Pontos Cardeais escrita por Coffee


Capítulo 4
Quatro: Oeste


Notas iniciais do capítulo

Obrigada por todos os comentários e carinho. Boa leitura!



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PONTOS CARDEAIS

Escrita por Coffee

Quatro: Oeste

 

Mesmo com uma faixa enrolada em volta dos cabelos mais compridos do que ele gostava, o vento não deixava de o importunar. Era final de tarde, e ele caminhava pelo deserto quente do País do Vento, que aos poucos começava a esfriar conforme o sol se escondia por detrás das dunas.

Ele odiava desertos.

Tinha se prestado a muitas coisas na vida. Dormido em lugares detestáveis, comido coisas que ele nem sabia o nome, passado por paisagens deploráveis. E ainda assim, o deserto era algo com o qual ele não fora capaz de se acostumar.

Havia areia para todo lado, dentro dos seus sapatos, nas suas calças, e até mesmo nas suas partes íntimas. Seus olhos ardiam pelo vento e o calor escaldante tinha deixado sua camiseta ensopada. Céus, como odiava aquele lugar.

Ainda assim, aquele era o caminho mais curto rumo ao País do Fogo e, por isso, tinha o escolhido. Já mais perto do pequeno povoado que havia em meio ao deserto, apressou os passos, torcendo para arrumar uma estalagem e tomar banho.

As ruas da pequena vila eram de areia misturada com terra grossa. As casas coloridas eram pontos de cor em meio ao bege do deserto. Não era grande, devia comportar, no máximo, cem habitantes. A maioria deles não se importou quando ele passou pela pequena entrada, entretidos demais com os seus próprios afazeres.

Parou um senhor que carregava um balde de água para perguntar onde podia passar a noite. O homem de meia idade apontou para a única estalagem da cidade, que na verdade era a casa de uma senhora que alugava os quartos vagos do andar de cima. Ainda assim, o homem garantiu que a comida era boa e o preço justo.

Andou a passos largos, até o lugar indicado, abrindo a porta de madeira rapidamente, enquanto desenrolava as faixas do cabelo. Uma senhora o recebeu de trás de um balcão, devia ter por cerca de sessenta anos, com cabelos que já branqueavam e um sorriso gentil.

— Boa tarde! No que posso ajudar, querido?

— Um quarto.

—  Certo! Quantos dias?

— Apenas essa noite — Ele não esperou que ela perguntasse seu nome, assim que ela pegou a caneta na mão, ele mesmo disse — Uchiha Sasuke.

A mulher acenou, anotando tudo em um caderno antigo, e depois estendeu uma chave.

— Quarto sete. Fique à vontade, tem água encanada e quente no banheiro, servimos o jantar às vinte horas naquele salão ali. E no final daquele corredor, no jardim, temos uma terma de água quente, fique à vontade para usá-la.

— Obrigado.

Pegou as chaves das mãos enrugadas e se virou para subir as escadas rumo ao quarto quando seu corpo esbarrou com outro menor do que o seu. Segurou o outro pelo ombro por reflexo, com sua única mão, para evitar que caísse.

A outra pessoa se reequilibrou rapidamente, e estavam prontos para trocar desculpas quando os olhares se cruzarem.

Verde.

Negro.

— Sasuke-kun?

Sakura tinha os cabelos compridos penteados em duas tranças, e usava um vestido azul, que contrastava na sua pele de um modo diferente das usuais roupas vermelhas. A peça era mais aberta no busto do que ele estava acostumado a vê-la usar, e ele desviou o olhar da pele exposta. Além disso, ela carregava uma peça de roupa branca dobrada em um dos braços, que ele imaginou ser um jaleco.

— Sakura.

Ele conseguiu dizer, algum tempo depois, ainda confuso com a sua presença em lugar tão ermo quanto aquele.

Eles se encararam por alguns minutos em silêncio. Ele percebeu que ela passou os olhos pelo seu corpo, procurando algum machucado, e ele instantaneamente se sentiu envergonhado pela sua aparência. Ele sentia um cheiro fresco de flores vindo dela, mesmo com todo aquele calor, enquanto ele suava e estava coberto de areia devido sua andança pelo deserto.

— Eu... Eu jamais esperava te encontrar aqui.

Ele deu os ombros, sem saber ao certo o que responder, mas não foi necessário, a senhora da recepção chamou por Sakura, fazendo a médica desviar os olhos dele.

