She escrita por Mavelle


Capítulo 31
Capítulo 29


Notas iniciais do capítulo

Oi
Não vou me prolongar aqui hoje. De volta pro que importa, não é mesmo?

Beijos,
Mavelle



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Benedict se viu percorrendo a multidão com o braço de Araminta preso ao seu. Viu a cara que Eloise fez ao ver os dois e viu também o momento em que ela virou para dizer aquilo a Phillip (que Benedict ainda precisava assustar), Francesca e seus dois marid- John e Michael, Benedict pensou, se corrigindo. Inferno de Colin chamando eles de os dois maridos de Francesca. Eloise está dizendo para Phillip, Francesca, seu namorado John e seu amigo Michael que eu estou andando com a Araminta e que isso é a coisa menos natural que aconteceu nos últimos 2 séculos e ela provavelmente está certa

— Aja naturalmente. - Araminta disse mais uma vez. 

— Se eu fosse agir naturalmente, não estaria andando com você. - ele disse, com um sorriso. - Sabe que isso está chamando bastante atenção, não sabe? 

— Sei sim. Preciso que saibam que você sumiu e que estava comigo. Como acha que vou conseguir negociar de outra forma? 

— Não sei, mas de preferência sem mim.

— Mas você é parte importante do nosso plano. - Rita disse, se inserindo na conversa. - Como mais iríamos atrair a atenção da agentezinha? 

Estão tentando atrair a atenção de Sophie, ele pensou. Mas por que? O que poderiam negociar com ela que valeria a minha segurança? 

Eu queria ao menos saber no que elas estão envolvidas. Não mudaria nada, mas ao menos eu saberia de alguma coisa.

— Eu não sei. - Benedict respondeu. - Vinho? Ela ama um bom cabernet. Ou um pinot noir. Também pode ser um sauvignon blanc se não tiver nenhum vinho tinto. 

— Você está muito saidinho para alguém que tinha uma arma apontada para si até poucos minutos, rapaz. 

— Chame de mecanismo de enfrentamento. É melhor do que gritar, não? 

— Seria melhor se você estivesse calado. - Araminta disse. 

— Mas se eu estivesse calado seria estranho. Eu estaria fazendo justamente o contrário do que você tinha pedido, que é agir normalmente, porque eu estou agindo normalmente. Acho que é esperado que um artista fale demais na noite de abertura de sua exposição, não concordam? 

Ele pensou ter ouvido Rita grunhir e ficou satisfeito consigo. Crescendo com 7 irmãos e sendo o mais paciente, Benedict sabia exatamente como irritar uma pessoa. Sim, estava numa situação meio (ou muito) arriscada, mas sabia que estava relativamente a salvo por enquanto. Se fizesse qualquer coisa idiota, como gritar, tentar avisar alguém ou sair correndo, estaria arriscando sua mãe, mas Araminta e Rita precisavam dele para negociar, como tinham dito, então estava em relativa segurança naquele momento. Não sabia o que aconteceria depois que Sophie chegasse - isto é, se ela viesse -, mas, enquanto estava salvo, faria de tudo para que suas captoras ficassem tão incomodadas quanto ele, se não mais. 

— Sua mãe está vindo falar conosco. - Araminta anunciou, ao ver Violet se aproximando deles. - Nenhuma gracinha. 

— Claro que não. - ele respondeu e Violet parou ao lado deles. - Boa noite, mamãe. - ele lhe deu um beijo no rosto. Enrolaria dentro do salão tanto quanto fosse possível, já que não fazia ideia de para onde seria levado depois que o tirassem dali e ele não tinha dúvidas de que isso aconteceria em breve. 

— Boa noite. - ela respondeu, com um sorriso radiante. Já tinha falado com ele, mas, para livrá-lo de uma situação como aquela, fingiria que não o tinha visto ainda. - Tudo está lindo. - só então é que foi se dirigir à mulher que ainda estava de braços dados com ele. - Araminta. Que surpresa vê-la aqui.

— Bom, sou uma fã do trabalho do seu filho. - ela respondeu e Violet não conseguiu evitar olhar para Benedict, que estava com uma máscara de calma no rosto. 

— Sério? Jamais imaginaria. 

