She escrita por Mavelle


Capítulo 17
Capítulo 16


Notas iniciais do capítulo

Oie!
O que eu tô fazendo aqui numa terça-feira? E sem avisar?
Pois é gente. Minha ansiedade pra vocês verem o que eu tô escrevendo atacou BONITO, então eu decidi voltar a postar dois capítulos na semana. Talvez mude pra um de novo em breve? Talvez, maaaaas, por enquanto, teremos dois.

Beijos,
Mavelle

Sugestão de música: Locked Out Of Heaven - Bruno Mars



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— É hoje que você vai parar de me enrolar? 

Essa, definitivamente, não era a frase que Benedict esperava ouvir ao abrir a porta de seu apartamento na noite do dia 25 de dezembro. Sabia que Sophie estava indo, já que tinham combinado isso, mas não esperava ouvir aquelas palavras saindo da boca dela no segundo em que abrisse a porta. 

— O que você quer dizer? - Benedict perguntou, já se afastando um pouco para dar espaço para Sophie entrar. 

— Desculpa. - ela disse, passando as mãos pelo rosto e já entrando no apartamento enquanto ele fechava a porta. - Acho que a essa altura, você já percebeu que eu sou bem direta, mas agora foi estranho e pareceu meio grosso. 

— Eu gosto do seu jeitinho direto, mas agora ficou estranho, apesar de podermos consertar isso facilmente. Oi. - ele deu um passo, de forma a ficar de frente para ela, então levantou um pouco o queixo dela com dois dedos e a beijou. - Feliz natal. 

Ela não conseguiu evitar o sorriso quando ele disse “oi” como se tivesse todo o tempo do mundo. Aquela era uma das coisas mais contrastantes entre os dois: enquanto Sophie só faltava engolir as palavras para chegar mais rápido ao ponto que queria fazer, Benedict levava seu tempo. Não era lento, mas também não era alvoroçado como Sophie acabava sendo em muitos momentos. 

— Feliz natal. - ela disse, ecoando o cumprimento e já o abraçando. 

— Agora, como eu estou te enrolando e como posso parar? - Benedict perguntou, se afastando um pouco para poder vê-la, mas mantendo ambas as mãos na cintura dela. 

— Não, esquece. - ela disse, apoiando ambas as mãos no peito dele. - Você tá aqui todo fofo me dizendo “oi” e desejando feliz natal e eu vindo reclamar porque você está sendo paciente. 

Eles já tinham se encontrado mais duas vezes desde o dia em que tinham ido no cinema, uma delas na casa de Sophie, mas nada tinha acontecido ainda. Benedict tinha dito que ela parecia muito preocupada com a situação dos seus amigos e ele sentiria como se estivesse se aproveitando do momento de fragilidade dela. Não queria que ela decidisse ficar com ele e depois mudasse de ideia, dizendo que tinha sido uma escolha ruim. 

— Fofo? Ok, acho que passamos de um limite aqui.

— Sério?  

— Sim. Eu estou a um passo da friendzone com “fofo”. 

— Você está o mais longe possível da friendzone, acredite, mas eu estava com medo de estar entrando nesse limbo. E eu sei que você estava esperando porque eu não estava bem -o que é bem fofo, pra falar a verdade-, mas agora eu tô bem. O problema todo que eu tinha comentado se resolveu. 

— Sério? 

— Umhum. 

E era mesmo. No dia 22, tinham finalmente conseguido encontrar quem seriam os responsáveis por detonar as bombas, que já tinham sido instaladas, mas só foram desativadas na madrugada do dia 24, que foi quando o time tático finalmente conseguiu terminar de encontrar todas, já com a rainha na propriedade. Ela tinha, obviamente, sido informada da situação, mas disse que não daria aos rebeldes a satisfação de tirá-la de sua programação normal. Além disso, nas palavras dela, mudar a programação só serviria para alertar a população de que alguma coisa estava acontecendo. 

E ela jamais daria ao Sturoyal o benefício da especulação pública sobre o que a teria feito mudar de ideia tão em cima da hora. 

Já bastavam os dois suspeitos responderem todas as perguntas com “vida longa ao rei James Stuart III” em frente a vários agentes do MI6 e da polícia local, que, como 99,9% da população da Inglaterra, não fazia ideia de que havia uma organização articulando um golpe contra a Coroa. Conrad tinha reclamado um pouco da burocracia e de todo o esquema que estavam organizando para isolar os suspeitos (agora em prisão preventiva) dos outros presos porque eles podiam fazer propaganda a favor do Sturoyal e, novamente, não era bom que soubessem do que estava acontecendo. 