— Sakura-sama, tem uma mãe querendo vê-la, está na sala de jantar há algumas horas, ela gostaria de agradecê-la pessoalmente.

Sakura desviou os olhos da senhora para ele, até acenar positivamente com a cabeça.

— Eu... Eu já vou vê-la. Como você está?

— Bem.

Ela maneou com a cabeça, e ajeitou a peça branca e a bolsa que carregava.

— Eu... Você vai ficar aqui?

— Essa noite.

— Eu... Podemos jantar juntos, mais tarde, se quiser.

Ele observou-a morder o lábio em expectativa, ou insegurança, não soube dizer.

Acenou positivamente, com o coração batendo forte, e o cérebro ainda sem entender o que estava acontecendo.

Ela disse mais alguma coisa, que ele não conseguiu processar, e seguiu para a sala ao lado. Ele desviou o olhar, encontrando a senhora que os observava por detrás do balcão, com uma das mãos sob o queixo, um sorriso e um olhar interessado como se assistisse um filme.

Precisando urgentemente clarear seus pensamentos, ele subiu as escadas mais rápido do que o recomendável, encontrando o quarto que a senhora o indicara e abrindo a porta de supetão. Sua bolsa foi parar no chão ao lado da porta, assim como os sapatos sujos.

Ele encostou-se na porta, soltando o ar que nem sabia que segurava.

O que diabos...?

No meio do País do Vento. Em uma pequena vila no meio do deserto.

E lá estava ela.

Não era possível.

Era coincidência demais.

Passou as mãos pelos cabelos, acabando de tirar a faixa que usava, e andou até o banheiro, esperando que um banho colocasse sua cabeça em ordem. Pegou seus poucos itens de higiene pessoal em sua bolsa e colocou sobre a pia.

Com paciência, lavou o rosto e rapou a barba que criava uma sombra no seu rosto, e depois com uma tesoura que já estava perdendo o corte, cortou seus cabelos deixando-os do comprimento que estava acostumado.

Por fim, tomou um banho, tentando tirar toda aquela areia da sua pele, e deixando os pensamentos vagarem por aquele reencontro.

Algum tempo depois, ele vestiu uma calça de treinamento negra e uma camiseta de mangas, já que o clima estava começando a mudar do calor escaldante para um suave vento gelado.

Depois de muito pensar — e não chegar à conclusão nenhuma — ele desceu as escadas de dois em dois degraus, até chegar na recepção vazia. Andou até o salão que a senhora indicara horas antes, e procurou por ela.

Havia algumas pessoas em meia dúzia de mesas, comendo e conversando, as risadas e os murmúrios preenchendo o salão pequeno. E então, ele a viu, em uma mesa mais afastada.

Ao se aproximar, ele percebeu que ela também tinha tomado banho, pois vestia outras roupas — uma blusa verde musgo de mangas e uma calça de um tecido fluído — e os cabelos róseos estavam presos em um coque no alto da cabeça.

Ele sentou-se em frente a ela, sem dizer nada, agora mais confortável com a própria aparência.

— Sasuke-kun!

Ela disse novamente, como um cumprimento.

Antes que ele pudesse dizer qualquer coisa, uma garçonete veio até eles. Devia ter quinze anos, e olhou para ele com as bochechas coradas.

— Vão querer alguma coisa para beber?

Sakura olhou para ele, como forma de pergunta, e ele deu os ombros, deixando que ela escolhesse.

— Dois copos de saquê? — Era uma pergunta direcionada a ele, que apenas acenou positivamente — Isso, dois copos de saquê, por favor.

A garota acenou positivamente, deixando-os com um “volto logo”.

Ele observou Sakura remexer as próprias mãos — um hábito que ela tinha sempre que estava nervosa — e ele resolveu que era a vez de ele perguntar alguma coisa.

— O que faz aqui?

Ela olhou-o surpresa e sorriu antes de responder.

— Uma epidemia. Uma bactéria super-resistente atacou as crianças daqui, causando quadros graves de febre e vômitos. Sete crianças faleceram em menos de uma semana, os antibióticos convencionais não estavam fazendo efeito, e os médicos de Suna, que é a grande vila mais próxima daqui, não sabiam o que fazer para ajudar, então Naruto me enviou.

Ele não precisava perguntar se ela tinha conseguido resolver o problema, é claro que sim, era Sakura, afinal.