— E por que não? Arte é universal. Sempre podemos esquecer nossas desavenças por alguns momentos, não concorda? 

Violet simplesmente assentiu, enquanto Benedict pensava que não sabia que existiam desavenças explícitas. Sim, claro, essas desavenças existiam, mas ninguém nunca as reconhecia. Especialmente não em público. 

Tentando livrar o filho do que definitivamente era uma situação constrangedora e estranha (para dizer o mínimo), Violet disse:

— Benny, aconteceu uma situação com o fornecedor dos coquetéis e precisam que você vá resolver. 

— Eu já estava sabendo. - ele respondeu. - Pedi para o Anthony ir verificar e acredito que ele já deva ter resolvido a essa altura. 

— Sim, claro. - ela respondeu, tentando disfarçar sua confusão. Tinha inventado uma emergência para que Benedict pudesse se livrar de Araminta, e ele sabia que era uma emergência falsa e recusou. 

Algo de errado não estava certo. 

— Ele se ofereceu para nos mostrar o telhado. - Araminta disse. - Minha amiga não se sente tão confortável em multidões e precisa tomar um ar. 

— Bom, eu acredito que Benedict tenha muito a fazer esta noite, mas eu posso acompanhá-las se quiserem. 

— Não precisa, mamãe. - Benedict logo cortou. A última coisa que precisava era de sua mãe como refém de Araminta. - Não vai me tomar muito tempo, acredito que em 10 minutos já estarei de volta. 

— Tudo bem, então. - ela disse, muito a contragosto. 

Não podia obrigar ele a não fazer algo (da última vez que isso aconteceu, ele ainda morava na sua casa), mas desgostava daquilo. Certo, estava fazendo uma gentileza e mostrando sua educação, mas Violet não entendia por que ele estava fazendo aquilo. Aquela era sua noite. Podia pedir que qualquer um acompanhasse Araminta e sua amiga; não havia nenhuma razão para que fosse acompanhá-las. 

Assim, ficou observando enquanto ele saía do salão. Benedict ficou aliviado por sua mãe não estar mais na mira de quem quer que fosse, apesar de saber que, agora que estavam longe do olhar do público, ele estava mais em risco. 

E justamente na hora em que ele saiu, Sophie passou pela porta. Estava vestida de forma elegante, apesar de carregar uma bolsa um tanto maior do que o que seria considerado apropriado. Não achava que precisariam de sua ajuda, mas estava de sobreaviso, então precisava levar sua arma. Algo de que não sentiria falta: andar por aí carregando uma arma. Muitas pessoas podiam dizer que se sentiam mais seguras assim, mas ela se sentia mais exposta. Como se fosse um alvo maior porque, entre várias aspas, podia se defender. 

Não queria mais aquilo, aquela tensão de ter que levar uma arma escondida para os cantos quando estivesse de sobreaviso. Não mesmo. Queria uma vida tranquila. Queria ter horas normais de trabalho e poder descansar à noite e nos fins de semana e não se preocupar se alguma coisa estava acontecendo porque não seria problema dela. 

Será que era pedir demais? 

— Nossa, ainda bem que você apareceu. - uma voz familiar disse, e Sophie virou, encontrando Kate, que tinha um sorriso gigante.

— Kate! - Sophie sorriu para ela, já indo abraçá-la da maneira que conseguia. A barriga dela tinha crescido bastante desde a última vez que Sophie a tinha visto e ela parecia a própria imagem da saúde. - Boa noite. Como estão? 

— Muito bem. Quer dizer, estou com os pés um pouco inchados depois de 30 minutos em pé nesses saltos, mas estamos bem. 

— Ainda bem. - Sophie estava pensando no que poderia dizer para ter um pouco de conversa fiada antes de pular direto para a pergunta que queria fazer, mas Kate foi mais rápida. 

— Faz um tempinho que eu não o vejo, mas o Anthony deve saber onde ele está. - ela disse, com um sorriso. - Eu sei que você adoraria conversar em outro momento, mas tenho certeza de que você tem outras prioridades agora, que devem incluir fazer um artista feliz na noite de abertura da nova exposição dele.

— Sim. E muito obrigada. Saiba que esta babá está mais que disponível quando precisar dela. 

Kate riu. 

