She escrita por Mavelle


Capítulo 34
Capítulo 32


Notas iniciais do capítulo

Oie!
Hoje FINALMENTE vamos ter a estreia real oficial da exposição do Benny! Como com a primeira, a descrição dos quadros vai estar nas notas finais.

Um xero,
Mavelle



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— Graças a Deus não foi um surto coletivo. - Hyacinth disse ao ver Sophie e Benedict saindo do banheiro, já consideravelmente mais apresentáveis do que quinze minutos antes. Então deu uma cotovelada de leve em Gregory. - Viu? Eu disse, Greg. 

— E eu disse que era mentira? 

— Não, mas você parecia descrente. 

Os dois continuaram sua discussãozinha e Sophie olhou para Benedict com um sorriso. Estava à sua esquerda, meio que servindo como um escudo humano para o braço dele. O risco de alguém chegar batendo no seu ombro ou no seu braço era bem menor com ela ali, fazendo barreira. 

— É estranho eu dizer que senti saudade de ver esses dois brigando mesmo só tendo passado dois dias com eles? 

— Acho que essa é justamente a razão para você dizer que está com saudade. - Eloise disse, se aproximando dos quatro com Phillip a tiracolo. - Você só viu essa cena três vezes, então ainda é novidade, mas daqui a uns anos você só vai querer bater as cabeças deles uma contra a outra. 

— Ah, eu não sei. - Benedict disse. - Acho que se passasse um tempo longe, sentiria falta de ver esses dois brigando. 

— Gado. - Colin disse, se aproximando deles com Penelope do lado. 

— Legal, uma reunião. - Penelope disse. - Por que estamos todos aqui e não vendo a exposição? 

— Porque todos nós já vimos. - Hyacinth disse. 

Eu não vi. - Sophie disse, se tocando disso apenas naquele momento. - Meu Deus, eu sou muito desnaturada. 

— Mas amor, você foi a primeira pessoa a ver. - Benedict respondeu. 

— Antes de você alterar. 

— Ahhh, por isso que o fim é triste. - Gregory disse. 

— Larga de ser indigesto. - Hyacinth reclamou.

— Não é o fim. - Benedict disse e apertou de leve a mão de Sophie. - Quer dizer, é o fim da série de exposições sim, porque eu não aguento mais pintar em preto e branco, mas é só o começo. - Sophie sorriu para ele, que lhe deu um selinho. 

— Nesse caso, vamos? - ela chamou. - Estou curiosa pra ver o que você adicionou depois de me mostrar. 

— Vamos. Acho que é hora de deixar de ignorar meus deveres de anfitrião. 

Os dois se afastaram da família e foram para a sala da exposição.  

— Quer que eu peça pro Anthony vir ficar do seu lado enquanto eu vejo tudo e você responde perguntas? - Sophie perguntou baixinho antes de entrarem. 

— Eu vou te mostrar primeiro a exposição e depois eu começo a responder as perguntas de quem quer que seja. 

— Quanto privilégio.

— Se você não tivesse esses privilégios, quem teria? 

— Não sei. 

Sophie acreditava que não se sentiria tão afetada por já ter visto a exposição quase completa antes, mas tinha algo sobre ver aqueles quadros num lugar como aquele. Tinha algo sobre fazer uma exposição de verdade que tornava tudo mais eletrizante do que simplesmente vê-las lado a lado no ateliê dele. Claro que, da primeira vez em que as viu, era num cenário muito mais íntimo do que agora, mas toda a ambientação criava uma atmosfera quase mágica. E não era como se qualquer um dos dois notasse que tinha mais alguém na sala, de qualquer forma.

Então chegaram na parte que Sophie ainda não tinha visto. A parte que Benedict tinha feito depois que eles terminaram.

E era incrível. Possivelmente ainda mais profundo do que os outros 14 quadros. 

— Nem sei se já te disse isso, mas me desculpe por ter ido embora. - Sophie disse, virando para Benedict. - Ainda acho que era a coisa certa a se fazer, mas também sei que isso te machucou. 

— Sim. - ele respondeu, simplesmente. - E agora eu não te culpo por acreditar nisso. 

— Você ainda não disse que concordava. 

— Não. 

Ela simplesmente engoliu em seco e eles chegaram ao fim da exposição, onde ficava a plaquinha com a dedicatória. 

“Para Prata: obrigado por me mostrar um mundo com mais cor 

P. S.: foram 19, não 18”

Sophie mordeu o lábio inferior, tentando conter a risada, mas não conseguiu e riu baixinho. 

— Sabe, você foi a única pessoa que gostou da dedicatória. - Benedict disse, sussurrando no ouvido dela. 