A garota colocou dois copos de saquê na frente deles, e saiu novamente após retirar os pedidos da comida.

— Estou aqui há três semanas. O antídoto teve um bom resultado e os casos diminuíram drasticamente. Volto para Konoha amanhã de manhã.

Ele acenou, orgulhoso, embora não dissesse em voz alta.

— E você?

Ela perguntou, após bebericar o saquê.

— Estou de passagem. Pretendo ir para o País do Fogo, e esse era o caminho mais curto.

Ela acenou.

— Naruto vai ser pai.

Ele precisou engolir dois goles da bebida antes de poder formar uma frase coerente.

— Pai?

Sakura sorriu.

— Hinata está grávida. Tem somente três meses, mas eles estão radiantes.

Naruto pai... Não era algo que ele esperava, não por enquanto. Céus... Naruto mal era capaz de cuidar de si próprio, como cuidaria de uma criança?

— Acredite ou não, ele está mais maduro. Tenho certeza de que serão ótimos pais.

Ela completou, como se imaginasse por onde seus pensamentos vagavam. Ele acenou positivamente, sem saber ao certo o que dizer. Estava feliz pelo amigo, muito. Naruto merecia ser feliz, merecia ter uma família depois de tudo que passara.

Eles conversaram por algumas horas, enquanto comiam e bebiam mais uma dose de saquê. No final, ele já estava um pouco lento pelo álcool no organismo, e fez menção de se retirar, antes que fizesse ou falasse alguma besteira, já que era o que parecia sempre acontecer quando ele estava perto dela.

— Eu... Pensei em passar um tempo no termas, para relaxar um pouco o corpo do dia. Quer ir também?

Ele acenou negativamente com a cabeça, aquilo estava fora de cogitação.

Entrar em uma terma mista, com ela, não era algo que estava nos seus planos. Definitivamente não.

— Bom... Boa noite então.

Ela o deixou com um beijo na bochecha, parecia sem-graça pela proposta recusada, e ele ficou sentado na sala de jantar.

Algum tempo depois, já dentro do quarto, deitado na cama, sem conseguir dormir, ele levantou-se de supetão, procurou um short dentro da bolsa — porque de forma alguma ele ficaria só de toalha — e desceu as escadas antes que pudesse se arrepender.

Havia cinco pessoas na terma, e ele deixou a toalha que carregava em um aparador não muito longe, e entrou na água quente sem pensar muito.

Ele passou pelas pessoas sem observar muito, o ambiente o deixava desconfortável, e ele desviou o olhar de uma mulher que com certeza não usava nada.

Sakura estava de costas para todos, na parede oposta, com as mãos sobre a borda, olhando para cima. Para a sua glória, ela parecia também não gostar da ideia de estar nua ou só de toalha no meio de tantas pessoas, e usava uma camiseta de mangas curtas tão rosa quanto os seus cabelos.

Ela se virou para trás, quando sentiu a água respingar com a sua aproximação, e sorriu.

— Pensei que não viesse.

— Mudei de ideia.

Céus. O que aquela mulher fazia com ele?

Da última vez ele tinha andado um dia e meio somente com a certeza de uma fofoca. E agora estava em uma terma mista no meio do deserto.

Ela também se virou e eles ficaram com as costas coladas nas paredes de pedras, em silêncio, somente sentindo a água quente relaxando os músculos cansados. Era bom, ele tinha que admitir.

De olhos fechados, ele aprovou a sensação, após dias caminhando no deserto.

Sakura tagarelou sobre mais algumas novidades da vila, e ele ouviu tudo ainda de olhos fechados, interrompendo-a com uma palavra ou outra de vez em quando. De qualquer forma, Sakura não parecia se importar com o seu silêncio, eles se conheciam a tempo demais e sabiam como o outro funcionava.

Algum tempo depois, as pessoas começaram a se retirar, e sobraram somente os dois.

Ele abriu os olhos, quando o burburinho das conversas alheias parou, e viu somente ela ao seu lado.

— E o seu braço?

Ela apontou para o que restou do membro, ainda enfaixado.

— Está bom.

Sakura sorriu, orgulhosa, e voltou a olhar o céu.

Sem conseguir conter, ele engoliu em seco pela imagem. Os cabelos ainda estavam presos em um coque, mas alguns fios tinham se soltado e estavam molhados, e os olhos verdes pareciam ainda mais brilhantes sob a luz da lua e as poucas luzes acessas em volta do onsen.