— Então foi em boa hora. Sabe, eu fiz o jantar e tem uma garrafa de vinho.

— Planejando me seduzir, Benedict Bridgerton? 

— Seduzir envolve convencer, e acho que não vou precisar fazer isso. 

— Não diria que é só isso. Antes de convencer, tem que primeiro atrair, o que também não é necessário, mas sempre é bom ser relembrada. 

— Do que te interessou em primeiro lugar ou do que posso oferecer a mais? 

— Os dois. 

Benedict simplesmente sorriu e a beijou mais uma vez, mordendo de leve seu lábio inferior. Depois, começou a beijar seu pescoço e Sophie arfou com o contato dos lábios e da língua dele na pele sensível.

— Ben, o jantar vai esfriar. - ela disse, deixando uma última brecha para que ele desistisse. Afinal, como ela mesma tinha dito, era ele que a estava enrolando.

— A gente esquenta depois.

— Perfeito.

A única resposta de Benedict foi beijá-la mais uma vez, puxando-a para si. Em seguida, puxou de leve o suéter dela para cima, indicando que queria tirá-lo, coisa com que ela prontamente colaborou. As outras peças de roupas dos dois foram sumindo à medida em que se aproximavam do quarto, o jantar completamente esquecido enquanto se entregavam um para o outro mais uma vez. 

***

Um mês depois, ao acordar aconchegada a Benedict num sábado frio de janeiro, Sophie tinha certeza de que podia se acostumar com aquilo. 

E estava se acostumando. 

Não apenas a ter alguém que ajudasse a manter a cama quente (porque isso, teoricamente, qualquer um podia fazer, apesar de não ser tão bom quanto com ele), mas estava se acostumando a ter Benedict. Estava se acostumando a ele passar perto da Bridgerton “por acaso” perto da hora que ela saía, apenas para roubar um beijo ou dois e conversar um pouco enquanto a acompanhava até a sua casa. Estava se acostumando a servir de modelo para os desenhos dele e ao modo como ele sempre suspirava quando chegava em casa, mostrando que aquele era seu lugar de conforto, que aquele era seu lar. 

Estava se acostumando, inclusive, com os sumiços de algumas horas que ele dava quando estava particularmente inspirado no que estava pintando. E tudo bem. Essas eram as noites que ela usava para tirar o atraso do trabalho. Andrea, como sua preceptora, escutava os áudios, mas Sophie sempre fazia questão de escutar o conteúdo das escutas na íntegra (na velocidade 2x na maior parte do tempo, claro) na mesma noite ou, no mais tardar, na manhã seguinte, precisando entregar um relatório ao fim de cada semana. 

E ultimamente estava tendo um bom retorno.

Na segunda-feira depois do Natal, Araminta tinha chegado fumaçando no escritório e teve uma reunião com Kai Martin, que estava incrivelmente calmo. 

— Você está calado demais sobre isso. - Araminta disse, e depois perguntou, num tom ácido: - Tem certeza que não teve nada a ver com o plano sendo descoberto? 

— Eu jamais seria capaz de tentar sabotar um plano da minha própria mãe, mas você quer que eu esteja arrasado porque deu errado? - Kai perguntou. - Eu não estou. Quero que James assuma o seu lugar legítimo, mas não assim. Não ao custo de tantas vidas inocentes. Você sabe quantas crianças estavam lá? 

— E o que você planeja que façamos uma vez que ele assuma? Hein? Que deixemos os desgraçados intactos para que eles posem de coitadinhos, tenham o apoio do povo e voltem ao poder em 5 anos? - a resposta de Kai foi um silêncio ensurdecedor e Sophie sentiu o próprio estômago se revoltar. - Se uma só dessas crianças continuasse viva, com certeza alguém de influência a acolheria e tentaria colocá-la no poder no futuro, aproveitando toda a história de órfão para influenciar a opinião pública. Eu sei que é uma decisão difícil e controversa a se tomar, essa de fazer com que um acidente ocorra, mas é nosso melhor curso de ação. 

Nesse momento, Sophie teve que parar de escutar o áudio das gravações. Sabia que Araminta não era flor que se cheirasse, mas aquilo era muito pior do que todas as suas transgressões anteriores. Ela estava tentando justificar o assassinato de crianças. Tentava justificar porque deviam matar crianças cujo único “erro” tinha sido nascer numa família influente. 