— Eu acho que gostaram da primeira parte, mas a segunda não faz sentido. 

— Claro que não fez. Qual a graça de uma dedicatória que não vai deixar as pessoas se questionando? 

— Que todo mundo entenda?

Ele deu um meio sorriso e piscou algumas vezes. Parecia ter ficado um pouco menos pálido depois de terem saído do banheiro, mas agora parecia bastante pálido novamente. 

— Você está bem? - ela perguntou, já passando um braço pelas costas dele. Naquele momento, estava rezando que o ferimento não tivesse voltado a sangrar. 

— Um pouco cansado.

— Provavelmente é por causa da perda de sangue. Quer dizer, é por tudo que aconteceu hoje à noite, mas principalmente pela perda de sangue. E eu tenho certeza que você já estava estressado e cansado com os preparativos da estreia.

— É. 

— Vou arranjar alguma coisa pra você comer. E água. Mas primeiro tenho que arranjar um substituto para o meu lugar. 

— Não precisa. 

— Claro que precisa. Agora até mais do que antes. Alguém tem que evitar que batam no seu braço e te segurar se você for desmaiar. 

— Não vai acontecer. 

— Exceto que pode acontecer e isso não é algo que você possa controlar. - Benedict ia argumentar, mas Colin entrou no campo de visão da Sophie, que o chamou.

— Oi, minha quase-cunhada favorita. - ele disse, com um sorriso. - O que posso fazer por você hoje? 

— Você pode ficar aqui onde eu estou até eu voltar? 

Colin franziu o cenho, mas ocupou o lugar em que Sophie estava.

— Aqui? 

— Isso. 

— Ahn, se importam se eu perguntar o porquê? 

— Eu machuquei o braço e as pessoas ficavam batendo ou esbarrando. - Benedict respondeu, dando de ombros.

— Você machucou o braço a ponto de doer quando as pessoas esbarram? Como que isso acontec- não. - ele disse, simplesmente mudando de ideia. - Eu estou curioso, mas não quero saber como diabos aconteceu. 

A próxima hora se passou como um borrão para ambos Benedict e Sophie. Ela conseguiu fazer com que ele comesse alguma coisa, então parecia um pouco menos que ele cairia se um vento soprasse, mas, ainda assim, ambos estavam aliviados que a abertura tinha acabado. Depois que todos os convidados foram embora (família inclusa, apesar dos protestos de Violet, que insistia em tentar ajudar com a arrumação final), chamaram Conrad, que desceu com a equipe, Araminta e Rita. 

Eles trocaram algumas palavras com os outros e ficou decidido que iriam prestar depoimento na manhã seguinte. Depois disso, finalmente liberados para sair, Sophie pegou as chaves do carro de Benedict e o levou para o hospital. 

Ninguém falou nada que importasse no caminho até lá. Eles falaram da festa para tentar evitar que Benedict adormecesse, o que, graças aos céus, funcionou. Então Sophie parou o carro no estacionamento do hospital e desceu para ajudar Benedict a sair, apesar dos protestos dele de que estava bem e que podia sair sozinho. 

Então, como se seu corpo estivesse tentando lhe provar alguma coisa, Benedict pisou para fora do carro e desmaiou. 

***

Ainda de olhos fechados, Benedict percebeu que estava deitado e que conseguia perceber a luminosidade acima de suas pálpebras e também um toque na sua mão. Era uma mão macia, mas o toque era firme e o estava mantendo ancorado. Ele conseguia ouvir a voz de uma outra pessoa, que conversava com Sophie, mas não conseguia distinguir o que ela estava dizendo. Quando ouviu os passos da pessoa saindo, decidiu abrir os olhos. 

— Oi. 

— Oi. - Sophie disse, levando sua mão para a boca e a beijando. - Como você está? 

— Meio confuso, eu acho. E definitivamente tonto. Como eu cheguei até aqui? 

— Você desmaiou, então te carregaram até aqui e te colocaram no soro pra já começar a repor o que você perdeu de líquidos. 

— Corpo traidor. - ele resmungou. 

— Chamo isso de queda de pressão. E pelo menos aconteceu já aqui na entrada do hospital e não quando tínhamos acabado de sair do museu para a rua vazia. Sabia que você é bem pesado? 

— Jamais imaginaria. - ele disse, ironicamente. - Baixinho assim… 

— Nem eu. Mesmo quando você fica por cima de mim, não parece tão pesado.  

— Está tentando usar minha técnica contra mim, Beckett? 

— Está funcionando? 

Ele sorriu. 

— Sim. Inclusive, eu já disse que você está maravilhosa esta noite? 