— Vá logo. Tenho certeza de que ele vai ficar feliz de te ver aqui. Eu sei que eu estou feliz por isso, principalmente depois de a Eloise ter dito que vocês almoçaram juntos. 

— Eloise disse que almoçamos juntos? - Sophie estava confusa. 

— É, ela estava no mesmo restaurante que vocês. 

— Eu não vi que ela estava lá.

— É que ela queria evitar que o Benny fizesse uma cena. Ela estava se encontrando com o Phillip. 

— Aquele cara que é amigo virtual dela? Eles se encontraram? 

— Sim, duas vezes no mês passado e ele veio com ela hoje. 

— Ah, que bom! 

— Enfim, vá lá. 

— Tchau. 

Sophie não precisou procurar por mais do que um minuto antes de encontrar com Anthony. Ele era o mais provável de saber onde Benedict estava, mas qualquer um teria sido de grande ajuda naquele momento. Ele olhou para ela com uma expressão de surpresa, mas com um sorriso no rosto. 

— Sophie. Não sabia que você vinha hoje. 

— Decidi meio de última hora. - ela respondeu. 

— Então o Benny não sabe que você veio? 

— Não. Como só decidi hoje de manhã, resolvi fazer uma surpresa.

— O que é meio difícil se você não consegue achar a pessoa a ser surpreendida. 

— Pois é. Você sabe onde ele está? 

— Na verdade, não. - ele respondeu, os olhos circulando pelo salão, claramente procurando pelo irmão.  - Perdi ele de vista tem um tempinho.

Sophie teve um mau pressentimento na mesma hora. Não era responsabilidade de Anthony saber por onde Benedict andava, principalmente numa noite como aquelas, em que ele devia estar conversando com Deus e seu mundo, mas sua intuição lhe dizia que havia algo errado. 

— Você viu a última pessoa com quem ele estava falando? Preciso falar com ele. Se eu souber com quem ele falou, tenho como tentar descobrir onde ele está. 

— Tem uns 15 minutos que eu vi ele falando com a Araminta e uma outra senhora que estava com ela. - Sophie sentiu seu sangue gelar. - Eu não consigo nem imaginar porque ela estaria aqui e muito menos porque o Benny estaria conversando com ela.

Mas Sophie conseguia. 

Tinha vindo contar para Benedict que tinha terminado a parte mais perigosa da missão e que, se ele ainda a quisesse, já podiam ficar juntos de novo. Ainda teria de ser não publicamente por um tempo, até que as coisas terminassem de se ajeitar, mas o pior já tinha passado. 

Ela tinha esquecido que podia haver retaliação. 

Eles não iam deixar que o desarmamento e desarticulação das brigadas passasse impune, ela pensou. Eu ajudei no desmonte de algo importante para eles, então eles levaram a pessoa que eu amo. E ele não tem nada a ver com isso tudo. Eu devia ter dito ao menos para ele tomar cuidado com a Araminta, que com certeza achou que ele ser um Bridgerton era um bônus.

O que estavam fazendo com ele? Quem já estava perdendo sempre era uma ameaça mais perigosa do que alguém que estava ganhando. Quem estava perdendo já não tinha mais nada a perder, podia arriscar tudo para tentar ganhar, enquanto quem estava ganhando sempre tinha mais a perder. 

Desta vez, quem estava ganhando era ela. 

Se sentiu congelar no lugar, impotente, sem fazer ideia do que estava acontecendo. Nunca tinha congelado na hora da ação, mas também nunca tivera tanto a perder. 

Nunca fora a vida de Benedict em risco. 

— Sophie? - Anthony chamou, sacudindo seu braço de leve, o que lhe chamou de volta para a realidade. 

— Você viu elas saindo do prédio? - Sophie perguntou. Anthony estranhou a pergunta, mas algo na forma como ela perguntou o levou a simplesmente responder. 

— Não. 

— Ok. Eu preciso que você dê um jeito de mais ninguém notar que ele não está aqui. E que ao mesmo tempo ninguém saia do prédio. 

Ele franziu o cenho com o pedido dela.

— Está tudo bem com você, Sophie? 

— Sim. - ela engoliu em seco. - Eu sei que isso parece estranho, para dizer o mínimo, mas eu peço que você confie em mim agora. Prometo que vou explicar tudo depois. Com sorte, eu vou estar errada. 