— Foi muito bom te encontrar aqui, Sasuke-kun.

Ele entendeu que ela iria se retirar, quando ela escondeu um bocejo com as costas das mãos.

— Se... Se você não for sair de madrugada, podemos tomar café da manhã juntos, aqui eles não servem, mas tem uma padaria no próximo quarteirão que tem uns aperitivos ótimos.

— Estarei lá.

Ela sorriu, com a sua resposta, e seu coração sofreu um solavanco, ao vê-la daquele modo. Tão feliz, tão relaxada, tão bonita.

Ele não soube se foi o efeito das águas, da areia no seu cérebro ou do saquê que ainda deixava sua mente levemente nublada, mas ele se moveu lentamente, colocando-se de frente a ela, que agora estava entre ele e a parede de pedras.

Ela sussurrou alguma coisa, seu nome, talvez, mas ele se aproximou mais, aproveitando da pouca coragem que ainda tinha.

Suas respirações se mesclaram, da mesma forma que acontecera em Kirigakure um ano atrás, e eles estavam tão pertos que ele foi capaz de ver as pequenas sardas espalhadas na ponta do nariz dela, e as sutis variações de verde em sua íris.

E então, ele fez o que — secretamente — tinha vontade de fazer há muito tempo. Aproximou seus lábios do dela, da mesma forma que já tinha visto tantos casais fazerem.

Ele a sentiu tremer, abaixo de si, e inicialmente, ele não a tocou, apenas levou sua única mão até a parede de pedras atrás dela, e usou-a como suporte.

Seus lábios se tocaram incertos, nenhum dos dois muito ciente do que deveria ser feito. Eles se provaram lentamente, abrindo as bocas aos poucos, até que suas línguas se encontraram.

Era diferente de tudo que ele tinha imaginado.

Melhor, porque por mais que não gostasse de contato, agora ele parecia ansiar por aquele.

Sakura se separou, assustada, respirando alto, com as bochechas vermelhas. Ela estava prestes a falar alguma coisa — ela sempre falava muito quando estava nervosa, ele sabia — quando ele a interrompeu aproximando seus rostos mais uma vez.

Dessa vez, suas bocas se encaixaram melhor, e as mãos dela tomaram a liberdade de tocar na curva do seu pescoço, aproximando-os ainda mais. A sua única mão passou pelos fios molhados do cabelo dela, e ele desejou ter duas mãos para que pudesse tocá-la melhor.

Mais confortáveis suas línguas dançaram, se conheceram e eles se separaram algum tempo depois.

O que ele estava fazendo?

Sakura era uma ninja médica conhecida por todo o mundo shinobi, se alguém os visse naquela situação fofocas a perseguiriam para onde quer que fosse.

Onde ele estava com a cabeça?

Ele tentou se afastar, mas ela o manteve no lugar, encostando a cabeça do seu pescoço, e permanecendo ali por alguns minutos, permitindo que ele sentisse o cheiro de shampoo dos cabelos coloridos.

Seu coração batia feito um imbecil com aquela proximidade que ele nem sabia que almejava. Por muito tempo, andando de um lugar para o outro, de uma vila a outra, sem saber o certo para onde ir, onde ficar, aquele lugar parecia o mais certo de todos.

Como se ele finalmente tivesse encontrado o lugar ao que pertencia.

Ou melhor, a quem pertencia.

Sakura se afastou, um tempo depois, ainda com as bochechas vermelhas, e tocou novamente seus lábios com os dele, antes de se afastar de vez.

— Te encontro amanhã?

Ele acenou positivamente, incapaz de formular qualquer frase, com a mente em transe pelo que acabara de acontecer. Observou-a cruzar a terma com passos lentos, até sair da outra borda. A camiseta que ela usava ia até o meio das coxas, mas assim que ela deixou água ele viu a peça grudar na pele dela de uma forma que o fez suar, ao lembrar-se o quão perto eles estavam segundos atrás ambos com roupas de menos.

Algum tempo depois, ele deixou a onsen, enrolou-se na toalha e subiu para o quarto. Mesmo com o corpo relaxado, de banho tomado, e com um colchão muito confortável abaixo de si, ele não conseguiu tirar nenhum cochilo naquela noite.