Se não tivesse parado naquele momento, podia muito bem vomitar. 

Tinha criado uma casca grossa durante os seus 10 anos de MI6, mas ouvir a pessoa responsável por tornar sua infância e adolescência um inferno falar de fazer algo ainda pior com outras crianças… bastava dizer que era mais que o suficiente para fazer Sophie se sentir fisicamente mal. 

Além da conversa perturbadora de Araminta e Kai, Sophie também a ouviu conversar com outros investidores (desta vez muito mais putos por seu dinheiro ter sido desperdiçado), e conseguiu identificar mais dois desvios de dinheiro. Claro que eram somas menores do que aquela primeira, mas Roma não tinha sido construída num dia. Pelo que sabia, Araminta podia muito bem ter sido chamada atenção por fazer o repasse de uma quantia tão exorbitante de uma vez só. 

Depois da conversa com Kai, ouviu ela se lamentando sobre o assunto mais algumas vezes, mas enquanto falava ao telefone. 

O assunto fugiu de sua mente quando sentiu o braço de Benedict aumentar um pouco a pressão sobre o seu tronco e plantar um beijo na parte de trás de seu pescoço. Qualquer linha de pensamento coerente que ela ainda tinha sumiu naquele momento, para falar a verdade. 

— Bom dia. - Benedict disse e Sophie sentiu a voz dele reverberando em sua pele. 

— Bom dia. - ela retribuiu, virando de frente para ele, que pensou por um momento que devia ter morrido, mas logo concluiu que não. 

Não era possível que houvesse algo no paraíso que se comparasse a acordar ao lado dela.

Ele afastou uma mecha de cabelo que estava cobrindo um pouco o rosto dela, impedindo-o de ter uma visão completa. Havia algo sobre vê-la assim, livre das máscaras que todos usavam na sociedade e com os cabelos espalhados no seu travesseiro, que despertava uma coisa dormente em Benedict. Nesses momentos, tinha que repetir para si mesmo mais de uma vez que tinham um relacionamento casual, apesar de não parecer muitas vezes. 

Apesar de não ser assim que se sentia.

Eles se viam quase todos os dias e conversavam por mensagem quando não se viam, além de dormirem um na casa do outro ao menos duas ou três vezes na semana. E nunca era só sexo: geralmente assistiam um filme (já tinham visto, inclusive, dois de terror) ou uma série, preparavam o jantar ou simplesmente conversavam por horas. Parecia que o assunto nunca acabava entre eles, fosse contando sobre suas vidas, amigos, famílias e trabalho, falando sobre o filme que tinham acabado de assistir ou até discutindo uma problemática de uma notícia qualquer do jornal.

Para completar, Benedict estava inspirado como nunca tinha estado antes.

Tinha tido a ideia para a sua próxima exposição logo depois de mostrar a Lady in Silver para Sophie naquela tarde de domingo.  Seria uma continuação da exposição anterior, o que não era exatamente criativo, mas provavelmente seria lucrativo, considerando o quanto a Lady in Silver tinha sido popular e lucrativa. Não queria ser o tipo de artista que tinha um sucesso e depois repetia a fórmula ad eternum, mas, naquele momento, parecia uma boa opção. 

Agora ele já tinha os 6 primeiros quadros prontos. 

Só faltava dizer isso para Sophie. 

— Acabei de lembrar que preciso te dizer uma coisa. - ele começou.

— Ai, meu Deus. Nunca vem nada bom de “eu preciso te dizer uma coisa”. - Sophie disse, já se sentando.

— Não é ruim, eu prometo. - ele respondeu, mas já se sentando também. - Só queria que você soubesse que já fiz os seis primeiros quadros da exposição. 

— Sério? - ela soou interessada, e realmente estava. 

— É. 

— Vai me mostrar qualquer dia desses? 

Ele sorriu. 

— Claro. Eu preciso de opiniões e ninguém mais crítico do que a pessoa retratada. - ela bateu de leve com o cotovelo na costela dele, mas riu. - É sério. Você com certeza vai ser mais exigente do que qualquer outra pessoa para quem eu pudesse mostrar. 

— Nossa, você falando assim, parece que eu sou uma megera. 

— Não uma megera, mas você entende mais de arte do que as outras pessoas para quem eu pediria opinião e me desafiou minha criatividade pedindo para não fazer mais 18 quadros. Então, se eu tiver que condensar ideias, você tem que me dizer se está bom ou não. 

