.
Atenção, temos mais um Epílogo, um depois da história, que irei incluir muito em breve.
Não percam e até logo!



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