Não foi difícil achar a padaria a qual ela tinha se referido, provavelmente era a única da pequena vila. Quando chegou, achando que seria cedo demais, ela já estava lá, sentada em uma das mesas do pequeno local. Assim como ele, ela já tinha fechado sua conta na estalagem, porque carregava uma mochila consigo, que estava no chão ao seu lado.

Entretanto, o que chamou a sua atenção não foi a mochila, mas sim a pessoa sentada em frente a ela.

Um homem.

Provavelmente da mesma idade deles, que segurava as mãos pequenas com fervor e dizia alguma coisa que ele não era capaz de ouvir da entrada.

O sangue ferveu em suas veias, e ele não conseguiu evitar pisar duro até ela.

Sua cara não devia ser das melhores, porque o homem instantaneamente olhou para ele com os olhos arregalados, soltou as mãos da médica e começou a pôr-se de pé.

— Não devo mais tomar seu tempo, Sakura-sama.

— Imagina, não há problema nenhum.

Sakura sorriu gentil para aquele párea, e ele permaneceu em pé, ao lado dela, querendo mostrar sabe-se-lá-o-que. O que queria, afinal? Sakura era uma mulher solteira, bonita e inteligente e ele tinha certeza de que devia ter uma legião de homens atrás dela.

Ainda assim, ver aquele homem tocando-a tinha o deixado furioso.

O homem desviou o olhar da kunoichi, para ele, engoliu em seco, e sorriu amarelo.

— Bom, só quero agradecer de novo por ter salvado meu filho. Eu e minha esposa já perdemos um bebê, e eu não posso nem imaginar a dor que seria perder mais um, muito obrigada pela sua bondade.

Esposa.

Sasuke respirou fundo, relaxando um pouco os ombros.

— Imagine, fico muito feliz em ter sido capaz de ajudar. Hideki é um ótimo garoto, tenho certeza de que irá acabar de se recuperar muito bem, e logo correrá pelas ruas da vila novamente.

O homem acenou positivamente, sorrindo grato, por alguns segundos esquecendo da sua presença, mas depois ajeitou a postura, e colocou a cadeira no lugar.

— Que a senhora tenha uma ótima viagem de volta.

— Obrigada.

Viu o outro se afastar rapidamente, e Sakura sorriu para ele de uma forma diferente.

Ele puxou a cadeira que o homem estava sentado minutos atrás, e sentou-se em frente a ela, tentando acalmar sua raiva.

— Você assustou o pobre Yuri.

Era essa a intenção.

— Sabe que ele não teria a mínima chance contra você, não sabe?

Sim, ele sabia, o homem era um civil, ainda assim ele não pode impedir sua mente de repassar vários genjutsus muito dolorosos aos que poderia expô-lo.

— É um civil.

Foi tudo que conseguiu dizer, sem conseguir desfazer a carranca no seu rosto.

— Não é isso que quero dizer.

Ele olhou-a, calmamente, desde que chegara.

Os cabelos estavam presos em uma trança única, e ela vestia roupas de viagem. Ela levantou a palma de uma das mãos, como se pedisse para que ele colocasse a sua única ali, e foi o que ele fez.

Um arrepio percorreu sua coluna quando suas peles se encontraram e ele se lembrou da noite anterior. Do toque, do beijo.

— É como eu te disse no País do Mar anos atrás, Sasuke-kun. É só você.

Ele finalmente entendeu ao que ela se referia, e deixou sua expressão relaxar. Eles comeram trocando algumas palavras, e quando ela pediu a conta, ele finalmente tomou coragem para dizer em voz alta o que estava planejando antes mesmo de encontrá-la naquele pequeno vilarejo.

— Eu estou pronto.

Ela tirou os olhos da conta e voltou-se para ele, com uma expressão surpresa e um sorriso querendo despontar dos lábios.

— Eu finalmente estou pronto, Sakura.

Ele repetiu, dizendo em voz alta tanto para ela quanto para ele próprio.

Sim, ele estava pronto, e a cena de minutos atrás somente o fez ter mais certeza da sua decisão.

— Estou voltando para Konoha com você.

Os olhos dela marejaram e lágrimas desceram pelo rosto bonito. Ela levantou-se rapidamente, e veio até ele, que também se levantou, abraçando-o ali mesmo, no meio da pequena padaria apinhada de gente.

— Você não faz ideia de quanto tempo esperei para ouvir isso.

Eu sei.

Ele não disse, apenas deu um toque na testa dela, beijando o local em seguida.

Eu também.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado desse último capítulo! Obrigada por lerem!
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