— Ok, ok. Eu darei minha humilde opinião quando você pedir. Falando nisso, você só tem mais 11 de saldo. - ela disse, mordendo o lábio inferior para conter um sorriso. 

— Na verdade… - ele começou e Sophie já sabia qual o ponto que ele ia fazer. 

— Droga de passado como empresário. - ela resmungou e Benedict começou a rir. - Você se comprometeu a não fazer mais 18, mas ninguém falou nada sobre 19. 

— Pois é. - ele pegou a mão dela e entrelaçou os dedos aos seus. - Mas, de verdade, se você se sentir desconfortável com isso, eu não faço. 

— Ben, eu não me importo. Só não me sinto confiante o suficiente para não ser um rosto sem feições, mas, de resto, tudo bem. - Não me sinto confiante e quero me manter anônima, obrigada, Sophie pensou. 

— Já disse que adoro quando você me chama de Ben? 

— Já sim. - ela sorriu e o beijou, já sentindo as mãos dele em sua cintura, tentando puxá-la para si.

Sophie simplesmente se sentou no colo dele, acomodando cada perna de um lado do seu corpo. Ele tomou a boca dela na sua novamente, feliz que ambos queriam a mesma coisa.

Na primeira vez em que ficaram juntos, depois da festa, um ano antes, a decisão tinha sido motivada exclusivamente pelo desejo e tinha sido incrível. Então, como foi da segunda vez que se beijaram, ambos achavam que sabiam o que esperar. 

Novamente, estavam enganados. 

Fosse porque estavam se conhecendo, porque sabiam que ninguém precisava ir embora na manhã seguinte ou porque ambos acreditavam que não seria a última vez, mas tinha sido ainda melhor, de alguma forma. 

E agora mal conseguiam tirar as mãos um do outro. 

Benedict estava puxando para cima a camiseta que Sophie usava (uma camiseta sua), quando o seu telefone começou a tocar. Ela logo parou de beijá-lo, se afastando um pouco. 

— Você devia atender. - ela disse. - Provavelmente é importante, para estarem te ligando a essa hora num sábado. 

— Ou é ligação de banco. - ele respondeu, mas pegou o telefone para checar quem era. 

Francesca

Uma onda de preocupação percorreu seu corpo e com certeza se estampou em seu rosto. Por ser um sábado, ela ainda estaria dormindo nesse horário e gostava mais de se comunicar por mensagem do que por ligação, então alguma coisa devia ter acontecido.

— Desculpe, eu preciso atender. - ele disse. - É Francesca. 

— Tudo bem. - Sophie disse, já se levantando. - Eu começo a fazer o café enquanto você fala com ela. 

— Você é incrível. - ele disse, arrancando um sorriso dela, que já saía do quarto. Em seguida, atendeu a ligação. - Frannie? Tá tudo bem? - ele perguntou, percebendo naquele momento que sua voz estava mais rouca que o normal. 

— Ah, tudo sim. Eu te acordei? - Francesca pareceu preocupada (e um pouco culpada) por um momento. 

— Não, não. - ele pigarreou. - Já estava acordado quando você ligou. Aconteceu alguma coisa? Me preocupei porque você raramente liga, e nunca tão cedo. 

— Na verdade, não. Só estava passeando aqui em Edimburgo e lembrei de você. 

— Você? Acordada e passeando pela cidade antes das 9 da manhã? 

Benedict conseguiu imaginar perfeitamente a irmã revirando os olhos enquanto escutava a provocação e isso o fez sorrir. 

— Sabe, eu falo “eu devia ligar mais pros meus irmãos” toda vez antes de ligar, mas aí alguém atende e eu lembro porque não ligo tanto. 

— Eu estava brincando. Preciso começar a te ligar mais também. Sinto sua falta, irmãzinha. 

— Também tô com saudade de você. De vocês todos, pra falar a verdade, não se sinta especial. - ela disse, a voz carregada de ironia na última parte. 

— Essa doeu. Sinta que eu removi todas as caronas que já te dei pro shopping quando você ainda não podia dirigir.

— Pegou pesado. 

— Perdão. Mas sério agora. O que te arrastou para fora da cama tão cedo? Melhor dizendo, quem?   

— Michael, o primo do John, não conhecia o centro da cidade, então viemos com ele e acordamos cedo para conseguir ver mais coisas. 

— Essa é a primeira vez que eu vejo você acordando cedo para qualquer coisa, então o Michael deve ser um amigo muito bom. 