Algo no modo como ela falou o deixou em alerta, então simplesmente não passou pela cabeça questionar o que ela pediu. E a verdade é que, apesar dos pedidos estranhos, confiava nela. 

— Certo. Vou fazer isso. 

— Obrigada. 

— Você acha que aconteceu alguma coisa com o Benedict? - ele perguntou, preocupado.

— Talvez. - Sophie admitiu. - Eu vou dar uma última checada no salão, mas eu realmente acho que ele não está aqui. Se não estiver, um amigo meu vai vir. Eu vou pedir pra ele vir pelos fundos, mas acho que alguém precisa liberar a entrada dele. Ele vai se identificar como Roxo. 

Anthony assentiu e Sophie foi se afastando para falar com Conrad, mas, antes que ela pudesse ligar para ele, tentando informar que seus dois alvos da noite estavam ali e não em casa, viu que ele a estava ligando. 

— Conrad. - ela disse, atendendo o telefone e se afastando um pouco do tumulto.

— Sophie, ainda bem que consegui te ligar. Olha, pode relaxar o resto da noite, ok? Prendemos Brynn, e não conseguimos encontrar Araminta e Rita, mas temos olhos em todos os portos, aeroportos e estações de trem, então pode aproveitar sua noite. 

— Eu bem queria, mas tem um probleminha e acho que não vai dar para aproveitar. Eu sei exatamente onde elas estão. 

— O que? Como assim, Sophie? 

Ela respirou fundo e falou o mais baixo que pôde.

— Eu acho que elas sequestraram o Benedict.

— Repete, por favor, não consegui te escutar.

— Eu acho que Araminta e Rita sequestraram o Benedict. - ela disse, um pouco mais alto, mas não alto o suficiente para se ouvir através da música.

— Puta que pariu. Olha, fica aí e não aja sozinha. Em dez minutos eu vou chegar com a equipe e aí vamos ver tudo direitinho, ok? 

— Eu preciso fazer alguma coisa, se não vou ficar louca. Vou tentar descobrir onde eles estão. Aparentemente, não saíram do prédio.

— Faça isso. - ele disse, simplesmente. 

— E eu já arranjei pra você conseguir entrar pela parte de trás como Roxo. Se precisar, peça pra falar com Anthony Bridgerton.

— Ok. Cuidado. 

— Você também. 

Ela desligou a chamada e começou a olhar ao redor, se perguntando quem poderia saber para onde eles tinham ido, mas viu a salvação na forma de Violet Bridgerton se materializar na sua frente. Se alguém naquele salão sabia de alguma coisa, esse alguém era provavelmente ela. 

— Que bom vê-la aqui, Sophie! 

— Estou feliz de estar aqui também. - ela respondeu, com um sorriso que ela forçou que chegasse aos seus olhos. Tinha estado feliz de estar ali há 5 minutos, mas agora estava apenas preocupada com Benedict. Tentou disfarçar sua pressa puxando um assunto que não deveria durar mais que 30 segundos. - Como vão as coisas? 

Violet sorriu abertamente. 

— Minha querida, não se preocupe em me dar atenção. Faça isso quando eu for oficialmente sua sogra de novo. Foi pra isso que você veio aqui hoje, certo? 

— Sim. - ela admitiu, embora o motivo de sua pressa nesse momento fosse completamente diferente. 

— Como eu suspeitava. Eu o vi há uns 10 ou 15 minutos e ele foi acompanhar Araminta e uma amiga dela até o telhado. - Agora eu sei onde começar a procurar, Sophie pensou. Obrigada, Violet. - Sua ex-madrasta é uma criatura intragável.

— Eu sei. Infelizmente, estou bem ciente disso. 

— Sabe, ele foi arrastado nessa excursão ao telhado tem uns 10, 15 minutos, o que já é mais do que o suficiente para quem queira manter a sanidade mental. Talvez alguém deva ir resgatá-lo. 

Você não tem ideia de quão acertada foi sua escolha de palavras.

— Obrigada. 

— Por nada. Agora vá. E boa sorte. 

Sorte

Sophie saiu do salão, torcendo que não precisasse daquilo. 


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