— Não. - ela abriu um sorriso. - Mas eu não te culpo por isso. Muita coisa aconteceu. 

— Pois é. Ainda não é desculpa, porque foi literalmente a segunda coisa que eu pensei quando te vi. 

— Ainda foi a segunda?

— Logo depois de uma chuva de pensamentos incoerentes de alívio. Eu estava ouvindo enquanto você conversava com elas, mas teve um momento em que parei de ouvir. E aí eu ouvi várias pessoas chegando pelas escadas e… por um momento, achei que você estivesse perdendo.

— Não. O Sturoyal está basicamente acabado.

Ele respirou fundo. 

— Não sei se fico puto ou aliviado por isso. 

— Por que? 

— Araminta disse que tinha uma terceira pessoa deles na festa e estava ameaçando minha mãe. Foi por isso que eu fui com elas, mas agora que você disse que está praticamente acabado… acho que provavelmente não tinha ninguém. 

— Quer que eu confirme isso? Que não tinha mais ninguém lá?

— Sim, por favor. Só pra eu ter certeza de que tudo estava realmente bem. 

— Sr. Bridgerton? - uma jovem com o uniforme da equipe de enfermagem perguntou, abrindo a cortina que isolava a maca de outras da sala. 

— Boa noite. - ele respondeu. 

— Uma noite e tanto, não é?

— É uma forma de descrever. - ele disse. 

— Como está se sentindo?

— Meio tonto. Com um pouco de dor no braço. 

A enfermeira aferiu a pressão e a temperatura dele. 

— Tudo certo. Vou te levar agora para fazer o raio-X do braço, ok? Consegue se levantar? 

— Acho que sim. 

— Eu o ajudo. - Sophie se ofereceu, quando viu que a enfermeira estava indo fazer isso. - Acho que ainda precisa de uma cadeira de rodas.  

A moça simplesmente assentiu e se afastou dali, deixando os dois sozinhos. Benedict começou a rir enquanto Sophie o ajudava a se sentar na cama. 

— Muito sutil, meu bem.

— Também foi muito sutil aferir sua temperatura com uma mão na sua testa e os peitos enfiados na sua cara.

— Eu não sabia que você era ciumenta. 

— Nem eu, pra ser bem honesta. 

Ela o ajudou a se colocar de pé ainda encostado na cama. Nesse momento, a enfermeira voltou, já com a cadeira de rodas, e ajudou Benedict a se instalar. Ela ia saindo do espaço com ele e Sophie ia acompanhar os dois, mas a enfermeira a impediu. 

— Pelo protocolo do hospital, maiores de 16 anos não podem ter acompanhantes para exames. 

Benedict levantou uma sobrancelha para Sophie, como se perguntando se ele tinha mais de 16 anos. 

— Vou estar bem aqui quando voltar. - ela disse, já se sentando de novo.

Enquanto os dois se afastavam (e ela entreouvia algo sobre a entrevista para o Lady Whistledown), Sophie se permitiu respirar de verdade pela primeira vez desde que tinha percebido que ele tinha sumido. 

Tudo ficaria bem. 

***

Tinha sido uma noite longa.

Enquanto esperava Benedict voltar, Sophie confirmou que Violet nunca tinha estado em perigo real (graças aos céus) e também o horário em que teriam de ir prestar seus depoimentos na manhã seguinte. Depois que confirmaram que não tinha nenhum estilhaço no ferimento de Benedict, prosseguiram com a desinfecção do lugar da ferida e a fecharam com 5 pontos, além de terem passado uma longa lista de precauções e orientações a serem tomadas, coisas a fazer e não fazer e uma lista de remédios para qualquer coisa que pudesse acontecer. Também o tinham medicado, o que proporcionou um pouco mais de conforto para ele. 

Assim que chegaram no estacionamento do prédio, já perto da 1 hora da manhã, era como se estivessem andando numa névoa. Sophie pegou o telefone para avisar a Anthony que já tinham chegado (já que ele estava esperando notícias para poder ir dormir) e logo o jogou de volta dentro da bolsa.

Então, quando finalmente entraram no apartamento, tanto Benedict quanto Sophie suspiraram. 

Aquela noite finalmente estava acabando. Claro, ainda havia muito que precisavam conversar, tanto sobre o mês separados quanto sobre aquela noite e sobre Sophie e o MI6, mas deixariam aquilo para outra hora. 

Naquele momento, queriam apenas aproveitar que estavam juntos e seguros, então simplesmente se abraçaram, deixando que a saudade que doía como uma ferida física fosse curada. Era tudo o que precisavam depois de mais de um mês de distância e, principalmente, dos eventos daquela noite. 