— É sim. - ela pigarreou. Estava desconfortável com a conversa sobre Michael? Benedict anotou a informação no fundo da mente, deixando que ela continuasse. - Enfim, por que você não me disse que sua exposição estava vindo para cá?

— Nossa, eu esqueci completamente de te avisar. Desculpe, tinha outras coisas na minha mente esses últimos dias. 

— Hm… já entendi tudo. E eu acho que acabei interrompendo parte das outras coisas na sua mente, não foi? 

— Er… um pouco.

— Enfim, vou deixar você voltar para o que quer que você estivesse fazendo -não me diga o que era-, mas queria dizer que cada vez que eu vejo essa exposição eu fico mais orgulhosa de você. Você é um artista incrível, Benny. 

Ele se sentiu emocionar um pouco. 

— Obrigado. 

— Agora vou te deixar voltar pra inspiração do quadro que eu tô olhando. Manda um beijo pra Sophie e diz que eu tô pedindo desculpas por estar a 600 quilômetros de distância e ainda conseguir ser empata-foda.

— Calma. Por que você acha que é a Sophie? 

— Eu sei que é a Sophie porque você anda sumido desde que reencontrou ela e, bem, você é meio óbvio com essas coisas. 

— Ei. 

— Não se ofenda. É só que, quando você gosta de alguém, você não consegue deixar escondido. Transparece em tudo o que você fala e faz e, bem, está bem claro para todos nós. 

— Todos nós? 

— Eu, nossos irmãos, nossa mãe… 

— Que Deus me ajude. - ele resmungou.

— Realmente, boa sorte. - ela fez uma pequena pausa. - Preciso ir. Tchau, Benny. E manda um beijo pra minha cunhada.

Benedict não teve nem o tempo de responder “não é sua cunhada”, já que Francesca simplesmente desligou a chamada. Ele se levantou e foi para a cozinha, onde encontrou Sophie fazendo ovos mexidos. 

— Tudo certo com a sua irmã? - ela perguntou, um pouco preocupada. 

— Tudo sim. Ela só queria dizer que estava vendo a exposição em Edimburgo. E reclamar que eu esqueci de avisar pra ela que ela estaria exposta lá durante essa semana. 

— Então você basicamente recebeu uma chamada da sua irmã sendo uma irmã mais nova. 

— Exatamente. 

— Você é um fofo por ter se preocupado com ela, mesmo que tenha acabado não sendo nada. 

— Obrigado pela parte que me toca. Ah, ela disse que pedia desculpas por ser uma empata-foda mesmo estando do outro lado do país, e mandou um beijo pra você.

Sophie começou a rir e desligou os ovos, que tinham acabado de ficar prontos. 

— Já gostei dela. - dentre os irmãos de Benedict, Sophie ainda não tinha conhecido Francesca, Gregory e Hyacinth, mas tinha certeza de que gostaria deles se os conhecesse um dia. 

— E, só pra você saber, acho que minha família inteira já sabe que nós estamos saindo.

— Sério? - ela parecia um pouco apreensiva. 

— É, mas não se preocupe. Ninguém iria querer te prejudicar. 

Sophie tinha dito que não queria que ninguém soubesse do envolvimento deles por enquanto porque podiam começar a tratar ela diferente no trabalho por causa dele, e não no bom sentido. Se algo de bom acontecesse com ela no trabalho (primeira escolha de férias, aumento ou até mesmo um pedido de folga acatado), logo associariam que era porque ela estava com um dos donos da empresa e ela não queria aquilo. 

Essa era realmente parte da razão pela qual não queria que soubessem. A outra parte é porque tinha medo de ser descoberta por Araminta, que definitivamente buscaria retaliação. Não sabia do que a ex-madrasta era capaz, mas, depois de ouvir a conversa dela com Kai, não subestimaria quão longe ela podia ir. Não era incomum que buscassem retaliação atingindo pessoas próximas ao agente, e ela não queria que Araminta soubesse que eles estavam juntos e Benedict se tornasse um potencial alvo. 

— Disso eu não tinha dúvidas. - ela respondeu, bem humorada. - Acho que o café está pronto. 

Enquanto Sophie foi desligar a cafeteira e colocar o café na garrafa, Benedict não resistiu a pegar seu telefone e ter a última palavra na sua conversa com Francesca. 

"Benedict: Não é sua cunhada..." 

A resposta veio menos de um minuto depois. 

"Francesca: Ainda?

Benedict: Ainda"


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Notas finais do capítulo

Até sábado!



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