— De todos os jeitos que eu imaginei essa noite acabando, esse definitivamente me surpreendeu. - Benedict disse, ainda a abraçando. - Você aparecer na exposição foi a melhor coisa que aconteceu nos últimos 2 meses. E que timing.

— Você teria estado mais seguro se eu não tivesse aparecido. 

— Bom, eu estava avaliando as alternativas se você não aparecesse e não gostava de nenhuma. Não sei o quão bem teria ficado se você não tivesse aparecido. Eu podia ter ficado dias no porão da casa de Araminta, com uma refeição por dia, enquanto elas tentavam extorquir minha família. 

— Aquele porão é pavoroso. Digo como alguém que passou alguns dias lá. 

— Você passou alguns dias lá? 

— Foi uma vez que meu pai foi viajar, então Araminta ficou com raiva de mim e me trancou lá. É muito escuro, então eu deixava a televisão ligada o dia inteiro pra ter uma luz. 

— Sabe, eu me considero uma pessoa que defende a não violência, mas toda vez que você fala da sua infância eu sinto uma vontade incontrolável de socar todos os envolvidos e entendo cada vez mais porque você simplesmente concordou em sair de casa aos 15 anos.

— E acho que ficou ainda mais claro o porquê de eu ter me afastado. 

— Novamente, sim, mas não concordo. Eu queria ter estado lá para você durante todo esse tempo. 

— E eu te queria do meu lado. Mais do que você possa imaginar.

— Então vamos conversar se algo do tipo acontecer, ok? 

— Não vai acontecer algo do tipo de novo. - ela respirou fundo. - Eu vou sair do MI6.

— Soph… 

— Eu não posso mais continuar nesse trabalho. Tudo se tornou pessoal demais. Antes, eu conseguia separar as coisas, mas agora tudo o que eu faço está relacionado com algum aspecto da minha vida pessoal. E hoje você foi sequestrado...

— Ei. - ele colocou um dedo no queixo dela, fazendo com que ela olhasse em seus olhos. - Não foi sua culpa que as duas malucas apareceram.

— Mas foi por minha causa. Foi porque elas sabiam o quanto você é importante pra mim. E o pior é que eu não tinha intenção de ir hoje à noite. - ela admitiu. - Queria muito ir, mas não ia porque tudo estava quase acabado, mas ainda não tínhamos prendido Araminta ou Rita. E então eu li a entrevista que você deu para a Penelope e, de repente, eu precisava ir. Precisava ir para te dizer que faríamos as coisas funcionarem. Que eu arrastaria o céu pra fazer com que funcionassem, porque eu te amo.

— Eu te amo também. - Benedict foi se inclinando para beijá-la, mas Sophie o parou.

— Eu acho que preciso falar algumas coisas antes disso. - ele assentiu. - Quando eu não te vi no salão, eu tive certeza de que alguma coisa tinha acontecido. E sabia que Araminta provavelmente estava por trás disso, mas não sabia o que ela tinha feito com você. Sabendo tudo o que eu sei sobre ela e, principalmente, depois de espionar ela por cinco meses, eu estava aterrorizada. 

— Você estava espionando ela? 

— Sim. Não pretendia falar disso agora, mas foi por isso que eu entrei na Bridgerton. Inclusive, eu preciso falar com seu irmão sobre isso. Ela estava desviando dinheiro da empresa para financiar o Sturoyal. - Benedict levantou ambas as sobrancelhas. Droga, falei demais na hora errada, Sophie pensou. Eu vou contar tudo, ou pelo menos tudo o que puder, mas não agora. Tem coisas mais importantes no momento do que a Araminta. - E eu ainda não tinha te falado que ela estava desviando dinheiro da Bridgerton, certo? 

— Não. Essa parte deve ter ficado perdida no meio do possível golpe de estado, mas não comece agora, acho que você estava querendo falar algo importante. 

— Certo. Eu nunca fiquei tão assustada quanto naqueles momentos em que eu não sabia o que ela podia estar fazendo com você. Tive medo de te perder para sempre e, enquanto eu tentava te achar e sentia toda aquela angústia, tudo o que eu conseguia pensar é que aquela era a razão para eu sempre fugir de relacionamentos. Por isso que eu tinha relutado em te assumir, por isso que, por tanto tempo, eu preferia me dizer que era algo casual, mesmo que nós dois soubéssemos que era muito mais que isso. Quando Rita atirou em você eu… - ela engoliu em seco. - Eu congelei no lugar. Aquele disparo era o som de todos os meus piores pesadelos se tornando realidade. Eu não queria amar por medo da perda, mas não quero mais viver pela metade por causa do medo. Então, se você ainda quiser, eu quero viver uma vida sem medo e com você do lado. 

Se eu ainda quiser? 

— Sim. Se você ainda quiser. Eu sei que você disse mais cedo que era só o começo, mas não estávamos sozinhos e você podia só estar tentando agir naturalmente. Eu não te culpo se, depois de hoje à noite, você decidir que não quer ter nada a ver comigo. 

— Meu amor, o que eu disse mês passado ainda é verdade: nada foi o mesmo desde que eu te conheci. Eu te amo e quero dividir a vida com você. 

— Ainda bem. - ela disse e simplesmente o beijou, selando o que tinham acabado de declarar um para o outro.

E era aquilo que aquele beijo representava: a promessa implícita de que dividiriam a vida e que se amariam até o fim.

— Esse é nosso terceiro e último primeiro beijo. - Benedict declarou, enquanto segurava o rosto dela em uma das mãos.

— Que Deus te ouça. Mas espera. Eu já tinha te beijado mais cedo, quando tentava terminar de arruinar sua roupa. E depois você me beijou de novo enquanto a gente conversava com seus irmãos. Terceiro e último terceiro beijo? 

— Nenhum dos outros dois foram beijos. 

— Claro que foram. 

— Foram selinhos. Isto é um beijo.

Ele simplesmente a puxou mais para perto e tomou a boca dela na sua. Levou seu tempo explorando sua boca e Sophie soube que jamais tinha sido beijada assim, com tanta devoção. 

— Hm… não vejo a diferença. - ela disse, depois que os dois se separaram. 

— Não? 

— Não.

— Então por que suas bochechas estão vermelhas? 

— Está meio frio aqui. 

— Ah é? - ele perguntou, passando ambas as mãos pela cintura dela.

— Talvez devêssemos ir para um lugar mais quentinho. 

— Acho que sei exatamente em que lugar você está pensando. 

Os dois simplesmente foram para o quarto e se ajeitaram para dormir. Era um arranjo mais que familiar e os dois se sentiam confortáveis assim, na presença um do outro. 

Ainda assim, ainda havia muito que precisavam conversar. 

— Olha, eu preciso dizer… - ela começou, mas logo foi interrompida. 

— Soph, agora não. Eu tenho provavelmente meio milhão de perguntas, mas acho que estou cansado demais para processar o que quer que você vá dizer. 

— Eu realmente preciso te dizer o básico antes que você vá prestar depoimento amanhã. 

— Então vamos fazer assim: nós dois vamos dormir e acordamos cedo. Daí eu faço café do jeitinho que você gosta e você me fala, pode ser? 

— Perfeito. - ela sorriu e beijou o seu rosto. - Boa noite. 

— Boa noite.

E então, com o peso familiar do braço de Benedict por cima das suas costas, Sophie teve a primeira noite de sono completa em mais de um mês. 


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Notas finais do capítulo

I - passarinho prateado volta num cantinho do quadro que mostra uma praça em preto e branco
II - passarinho pousa num banco da praça + um pipoqueiro na frente + o homem da exposição anterior aparece ao fundo, ainda em preto e branco
III - uma mulher com uma camiseta azul, calça jeans e boina prateada aparece no lugar em que o passarinho estava + o homem se aproxima + o resto ainda está em preto e branco
IV - olhares se encontram, o braço dela começa a criar cor também
V - param um de frente para o outro, ela completamente colorida agora e o resto da cena em preto e branco
VI - as mãos dos dois se tocam e a palma do homem começa a criar cor
VII - andando pelo parque de mãos dadas e o caminho percorrido se torna colorido, além de o homem ir ganhando cor
VIII - um festival no meio do parque + ainda com partes coloridas e outras partes em preto e branco
IX - eles dançando + quase tudo em cor
X - eles se beijam e o quadro termina de ficar colorido
XI - dividindo um táxi
XII - chegando na frente do prédio, já de noite
XIII - de manhã, os dois tomando café
XIV - numa praia, andando um do lado do outro
XV* - ela se torna um passarinho de novo e ele a segura na mão
XVI* - o homem deixa o passarinho ir + o mundo começa a ficar preto e branco de novo a partir das bordas
XVII* - passarinho ainda relativamente perto + mais áreas em preto e branco, incluindo o braço do homem
XVIII* - passarinho voando longe + tudo em preto e branco, exceto a camisa do homem que está sentado sozinho
XIX* - o homem andando sozinho na praia + ele está todo colorido e parte dos arredores colorido e outra parte em preto e branco

*adicionados após o término



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